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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - TELEVISÃO
A TV chega pelo porto (3)

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Notícia do jornal semanário santista Boqueirão News, publicada na edição de 18 a 24 de setembro de 2010, páginas 1 e 7:


PIONEIRISMO EM SANTOS - A televisão brasileira completa neste sábado (18) 60 nos da primeira transmissão realizada pela TV Tupi, em São Paulo. Utilizando três câmeras, o diretor Cassiano Gabus Mendes colocou ao ar o programa TV na Taba, com apresentação de Homero Silva e participação de artistas como Mazzaropi, Walter Forster, Lia de Aguiar e Lolita Rodrigues. A Cidade faz parte desta trajetória: foi na Vila Belmiro, em um jogo entre Santos e Palmeiras, a primeira transmissão externa direta para o País. Também foi pelo Porto de Santos que entraram os primeiros aparelhos televisores e os equipamentos para a montagem da emissora paulista

Imagem: reprodução parcial da primeira página da edição

Televisão | Atualizado em 17 de setembro de 2010
60 anos de história

A TV Brasileira faz neste sábado (18) aniversário. Santos integra esta trajetória: foi aqui a primeira transmissão externa direta para o País. Também foi pelo Porto de Santos que entraram os primeiros televisores e equipamentos

Da Redação
 

Em 18 de setembro, mas de 1950, os santistas e demais brasileiros se ajeitavam nas poucas salas que possuíam aparelhos televisores para assistir à primeira transmissão pela TV Tupi. Exatamente às 21h40, utilizando três câmeras, o diretor Cassiano Gabus Mendes colocou ao ar o programa TV na Taba, com apresentação de Homero Silva e participação de artistas como Mazzaropi, Walter Forster, Lia de Aguiar e Lolita Rodrigues, que cantou o hino da televisão.

Tudo era ao vivo, uma vez que não havia videotape e, portanto, ainda não existia a possibilidade da gravação. O responsável foi Assis Chateaubriand, o Chatô, como era conhecido na época. Empresário e jornalista, Chatô trouxe ao Brasil os primeiros aparelhos de TV e todos os equipamentos necessários para implantar a emissora no País. Equipamentos importados que chegaram quase sempre pelo Porto de Santos e seguiam a caminho de São Paulo.

Os primeiros anos da televisão foram um grande laboratório. Com influência do rádio e do teatro, a TV tomava forma. Tudo era a base do improviso. Em 19 de setembro foi ao ar o primeiro telejornal, Imagens do Dia, sem horário fixo, geralmente indo ao ar às 21h30 ou 22 horas. No mesmo ano também surgia o primeiro teleteatro: A Vida por um Fio, história baseada no norte-americano Sorry, Wrong Number, que conta um drama policial com Lima Duarte, Lia de Aguiar, Walter Forster, Dionísio Azevedo e Yara Lins.

Cinco anos mais tarde da primeira transmissão, porém na mesma data, Santos entraria para a história da TV Brasileira. Foi aqui, na Vila Belmiro, em um jogo entre Santos e Palmeiras, que foi realizada a primeira transmissão externa direta. A Cidade também foi pioneira, em 1957, na criação da televisão regional.

Com torre de transmissão/retransmissão instalada na Ilha Porchat, em São Vicente, a Cidade inaugurou com a TV Santos o modelo que é seguido até hoje pelas emissoras de televisão regional, porém o projeto não durou muito. Mesmo com sinais precários da pioneira TV Tupi de São Paulo e das demais emissoras paulistanas que se seguiram (TV Paulista, canal 5, e TV Record, canal 7), existem dados que demonstram que Santos já possuía, em 1956, 4 mil aparelhos de televisão.

Global x regional - "A TV Regional começou a funcionar mesmo, do jeito que é até hoje, por volta da década de 80, com o objetivo de aproximar a população local de diferentes regiões para o que estava sendo exibido pela TV. O morador das cidades precisam se ver. A idéia era refletir valores culturais de diferentes localidades e sair do eixo Rio-São Paulo", explica o jornalista e professor universitário, Marcus Vinicius Batista.

