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SANTOS DE ANTIGAMENTE - QSO
Santos e os radioamadores, desde 1932 (A)

Cartão QSL do 1º contato QSO do radioamador santista Jayme Freixo (prefixo PY2CK), em 1932

Imagens: Arquivo Histórico do Radioamador Brasileiro (acesso em 30/12/2012)

 

Quem hoje, com um clique no computador, inicia a comunicação com alguém do outro lado da Terra, por texto, voz e vídeo simultâneos, troca arquivos digitais e até faz videoconferência com pessoas em vários continentes, mal imagina a dificuldade que era, nos anos 1960, conseguir até mesmo um telefonema interurbano: ele precisava ser encomendado a uma telefonista, que poderia retornar completando a chamada várias horas depois ou mesmo no dia seguinte.

 

Cartão de contato QSO de Jayme de Campos Freixo (prefixo PY2CK), um dos principais radioamadores santistas: comunicação obtida em fonia no dia 4 de julho de 1951 com a estação japonesa JA8OT, em 14 megaciclos, sem interferências (QRM: no), sem estática (QRN: no), intensidade ótima de sinais (QSB to 5). O operador informava dados de seu equipamento e antenas e solicitava confirmação do recebimento, em inglês (please QSL). No verso, fotos de seu equipamento e antenas em sua casa em Santos

Imagens: cartão à venda no site Mercado Livre/Brasil (acesso em 30/12/2012)

 

A televisão ainda começava a se firmar, computadores não existiam, e as transmissões de rádio eram captadas com alguma estática mesmo na própria cidade. O telégrafo e seu Código Morse eram ainda largamente empregados, num mundo sem telefax e telex (que foram difundidos nos anos 1970 e começaram a desaparecer com a Internet, duas décadas depois).

 

Cartão de contato QSO do radioamador santista Jayme Freixo (prefixo PY2CK), em 6 de julho de 1936, por fonia em 14 megaciclos, com Charles H. Bilharz (WZ3E, de Crystal River, Florida/EUA). Na época, Charles residia em Philadelphia (Pennsylvania/EUA)

Imagens: Arquivo Histórico do Radioamador Brasileiro (acesso em 30/12/2012)

 

As transmissões de rádio e televisão eram analógicas, as emissoras precisavam ser sintonizadas, em diferentes faixas de transmissão. As Ondas Médias eram usadas pelas emissoras locais, pois seu comprimento de onda permitia melhor qualidade de transmissão, mas em pequenas distâncias. Já as ondas curtas (short waves - SW) podiam alcançar outros continentes, mas com qualidade inferior e sintonia mais difícil. Além dessas duas faixas, existiam outras, como as das Ondas Tropicais e das Ondas Longas. A onda portadora, em cada caso, estabelece o sinal, e precisa ser modulada em certa frequência para conduzir os sinais de fonia ou telégrafo. Em certos casos, pode ser dividida: é o SSB.

 

Cartões de contato QSO de Jayme de Campos Freixo, mostrando seu equipamento e antenas

Imagens: Arquivo Histórico do Radioamador Brasileiro (acesso em 30/12/2012)

 

É nesse mundo de terminologia bem específica que se movimentam os radioamadores, entusiastas que montam ou adquirem seus aparelhos de rádio para se comunicarem com os colegas em outras cidades, países e continentes. Possuem licenças especiais dos governos para a prática desse passatempo, mantêm livros para registros das comunicações feitas, enfrentando enorme burocracia, além dos altos custos das peças eletrônicas, sendo inclusive considerados automaticamente como reservas das Forças Armadas, para chamamento ao combate, em caso de guerra. Mesmo em tempos de paz, eram (e ainda são) muito requisitados para comunicações de emergência, ajudando navegantes perdidos, buscando remédios raros ou orientando operações de socorro em áreas inundadas.

 

Eles experimentam com diferentes aparelhos, antenas de diversos tamanhos, cristais de transmissão (que vibram em determinadas frequências, criando a onda radiofônica), e cada radioamador só pode transmitir em certas faixas de ondas, conforme sua categoria (classe A, a mais alta, para transmissões internacionais, obrigando ao domínio do inglês e a possuir equipamentos de maior porte; mais comuns eram as classes B e C).  Usuários da chamada Faixa do Cidadão (CB - Citizen Band) não eram considerados radioamadores, devido ao menor alcance de propagação dessa faixa de frequências.

