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ROTA DE OURO E PRATA
Navios: o Blücher

1902-1929 - depois Leopoldina, Suffren

A companhia Hamburg-Amerikanische Packetfahrt Aktien Gesellschaft (Hapag) foi fundada por um grupo de armadores e homens de negócios da cidade e Hamburgo no ano de 1847. Ficou conhecida na Alemanha com o nome de Hamburg Amerika Linie ou, mais comumente, com suas iniciais Hapag, que a tornariam mundialmente conhecida.

Seus fundadores foram homens ilustres na área da navegação comercial: F.Laeisz, H.J. Merck e Adolf Godeffrroy - este último, presidente do Conselho de Administração e diretor de operações, cargos que acumulou durante 33 anos!

A idéia dos fundadores era iniciar um serviço regular ligando os portos de Hamburgo e Nova Iorque, e os quatro primeiros navios utilizados na linha eram pequenos veleiros que não ultrapassavam 500 toneladas!


O Deutschland, da Hapag, foi em sua época o maior navio de passageiros do mundo
Foto: cartão postal europeu do início do século XX

Foi somente em 1856 que a Hapag pôde dispor do primeiro navio a vapor para fazer a travessia do Atlântico Norte, tal honra cabendo ao navio misto Borussia, que transportava, além da carga, 402 passageiros.

Os negócios da companhia prosperaram de modo marcante a partir da sexta década do século XIX, a tal ponto que a Hapag logo se tornou uma das grandes do Atlântico Norte.

Entre a primeira viagem do Borussia, em 1856, e o fim do século XIX, nada menos do que 90 navios diferentes foram usados pela Hapag nessa linha norte-americana e, em 1900 surgiu o que, na época, era o maior navio de passageiros do mundo, o Deutschland, de 16.502 toneladas. Seu proprietário? A Hapag!

Também naquele ano, foi decidida a entrada da Hapag na Rota de Ouro e Prata, onde já competiam, em acirrada concorrência, outras duas grandes empresas de bandeira alemã: a NDL e a Hamburg-Süd. O primeiro navio a levar as cores da companhia aos portos do Brasil e da Argentina foi o Canadia, seguido pelos cinco navios da série Prinz.


O Blücher atracado no porto de Hamburgo, onde foi construído

Encomendas - No ano de 1896, foi lançado ao mar, por conta da NDL, um navio de passageiros com o nome de Friedrich der Grosse. Ele seria seguido, poucos meses mais tarde, por um quase gêmeo, que levaria o nome de Barbarossa. Estes dois navios tinham sido os primeiros de uma série de 11 muito similares em desenho, características técnicas e dimensões. Estes 11 ficariam sendo conhecidos como os da série Barbarossa.

Sete foram construídos por ordem da NDL, enquanto os quatro restantes o foram por ordem da Hapag. O último desta série seria batizado com o nome de Blücher, em 1901. O Blücher foi lançado ao mar no dia 23 de dezembro de 1901 e completado nos estaleiros Blohm & Voss, de Hamburgo, em maio de 1902.

Com o Moltke, constituía um par construído expressamente para a rota do Extremo Oriente. Era um navio de dimensões relativamente grandes para a época, com linhas de construção convencionais porém compactas. Duas chaminés centralizadas, duas máquinas de expansão quádrupla, cada uma com quatro cilindros, construídas pelo próprio estaleiro, quatro conveses de superestrutura e três no casco.

Seu interior apresentava salões de estilo rigorosamente germânico, com predominância de madeira e cores escuras. Levava uma tripulação de 250 homens, entre oficiais, tripulantes e serviços de hotelaria. Em junho de 1902, realizou sua viagem inaugural entre Hamburgo e Nova Iorque, permanecendo nessa linha durante dez anos seguidos e sem nota de maior interesse.

América do Sul - Em 1912, com a entrada próxima, em serviço norte-americano, do transatlântico Tirpitz, o Blücher foi transferido para a linha sul-americana, realizando a primeira viagem para Buenos Aires nos meses de junho e julho daquele ano.

Seu emprego na Rota de Ouro e Prata durou exatamente dois anos, pois em 3 de agosto de 1914, com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, encontrando-se em navegação ao longo da costa brasileira, refugiou-se em seguida no porto de Pernambuco (atual Recife), permanecendo nesse ancoradouro por quase três anos.

O Blücher era um dos 45 navios de bandeira alemã que haviam se abrigado em portos brasileiros, como o Sierra Nevada, o Bahia Laura e o Cap Vilano. No total a bordo desses navios, havia 6.000 pessoas, a maioria das quais eram cidadãos germânicos convocados para o serviço militar na sua pátria.

Em junho de 1917, a maioria desses navios alemães foi apreendida pelo governo brasileiro, que havia declarado guerra à Alemanha, devido ao torpedeamento de alguns de seus navios mercantes por submarinos germânicos.


Anúncio do Lloyd Brasileiro publicado em 1922

Brasileiro - Desses 45 navios, 34 foram transferidos, após o fim da guerra, para o patrimônio nacional da companhia Lloyd Brasileiro. Entre esses apreendidos estava o Blücher, que seria rebatizado como Leopoldina pelas autoridades brasileiras.

O transatlântico foi então alugado, em 1919, para o uso das autoridades francesas, e começou uma nova carreira, sob a bandeira brasileira e o controle operacional da Compagnie Generale Transatlantique (CGT), a maior empresa francesa de navegação que o empregou na linha Le Havre-Nova Iorque como navio de passageiros e carga.

Em 1923, o Lloyd Brasileiro decidiu vendê-lo à própria CGT e, tão logo o contrato de compra e venda foi assinado, a empresa francesa decidiu por uma mudança de nome, substituindo Leopoldina por Suffren.

Com o novo nome e a bandeira francesa flutuando na popa, o Suffren, ex-Blücher, ex-Leopoldina, passou a transportar somente passageiros (num total de 750), divididos em apenas duas classes: segunda e terceira. A rota de serviço era a mesma, ou seja Le Havre-Nova Iorque e retorno.

Nesta condição de uso, o Suffren permaneceu até 1929, quando a CGT, já reforçada com alguns navios maiores e mais modernos, decidiu vendê-lo para demolição a uma empresa italiana, que o demoliu em Gênova no mesmo ano.

Blücher:

Outros nomes: Leopoldina, Suffren
Bandeira: alemã
Armador: Hamburg-Amerikanische P.A.G.
País construtor: Alemanha
Estaleiro construtor: Blohm & Voss (porto: Hamburgo)
Ano da viagem inaugural: 1902
Tonelagem de arqueação (t.a.b.): 12.334
Comprimento: 160 m
Boca (largura): 19 m
Velocidade média: 16 nós
Motores: 2, de quádrupla expansão, potência de 9.500 HP
Hélices: 2
Chaminés: 2
Mastros: 2
Conveses: 4
Tripulação: 250 homens
Passageiros: 2.100
Classes: 1ª -     330
                2ª -     170
                3ª -  1.600

Artigo publicado no jornal A Tribuna de Santos em 2/7/1992