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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO - Poluição
O vale da morte (4)

Dentro da preocupação de Cubatão com a ecologia e o meio-ambiente, há o incentivo a atividades e estudos como este, publicado em página Web da Prefeitura de Cubatão em 2003:

Fauna da Área dos Manguezais de Santos-Cubatão

Fábio Olmos, biólogo
Robson Silva e Silva, biólogo

Introdução - Apesar de localizados próximos a um dos maiores centros urbanos do país e inseridos em uma região de grande desenvolvimento econômico, os manguezais da Baixada Santista têm permanecido praticamente desconhecidos do ponto de vista zoológico. De fato, a única referência bibliográfica que trata da fauna da região e do ambiente sem detalhe ao trabalho de Luederwaldt (Rev. Museu Paulista 2, 1919), que continua surpreendentemente atual em vários pontos.

Desde 1985 temos realizado observações sobre a fauna daquela região, e a partir de dezembro do 1993 foi iniciado o trabalho de levantamento e monitoramento das populações de aves aquáticos no trecho limitado ao norte pelo rio Jurubatuba e ao sul pela Ilha Nhapium. Durante estes trabalhos são coletadas também informações sabre a história natural e ecológica das espécies animais, não só de aves, que habitam a área.

Aqui apresentamos um resumo das informações obtidas até a momento e que sejam relevantes para subsidiar ações de conservação da área.

Répteis - Embora as serpentes Líophis miliaris e Helicops modestus tenham sido observadas nas áreas de manguazais, sua ocorrência é ocasional e mais frequente na foz dos rios maiores como Quilombo e Jurubatuba, e brejos de água doce como formado pelo aterramento do Dique do Furadinho, na área da COSIPA. Nas ilhas Piaçaguera e Alemoa encontram-se também exemplares de jararacuçu Bothrops jararacussu, alguns de grande porte. Uma fêmea morta por um favelado que ocupou a ilha Alemoa tinha 1,82 m.

Tartarugas marinhas Chelonia mydas, por outro lado, são avistadas com regularidade, mesmo em locais bastante poluídos como o rio Casqueiro. Estas tartarugas são exemplares subadultos que vêm se alimentar nos mangues. Em 1994 um indivíduo com c. 90 cm de casco (ou seja, praticamente adulto) foi capturado no rio Casqueiro e enviado ao Aquário de Santos por apresentar papilomas.

Jacarés do papo amarelo Caíman latirostris (espécie ameaçada de extinção) ocupam as áreas de manguezal em caráter permanente. Até 8 exemplares já foram observados simultaneamente sob a colônia de garças e guarás do rio Morrão (ver adiante), em meio a lodo e água bastante poluídos, esperando que algum filhote caísse dos ninhos. O maior exemplar observado tinha c. 1,10 m. Uma população de pelo menos 11 indivíduos composta por indivíduos de pequeno porte também foi observada no Dique do Furadinho, no interior da propriedade da Cosipa, mas devido à gradual degradação dessa área está perdendo habitat.

Aves - Este é o grupo mais diverso e conspícuo na área, com 180 espécies registradas até o momento. Uma boa parte das aves que ocorrem nos manguezais é migratória ou nômade, utilizando a área como local de alimentação e descanso. Várias espécies das áreas abertas, matas a restingas próximas também utilizam os manguezais, inclusive para a reprodução.

Entre os migrantes há um grupo proveniente do Hemisfério Norte (tundra do Canadá e EUA) e outro proveniente do Cone Sul (Rio Grande do Sul a Argentina).

No primeiro grupo estão os maçaricos e batuíras das espécies Tringa fIavipes, T. melanoleuca, Actilis macularia, Charadrius semipalmatus e Pluvialis squatarola. As três primeiras são as mais abundantes, sendo especializadas em se alimentar de vermes e pequenos crustáceos em bancos de lodo. O pico das populações destas espécies neárticas ocorre no verão (dezembro-fevereiro) quando grupos de 80-300 indivíduos (ocasionalmente mais de 2.000) podem ser observados forrageando nos lodaçais às margens dos rios Cascalho, Cubatão e Quilombo, e do Largo do Caneu. Segundo censos realizados no litoral Sudeste brasileiro, esta é a maior concentração de limícolas no litoral paulista.

