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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - RADIOFONIA
O rock no rádio santista

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Na década de 1980, o gênero musical Rock ganhava seu espaço no rádio santista. Essa história foi relatada na Internet, no blog A história do Rock Santista, em março de 2007:

Sexta-feira, 2 de Março de 2007

1985 - 2005 - RÁDIO - Da 95 FM até a 98 Rock

Preparar, apontar e rec
Depois de 20 anos de rock na região, Santos ganha sua primeira emissora especializada no assunto

Texto: Marcelo Malanconi

Prepare sua fitinha que agora vai rolar o som novo do Guns n´ Roses, aqui na sua rádio rock. Quem não escutou mensagens desse jeito entre 1985 e 1994, atire a primeira pedra. Foi durante esse período que Santos teve seu ápice na comunicação do rock. Com a 95 FM, os santistas finalmente ganharam um espaço para divulgar seus trabalhos e escutar os sons dos seus ídolos.

Antes da primeira rádio especializada da região, as emissoras (Tribuna, Guarujá e Cultura) de rádios que só tocavam músicas populares, como forró, samba e MPB, criaram programas voltados ao rock. A Guarujá FM foi a precursora em 1982, por intermédio do locutor André Fiori. Tocava os sucessos de bandas de heavy metal, hard rock e classic rock. A primeira banda da região a tocar na rádio foi o Vulcano, com uma regravação de Paranoid do Black Sabbath.

Hard Heavy 95 FM

Foto publicada com o texto

95 FM – A segunda rádio rock do Brasil

Em 1985, nasceu a 95 FM. Com atitude, a segunda rádio rock do Brasil tocava todas as novidades do cenário mundial. A primeira foi a rádio Fluminense do Rio de Janeiro. Não demorou muito para serem criados programas que destacavam e tocavam as bandas da região. Os santistas começavam a escutar seu rock feito em casa, com as músicas Hold on Tight do Last Joker e Invisible do Mr Green.

A lista de locutores que trabalharam na 95 é extensa. Rony, o Capitão Caverna, Pepinho, Johnny, Lane Valliengo foram algumas das figuras mais marcantes, que emprestaram suas vozes para transmitir as novidades do rock internacional e nacional para o público.
Em novembro de 1994, após diversos problemas administrativos, a sintonia 95,3 deixou de ser a mesma, se tornando afiliada da rede Jovem Pan FM.

98 FM – A salada que virou prato principal

Por um período, o público careceu de uma rádio feita para os roqueiros. Alguns meses depois, a 98 FM, de Cláudio Mussi, surgiu com um novo conceito de rádio rock. A principal diferença da 98 FM para a 95 FM era o playlist. Enquanto, a primeira apostava no som mais comercial, a segunda abria, também, espaço para bandas independentes e alternativas. A transformação em rádio rock, porém demorou. O sinal da 98 começou como Ilha do Sol, que transmitia clássicos da MPB. Depois foi a vez de se transformar em Transamérica. Neste período, sucessos da música brasileira e do rock internacional dominavam as paradas. As mudanças continuaram, e em seguida veio a ser Classic Pan e Mix. A atual Rádio Rock, filiada a 89, extinta rádio roqueira de São Paulo, surgiu em 2004. Vale ressaltar, que mesmo com o fim da 89 FM, no início de 2006, Santos foi a única a continuar com o slogan de Rádio Rock.

94,3 – O Rock dá espaço a Deus

Para a alegria dos caiçaras, no dia 1º de maio de 1996, a rádio Enseada FM (94,3) se tornou roqueira. Com a lacuna deixada pela mudança de estilo da 95 FM, produziu inúmeros programas voltados ao rock da região. O som das bandas santistas de hard core Garage Fuzz e White Frogs faziam sucesso tocando no playlist normal da programação.

A força não vinha só nas freqüências do rádio, mas também na produção de um concurso de bandas. No primeiro festival Enseada Rock, em 1998, quase 400 músicas foram inscritas. O Enseada Rock promoveu quatro edições trazendo a Santos grandes nomes da cena nacional, que dividiam o palco com bandas da região escolhidas pelos jurados.

Quase sete anos depois, veio o inesperado. Do dia para noite, a Enseada se tornou evangélica. “Os meus amigos chegaram para trabalhar, e não puderam entrar no estúdio. Todo mundo achou que fosse uma brincadeira, afinal era o dia da mentira”, explica João Veloso, ex-locutor do programa Microfonia, que já não trabalhava mais na emissora. Infelizmente, aquilo não era uma brincadeira e a emissora encerrou suas atividades no dia 1º de abril de 2003.

