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ROTA DE OURO E PRATA
Navios: o Bretagne

1952-1964 - depois Brittany

A armadora francesa Société Générale de Transports Maritimes (SGTM), de Marselha, fundada em 1865, não chegou a completar um século de existência, pois ingressou no segundo período pós-guerra com somente dois dos vários transatlânticos que possuía em operação em agosto de 1939, no eclodir do conflito.

Esses dois navios, o Florida, de 1926, e o Campana, de 1930, estavam em más condições devido à guerra, e necessitavam de reformas radicais. Após o término do conflito 1939-1945, as três armadoras francesas, que operavam tradicionalmente na Rota de Ouro e Prata, procuraram reconstruir suas linhas de serviço, de carga e de passageiros, para a América do Sul.

Novos navios - A Chargeurs Reunis voltou a servir a rota após a construção do par Claude Bernard e Lavoisier, ambos lançados em 1948 e fazendo suas viagens inaugurais para o Brasil e o Prata em 1950. A este par seria acrescentado um terceiro transatlântico em 1952, o Louis Lumière.

A Compagnie de Navigation Sud Atlantique, associada da Chargeurs Reunis, voltou a operar na costa Leste sul-americana em 1951 com o Laennec - seguido, no ano seguinte, pelo seu gêmeo, o Charles Tellier.

A SGTM procurou inicialmente reformar o par Florida e Campana, e suprir assim, momentaneamente, a falta aguda de tonelagem pela qual passavam todos os armadores naquele período de reconstrução européia entre 1946 e 1950.

Além disso, como era de se esperar, novos navios tinham de ser construídos, e a SGTM assinou dois contratos de construção naval. Um no exterior e outro em casa, no Estaleiro Chantiers de Penhoet, em Saint Nazaire. Este último previa a construção do derradeiro transatlântico que a empresa armou.


Bretagne e Provence eram navios gêmeos com características de luxo

Luxo - A quilha de nº X-12 foi batida a 27 de janeiro de 1950 e, a 20 de julho de 1951, foi lançada ao mar e batizada com o nome de Bretagne. Em 31 de julho de 1952, dois anos e meio após o batimento da quilha, ficou pronto, sendo na época um navio moderno, dotado de todos os equipamentos mais avançados da construção naval do momento, e seu interior era de uma decoração requintada.

O segundo navio do par, o Provence, foi construído em 1950 pelo estaleiro Swan, Hunter & Wigham Richardson, na localidade de Walker-on-Tyne (Inglaterra), sendo entregue à armadora no início de 1951.

Ambos eram navios de aparência elegante, linhas clássicas para a década de 1950, com superestrutura compacta e bem distribuída, e suas silhuetas se tornaram familiares aos freqüentadores dos portos da América do Sul onde faziam escalas.

A SGTM organizou e levou a cabo três cruzeiros pré-inaugurais, o primeiro deles saindo de Saint Nazaire em 1º de agosto de 1952, com escalas em Lisboa, Funchal, Tenerife, Las Palmas, Casablanca, Cádiz e Argel, terminando em Marselha, seu porto de armamento, no dia 14 de agosto. No dia 17, o Bretagne saiu de Marselha no início do segundo cruzeiro, que terminou no dia 31, e nesse mesmo dia saiu para o terceiro e último cruzeiro.

Encerrados os cruzeiros pré-inaugurais, o Bretagne saiu de Marselha, em viagem inaugural ao Atlântico Sul, com escalas em Gênova, Barcelona, Lisboa, Rio de Janeiro, Montevidéu e Buenos Aires, em cuja linha permaneceu com efetividade e algumas interrupções.

A primeira delas, em 14 de fevereiro de 1955. Durante manobras de atracação em Marselha, abalroou o rebocador Marseillais-9. Ambos - navio e rebocador - sofreram avarias ligeiras, cujos reparos foram efetuados durante a estadia naquele porto.