Atualmente, a Baixada Santista conta com sete emissoras regionais em canal aberto, sendo quatro comerciais (TV Tribuna, TV Record, VTV e TVB) e três educativas (TV Santa Cecília - que assumiu a antiga TV Litoral. TV Universidade Católica de Santos - afiliada à TV Cultura de São Paulo, além da TV Ilha do Sol, ligada à Unaerp, em Guarujá, afiliada ao canal Futura.

Para Batista, o que falta na TV regional é a experimentação. "Precisamos inovar, utilizando linguagens e formatos novos. Um dos motivos que isto não acontece é a padronização imposta pelas grandes redes, o que engessa a programação local", explica. O jornalista acredita que falta também programas políticos para discutir questões de interesse das nove cidades da Baixada Santista.

"Neste ponto, a TV ainda está atrasada. O jornal impresso está sempre à frente com as notícias, salvo em raras exceções", ressalta. Já em relação às educativas, de acordo com Batista, falta espaço para mais programas que valorizem a região e também produções dos próprios alunos.

Já o jornalista Eduardo Silva, diretor da TV Tribuna, filiada à rede Globo, acredita que a qualidade dos programas regionais está se superando a cada ano, valorizando a cultura local. "Produzimos hoje, além do jornalismo, quatro programas de destaque: Rota do Sol, que mostra a região como nunca antes, Viver Bem, Corpo e Ação e o especial de curta metragens, que este ano completa quatro anos, apresentando os filmes que participam do Festival de Curta Metragens - Curta Santos", ressalta.

A TV Tribuna emprega hoje 150 funcionários, sendo que 60 entre jornalistas e radialistas. Para ele, as televisões regionais funcionam também como o principal impulso para que os jornalistas que atuam na Cidade entrem nas grandes emissoras, "como é o caso de muitos dos profissionais que passaram pela TV Tribuna".
 


AO VIVO - Sem a possibilidade do uso de videotape, as primeiras transmissões eram realizadas ao vivo

Foto: arquivo pessoal de Albertino Aor Cunha, publicada com a matéria


Lembranças de quem atuou na Tupi

Vivendo em Santos, o jornalista e técnico Albertino Aor Cunha, hoje com 80 anos, trabalhou de 1974 a 1982 na antiga TV Tupi. Começou na área de iluminação, em seguida se tornou coordenador da iluminação e não demorou para atuar como supervisor de qualidade técnica. "Era chefe de operações, sendo responsável por 300 homens. Não podia deixar passar nenhum erro, seja de iluminação, som, cor ou a seqüência das cenas. Tudo tinha que estar em perfeita ordem e sintonia", relembra.

Albertino participou da produção de 13 novelas, além de shows, partidas de futebol e programas de jornalismo. Com boas lembranças, dá risada de tudo que viveu junto com a equipe técnica e os atores. "Quando entrei na Tupi já éramos em 1.200 funcionários em São Paulo, com três estúdios, um palco para show e dois estúdios para jornal, além de toda estrutura para redação e outros espaços técnicos", diz.

Na primeira transmissão, Albertino ainda não estava trabalhando na emissora. "Lembro de ter assistido, mas não achei graça. Gostava muito mais do rádio, com suas novelas e glamour, mas me lembro da minha primeira televisão, portátil, verde. Foi uma festa quando a levei para casa", conta. Mal sabia que trabalharia na área. "Na época, já fazia cinema. Como era muito difícil viver destas produções acabei indo para o Paraguai trabalhar na Televisión Cerro Cora, onde fiquei por nove anos. Quando voltei, pensei em voltar para o cinema, mas o que tinha na época era apenas porno-chanchada. Não me interessei muito e acabei indo para a TV Tupi, encantado principalmente pela cor que começava na época", ressalta.