 

Frentes de dois cartões QSO do radioamador santista Carlos Germanos (prefixo PY2CQT), em 1961. Nas fotos, a cidade de Santos, então com 300 mil habitantes

Imagens: Arquivo Histórico do Radioamador Brasileiro (acesso em 30/12/2012)

 

Equipamentos mais potentes, se mal calibrados, podem interferir nas transmissões de televisão e rádio e até provocar "apagões" na rede elétrica, daí a preocupação em fiscalizar seu uso. Os certificados de habilitação como radioamador e outros documentos são emitidos no Brasil pela Liga de Amadores Brasileiros de Rádio Emissão (Labre), e cada radioamador tem seu prefixo identificador, único no mundo.

 

Frente e verso do cartão de QSO de Carlos Germanos, confirmando conversa em 14 de outubro de 1961 com o colega Aluízio Paranhos Coelho (PY1ACE), morador no ex-Estado da Guanabara. A transmissão foi de ótima qualidade (QSA 5), em 7 megaciclos e amplitude modulada (AM), às 0h15 pelo horário GMT/PY, e ele envia 73's (abraços, no jargão do grupo)

Imagens enviadas a Novo Milênio pelo internauta Eduardo Fernandes, em 30/12/2012

 

Naquele tempo, obter contato por rádio com um colega distante era uma façanha, dependendo muito do horário e do clima para a propagação das ondas hertzianas, e os radioamadores muitas vezes só o conseguiam usando o chamado código Q, com siglas padronizadas para melhor entendimento (como ainda é usado por pilotos de aviões e motoristas de radiotáxi).  Se a conversa por voz (fonia) era impossível, recorria-se à transmissão e recepção de mensagens em código Morse (em "onda contínua" ou "continuous wave - CW").

 

Feito o contato (QSO), é combinada a troca de cartões pelo correio, com o registro da comunicação feita. São os chamados cartões de contato (QSLs, na linguagem cifrada dos radioamadores), que cada um coleciona e somam pontos em concursos da categoria. Esses cartões QSL - que surgiram no mundo em 1916 - apresentam de um lado os detalhes padronizados do contato. No anverso, podiam mostrar uma imagem da cidade, uma logomarca ou a foto do radioamador e seu equipamento. Entre as siglas usadas: RCVR = receiver, para recepção; XMTR = transmissor; ANT ou AERIAL = antena; RST = sigla inglesa para legibilidade, qualidade e intensidade do sinal recebido. DX ou DXCC é o operador de comunicações em longas distâncias - o radioamador, no caso.

 

Dois cartões de QSO de Carlos Germanos (PY2CQT): o primeiro de 1987, e o segundo, registrando um contato feito em 6 de maio de 1976 em 7 megaciclos com o colega Osvaldo (PY2BUO), do sítio Boa Sorte, em Araçatuba/SP

Imagens: Arquivo Histórico do Radioamador Brasileiro (acesso em 30/12/2012)

 

Nesta página, são mostrados alguns cartões, originados em Santos. Entre eles, os de Jayme de Campos Freixo (mais conhecido pela sua rede de casas exibidoras de cinema), que por mais de uma década foi líder mundial na modalidade fonia, como registrou a revista brasileira Eletrônica Popular de setembro/outubro de 1977, páginas 65 e 66:

 

Jayme Freixo foi destacado na revista Eletrônica Popular de set/out de 1977, págs. 65 e 66

Imagens: site QRZ.COM (acesso em 5/1/2013)

Ouça
Arquivo exclusivo de Novo Milênio: falando em português, espanhol e inglês, o radioamador santista de classe internacional Jaime Campos Freixo (prefixo PY2CK) estabelece em uma noite tempestuosa de maio de 1974 uma ponte radiofônica entre o colega Roberto (Y52RAR) da cidade de San Salvador (El Salvador) e o colega Geraldo (PY7WE), de Recife, alternando a direção das antenas, num tráfego de emergência: a localização da esposa de um radioamador salvadorenho falecido no Recife (arquivo MP3, 128 kbps, 2,64 MB, 172 segundos).

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