PRINCIPAIS PROGRAMAS

Nome do programa: Som da Guarujá
Rádio: Guarujá Fm
Criado em: 1982
Tempo de duração: 2 anos
Dia: de segunda a sexta
Horário: das 17 às 19 horas
Apresentação: André Luiz Fiori
Influência na época: Era a única oportunidade de ouvir músicas de rock, já que nessa época era difícil conseguir comprar um disco. Muita gente gravava músicas tocadas no programa.
Destaque: Os Paralamas do Sucesso foram entrevistados no início de sua carreira, na época do lançamento da música Vital e sua Moto.

Nome do programa: Garagem 95
Rádio: 95 Fm
Criado: Em 1991
Tempo de duração: 2 anos
Dia: quinta-feira
Horário: das 22 às 23 horas
Apresentação: Johnny e Capitão Caverna
Influência na época: Acontecia todo sábado à tarde show de duas bandas da região na Concha Acústica. O material era editado, e o melhor das apresentações ia ao ar.
Destaque: Shows do Charlie Brown Junior, com o repertório em inglês, Garage Fuzz, IHZ, entre outras bandas.

Nome do programa: Hard n´ Heavy
Rádio: 95 FM e 98 FM
Criado: Em 1989
Duração: 5 anos na 95 FM e um ano na 98 FM.
Dia: domingo, depois foi para sexta-feira
Horário: das 10 às 14 horas, mudando depois para sexta das 20 às 22 horas.
Apresentação: Pepinho, e por algum tempo o Johnny
Influência na época: O rock era a moda e este programa trazia em primeira mão todas as novidades. Tinha entrevistas com todos os ícones da época. Entrevistava todo mundo que vinha fazer show na região e todas as bandas locais que lançavam LP.
Destaque: Considerado o programa de maior influência na cena rock do litoral. Fez cobertura exclusiva do M2000 Festival, em 1994.

Nome do programa: Exclusivas 95
Rádio: 95 FM
Criado em: 1992
Duração: 2 anos
Dia: sábado
Horário: das 15 às 17 horas
Apresentação: Lane Valliengo
Influência na época: As novidades do mundo do rock eram divulgadas nesse programa.
Destaque: O programa ajudou a trazer a onda grunge para a Baixada Santista.

Nome do programa: Heróis da Guitarra
Rádio: 95 FM
Criado em: 1993
Duração: 1 ano
Dia: de segunda a segunda
Horário: das 17:30 às 18 horas
Apresentação: Cleber Celino
Influência na época: As músicas tocadas eram na sua maioria instrumentais.
Destaque: O aparecimento de nomes como: Satriani, Vai e Malmsteen.

Nome do programa: Microfonia
Rádio: Enseada FM
Criado em:
Duração: 2 anos
Dia: domingo
Horário: das 23 horas à meia-noite
Apresentação: João Veloso Júnior (Rufus)
Influência na época: Uma série de entrevistas com as bandas nacionais, internacionais e regionais. O programa era muito engraçado, o Júnior falava coisas sem noção no microfone. Durante o programa eram sorteados cerca de 10 brindes, muitas vezes ingressos para shows.
Destaque: Mais de 100 ligações telefônicas em 1 hora de programa.

Nome do programa: Midnight Metal
Rádio: Enseada FM
Criado em: maio de 1999
Duração: 4 anos
Dia: domingo
Horário: meia-noite
Apresentação: Rodrigo Branco e Cristian Moreno
Influência na época: o programa sacudiu o underground do metal na região.
Destaque: era espaço aberto para entrevistar todas as bandas da região, tocar o som sem restrição, e divulgar os shows que aconteciam na época.

Postado por Lucas Krempel

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ENTREVISTA – RUI PANTERA (Locutor de rádio)

Rui Pantera

Foto publicada com o texto

 
Uma das principais figuras do rádio em Santos, Rui Braz, mais conhecido como Rui Pantera, já brigou, revolucionou, virou alcoólatra, recuperou-se, lançou livros de auto-ajuda, foi dado como morto depois de um acidente automobilístico, e hoje, vivendo no Sul do Brasil fala um pouco sobre seus momentos na comunicação de Santos. Não foi possível conseguir fotos do locutor na rádio, pois ele se desfez de todas. O argumento para isso é que o material fotográfico o deixava triste por estar longe dos amigos.

Como foi seu começo no rádio?
Em 1972 - Desde garoto, apaixonado por rádio, sempre participando de programas dos seis aos 10 anos de idade por telefone em rádios AM, aos 10 já tinha certeza de que seria esta minha profissão: Radialista. Entrei, aos 13, numa AM como office boy e rapidinho me tornei sonoplasta. Com 17 já apresentava programas em AM. Nunca mais saí de rádio, graças a Deus.

E o seu primeiro contato com o rock?
Aos 13 já ouvia LPs dos Beatles, Rolling Stones, Creedence Clearwater Revival, Jimmy Hendrix, etc.