Os dados dos censos obtidos até agora, juntamente com aqueles existentes na literatura científica, permitem afirmar que os manguezais de Cubatão-Santos são a segunda área de pouso e alimentação mais importante para os maçaricos norte-americanos em todo o Sudeste do Brasil, após o Baia de Sepetiba, devido ao número de indivíduos que a utilizam, e a única onde alguns invernam, já que alguns indivíduos (imaturos ?) estão presentes durante o ano todo. Deve-se lembrar que estas aves são protegidas por convenção internacional.

Duas aves de rapina migratórias (ambas consideradas raras no Brasil), provenientes do Hemisfério Norte, também passam o inverno boreal nos mangues da Baixada Santista. Entre novembro/março, de 7 a 15 águias pescadoras Pandion haliaetus pescam tainhas e paratis nos largos do Caneu e Candinho e no rio Cascalho, na maior concentração da espécie conhecida no leste do Brasil. As aves utilizam as torres que demarcam a canal de acesso da Cosipa como poleiro para descanso a emboscada.

Falcões peregrinos Falco peregrinus também passam o mesmo período no região, mas são menos conspícuos, exceto quando caçados. Um falcão morto na Alemoa em 1991, junta ao lixão de Santos, havia sido anilhado na Groenlândia.

Entre as aves provenientes de regiões sulinas estão o colhereiro Ajaja ajaja, o talha-mar Rhynchops nigra e a marreca-caneleira Dendrocygna bicolor. Estas espécies são provenientes do complexo da Lagoa dos Patos no Rio Grande do Sul conforme documentado por recapturas de indivíduos anilhados. Os colhereiros surgem no verão, com grupos de 50-80 indivíduos observados na confluência do rio Cubatão com o canal da Cosipa. Estes grupos são compostos por adultos a seus filhotes quase independentes, e se separam em unidades familiares para se alimentar nos bancos de lodo maiores junto ao rio Cascalho e ao longo do canal da Cosipa a do Largo do Caneu.

Cubatão é o principal ponto de alimentação da população sulina de espécie, que só tem outros núcleos populacionais no Pantanal e bacia do São Francisco.

Os talha-mares e as marrecas também se reproduzem no sul do país e bacia do Paraná-Paraguai-Uruguai, e migram para o norte ao longo da costa no inverno. Grupos de até 380 talha-mares e 150 marrecas utilizam os lodaçais do rio Cascalho para descanso alimentando-se em áreas vizinhas. Outra marreca migratória a irerê Dendrocygna viduata também é comum nos brejos de água doce que circundam os mangues, às vezes sendo observada no rio Cubatão e rio Cascalho.

Um possível migrante austral é a marreca-de-cara-branca Anas bahamensis, que, embora presente todo o ano tem um pico populacional no inverno. Esta espécie é típica de manguezais e se alimenta nos grandes bancos de lodo do Largo do Caneu, canal da Cosipa e rios Cascalho e Cubatão. Um único grupo de marrecas pode ter mais de 800 indivíduos. É a maior população conhecida em todos os manguezais do sudeste brasileiro, e utilize a região dos rios Cubatão a Quilombo para a muda, quando perdem a capacidade de vôo.

Outras aves migratórias que surgem em número razoável são os trinta-réis Sterna eurygnatha. S. hirundinacea, S. trudeaui, S. maxima e S. superciliaris. além de Phaetusa simplex. Estes formam grupos mistos de algumas dezenas de exemplares nos bancos de lodo do canal de acesso ao Porto da Cosipa.

Outro grupo que utiliza os bancos de lodo para alimentação são as garças e guarás. As primeiras são a garça azul pequena Egretta caerulea, a garça branca pequena Egretta thula, a garça branca grande Casmerodius albus e a garça real ou maguari Ardea cocoi. Todas estas espécies utilizam os bancos de lodo como locais de alimentação principalmente os do rio Cascalho, Largo do Caneu e canal da Cosipa. As garças menores alimentam-se principalmente de pequenos caranguejos e peixes encalhados em poças rasas, e os bancos de lodo apresentam concentrações enormes de alimento. As espécies maiores alimentam-se em locais mais profundos, e são menos comuns.