Albertino não estava no dia da inauguração. Entrou anos depois, porém estava presente no dia do fechamento da emissora. Como chefe de operações da TV Tupi, foi ele quem deu a ordem para que desligassem todos os aparelhos. "18 de julho de 1980. Mais ou menos ao meio-dia, dois engenheiros associados entraram na técnica, onde estava o responsável Albertino. E disseram: desligue a emissora. Tire o Cristal. Albertino deu a ordem ao seu funcionário imediato: Desligue. Esse não obedeceu. Tremeu. Assustou-se. Chorou. Aí os engenheiros disseram: é uma ordem. Pode desligar. E o cristal foi retirado. A TV Tupi saiu do ar", assim descreve a atriz Vida Alves no livro TV Tupi, uma Linda História de Amor. Atriz que fez história na televisão, foi ela quem escandalizou a sociedade ao dar o primeiro beijo. Atualmente, Vida apresenta um programa para a Melhor Idade, na TV Santa Cecília, aos sábados, às 9 horas.

Para Albertino, o que mais deixa saudade é a convivência. "A Tupi era como uma casa de amigos. Todo mundo era irmão. As equipes se protegiam. O mais legal, por fim, era ver o que estávamos fazendo sendo transmitido para todo o Brasil", relembra Albertino, que continuou sua trajetória na TV.

"O que mudou na televisão em 60? A tecnologia. Não é de ano em ano, nem de mês em mês, mas as novidades tecnológicas aparecem a cada segundo, modificando a qualidade técnica de fazer televisão. Porém, o conteúdo continua o mesmo, assim como a linguagem. As mudanças de conteúdo e linguagem são reflexo da própria sociedade, afinal de contas programas de TV, como as novelas – que tanto fazem sucesso – são uma cópia da vida real. Se hoje é possível ouvir tanto palavrão na TV é porque os padrões da sociedade se modificaram", destaca.
 


UNIFORME - Albertino Aor relembra de quando trabalhou na TV Tupi. Na foto, o jornalista veste o colete com o qual trabalhava na emissora

Foto: Nara Assunção, publicada com a matéria


Tema de TCC - Em 2009, duas alunas do curso de Jornalismo da Universidade Santa Cecília, Diana Lima e Camila Natalo, realizaram o trabalho de conclusão de curso (TCC) TV Tupi - 60 anos. "Foram seis meses de pesquisa e entrevistas. Nosso objetivo era fazer um panorama dos 60 anos de história, com foco na TV Tupi, pioneira no País", explica Diana, que cresceu assistindo televisão.

No TCC, as universitárias, hoje já formadas, entrevistaram importantes personagens da época da TV Tupi, como Vida Alves, uma das mais importantes atrizes brasileiras. Lima Duarte também foi um de seus personagens.

Confira as entrevistas e textos de autoria de Diana e Camila:

A importância da Televisão
Entrevista com Lima Duarte
Vida Alves: História de amor selada de muitos beijos
Nada se cria, tudo se copia

 


As primeiras transmissões eram realizadas ao vivo

Foto: arquivo pessoal de Albertino Aor Cunha, publicada com a matéria


Especial: 60 anos de história | Atualizado em 17 de setembro de 2010
A TV nasceu elitista

Em entrevista por e-mail, Sérgio Mattos fala sobre a importância da Tupi e analisa o papel e a influência da TV como meio de comunicação social

Da Redação, por Diana Lima e Camila Natalo

Algumas das obras fundamentais para compreender com mais clareza o que é a televisão brasileira são de autoria de Sérgio Mattos, pesquisador, cronista, compositor e poeta. Ele tem em seu currículo 25 livros já publicados no Brasil e no exterior. Dentre eles, História da Televisão Brasileira: Uma visão econômica, social e política; A Televisão no Brasil: 50 anos de história (1950-2000) e Um perfil da TV brasileira: 40 anos de história 1950-1990.

Professor da Universidade Federal da Bahia e da Unidade Baiana de Ensino, Pesquisa e Extensão, jornalista, mestre e doutor em Comunicação pela Universidade do Texas (Austin, Estados Unidos), vencedor do Prêmio Luiz Beltrão de Ciências da Comunicação, Sérgio Mattos é fascinado pela televisão brasileira. Na entrevista a seguir, ele discorre sobre a inserção da TV no País, sobre a importância da emissora pioneira e levanta questões acerca dos estudos relacionados ao meio.