Como foi criar um sebo na cidade? Quanto tempo ele sobreviveu?
Cheguei em Santos em 1982. Comecei na Cultura FM. Subia e descia a serra toda semana, pois já era rato da Baratos Afins e Sebo de Elite (lojas de discos, em São Paulo). Pensei: "Santos tem tanto roqueiro(a). Por que não?"

Quais eram a dificuldades na época para se trabalhar com isso?
Muitas. Encontrar ponto onde pudesse rolar pelo menos alguns decibéis sem que o vizinho se incomodasse com o barulho. Encontrei a galeria na Avenida Mal Floriano Peixoto. A loja ficava num local nada "Mauricinho", o que considerava perfeito, pois tanto eu como a garotada que freqüentava a loja odiávamos os filhinhos de papai freqüentadores de Shoppings. (Risos).

Quais bandas de rock de Santos, que você considerava mais importante na década de 80 e 90?
Como Johnny Hansen, grande amigo, trabalhou comigo na loja, gostava muito de ouvir a banda Bi-Sex (dele), mas pela nossa grande amizade. Hansen odeia falar dessa banda. (risos). O vocal era excelente: A irmã dele. (risos) A banda era afinadíssima, mas o "galo", apelido do Hansen, considerava muito comercial para o gosto dele: O galo era PUNKAÇO. E ainda é. Lá na Pedro Lessa tinha um bar onde rolava altos sons de bandas de punk rock, mas como a gente sempre estava bêbado, nem me lembro dos nomes. Tinha muito cara inteirado lá.

Como foi seu relacionamento com essas bandas?
Sempre tive ótimo relacionamento, embora eu trabalhasse na Cultura FM, rádio comercial, popular, mas os ouvintes sabiam da existência da minha loja e sabiam também da minha preferência por rock, tanto que nunca fui discriminado ao entrar para 95 FM - A Rádio Rock. Trabalhei também na 98 FM - Ilha do Sol (era só rock) e ainda na Enseada FM (Rock). Sempre fui muito bem tratado nas rádios rock, mesmo tendo trabalhado bem mais tempo em rádios comerciais, apresentado trocentos shows populares na praia, etc. Também apresentei vários shows de rock no saudoso Heavy Metal, ali no canal 3, no Caiçara Music Hall, as duas casas do Toninho Campos, grande amigo e dono da Cinemas de Santos, roqueiro de respeito.

Sei que você foi um cara fundamental na inserção de bandas da região nas rádios locais. Como isto aconteceu? Você se recorda as datas que aconteceram? Em quais rádios tocavam e o que era tocado?
Eu sempre dei atenção total aos meus amigos, em especial aos apaixonados por música. Ouvia tuuuuudo que era fita demo e nesses anos era fita cassete mesmo, às vezes essas porras enrolavam. (risos). Ficava eu emendando com durex, enrolando com caneta bic, mas sempre dava um jeito de ouvir a molecada nova.

Algumas bandas, cujo nome não me recordo, chegaram a gravar LPs, mas os integrantes não tinham tempo pra viajar e fazer divulgação. Então a coisa ficava restrita mesmo ao litoral, o que já agradava muito os ouvintes, freqüentadores de casas noturnas com música ao vivo, etc. As bandas que eu ouvia e decidia pôr na programação, eram inseridas em playlist da Cultura mesmo e quando trabalhava em outras rádios onde não era eu o coordenador, sugeria a inserção da banda e meu endosso era sempre bem aceito pelos coordenadores, sempre confiantes em meu ouvido aguçado e experiência em rádio.

Qual foi o papel das rádios no cenário rock n'roll de Santos?
As rádios, antes da chegada da 95 FM, tiveram excelente participação ao tocar o que o Brasil inteiro tocava: Blitz, Paralamas, Ira, Radio Taxi, Kid Abelha, aquela merda do RPM e muitas outras bandas. Algumas boas, outras horríveis. E as rádios, mesmo as comerciais, aderiram à New Wave, rolando B52's, Devo e aquela porrada de gente com cabelo pintado e o caralho. (Risos).

A discoteca Zoom gerava fila que chegava na Choperia Galle, outro point do Gonzaga que vivia lotadaço. Com a chegada da 95 FM, na fase 100% rock, brilhantemente coordenada por Cleber Celino, o rock em Santos tomou um rumo mais maduro, com programação voltada somente para roqueiros mesmo, sem chance para pára-quedista. Rádios sempre tiveram sua dose de participação no cenário do rock em Santos, mesmo as comerciais, pq pelo menos divulgavam notas sobre movimentos, eventos, divulgavam shows e a galera mesmo digerindo os bregas e pops, ouviam as comerciais de olho no fim de semana, quando se apresentavam as boas bandas pelo litoral.

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