Após a dispersão dos filhotes da colônia reprodutiva em fevereiro, censamos mais do 700 garças azuis pequenas entre o rio Casqueiro e a foz do rio Cubatão. O número, especialmente de imaturos, diminui após março. Esta é sem dúvida a maior concentração da espécie em todo o estado do São Paulo, os mangues de Santos-Cubatão fornecendo indivíduos que se dispersam para outros manguezais do nosso litoral. Embora menos comum (picos de 200 indivíduos no mesmo período), processo similar ocorre com Egretta thula.

Entre as aves aquáticas a espécie mais interessante dos manguezais da Baixada Santista é o guará Eudocimus ruber. A espécie ocorria originalmente da Colômbia a Santa Catarina, sempre em manguezais. Após o século XIX, as populações meridionais sofreram declínio e a espécie foi considerada extinta ao Sul do Maranhão.

Em 1984, um grupo de 90 guarás inesperadamente surgiu em Cubatão. Outra população, com 20 casais, foi encontrada mais tarde reproduzindo-se em Iguape, próximo à antiga foz do Ribeira de Iguape. A população da Baixada Santista cresceu gradualmente e em fins de 1994 havia c. 340 indivíduos na área. Em fevereiro de 1995 os guarás de Iguape migraram para Cubatão (sua colônia era predada todos os anos por pescadores) a eram censados 386 indivíduos em Cubatão, incluindo um único imaturo. Em meados de 1997, após duas temporadas reprodutivas bem sucedidas, a população somava 575 indivíduos. Esta é a única população da espécie (considerada ameaçada de extinção) ao Sul do Maranhão.

Os guarás da Baixada Santista são relativamente sedentários, nidificando às margens do rio Morrão, junto à descarga de água quente da Cosipa a alimentando-se nos bancos de lodo do canal da Cosipa a Largo do Caneu. Quando os filhotes estão voando a área de alimentação é transferida para os lodaçais do Rio Cascalho onde ficam até a nova época reprodutiva. A reprodução é dependente das chuvas e em 1994-1995 a colônia falhou devido ao atraso das chuvas, apenas 5 casais tentando nidificar. Na estação anterior, mais de 30 filhotes voaram dos ninhos, e na imediatamente posterior pelo menos 120 filhotes foram produzidos. Na temporada 1997-98 houve abandono da colônia após pelo menos um guarás ser morto a tiros por vândalos. Os ninhos foram abandonados em colônia desertada.

Além dos jacarés (ver acima) a colônia visitada por outros predadores. Guaxinins Procyon cancrivorus gaviões asa-de-telha Parabuteo unicinctus e gaviões-pretos Buteogallus urubitinga já foram observados ali. A segunda espécie já foi considerada extinta em São Paulo, onde tem sua única população reprodutiva, com menos de 10 indivíduos, nos manguezais de Santos-Cubatão, onde nidifica no rio Cubatão e rio Morrão. A última espécie regionalmente rara em São Paulo, com registros recentes apenas em Cubatão-Santos e Cananéia, sempre em manguezais.

Outros gaviões observados nos manguezais são considerados ameaçados de extinção no Estado de São Paulo. Este é o gavião caranguejeiro Buteogallus aequinoctialis, endêmico dos manguezais e, como o nome indica, especializado em predar crustáceos.

Alguns registros incomuns foram feitos na área estudada. Em 1990, um tuiuiu Jabiru mycteria imaturo foi encontrado com uma asa quebrada e levado para o Orquidário de Santos. É o primeiro registro no Leste brasileiro desta espécie pantaneira. Em 1989, dois cisnes de pescoço preto Cygnus melancorhyphus foram observados por uma equipe da Cetesb em uma lagoa na Cosipa. É o primeiro registro do espécie em São Paulo em mais de 50 anos. Em dezembro de 1993 e depois em 1994 foram observados mergulhões gigantes Podiceps major no rio Casqueiro e no Canal da Cosipa, sendo o terceiro e o quarto registro desta espécie sulina para o estado.

A região de Santos-Cubatão é singular por apresentar as únicas colônias de guarás e garças no litoral paulista, e de fato são as únicas entre a Baía de Guanabara e no litoral Norte de Santa Catarina. Estas encontram-se cadastradas pelo Cemave/Ibama.

