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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SÃO BENTO
Mosteiro foi retratado por Taunay

Raro exemplo de registro urbano paulista, uma aquarela de Taunay datada de 1821 mostra o Mosteiro de São Bento, em Santos, ainda cercado pelo mato de um morro não ocupado por outros moradores.

Adrien-Aimée Taunay foi um dos artistas que acompanharam a expedição de pesquisa de flora, fauna, minerais e geografia do Brasil feita pelo alemão Georg Heinrich von Langsdorff entre 1822 e 1829, bancada pelo czar russo Alexandre I e cujo acervo se encontra preservado em S. Petersburgo, na Rússia, pela Academia de Ciências daquela cidade. Ele participou da expedição junto com o alemão Johann Moritz Rugendas (1802-1859) e Hércule Florence (1804-1879) - que se notabilizaria como o inventor brasileiro da fotografia.

Nascido em 1803, Adrien-Aimée Taunay era filho de Nicolas Taunay e membro de uma ilustre família de artistas franceses, embora até fins do século XX só fosse lembrado por sua morte acidental em 1828, aos 25 anos de idade, afogado no Rio Guaporé, em Mato Grosso. Com a revelação do precioso acervo da Expedição Langsdorff, Taunay passou à condição de um dos mais notáveis artistas de sua época, principalmente por suas detalhadas aquarelas dos índios bororós. Um sobrinho desse pintor foi o historiador Alfredo d'Escragnolle Taunay, visconde de Taunay (1843-1899).

A imagem, junto com a matéria abaixo reproduzida, foram divulgados no Jornal da Tarde/O Estado de São Paulo em 28/11/1995, em matéria do correspondente santista José Rodrigues:

Mosteiro de São Bento retratado por Taunay

Imagem publicada com a matéria

Um raro registro urbano de São Paulo

Numa aquarela de Taunay de 1821 que retrata a Igreja e o Mosteiro de São Bento, em Santos

Se os artistas da expedição Langsdorff retrataram paisagens urbanas em cidades e vilas do Rio, Minas, Mato Grosso e Pará, tipos humanos como índios e negros em diferentes regiões brasileiras, além de animais e plantas, existe em toda a coleção apenas uma paisagem urbana da então Capitania e depois Província de São Paulo. Trata-se de uma aquarela de Taunay que retrata a Igreja e o Mosteiro de São Bento, em Santos, erguidos então em plena Mata Atlântica. Na legenda original da aquarela, em francês, os prédios estão erroneamente identificados como "Convento dos Capuchinhos".

A construção inicial é de 1649, mas quando Taunay a retratou, em 1825, ela já tinha sofrido a reforma de 1817, quando foi introduzido o atual altar-mor, em madeira entalhada, de autoria do frei Jesuíno do Monte Carmelo.

O velho Mosteiro de São Bento, hoje sede do Museu de Arte Sacra de Santos, continua cercado de árvores, mas há muito tempo deixou de ser a única construção do Morro de São Bento, no Centro. No início deste século (N.E.: século XX), os imigrantes portugueses começaram a chegar a Santos e optaram por construir suas casas naquelas encostas, ao mesmo tempo em que o porto se modernizava e ampliava as atividades econômicas da cidade. Restaurado desde então, o imóvel já não possui toda a área do passado, e andaimes indicam o cuidado em mantê-lo bem conservado.

Quando Taunay pintou o Mosteiro, Santos ainda não era oficialmente uma cidade. Tinha o estatuto de vila e foi crescendo às margens do estuário que abrigava os trapiches. Era constituída por apenas uma rua, conta a historiadora Wilma Therezinha. Baseando-se num desenho do inglês Charles Landsser, ela revela que a capacidade dos velhos trapiches era para apenas seis ou sete navios e duas canoas de cada vez.

Do Outeiro de Santa Catarina, marco do surgimento da vila santista, até o Valongo, toda a vida da população estava concentrada nessa rua, que tinha vários nomes, diz Wilma Therezinha. Dessa época, Santos ainda mantém vários edifícios históricos, como o Outeiro, a Casa do Trem Imperial (ou Bélico), o Conjunto do Carmo, a Igreja de Santo Antônio do Valongo e o Santuário de Nossa Senhora do Monte Serrat.

Ao lado e abaixo do Mosteiro passa a Avenida Getúlio Vargas, que recebe todo o fluxo de veículos do sistema Anchieta-Imigrantes rumo a Santos. O terminal de passageiros fica em suas proximidades, e construções novas convivem com edifícios históricos da Rua São Bento, hoje prejudicados pelo intenso movimento de caminhões nos depósitos ali existentes.

