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ROTA DE OURO E PRATA
Navios: o Colombo

1917-1949 - ex-San Gennaro

A companhia Transoceanica Societá Italiana di Navigazione foi fundada em agosto de 1917 em Nápoles (Itália) como uma subsidiária da Navigazione Generale Italiana (NGI) e com a finalidade de conjugar numa só razão social os ativos de outras duas empresas que, devido às perdas da guerra iniciada em 1914, encontravam-se praticamente falidas.

Estas duas empresas eram a Italia Societá di Navigazione a Vapore, criada em 1900, com sede em Gênova, e a Sicula Americana Societá di Navigazione, fundada em Messina (Sicília), em 1906.

Esta última empresa mencionada teve vida extremamente breve, sendo em 1914 absorvida pela Fratelli Peirce, também de Messina, da qual eram proprietários os irmãos Guglielmo e Giorgio Peirce.


Porto italiano de Messina, em cartão postal pouco antes do terremoto de 1908

Foram estes dois irmãos que fundaram a Sicula Americana para explorar um serviço de carga e passageiros entre a Sicília e as Américas do Norte e do Sul; em julho de 1907, o San Giorgio saía de Nápoles para Nova Iorque, via Messina e Palermo, inaugurando as atividades da empresa.

O terremoto que devastou Messina em 28 de dezembro de 1908 provocou a morte de Giorgio Peirce; este foi substituído por outro Giorgio Peirce, filho de Guglielmo.

Em 1910, o capital da empresa, aumentado para 6 milhões de liras, permitiu à companhia ordenar a construção de dois novos navios mistos. O primeiro foi lançado em março de 1911, com o nome de San Guglielmo; o segundo, cuja ordem de construção só foi dada em 1914, seria lançado em outubro de 1915, com o nome de San Gennaro.


Trabalhadores de Messina removem os escombros do terremoto de 1908

Primeira Guerra - Devido ao primeiro conflito mundial, a construção e o acabamento do San Gennaro foram retardados e sua finalidade transformada para navio de carga em vez de navio misto.

Foi somente em outubro de 1917 que os trabalhos terminaram, mas antes que o navio pudesse efetuar sua primeira viagem por conta da Fratelli Peirce, esta empresa foi absorvida pela Transoceanica.

Assim sendo, o San Gennaro iniciou sua vida útil sob as cores da nova armadora, sendo afretado por esta às autoridades de guerra do Controle Britânico de Armamento (British Shipping Controller).

Estávamos em dezembro de 1917, em pleno período crítico das hostilidades no mar. Nesta época, a campanha submarina alemã atingia seu ponto máximo e dezenas de navios eram afundados por mês.

O Controle Britânico de Armamento coordenava a construção, a compra, o uso, as rotas, os consertos e outras tarefas ligadas ao uso estratégico de capacidade de transporte por via marítima do governo britânico.

O San Genaro foi assim utilizado como um dos tantos outros cargueiros aliados que atravessavam o Atlântico Norte; sua velocidade relativamente elevada permitia seu uso isolado, fora de comboio. Seu comandante na época era Enrico Peirce, e as cargas, constituídas principalmente de cereais.

O maior - Em agosto de 1921, a NGI resolveu proceder à liquidação da Transoceanica, absorvendo a frota desta, que era constituída de 11 unidades, cinco de passageiros e 6 de carga. Entre estes últimos, encontrava-se o San Gennaro e foi decidido que o navio seria transformado em transatlântico de passageiros.

Foi assim enviado aos estaleiros de Baia (Itália), onde foi recondicionado totalmente, saindo da reforma com acomodações de três classes e um novo nome: Colombo. Em novembro do mesmo ano, realizou sua viagem inaugural na nova condição, ligando Nápoles a Nova Iorque.

Graças à sua velocidade elevada, ao luxo e aos amplos espaços de suas acomodações de primeira e segunda classes, o Colombo teve grande aceitação por parte da clientela. Nesta época, ainda não haviam entrado em serviço os dois maiores navios italianos do imediato pós-guerra, o Giulio Cesare e o Duilio. Assim sendo, coube ao Colombo o privilégio de ser proclamado como navio-capitânia da frota da NGI.


O Colombo iniciou sua carreira como navio cargueiro com o nome de San Gennaro em 1917

Entre guerras - Em 1924, foi novamente reformado, ampliando-se sua capacidade e assim aumentando também sua tonelagem, para 12.087 toneladas. Três anos mais tarde, com a entrada em serviço do Roma e do Augustus, respectivamente na rota do Atlântico Norte e na do Atlântico Sul, o Colombo foi inicialmente transferido para a linha Gênova-Valparaíso (Chile) - via Canal do Panamá - e mais tarde, em 1928, para a Rota de Ouro e Prata.

