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Publicado originalmente pelo editor de Novo Milênio no caderno Informática do jornal A Tribuna de Santos/SP, em 9 de abril de 1996
Publicado em Novo Milênio em (mês/dia/ano/horário): 11/27/00 01:41:26
INFORMÁTICA FÁCIL: Ligue seu micro com o mundo... (14)
Os BBSs

Depois de um intervalo interneteiro, a série continua, agora falando sobre os Bulletin Board Systems (BBSs). Em seguida, voltaremos a falar de Internet.

Os BBSs podem ser definidos como sistemas de quadro de avisos por computador. Só que essa definição formal pouco significa. Na verdade, os BBSs são sistemas instalados em computadores comuns, compostos pelo programa controlador das comunicações, e um ou mais modems ligados às linhas telefônicas, para permitir essas comunicações. 

De sua residência ou de seus escritórios, usuários de computadores que também possuam modems podem se conectar aos BBSs e, usando programas de comunicação em ambiente DOS ou Windows, iniciar conversas on-line com outros usuários, fazer download (cópia para seu computador) de arquivos disponíveis nos BBSs e até fazer uploads (transferir programas para os BBSs).

Em outras palavras, os BBSs são provedores de comunicações e troca de dados entre seus usuários. O primeiro BBS do mundo foi o BBS Chicago, criado em 1978 por Ward Christensen, que desejava tornar seu microcomputador disponível para seus amigos, quando não o estivesse usando para outras finalidades, sem custos.

Tela de um BBS de Santos/SP e Lages/SC
Expansão - No Brasil, o primeiro BBS foi inaugurado em 29 de abril de 1984: foi o BBS do Pinto, criado no Rio de Janeiro por Paulo Sérgio Pinto, então usando um computador TRS-80 Model I, um modem manual e software criado pelo próprio sysop (sysop é o operador do sistema, geralmente o proprietário do BBS ou seu preposto). Dois meses depois, em 06 de junho, Sylvain Rothstein e Henrique Pechman criaram o Forum-80, com operação 24 horas ao dia, usando modem automático. Ambos já estão desativados, em razão das outras atividades profissionais de seus fundadores (BBS era então apenas um hobby, só recentemente começou a ser organizado empresarialmente...)

Os BBSs começaram a se espalhar em 1989, quando os poucos sysops então existentes passaram a formar redes de comunicações entre si, com maior alcance que até então: o sistema começou a se tornar interessante para os usuários, que ganhavam a possibilidade de trocar mensagens com colegas de cidades distantes. 

No início desta década, começaram a aparecer os BBSs com duas ou mais linhas telefônicas e até com filiais em outras cidades. A popularização do CD-ROM permitiu incrementar a disponibilização de programas para os usuários sem a necessidade de ampliações importantes nos winchesters para acomodar as bases de dados.
Surgiram redes latino-americanas e mundiais (como a FidoNet, que chegou à América do Sul em 1986 através de um BBS argentino).

Para recuperar os investimentos em equipamentos e nas próprias taxas telefônicas para comunicação em redes, os BBSs começaram a cobrar pequenas taxas dos usuários. Surgiram também os BBSs empresariais e especializados. 

No primeiro caso, criados por empresas para comunicação com fornecedores, funcionários e clientes atuais ou potenciais. No caso dos BBSs especializados, agrupando categorias profissionais ou grupos de interesse (BBSs de informação jurídica, odontológica, médica, psicológica, ou dedicados a troca de informações culturais, desportivas, até mesmo imagens pornográficas). 

Alguns BBSs são abertos (ainda que o usuário seja convidado a se cadastrar depois, para poder usufruir plenamente dos benefícios oferecidos), enquanto outros são fechados por senha e não têm qualquer divulgação, destinando-se a grupos restritos de usuários (ligações entre clubes ou associações e seus afiliados, entre escolas e seus alunos etc.). Empresas como a Rhodia, por exemplo, distribuem aos jornalistas disquetes com programas de acesso adaptados, e passam a permitir que os meios de comunicação tenham informações atualizadas dessa empresa, através de seus press-releases.

Serviços - Além dos usos já inferidos pelo exposto acima, os BBSs podem criar áreas de mensagens sobre temas específicos, acessáveis por todos os usuários. Neste caso, o sysop funciona como moderador, controlando para que não haja “desvios de rota” (mensagens sem relação direta com cada tema tratado, ou usuários inconvenientes e/ou bagunceiros, que precisam ser retirados do sistema). São as teleconferências, que permitem aos usuários debaterem temas que lhes interessem, colocando mensagens que serão lidas por todos os outros interessados.

O e-mail ou correio eletrônico consiste numa espécie de caixa postal eletrônica, em que o usuário pode receber as mensagens a ele destinadas (mas não as destinadas a outras pessoas). Da mesma forma, o usuário pode enviar mensagens para as caixas postais eletrônicas de outras pessoas que usem esse BBS ou um BBS que se conecte regularmente a ele (lembre-se: o sysop sempre pode ler as mensagens, inclusive alguns usam esse “poder” para evitar que seus BBSs sejam usados para fins ilegais). Os usuários também podem enviar mensagens ao próprio sysop.

BBSs que possuem mais de uma linha de dados podem permitir que os usuários conversem entre si on line. É possível a um usuário saber que outros usuários estão conectados e enviar mensagens on line a eles, geralmente curtas, ou participarem de conversas (chat) multiusuários (em que o que cada usuário teclar aparece em sua tela precedido de sua identificação e simultaneamente aparece nas telas dos outros participantes. Há sistemas mais sofisticados, em que se pode abrir na tela uma janela para cada usuário, mantendo conversação simultânea em todas as linhas.

Em lugar da troca de mensagens, a modalidade mais usada na Baixada Santista é a da cópia (download) de arquivos disponibilizados pelo sysop, para desespero destes operadores, que precisam estar sempre buscando novos programas freeware ou shareware (de uso livre ou restrito a um período de avaliação) para manter a atenção dos usuários.

Colaboram nesta série o Renato “Snake” Ferreira Ribeiro, da Snake BBS, e o Christian Rodrigues Barbosa, da Blue Eagle Consulting, encarregado da estruturação de A Tribuna como provedora Internet.