José Rodrigues/AE


Mosteiro de São Bento em 2001
Foto: Carlos Pimentel Mendes

Em fevereiro de 2010, pela primeira vez, percorre o Brasil uma exposição dos documentos da Expedição Langsdorff, aquela realizada de 1821 a 1829 pelo então cônsul da Rússia no Brasil, Georg Heinrich von Langsdorff, em companhia de nomes ilustres das artes e das ciências, percorrendo 17 mil quilômetros e passando por Santos, por Cubatão, São Paulo, Cuiabá e Belém do Pará, entre outras localidades. Os documentos de Langsdorff ficaram guardados por quase um século no museu de São Petersburgo, na Rússia, e depois por mais 60 anos, até serem catalogados. Em fins do século XX, a abertura política soviética permitiu uma primeira exposição parcial do acervo na Europa, e só em 2010 ocorre a exposição desse material em cidades brasileiras.

Esta imagem foi incluída na exposição, sendo válido lembrar que normalmente os artistas faziam esboços gerais das cenas, que até trocavam entre si, e posteriormente reproduziam as cenas na forma final. Assim, embora Taunay fizesse o registro em sua passagem por Santos em 1821, só em 1825 é que produziria a tela vista abaixo:


Mosteiro de São Bento ("dos capuchinhos"), na aquarela terminada em 1825 por Taunay
Imagem: arquivo 2010 Academia de Ciências de São Petersburgo - Rússia

Outras imagens divulgadas em 2010, da mesma Expedição Langsdorff:


Rio Quilombo, distrito da Chapada, Mato Grosso (aquarela e lápis, 1827, Adrien-Aimée Taunay)
Imagem: arquivo 2010 Academia de Ciências de São Petersburgo - Rússia


Vestimentas de São Paulo (aquarela e nanquim, 1825, Adrien-Aimée Taunay)
Imagem: arquivo 2010 Academia de Ciências de São Petersburgo - Rússia


Cerca de cactos e Bananeiras denominadas da terra de Guimarães (pintado com pincéis e nanquim, em 1827, por Adrien-Aimée Taunay)
Imagem: arquivo 2010 Academia de Ciências de São Petersburgo - Rússia


Vista do Vale denominado Laranjeiras, e montanha do Corcovado (pintado por Johann Moritz Rugendas usando aquarela e tinta, com pena)
Imagem: arquivo 2010 Academia de Ciências de São Petersburgo - Rússia


Vista de Barbacena (em 1824, por Johann Moritz Rugendas usando aquarela e tinta, à pena)
Imagem: arquivo 2010 Academia de Ciências de São Petersburgo - Rússia


Sagui-de-cara-branca (aquarela terminada em 1823, por Johann Moritz Rugendas)
Imagem: arquivo 2010 Academia de Ciências de São Petersburgo - Rússia


Visão do Paraíso, com palmeiras buritis no Cerrado de Mato Grosso (aquarela de Adrien-Aimée Taunay em 1827, um ano antes dele morrer afogado no Rio Guaporé)
Imagem: arquivo 2010 Academia de Ciências de São Petersburgo - Rússia


Sagui-da-serra (por Johann Moritz Rugendas)
Imagem: arquivo 2010 Academia de Ciências de São Petersburgo - Rússia


Vista de Santarém sobre o Rio Tapajós, Pará (pintada por Hercules Florence em 1828)
Imagem: arquivo 2010 Academia de Ciências de São Petersburgo - Rússia


Vista da ponte nova do Paraíba (aquarela de Johann Moritz Rugendas, em maio de 1824)
Imagem: arquivo 2010 Academia de Ciências de São Petersburgo - Rússia


Mulher e criança Manduruku (aquarela de Hercules Florence em junho de 1828)
Imagem: arquivo 2010 Academia de Ciências de São Petersburgo - Rússia


Embira açú. Arredores de Diamantino (aquarela de Hercules Florence em 1828)
Imagem: arquivo 2010 Academia de Ciências de São Petersburgo - Rússia


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Imagem: arquivo 2010 Academia de Ciências de São Petersburgo - Rússia


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Imagem: arquivo 2010 Academia de Ciências de São Petersburgo - Rússia


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Imagem: arquivo 2010 Academia de Ciências de São Petersburgo - Rússia


Acampamento noturno montado nas margens do Rio Pardo/SP, em tela de Hercules Florence
Imagem: arquivo 2010 Academia de Ciências de São Petersburgo - Rússia

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