Esta é para canadense ver, e aprender a não brincar com a carne brasileira. Os americanos do Norte da América do Norte, residentes no país que tem como símbolo uma folhinha vermelha, devem estar vermelhos de raiva com a verdadeira campanha de ridicularização que vem sendo promovida na Internet brasileira, depois que tiveram a coragem de executar uma manobra rasteira no comércio bilateral com o Brasil.

País tradicionalmente amigo do Brasil, o Canadá - como forma evidente de pressão, em meio à disputa por uma fatia do mercado aeronáutico entre a produtora brasileira de aeronaves Embraer e a canadense Bombardier - declarou ter embargado a compra de carne bovina brasileira, devido ao risco de contaminação pela Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB, a chamada Doença da Vaca Louca).  Parece que eles ainda não aprenderam como é que se diferencia vaca boa para churrasco de vaca maluquete...

O boicote humorístico brasileiro foi iniciado imediatamente, com um artigo do escritor brasileiro Luiz Fernando Veríssimo (publicado em 8/2/2001 no jornal O Estado de São Paulo). Esse texto, pelo menos uma vez por dia, aterrissa na caixa postal de Novo Milênio. E a paulada continua:

Assunto:   [widebiz] Re: [widebiz] CANADÁ?????
     Data:   Sun, 11 Feb 2001 09:02:13 -0300
       De:    "Rodrigo Borges" <xxxxxxxxxxx@xxx.com.br>
     Para:    "[lista]widebiz" <xxxxxxx@xxxxxxxx.com.br>

   Sobre o assunto " Canadá X Brasil " ....

na noite de sexta-feira eu estava meio de marcha lenta já, quando de repente me deu um insight e resolvi escrever o seguinte texto, apenas como forma de malhação do lado direito do cérebro:

Essa história de que o rebanho bovino brasileiro estaria contaminando com a doença da vaca louca é simplesmente uma das melhores piadas contadas neste ano pelas autoridades canadenses. Conforme as notícias, não podemos encontrar outra explicação para essa história senão o fato de que os prezados senhores da terra da folhinha vermelha tentam compensar a ameaça internacional da indústria de aviões brasileira à indústria canadense com argumentos e atos cômicos sobre uma outra indústria brasileira também de muita expressão mundial.

Já pensaram se a moda da crazy cow tupiniquim invade a Internet, criando o mal dos bits aloprados??!! Imaginem como seriam as notícias veiculadas por todo o mundo:

"... o nosso correspondente internacional, diretamente do Canadá, informa que o bits provindos de Web pages brasileiras estão invadindo as placas de fax modem dos computadores de todo o mundo de maneira descontrolada, provocando uma verdadeira corrida dos usuários contra o chamado mal dos bits aloprados. Testemunhas garantem que viram centenas de computadores pulando por toda a parte e colocando a bandeja do Drive de CD-ROM para fora, recolhendo em seguida e voltando a colocá-la para fora novamente, numa verdadeira alusão ao que seriam suas línguas ..."

A próxima seria perfeita para a capa de um grande jornal canadense:

"... as autoridades canadenses alertam para o cuidado que todos os habitantes devem ter ao navegarem na Internet. Aconselham que os sites brasileiros não deverão ser acessados em hipótese alguma pois, conforme ficou provado pelos cientistas, a cada clique do mouse nestes sites o internauta é tomado por um reflexo inconsciente que o faz soltar uma risada estridente e ainda colocar a língua para fora. O risco pode se agravar ainda mais, chegando a provocar lesões no cérebro, se em algum lugar do site o internauta for obrigado a executar um duplo click..."

Apenas como um exercício de criatividade, alguém se habilita a criar mais alguma ??!!! Depois do que os canadenses estão fazendo .... vale tudo !!!

Rodrigo Souza Borges

Fevereiro/2001

... segue aí a coluna do Luis Fernando Verissimo no Estadão de hoje:

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Contra o Canadá

Estou pronto para cumprir meu dever cívico de hostilizar o Canadá, que não só não quer nos deixar vender nossos aviões como não quer mais comprar a nossa carne e ainda nos intriga com os Estados Unidos. Só não sei bem como colaborar com as represálias. Procurei em vão por algo canadense para quebrar, em casa. Não conheço nenhum canadense para, pelo menos, ligar para ele no meio da noite e xingar a mãe. Os dois únicos canadenses no meu universo de referências são Oscar Peterson e Saul Bellow, mas os dois são americanos que só nasceram no Canadá. E, mesmo, não quero envolver meus discos e livros nisto. A Arte deve se manter acima das questões entre nações e mesmo nas piores crises entre Brasil e Argentina nunca deixei de ouvir meu Piazzola, baixinho. Se bem que, na próxima vez que a TV mostrar aquele filme em que o Nelson Eddy é da polícia montada, trocarei de canal acintosamente.

Só me resta combater o Canadá com as poucas armas de que dispõe o jornalismo. Como, no caso, a calúnia.

Dizem que o Canadá é tão chato que aos sábados à noite toda a população cruza a fronteira para fazer farra nos Estados Unidos - e ninguém nos Estados Unidos nota! Tão chato que é lá que os finlandeses vão fazer pós-graduação em aborrecimento. Tão chato que eles chamam afrouxar a gravata de "orgasmo". A principal contribuição do Canadá para as artes plásticas do mundo é o boneco de neve. Como é que se sabe que um canadense está se divertindo? Quando ele sorri, dormindo.

A densidade demográfica do Canadá é baixa porque o que um canadense mais quer é distância do outro. (Quantos canadenses são necessários para trocar uma lâmpada? Todos, mas vá encontrar os outros). As duas profissões mais comuns no Canadá são lenhador e urso, mas para ser urso tem que fazer concurso. Qual é a diferença entre sexo com um peixe frio e sexo com uma canadense? Não se sabe porque ninguém ainda se animou a fazer a segunda parte da pesquisa. E é um fato notório que todo canadense come meleca.

Pronto. Fiz a minha parte como cidadão. Para eles saberem com quem estão se metendo.