A colônia do rio Morrão, mencionada acima, se forma após os guarás construírem seus ninhos, abrigando também garças-azuis, garças-brancas-pequenas Egretta thula e socós-dorminhocos Nycticorax aycticorax. Os guarás e garças-azuis são as espécies mais comuns, a colônia abrigando um total de aproximadamente 300 casais de aves ao longo da temporada reprodutiva.

A colônia da ilha Piaçaguera é monoespecífica, sendo formada por aproximadamente 30 casais de maguaris Ardea cocoi. É a única colônia da espécie em São Paulo, e tem se formado pelo menos desde 1996.

A colônia do rio Lenheiros ou Saboó, na área insular de Santos, existe desde antes do início de nossos trabalhos. É formada por garças-azuis, garças-brancas-pequenas, garças-brancas-grandes Casmerodius albus, socós-dorminhocos e socós-caranguejeiros Nyctanassa violacea, com predominância da primeira e última espécie. Um total do 800 a 1.200 ninhos estão ativos a cada temporada.

A colônia localizada junto à ponte da Rodovia dos Imigrantes sobre o Largo de São Vicente se formou em 1996 a 1997, mas não em 1998. Também é dominada por garças-azuis e socós-caranguejeiros, com número razoável de socós-dorminhocos. Em 1997 um total de pelo menos 600 ninhos estavam ativos em 1997.

Essas colônias são importantes pelo fato de constituírem as únicas áreas de reprodução dos guarás, garças-azuis e socós-caranguejeiros no litoral Sul-Sudeste do país, se excluirmos cerca de 10 casais de garças-azuis que nidificam em uma colônia na região dos Lagos do Rio de Janeiro (J.F Pacheco, com. pess.). A presença dessas colônias também é um indicador da tremenda produtividade primária dos manguezais locais, já que outras áreas, como a APA Iguape-Cananéia, são preferidas em relação a Santos-Cubatão.

Mamíferos - Poucos mamíferos ocorrem nos manguezais propriamente ditos. A espécie mais facilmente encontrada é o mão-pelada Procyon cancrivorus, especialista neste ambiente.

Lontras Lutra longicaudis tem sido observadas tanto nos rios (Quilombo, Jurubatuba) como nos mangues (Quilombo a Cascalho), utilizando também lagoas artificiais como as da Cosipa (dique do Furadinho). Esta espécie é considerada ameaçada de extinção.

Ratões do banhado Mylocastor coypus e capivaras Hydrochaerus hydrochaeris não ocorrem no manguezal propriamente dito, mas são encontrados nas áreas com influência da água doce na foz dos rios como o Quilombo.

Conclusão - Entre os manguezais do estado de São Paulo, os da Baixada Santista, especialmente aqueles da área de Santos-Cubatão, são os que apresentam a fauna mais exuberante, tanto em número de espécie como de indivíduos. Diversas espécies se reproduzem na áreas, e algumas tem ali as únicas populações conhecidas no estado de São Paulo, ou as suas maiores concentrações populacionais.

A área é um dos mais importantes sítios de pouso e alimentação de aves migratórias na costa sudeste do Brasil, sendo utilizada tanto por espécies provenientes do Hemisfério Norte como do Cone Sul. este fato implica que a conservação destes manguezais tem uma importância global. A destruição dos manguezais afetará populações de aves do Canadá a Argentina com prováveis declínios das espécies. Deve-se lembrar que pouco adianta os governos de outros países ou estados (como o Rio Grande do Sul), investirem na conservação destas espécies se áreas críticas para seus ciclos de vida são destruídas em São Paulo.

Os mangues de Santos-Cubatão abrigam a única população de guarás ao Sul do Maranhão. A população paulista da espécie tem crescido ao longo dos anos e a suas tendências sedentárias indicam que as aves consideram e ambiente adequado. Sendo uma espécie ameaçada de extinção, os guarás demandam ações conservacionistas para que sua população seja protegida. O mesmo deve ser dito de espécies como os jacarés e lontras, e daquelas regionalmente raras como o gavião caranguejeiro.