Além de ser a primeira emissora no Brasil, qual a importância da TV Tupi influência na cultura popular?
Sérgio Mattos — A sua importância está, principalmente, no fato de ter sido a primeira emissora brasileira de TV. Historicamente, ela desbravou o setor, usou o jeitinho brasileiro para corrigir o desconhecimento técnico, improvisou quando não se tinha os recursos técnicos para manter a TV no ar.

Hoje em dia a televisão tem forte influência na cultura popular. Quando começou essa ligação entre a TV e o povo?
Sérgio Mattos
— No início, a TV foi extremamente elitista e só começou a se tornar popular em sua segunda fase de desenvolvimento, com os programas de auditório. Na década de 1970, a televisão já havia se estabelecido no país como o mais ativo e importante veículo da indústria cultural.

Quando os estudiosos começaram a se interessar realmente pela televisão?
Sérgio Mattos
— Apesar de a televisão ter começado a operar no Brasil em setembro de 1950, o veículo só passou a ser objeto de estudo a partir da década de 1960, quando os primeiros trabalhos, analisando o conteúdo de sua programação e seus efeitos sociais, começaram a ser produzidos.

Examinando o material bibliográfico sobre a televisão brasileira pode-se constatar que a maioria dos trabalhos produzidos no Brasil apresenta análises e descrições sobre como este veículo se desenvolveu, influenciou ou foi utilizado pelas classes dominantes. Constata-se ainda a escassez de autores que se dediquem ao estudo de aspectos ainda não examinados ou que já o foram, mas de maneira superficial ou dirigida. A história da TV no Brasil permanece com várias lacunas a serem resgatadas e explicadas. A TV precisa ser analisada como parte de um processo de mudanças e permanências das estruturas econômicas, políticas e sociais do país e não como parte isolada. A televisão precisa ser mais estudada a partir de uma abordagem socioeconômica, política e cultural que considere também o meio de comunicação como um agente que intervém e, ao mesmo tempo, reflete o ambiente no qual está inserido.

A televisão passou por diversas transformações. De que forma elas ocorreram e quais foram as mais importantes?
Sérgio Mattos
— A televisão brasileira nasceu elitista. Em meu livro História da Televisão Brasileira: uma visão econômica, social e política apresento a evolução da TV em fases. A primeira delas, "A Fase Elitista", se estende de 1950 a 1964, quando o televisor era considerado um luxo ao qual apenas a elite econômica tinha acesso. Em 1964, surge a segunda, "a fase populista", no período de 1964 a 1975, quando a televisão era considerada um exemplo de modernidade e programas de auditório e de baixo nível tomavam grande parte da programação. A terceira fase, "A Fase do Desenvolvimento Tecnológico", começa em 1975 e termina em 1985. Durante a terceira fase, as redes de TV se aperfeiçoaram e começaram a produzir, com maior intensidade e profissionalismo, os seus próprios programas com estímulo de órgãos oficiais, visando, inclusive, a exportação. A quarta fase, da "Transição e da Expansão Internacional", compreende o período de 1985 a 1990, quando se intensificam as exportações de programas. A quinta fase, da "Globalização e da TV Paga", compreende o período de 1990 a 2000, quando o país busca a modernidade a qualquer custo e a televisão se adapta aos novos rumos da redemocratização. A sexta é "A Fase da Convergência e da Qualidade Digital", iniciada em 2000 e que se estende aos dias de hoje, com a tecnologia apontando para uma interatividade cada vez maior dos veículos de comunicação, principalmente a televisão, com a Internet e outras tecnologias da informação.

Em que contexto social e econômico a TV surgiu no Brasil?
Sérgio Mattos
— A televisão representava o maior símbolo da modernização da época e as elites brasileiras aspiravam por ela. No Brasil, coincide com o começo de um importante período de mudanças na estrutura econômica, social e política. A TV surgiu dentro da estrutura de nacionalismo econômico, quando o governo Getúlio Vargas (1930—1945) começou a investir diretamente na expansão da indústria pesada, prática que se fortaleceu durante a Segunda Grande Guerra, transformando-se na principal política de seu segundo governo, de 1950 a 1954, ou seja, durante os quatro primeiros anos da televisão brasileira. Assim, o advento da televisão, em 1950, ocorreu durante o período de crescimento industrial. Com a intensificação da industrialização nos anos 1950, aumentou a migração das áreas rurais para as urbanas e o rádio transformou-se na mais importante fonte de informação da população.

