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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - PROCISSÕES - 10
Procissão de Nossa Senhora da Assunção (A)

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No morro de São Bento, ocorre anualmente em agosto a Festa de Nossa Senhora da Assunção, com quermesse e música portuguesa e nordestina (em razão de o morro ser ocupado principalmente por migrantes dessas regiões), durante vários dias. No encerramento, missa campal, queima de fogos e a procissão percorrendo os caminhos do morro, até voltar ao largo onde se situa a igreja de Nossa Senhora da Assunção. O assunto foi tratado pelo professor e pesquisador de História Francisco Carballa, em artigo enviado a Novo Milênio em 12 de maio de 2013:


Imagem, na festa de Nossa Senhora da Assunção no Morro de São Bento, em agosto de 1989

Foto: acervo do professor Francisco Carballa

 

Festa de Nossa Senhora da Assunção do Morro São Bento

3º domingo de agosto

Sempre ocorreu no domingo posterior a festa da Assunção de Nossa Senhora ao céu, pois, na teologia cristã - por ser imaculada e pura e livre de todas as falhas ou pecados humanos -, depois de morrer ela foi elevada ao céu em glória pelo seu filho Jesus Cristo (recordando que assunção é quando a pessoa é elevada ao céu e ascensão é quando a pessoa vai por ela mesma ao céu).

 

No morro de São Bento foi ereta pela metade do século XX a igreja de Nossa Senhora sob esse título por devoção dos ilhéus que, em grande quantidade, viviam nas encostas do monte - que em muito recordava a ilha da Madeira de Portugal.

A procissão saía a procissão sempre as 16 horas ao som de uma banda popular que existia no bairro. Ao toque do único sino, que anunciava o início do festejo, os fogos (do tipo lusitano, que eram disparados com uma vara) espocavam no céu antes límpido, emoldurado pela paisagem verde do monte que era quase despovoado.

 

Saíam então pela ordem os andores de São Bento o Abade, São José, o Sagrado Coração de Jesus levado pelo Apostolado da Oração com um grupo numeroso no morro e finalmente a Virgem Maria enfeitada de joias de ouro, carregada por moças da paróquia que usavam saia rosa e camisa branca, tendo à sua frente muitas crianças vestidas de anjinhos.

 

O percurso era a própria Avenida de Nossa Senhora da Assunção até fazer a volta nas proximidades da Vila Lindóia, onde um senhor conhecido por frade tangia dois pedaços de ferro que soavam como dois sinos, isso desde o avistamento até passar todo o cortejo que retornava para a igrejinha. Então já era noite e as luzes recebiam o povo, junto com os barraqueiros que estariam já se preparando para a grande quermesse, sendo celebrada a missa festiva pelo sacerdote.

 

O nicho em que ficava Virgem estava todo cheio de flores e por muitos anos os anjos tocheiros coloniais do altar do Santuário do Valongo ficaram lá, ladeando a Senhora, até que os franciscanos deixaram a paróquia, retornando para a igreja os objetos que antes eram lá usados por eles. O povo então poderia apreciar a dança dos grupo folclórico madeirense que ainda existe no morro e até comprar bordados típicos daquela região - que eram oferecidos pelas senhoras lusitanas - ou participar da quermesse com jogos e barracas de doces e salgados.

Vale recordar que no ano de 1978, quando faleceu o papa Paulo VI a festa foi adiada até a eleição do novo Pontífice, pois era assim, a morte dos Papas afetava o calendário da igreja, desde que não coincidissem com as datas principais do cristianismo.

Durante a procissão era entoado o hino Mãe de Deus clamamos a vós, que é uma forma de litania, com o sacerdote falando uma rogação e o povo respondendo. Segundo diziam as portuguesas, assim era cantado na Ilha da Madeira.

Quando ocorreram deslizamentos de terra nas encostas do morro lá para os lados que ficam acima do túnel Rubem Ferreira Martins esticaram a procissão até lá para pedirem oração o fim dos deslizamentos que pararam, podendo ainda hoje ser vista sua marca e as escoras de alvenaria.

A procissão se manteve com características ilhoas até o início do século XXI quando modificaram sua forma de ser realizada, ficando muito semelhante às encontradas em todos os lugares.
 

HINO – MÃE DE DEUS CLAMAMOS A VÓS


Estribilho

Mãe de Deus clamamos a vós.
Mãe de Deus clamamos a vós.


I

Os coros dos anjos vos louvam;
Maria clamamos a vós.
Saúdam-vos todos os Santos;
Maria clamamos a vós.
O mundo dos astros vos louvam;
Maria clamamos a vós.
A Santa igreja vos louva;
Maria clamamos a vós.
Os homens da terra vos louvam;
Maria clamamos a vós.

Mãe de Deus...........

II

Vós sois medianeira das graças;
Maria clamamos a vós.
Sois sede da sabedoria;
Maria clamamos a vós.
Sois mãe da eterna beleza;
Maria clamamos a vós.
Sois mãe do perpétuo socorro;
Maria clamamos a vós.
Sois mãe do amor verdadeiro;
Maria clamamos a vós.

Mãe de Deus............

III

Vós sois a alegria dos Santos;
Maria clamamos a vós.
Dos mártires sois a rainha;
Maria clamamos a vós.
Vós sois a rainha dos justos;
Maria clamamos a vós.
Vós sois o socorro na luta;
Maria clamamos a vós.
Da paz sois fiel mensageira;
Maria clamamos a vós.

Mãe de Deus.........................

IV

Maria clamamos a vós.
Sois fonte de toda virtude;
Maria clamamos a vós.
Sois templo do Espírito Santo;
Maria clamamos a vós.
Sois arca da nova aliança;
Maria clamamos a vós.
Do reino dos céus sois a porta;
Maria clamamos a vós.
Sois glória da Santa Igreja;
Maria clamamos a vós.

Mãe de Deus...........

V

Vós sois o refugio nas dores;
Maria clamamos a vós.
Vós sois o auxilio do povo;
Maria clamamos a vós.
Vós sois dos enfermos a saúde;
Maria clamamos a vós.
Consolo dos desamparados;
Maria clamamos a vós.
Na morte sois nossa esperança;
Maria clamamos a vós.

Mãe de Deus............







Festa de Nossa Senhora da Assunção no Morro de São Bento, em 21 de agosto de 1994

Fotos: acervo do professor Francisco Carballa

 


Francisco Carballa, enfeitando a imagem de Nossa Senhora da Assunção do Morro de São Bento com joias de ouro, em 17 de agosto de 1997

Foto: acervo do professor Francisco Carballa

 

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