A catástrofe de 1997, quando a ação de vândalos causou o abandono da colônia reprodutiva do rio Morrão mostra que a fiscalização existente é inadequada e, de fato, pescadores continuam utilizando a área da colônia até hoje, ameaçando e perturbando as aves. Esta perturbação também ocorre nas áreas de alimentação, já que o Ibama autorizou a construção de cercos de pesca, arte de pesca que não era utilizada na região há mais de 10 anos, nos rios Cubatão e Quilombo, o último sendo a área de alimentação utilizada durante a temporada reprodutiva.

É importante que seja assegurada a proteção das colônias reprodutivas existentes no complexo de manguezais através de barreiras físicas (cercas) que impeçam o acesso de vândalos, e pela presença de uma fiscalização adequada e ostensiva. Essa é uma prioridade básica para a conservação da fauna local.

Outro aspecto é a necessidade de se barrar o contínuo crescimento das favelas na região. As palafitas da Vila dos Pescadores avançam sobre o rio Cascalho, uma das mais importantes áreas de alimentação do complexo. E o invasor da ilha da Alemoa destruiu um ninho de gavião-asa-de-telha com dois ovos. A população desta espécie no estado de São Paulo é de menos de 10 indivíduos.

Outro aspecto é a destruição e drenagem dos brejos de água doce e caxetais que circundam os mangues pela invasão de favelados (por exemplo, ao longo da rodovia Piaçaguera-Guarujá) e atividades industriais. Um destes brejos, o Dique do Furadinho, considerada uma APA, perdeu muito de seu valor pela falta de manejo adequado, que causou seu assoreamento e perda do espelho d’água.

A extraordinária diversidade de espécies dos manguezais da Baixada Santista, existe apesar da proximidade dos lixões de Santos e São Vicente, do Porto de Santos e do Pólo Industrial de Cubatão. De fato, algumas espécies tiram proveito dos resultados das ações antrópicas. As principais áreas de alimentação das aves aquáticas, migratórias ou não, são os bancos de lodo ao longo do Largo do Coneu, canal da Cosipa o rio Cubatão, resultado da deposição de material dragado e do aumento de carga de sedimentos devido à morte de floresta da Serra do Mar. O mangue impactado do rio Cascalho é também umas das principais áreas de alimentação das aves, e onde os guarás e colhereiros levam seus filhotes para se alimentar.

É irônico que as áreas de alimentação mais importantes para as aves, e aquela onde se localiza a única colônia mista de garças e guarás conhecida no Leste do Brasil, sejam classificadas como "mangue degradado" em levantamentos recentes como os da Cetesb. Esta classificação baseada apenas no estado da vegetação, não leva em conta a função ecológica daqueles lodaçais esteticamente desagradáveis, e tem servido de justificativa para eliminá-los.

Por fim deve-se lembrar que todo o manguezal da região situa-se em terras de marinha, pertencendo à União. Isso permite a criação de uma unidade de conservação sem maiores problemas fundiários.

Apêndice: AVES DOS MANGUEZAIS DE SANTOS-CUBATÃO

Espécies ameaçadas em São Paulo segundo o Decreto 42.838 de 04/02/98

Espécies ameaçadas no Brasil segundo Portaria Ibama 15.22/89

Aves Aquáticas

Garças e Socós - 18
Piolherodius pileatus
Ardea cocoi
Ardea alba
Egretta thula
Egretta caerulea
Butorides striatus
Nyctanassa violacea
Nycticorax nycticorax
Tigrisoma lineatum
Ixobrychus involucris
Ixobrychus exilis
Botaurus pinnatus
Jabiru mycteria
Cochlearius cochlearius
Eudocimus ruber
Plegadis chihi
Ajaja ajaja
Aramus guarauna

Mergulhões, Biguás e Patos - 19
Tachybaptus dominicius
Rodilymbus podiceps
Podiceps major
Phalacrocorax brasilianus
Anhinga anhinga
Dendrocygna bicolor
Dendrocygna viduata
Dendrocygna autumnalis
Cygnus melancorypha
Cairina moschata
Anas bahamensis
Anas versicolor
Amazonetta brasiliensis
Netta peposaca
Netta erythrophthalma
Nomonyx dominica
Gallinula chloropus
Porphyrula martinica
Fulica amillata