Quando começou a popularidade da TV?
Sérgio Mattos
— No período de 1964 a 1985, quando a televisão foi usada como uma poderosa ferramenta política, tanto de mobilização social como de formação de opinião pública.

Por que é tão difícil encontrarmos estudos mais profundos sobre a televisão no Brasil?
Sérgio Mattos
— Da mesma forma que a política socioeconômica brasileira se desenvolveu dentro de uma mesma matriz, mas sempre oscilando de acordo com as tendências mundiais e ideológicas vigentes, o desenvolvimento da televisão brasileira também sofreu a influência direta e indireta das mudanças do contexto. Contexto que apresenta não uma, mas várias realidades, tão díspares que podem levar alguns estudiosos a evitar, inclusive, de assumir uma periodização para estudar a televisão. Isso se deve à anomalia que é a nossa história contemporânea, que torna quase impossível a tarefa de estabelecer uma periodização de acordo com os rigores da historiografia, sob pena de apresentar distorções. Assim sendo, ao concentrar a atenção apenas em certos aspectos como, por exemplo, econômicos, performances técnicas e condições de produção, corre-se o risco de desconsiderar outras peculiaridades históricas que participam diretamente do processo. É preciso considerar que a política do país sempre oscilou de acordo com as tendências mundiais e ideológicas vigentes.


Especial: 60 anos de história | Atualizado em 17 de setembro de 2010
Lima Duarte: atento à evolução da TV

Um homem que enfrentou muitas dificuldades e, ainda assim, seguiu em frente, sem desistir. Um exemplo de perseverança e de profissionalismo, que ocupa um lugar no coração dos brasileiros de 1950 até os dias de hoje

Da Redação, por Diana Lima e Camila Natalo

Ariclenes Venâncio Martins nasceu em 1930, no interior de Minas Gerais, num povoado chamado Desemboque. Aos 15 anos de idade, rumou para São Paulo, pegando carona em um caminhão de manga. Na capital, foi carregador de frutas no Mercado Municipal. Depois se tornaria um dos principais atores da televisão brasileira com o nome de Lima Duarte.

O que poucos sabem é o que ocorreu durante essa etapa de sua vida. "Ele não gosta de comentar nem com os amigos mais próximos, mas quando transportava frutas de Sorocaba para São Paulo sofreu um acidente e ficou abandonado na pista, na Raposo Tavares. Ele ficou cerca de seis horas na pista pedindo uma carona para levá-lo ao hospital. Por causa desse acidente ficou com o braço esquerdo defeituoso", conta Carlos Miranda, que foi colega do ator nos tempos da TV Tupi.

Certo dia, a dona da pensão onde Lima Duarte morava o levou para um teste de radioator na Rádio Tupi. "Fui reprovado, disseram que eu tinha 'voz de sovaco'"’, lembra o ator. Mas os funcionários da emissora gostaram dele e o convidaram para trabalhar na sonoplastia. Pouco depois, surgiu a possibilidade de ter uma pequena fala numa radionovela. Ele ficou com a voz esganiçada que o fez ser reprovado no teste.

Oduvaldo Viana, que o havia convidado, insistiu e o convenceu a ficar na emissora. Mas havia ainda um problema. O então sonoplasta ouviu que Ariclenes Venâncio Martins não era "nome de artista". Até que se recordou de uma conversa que tivera com a mãe, que era adepta do espiritismo e amiga de Chico Xavier. Ela propôs que ele adotasse o pseudônimo de "Lima Duarte", um guia espiritual. Observou que o nome lhe proporcionaria muita luz.

