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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Histórias do Largo do Rosário

Já foi Pátio dos Milagres e Praça Moreira César, antes de homenagear Rui Barbosa...

Em plena Segunda Guerra Mundial, em abril de 1944, a revista santista Flama publicou esta matéria de A. Passos Sobrinho, em sua edição nº 4 (ano XXIII):


A fachada da Igreja de N.S. do Rosário, recentemente reconstruída
Foto publicada com a matéria

O Largo do Rosário e a sua vetusta igreja

A. Passos Sobrinho

Diversas têm sido as denominações dadas ao Largo do Rosário: primeiramente, quando mais apertado e o contornavam somente casinhas velhas dos tempos coloniais, era conhecido como "Pátio dos Milagres"; por ocasião da Revolta de Canudos em 1905, tomou a denominação de Praça Moreira César, em homenagem à memória desse soldado-herói, que tombou no interior do sertão baiano, durante a guerra civil que o Brasil sustentou com os jagunços chefiados por Antonio Conselheiro. E, por último, veio a tomar o nome de Praça Rui Barbosa como gratidão do povo brasileiro a esse outro eminente vulto patrício, que se destacou, entre outros feitos pátrios, como representante do Brasil na Conferência da Paz, realizada em Haia.

A Praça Rui Barbosa, também conhecida como Largo do Rosário, é o coração da terra santista, sendo ali o ponto de convergência e também de permanência - durante as altas horas do dia até ao entardecer - dos homens de negócios e dos entusiastas pelos números sorteados das loterias, e ainda daqueles que, também com entusiasmo, aguardam as mais recentes notícias do desenrolar dos acontecimentos no Velho Mundo.

A Praça Rui Barbosa é igualmente o ponto de partida e chegada de diversos bondes procedentes de vários dos nossos arrabaldes, conduzindo o pessoal que trabalha na cidade, representado por gente de todas as classes sociais, na maioria moços e moças.

Temos, por várias vezes, observado que muitas dessas senhorinhas e mesmo rapazes (sem falarmos em pessoas idosas), ao descerem dos bondes se encaminham em seguida para a Igreja do Rosário, onde vão fazer suas orações, e, quem sabe se também para agradecer à Virgem do Rosário, algum milagre realizado.

O Largo do Rosário, junto à sua Igreja, continua a ser o local escolhido, durante as festividades da Semana Santa, para o doloroso encontro de Jesus Cristo, em caminho do Calvário, com a sua Santa Mãe, N. S. das Dores.

É naquele ponto, por ocasião dessas cerimônias religiosas, onde a fé cristã mais se patenteia e se faz sentir nos corações dos fiéis santistas, que sempre, em grande número, participam de tão tocante cerimônia, seguida de um sentidíssimo sermão alusivo à Paixão de Cristo, quase sempre pronunciado por um dos melhores oradores sacros.

Nessas ocasiões, em muitos daqueles fiéis se observa o seu sentimento de fé religiosa, por trazerem os seus olhos marejados de lágrimas.

Daí, certamente, a razão de, em outros tempos, ser o Largo do Rosário conhecido como o Pátio dos Milagres, e mui especialmente talvez por sua preferência para servir como o "Terceiro Passo Doloroso" do Mártir do Gólgota.

A Igreja de N. S. do Rosário, que pertence à Irmandade de N. S. do Rosário, foi fundada em 1756, sendo o Diocesano (2º) D. Frei Antonio da Madre de Deus Galvão nomeado e confirmado pelo S. S. Papa Benedito XIV, por bula de 17 de março de 1750, e fizera entrada solene a 28 de junho de 1751, véspera dos Santos Apóstolos, S. Pedro e São Paulo, ocupando o trono régio de Portugal, D. João V, o Magnânimo e Fidelíssimo.

A Irmandade, porém, teve a sua primitiva denominação de Irmandade do Rosário dos Pardos, erigida num dos altares da igreja da Santa Casas da Misericórdia, no dia 1º de outubro de 1652, sendo mais tarde substituída pelo nome de "Irmandade de N. S. do Rosário dos Homens de Cor", e a 3 de outubro de 1934 tomou a denominação atual de Irmandade de N. S. do Rosário.