Saracuras, Batutras e Maçaricos - 29
Pardiralfus nigrians
Amaurolimnias concolor
Rallus longirostris
Aramides mangle
Aramides cajanea
Aramides saracura
Porphyriopsis melanops
Lalerallus melanophalus
Lalerallus leucoryphus
Neocrex erythropus
Porzana albicollis
Porzana flaviventris
Jacana jacana
Pluvialis squatarola
Pluvialis dominica
Venellus chilensis
Charadrius semipalmatus
Charadrius collaris
Charadrius modestus
Gallinago pareguaiae
Actitis macularia
Tringa solitaria
Tringa flavipes
Tringa melanoleuca
Calidris fuscicollis
Calidris pusilla
Catoptrophorus semipalmatus
Limosa haemastica
Norte
Himantopus melanurus

Pescadores "Aéreos" - 15
Sula leucogaster
Fregata magnificens
Pandion haliaetus
Larus dominicanus
Phaetusa simplex
Gelochelidon nilotica
Stema trudeaui
Stema hirundicacea
Stema superciliares
Thalesseus "eurygnatha"
Thalesseus sandvicensis"
Thalesseus maximus
Rynchops nigra
Ceryle torquata
Chloroceyle americana
Chloroceyle amazona

Aves do Rapina - 3
Buteogallus aequinoctialis
Buteogaltus urubitinga
Rosthramus sociabilis

Passeriformes - 11
Certhiaxis cinnamomea
Fluvicola leucocephala
Fluvicola pica
Fluvicola nengeta
Tachycineta leuconhoa
Donacobius atricapillus
Sporophila collaris
Oryzoborus angolensis
Agelaius cyarlopus
Agelaius ruficapilla
Pseudoleistes guirahuro
Conirostrum bicolor

Aves Generalistas do habitat

Aves de Rapina - 7
Coragyps atratus
Cathartes aura
Ruporris magnirostris
Milvago chimachima
Milvago chimango
Caracara plancus
Falco peregrinu

Carnívoros - 4
Pitangus sulphuratus
Turdus amaurochalinus
Turdus rufiventris
Molothrus bonariensis

"Probling insectivores" - 1
Troglodytes aedon

"Sailing Insectivores" - 6
Pyrocephalus rubinus 
Tyrannus melancholicus
Myiozetetes similis 
Muscivora tyrannus
Satrapa icterophrys
Contopus cinereus

"Aerial Insectivores" - 11
Chordeiles acutipennis
Caprimulgus parvulus
Hidropsalis brasiliana
Streptoprocne zonaris
Chaetura cinereiventris
Chaetura andrei
Progne subis
Progne chalybea
Notiochelidon cyanoleuca
Stelgidopiteryx ruficollis
Hirundo rustica

Aves de Áreas Abertas

Aves de Rapina - 6
Elanus leucurus
Buteo albicaudatus
Buteogallus meridionalis
Parabuteo unicinctus
Falco femoralis
Falco sparverius

Granivoros - 9
Columba picazuro
Columbina talpacoti
Scardafella squammata
Zonotrchia capensis
Sporophila caetulescens
Volalinia jacanna
Passendomesticus
Estrilda astrid
Leistes militaris

Insetivoros do Grama Baixa - 9
Syrigma sibilatrix
Bubulcus ibis
Colaptes campestris
Guira guira
Crotophaga ani
Fumarius rufus
Machetorniss rixosa
Anthus lutescens
Mimus satuminus

Insetivoros do Arbustos - 6
Tapera naevia
Coccyzus melancoryphus
Cistothorus platensis
Synallaxis spixi
Mylophobus fasciatus
Geothlypis aequinoctialis

Aves de Restinga

Nectarívoros - 4
Ramphodon naevius
Eupetomena macroura
Melanotrochifus fuscus
Amazilia fimbriata

Pica-paus - 3
Picumnus temmincki
Celeus flavescens
Drylocopus lineatus

Aves de Rapina - 2
Leptodon cayanensis
Herpetothenes cachinans

Frugívoros e Nectarívoros - 13
Columba cayanensis
Brotogeris tirica
Forpus carssirostris
Turdus albicollis
Coereba flaveola
Dacnis cayana
Thlypopsis sordida
Ramphocelus bresillus
Tachyphonus cotonatus
Thraupis sayaca
Saltator similis
Cacicus haemorhous

Insetívoros Arbóreos - 3
Thryothrus longirostris
Cyclarhis gujanensis
Parula pitlayumi