A trajetória de Lima Duarte se confunde com a história da TV brasileira. É um dos poucos pioneiros da TV ainda em atividade e com enorme aceitação por parte do público. Foi um dos atores que participaram da inauguração da PRF 3 Tupi Difusora de São Paulo. Participou ainda da primeira telenovela, em que interpretou o primeiro vilão (Sua vida me pertence, em 1951); protagonizou o primeiro TV de Vanguarda (O Julgamento de João Ninguém, fazendo o papel-título, em 1952); participou de uma das novelas de maior sucesso da era do videoteipe em São Paulo (O direito de nascer, em 1964). Depois, trabalhou em outras novelas de sucesso como O Bem Amado, em 1973, já na Rede Globo. Dirigiu também Beto Rockefeller, que mudou os rumos da teledramaturgia brasileira por inovar a linguagem e abordar um tema urbano, já que na época as novelas apostavam nos dramalhões cubanos e mexicanos.

Em 2009, o ator esteve no horário nobre da TV, em Caminho das Índias, da Rede Globo. A novela alcançou média de 41 pontos de audiência. No último capítulo atingiu cerca de 55 pontos, chegando a 78% de share. De acordo com a opinião de noveleiros e telespectadores, grande parte deste pico se deveu ao encontro de seu personagem, Shankar, com os de Laura Cardoso e de Tony Ramos, também amigos e colegas pioneiros da TV, protagonizando uma cena que emocionou o país. Lima Duarte conta que a personalidade que imprimiu ao seu personagem foi fruto da sensibilidade. "Fiz isso sem a ajuda de pesquisas", faz questão de enfatizar.

O ator acrescenta que não é aceitável que um veterano em televisão erre. Em sua opinião, veteranos são escalados justamente para estabelecer um padrão em determinada produção. Ele se sente privilegiado em fazer parte da história da TV no Brasil. "Antigamente, fazíamos TV com muito afeto, paixão, amor e carinho. Isso não existe mais hoje", declara.

Para o ator, é maravilhoso fazer parte dos 60 anos da TV brasileira: "A Tupi é tão importante pra mim, quanto para meus amigos Tony Ramos, Irene Ravache, entre outros. Ela foi a primeira da América do Sul. É até engraçado que ninguém fale disso, não é? As televisões que estão aí, inclusive a Globo, acham que a TV começou com elas. Mas não é verdade! Quando a Globo surgiu a televisão no Brasil já tinha dez anos e nós já estávamos lá. Antigamente, nós fazíamos TV com paixão, e isso não existe mais hoje", diz.

Quando questionado sobre o conteúdo hoje, o ator é direto. "Eu acho que a televisão é compatível com o que o público pensa. Prestes a completar 80 anos, dos 60 dedicados à TV, 33 filmes, dez minisséries e mais de 50 novelas na bagagem, o ator acompanha a evolução. Lima acha que cada alteração tecnológica produz uma alteração ideológica, na ética e na dramaturgia: "Você tem que estar muito atento para não perder a embocadura, para não perder o passo. Então, fico muito atento a cada tecnologia nova, como HD, televisão de alta fidelidade, essas coisas que, quando surgem, mudam completamente a maneira de se fazer televisão, a dramaturgia. Estou muito atento".


Especial 60 anos de história | Atualizado em 17 de setembro de 2010
Uma história de amor selada com muitos beijos

A atriz Vida Alves protagonizou o primeiro beijo da televisão brasileira tendo como parceiro um dos maiores galãs da época, Walter Forster. Curiosamente, ela também encenou o primeiro beijo homossexual da TV com a atriz Geórgia Gomide

Da Redação, por Diana Lima e Camila Natalo

Vida Alves, a atriz que causou intensa polêmica com os primeiros beijos na TV, cuida hoje de um museu e é a fundadora da Pró TV – Associação dos Pioneiros, Profissionais e Incentivadores da Televisão Brasileira. Nesta entrevista, ela conta um pouco do que chama de "uma linda história de amor com a TV Tupi".

Os beijos são um capítulo à parte na vida da pioneira. Ela foi a primeira atriz a protagonizar tal cena na televisão, na telenovela Sua vida me pertence. Vida conta que Walter Forster chegou e disse: "Vida, eu quero você nessa novela, e nela vai existir um beijo. É um beijo profissional, é claro, será uma coisa rápida. Nós marcaremos direitinho como vai ser. Pergunte para o seu marido o que ele acha".

O lado profissional pesou na hora da decisão. "Pensei: 'Se tenho um contrato com a televisão, tenho de fazer o que o diretor pede'. O meu marido aceitou e deu tudo certo", conta Vida.