Reforma - No meio do ano de 1957, em Gênova, o Bretagne foi submetido a reformas internas nas suas acomodações de passageiros e locais públicos. Externamente, o Bretagne teve seus dois mastros originais substituídos por um único, mais dinâmico, no tijupá (convés acima da ponte de comando), e seu casco pintado de branco, o que realçou sua silhueta de linhas clássicas por excelência, dando-lhe uma configuração mais moderna e dinâmica. A 17 de outubro de 1957 largou de Gênova em seu novo visual.

O Bretagne era um navio de manutenção dispendiosa, pois, além de luxuoso, era de propulsão a turbinas patente Parsons. No início da década de 60, as viagens intercontinentais aéreas foram se desenvolvendo e, é claro, as listas de passageiros dos transatlânticos diminuindo.

Além disso, a hegemonia italiana nas linhas do Mediterrâneo constituía outro fator agravante e o tráfego da SGTM entrou em depressão. No dia 7 de novembro de 1960, a matriz em Marselha distribuiu um comunicado aos agentes principais, anunciando a decisão de desativar o Bretagne, que 11 dias depois foi afretado à armadora grega Chandris, de Pireus.

No dia 7 de setembro de 1960, saiu de Gênova em sua última viagem na linha Marselha-Gênova-Buenos Aires. No retorno a Gênova, em janeiro de 1961, o Bretagne foi novamente para reforma, que o transformaria em navio de linha para o roteiro Pireus-Austrália. Após essas reformas, o Bretagne oferecia capacidade para 150 passageiros em 1ª classe e 1.050 em classe turística. Em setembro do mesmo ano, foi definitivamente adquirido pela Chandris e seu porto de registro passou a ser o de Pireus.

Anos finais - No dia 3 de maio daquele ano, saiu de Pireus rumo a Brisbane (Austrália) via Southampton, na Inglaterra. Viagens subseqüentes terminaram em Sidney (Austrália) e, em 1962, o sucesso alcançado na nova linha colaborou para que a Chandris rebatizasse o navio com a denominação Brittany, que é a versão inglesa do seu nome original.

No dia 28 de março de 1963, o Brittany foi conduzido a Skaramanga para reparos em suas turbinas no estaleiro Hellenic Shipyard. Durante os trabalhos, irrompeu grande incêndio a bordo e, na noite seguinte, de 9 a 10 de abril, o navio, todo calcinado, foi encalhado na Baía Vasilika. Aí, aguardou abandonado quase um ano o término dos trâmites legais a respeito do sinistro.

A 10 de maio de 1963 foi posto a flutuar, porém continuou desativado. Em março de 1964, foi vendido como sucata e, no dia 31 daquele mês, chegou a La Spezia (Itália) a reboque, para demolição.


O Bretagne, transatlântico francês da SGTM, fez viagem inaugural em 1952, partindo de Marselha, com escalas em Gênova, Barcelona, Lisboa, Dakar, Rio de Janeiro, Montevidéu e Buenos Aires. Era seu gêmeo o Provence, ambos com características de luxo. Sua última passagem por Santos foi em 1960. Em 1963, já nas mãos de outro armador, sofreu terrível incêndio. Posteriormente foi desmantelado em La Spezia (Itália). No dia 23/12/1956, era visto partindo do Armazém 15 da Companhia Docas de Santos

Foto: acervo do cartofilista Laire José Giraud, publicada na rede social Facebook em 24/6/2014

Bretagne:

Outros nomes: Brittany
Bandeira: francesa
Armador: Société Génerale de Transports Maritimes
País construtor: França
Estaleiro construtor: Chantiers de Penhoet (porto: Saint Nazaire)
Ano da viagem inaugural: 1952
Tonelagem de arqueação (t.a.b.): 16.355
Comprimento: 165 m
Boca (largura): 23,5 m
Velocidade média: 19 nós
Passageiros: 1.292
Classes: 1ª -    131
                2ª -      99
                3ª -    862
  emigrante -    200

Artigo publicado no jornal A Tribuna de Santos em 16/12/1993