Da Comissão elaboradora do novo compromisso dessa Irmandade, aprovado pela respectiva Mesa Administrativa, em sessão realizada a 12 de setembro de 1934, faziam parte os seguintes senhores: comendador Manoel Fins Freixo, Joaquim Vieira do Couto, Acácio Augusto de Almeida, José dos Santos Sobrinho e padre Luiz Gonzaga Rizzo.

No ano de 1926, como fosse bem precário o estado da antiga construção secular, constituiu-se uma comissão sob a presidência do saudoso comendador Manoel Fins Freixo, sendo tesoureiro o sr. Antonio José Rodrigues Guimarães e secretário o sr. José dos Santos Sobrinho, que promoveu a reforma da igreja, transformando-a num belíssimo e moderno templo religioso, dispondo de todas as dependências necessárias ao regular funcionamento da Paróquia e da Irmandade de N. S. do Rosário. É justo que se destaque, pelo seu trabalho contínuo e afanoso, na obra da reconstrução da velha igreja, o sr. José dos Santos Sobrinho.

O teto, o piso, os altares - inclusive o altar-mor -, os paramentos, a iluminação interna e externa - tudo, enfim, passou por uma completa transformação, obedecendo aos riscos modernos, merecendo uma especial referência a iluminação elétrica com lâmpadas cravadas na fachada do templo, representando as letras iniciais da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, cujo efeito feérico e interessante só pode ser observado à noite.

Os sinos da Igreja do Rosário foram fundidos em Portugal, na Vila de Cantanhede, distrito de Coimbra, terra tradicional, berço de d. Antonio Luiz de Menezes, marquês de Marialva.

Há pouco, devido à construção de um prédio ao lado da igreja, foram abaladas as suas paredes. A esse tempo cuidava-se da construção do Consistório e da Sacristia, ao lado da Rua Vasconcelos Tavares, para que envidou os seus melhores esforços a comissão composta dos srs. Jaime de Campos Freixo, vice-presidente; Nelson Prieto Blanco, tesoureiro; e José dos Santos Sobrinho, secretário, cujas obras estão quase terminadas. Tendo entendimentos com os proprietários do prédio construído ao lado da Igreja, cujos trabalhos determinaram o abalo das paredes, a Comissão de Obras chegou a felizes resultados, apresentando-se, atualmente, a Igreja do Rosário com o frontispício novamente reformado, com obediência ao estilo primitivo, que se mantém desde a data da sua fundação.

Pelo seu trabalho, para manter um dos mais antigos templos de Santos, merece justos louvores a Irmandade N. S. do Rosário e a comissão de obras que está levando a termo o trabalho da sua completa reforma, executado de modo a perpetuar-se, pela solidez, em fundamentos de cimento armado, e equipará-la às demais construções que embelezam o Largo do Rosário, ou Praça Rui Barbosa.

Em conclusão: esse importante trabalho, que se está realizando na vetusta Igreja do Rosário, é um dos muitos levados a efeito com o auxílio decisivo da laboriosa colônia portuguesa local, sempre pronta a colaborar com o povo santista na obra de reconstrução e modernização da nossa cidade.

Um dos irmãos, que sempre prestou relevantes serviços à Irmandade de N. S. do Rosário, com amor e perseverança, foi o saudoso ex-provedor, Antonio José Rodrigues Guimarães, que faleceu em 22/1/1933, deixando a mais profunda consternação e saudade, não só no seio da Irmandade a que pertencia, como também aqui fora, onde gozava de geral estima.

A Mesa Administrativa atual da Irmandade de N. S. do Rosário está assim constituída: Abílio Franco de Carvalho, provedor; Amadeu Pereira Brandão, vice-provedor; José dos Santos Sobrinho, procurador; Alberto Lopes da Silva, vice-procurador; José da Costa, tesoureiro; Acácio Augusto de Almeida, 2º tesoureiro; Nelson Prieto Blanco, 1º secretário; Manoel Martins da Silva Leal, 2º secretário; Gil Rodrigues Regalado, Manoel Macário da Silva, Moacir Apolo dos Santos, Joaquim Elói Santana, Lourival de Matos e Waldemar dos Santos, consultores; e monsenhor Luiz Gonzaga Rizzo, capelão.


Vêem-se, no clichê, os srs. Jaime de Campos Freixo, Djalma de Campos Freixo, Nelson Prieto Blanco e José dos Santos Sobrinho, membros da Comissão de Obras; e Abílio Franco de Carvalho, provedor da Irmandade de N. S. do Rosário
Foto publicada com a matéria

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