Assim também aconteceu o primeiro beijo homossexual. Foi no teleteatro Calúnia (TV de Vanguarda, em 1963), na peça escrita por Lilian Helmann. Vida e a atriz Geórgia Gomide viveram as professoras Karin e Martha, que depois de serem acusadas de lésbicas pelas alunas se revelaram uma apaixonada pela outra com um beijo homossexual.

"Levei um susto quando fiquei sabendo que iria beijá-la. Mesmo porque já era casada na época. Mas como o meu marido era italiano — engenheiro elétrico contratado pela TV Tupi para instalar as câmaras de Assis Chateaubriand — ele entendia perfeitamente, isso porque no cinema italiano isso já era comum. Foi um beijo delicado e bastante reservado", conta a atriz.

Beijos à parte, pelo relato de Vida, o ambiente na Tupi era de grande camaradagem. "O ator tinha a ajuda de um profissional que ficava agachado, para mostrar o script, ler uma frase, ajudar o ator que poderia esquecer a sua fala. Essa solidariedade era uma coisa impressionante. Os colegas estavam sempre dispostos a ajudar para corrigir algum erro e dar continuidade à encenação. Às vezes, era um tiro que não saía. Isso aconteceu mais de uma vez na fase dos grandes teatros, até mesmo nas novelas. "Vou te dar um tiro: Pow! Não saiu. Então, te mato com facada, te espeto. Inventava-se qualquer coisa para que a cena pudesse sair", conta.

Uma das cenas mais memoráveis foi a que contracenou com o ator Rildo Gonçalves. "Ele me dava um tapa no rosto. Mas ele deu tão forte, que minha boca inchou na hora. Desligaram rapidamente o microfone e escutei alguém gritando: ‘Vida! Fica de costas!’ Fiquei de costas e falava tapando o rosto o tempo inteiro. Mas eu não fiquei com raiva do Rildo, assim como não me apaixonei pelo primeiro beijo com o Walter Forster", brinca.

Ela explica que a novela, na época, era considerada uma produção sem valor cultural, desimportante. "Os textos de clássicos do teatro eram mais prestigiados. Uma peça de Shakespeare podia usar melhores estúdios e cenários, enquanto a novela usava um pedaço de parede."

Para driblar essa falta de recursos, Walter Forster usou a criatividade para criar algo que chamasse a atenção do público, mesmo ocupando aquele pedacinho de parede duas vezes por semana. Então ele pensou no beijo. "Sem ensaio, mas marcadinho. O diretor dizia: 'Vira um pouco a cabeça, entreabre um pouquinho os lábios, faz uma carinha de quem gosta, e deixa o resto por minha conta'. Foi o que eu fiz. As pessoas comentaram e até hoje comentam", diz.

Para ela, o maior obstáculo do começo da televisão era decorar todas as falas. "No rádio, até o 'boa-noite' era escrito. 'Boa-noite, eu me chamo Vida Alves!' Estava escrito", relembra.

Vida conta que a atriz Yara Lins, já falecida, teve que decorar cerca de 30 nomes e prefixos de rádios e jornais para pronunciar na estréia da TV Tupi São Paulo. Isso porque o empresário Assis Chateaubriand tinha uma grande quantidade de emissoras de rádio, jornais, e outros veículos, que formavam a cadeia dos Associados, e a programação do primeiro dia da televisão foi transmitida por todas as emissoras de rádio ligadas ao grupo. "Esta programação está sendo transmitida pela PRF 3 TV TUPI Difusora de São Paulo, e pelas emissoras tais, tais, tais, tais... 30! 30 emissoras! De cor, porque ninguém usava ponto, ninguém usava nem mesmo a dália, que era o papel que ficava atrás da câmera com o texto. Era mesmo na memória", recorda.

A atriz reforça que o ato de decorar era um exercício inteiramente novo, tanto para ela, quanto para seus colegas: "Tínhamos que decorar aquilo, e acertar, pois não havia videoteipe. Eram várias horas em casa e um ensaio mais ou menos rápido, porque era um estúdio só. Para uma peça ou novela, se montava um, ou dois, três cenários", conta.