No início da década de 30, o Colombo realizou algumas viagens esporádicas entre Gênova e Valparaíso, via Canal do Panamá, alternadas a outras na Rota de Ouro e Prata. Sua viagem inaugural para o Brasil e o Prata foi feita sob o comando do capitão-de-longo-curso Sturlese, com escalas em Marselha, Barcelona, Gibraltar, Rio de Janeiro, Santos e Montevidéu.

Sofreu, numa das viagens dessa rota, o seu único acidente de carreira, quando em 12 de junho de 1931 encalhou oito milhas a Sudeste do porto de Marselha, sendo porém safado da incômoda situação algumas horas depois.

A fusão das principais frotas italianas de passageiros numa só companhia estatal, que levou o nome de Italia Flotte Riunite, fez com que o Colombo, bem como todos os navios da NGI, passassem para as cores verde, branca e vermelha da nova empresa, continuando a servir a linha sul-americana até 1934, quando foi então posto a serviço do governo italiano para transportar tropas que iam combater na Abissínia.

Realizou várias viagens nesta condição, para retornar à linha para a costa Leste da América do Sul, em fins de 1935. Um ano mais tarde, foi transferido para a propriedade do Lloyd Triestino, que o empregou na linha Nápoles-Massaua (Etiópia), pintado nas cores tradicionais dessa armadora de Trieste, ou seja, superestrutura de cor branca e chaminés amarelo-ouro.

Bloqueando Massaua - Foi justamente no porto de Massaua (no Mar Vermelho) que a declaração de guerra da Itália à Inglaterra e à França, em 10 de junho de 1940, surpreendeu o Colombo e outros 20 navios de bandeira italiana.

Sendo o Mar Vermelho um mar interior, cujas duas saídas estavam controladas pelas forças britânicas (Suez ao Norte e Áden ao Sul), o destino do Colombo e dos outros estava praticamente selado. Ou a Itália ganhava o conflito ou estes 21 navios estavam condenados ao afundamento ou à rendição.

Em abril de 1941, as tropas de Sua Majestade Britânica penetraram no porto de Massaua. Foi então decidido, face à iminente derrota, que o Colombo, junto a outros seis cargueiros, seria afundado na entrada do porto daquela cidade, com a finalidade dupla de impedir que caísse nas mãos inimigas e ao mesmo tempo criar uma barreira artificial que impedisse a tomada do porto por forças navais.

Realizado tal projeto, o Colombo pousou seu casco no fundo lamacento das águas do porto, onde permaneceu até 1945, quando as autoridades britânicas iniciaram o trabalho para retirar o navio do local. Devido à sua avançada idade e ao seu péssimo estado, o Colombo foi enviado para demolição, desaparecendo para sempre em 1949.


"Colombo - Este cartão-postal oficial da Navigazione Generale Italiana (NGI) mostra o navio Colombo, de 12.082 toneladas e 157,88 metros, duas chaminés e dois mastros, construído nos estaleiros britânicos de Palmers & Co., em 1915, a pedido da armadora Sicula Americana, e lançado ao mar com o nome de San Genaro. No início foi usado apenas como cargueiro. Em 1921 foi transformado em navio de passageiros, com acomodações para 100 pessoas na primeira classe, 700 na segunda e 2.000 na terceira, passando então à frota da NGI para atender exclusivamente a rentável linha Nápoles-Nova York, já rebatizado como Colombo. Em 1928 foi transferido para a linha não menos rentável entre Gênova e Buenos Aires, mesmo após ter sido incorporado em 1932 à Italia Flotte Riunite Cosulich-Lloyd Sabaudo-NGI, companhia formada com a união de outras, após sérios problemas financeiros, e de ter passado em 1937 para o Lloyd Triestino. Teve um triste fim: durante a II Guerra Mundial, no dia 8 de abril de 1941, foi afundado voluntariamente em Massana, na Eritréia, colônia italiana na África Oriental. Em 1949 foi demolido. Antes deste existiram pelo menos outros dois navios com o mesmo nome na frota italiana, com linhas para o Brasil".

Imagem: Acervo José Carlos Silvares/fotoblogue Navios do Silvares (acesso: 13/3/2006)

Colombo:

Outros nomes: San Gennaro
Bandeira: italiana
Armador: Navigazione Generale Italiana (NGI)
País construtor: Grã-Bretanha
Estaleiro construtor: Palmers & Co. Ltd. (porto: Jarrow-on-Tyne)
Ano da viagem inaugural: 1917
Tonelagem de arqueação (t.a.b.): 12.087 (após reforma em 1924)
Comprimento: 157 m
Boca (largura): 19,5 m
Chaminés: 2
Mastros: 2
Velocidade média: 17 nós
Passageiros: 2.800
Classes: 1ª -     100
                2ª -     700
                3ª -  2.000

Artigo publicado no jornal A Tribuna de Santos em 12/8/1993