Diante da diversidade de equipamentos e inovações tecnológicas, a pioneira da televisão duvida que alguma atriz, ator, ou "milionário da TV", tenha essa capacidade de decorar de outrora. "Terá ponto na orelha, ponto na outra orelha, papel escrito, terá tudo. E não conseguirá tal proeza", afirma.

Vida ingressou no começo da Tupi, mas não apareceu na TV nos seus primeiros meses. "Eu havia me casado no último dia de 1949. A televisão começou suas atividades no início de 1950, e foi ao ar em 18 de setembro. Fiquei grávida, estava realmente avantajada, e aquilo, na época, era muito feio. Ninguém mostrava uma mulher grávida na televisão", diz.

Ela ia aos estúdios e ajudava a fazer maquiagem, a cuidar das roupas. Naquele início, cada um levava sua roupa e não existia departamento de costura, ou camarins individuais, como os existentes hoje nas emissoras. "Tinha um camarinzinho, com aqueles armários de ferro, um pra cada um, e só! No camarim das mulheres ficavam 30, 40, e uma senhora sentada tomando conta. Se precisasse, ela dava um pontinho, uma coisa, mas era uma única funcionária para várias pessoas", rememora.

Fazendo uma comparação com as produções feitas após os 60 anos da televisão brasileira, a atriz acha que não se pode depreciar tudo, até para não parecer saudosista demais. "Tudo aquilo que fazíamos, como os efeitos, eram mecânicos. E agora são todos eletrônicos. A diferença da tecnologia é total, é como comparar um telefone, daqueles de manivela, com um celular. Acho que a diferença técnica é tão grande, que faz com que ofusque os olhos dos criadores de programas. Eles fazem muitas reuniões, eles ganham muito dinheiro, eles ficam cansados de tanto discutir, mas a criatividade nascida lá dentro não surge. Todos querem copiar, fazer igual, sempre voltados ao Ibope. Vem uma emissora nova, mas ela faz a mesma programação. Ou seja, falta um pouco de criatividade".

A atriz acrescenta que a obra de arte exige criatividade para encantar as pessoas, e não apenas distraí-las momentaneamente: "É por isso que quando termina a novela, você já se esqueceu até o nome. E como é que nos lembramos do Pantanal, de Éramos Seis, e outros programas memoráveis como o Céu é o limite? Porque eles tinham arte e isso está faltando hoje em dia."

Embora falte criatividade, Vida acha a situação aceitável, já que hoje a programação não é restrita a um só tipo de público, mas se divide entre classes e subclasses. "A televisão começou para a classe AAA, os super-poderosos", brinca. "Depois foi para a classe B. A pirâmide foi abrindo, os aparelhos foram ficando baratos, foi para a classe C. Hoje está na D, E, F, G, H, nem sei em que classe está. Aí os programas precisam ser mais simples, mais pobres, com o linguajar mais errado, mais feio, e mais sem graça. Enfim, isto é um motivo, acho eu, da queda da qualidade na TV. Um programa de qualidade tem menos audiência. E eles querem a audiência, não querem qualidade", salienta.

"Mas onde já se viu alguém estar concedendo uma entrevista, o Ibope mostrar os índices de audiência, e alguém dar a ordem para parar de falar. Ou, está beijando? Manda beijar mais! Está dando um tapa? Manda ela dar dois, manda dar três porque o Ibope subiu. Isto destrói qualquer obra, ou sentimento, e a raiz artística vai cair", argumenta.

Vida deixou a tela da TV por conta própria, na década de 1970, para trabalhar com a filha dando aulas de comunicação pelo país inteiro. E hoje reacende sua paixão pela TV, por intermédio do trabalho de resgate da memória da televisão. "Muitas vezes tenho que tirar dinheiro do meu bolso para esse projeto. Não estou bêbada, não sou louca. Ainda funciono bem, perfeitamente bem. Mas faço. Assim sou eu", diz.

Carreira - A atriz escreveu as novelas O Segredo de Laura, Há sempre o amanhã, os programas Tribunal do Coração, e o infantil Ciranda Cirandinha, todos para a TV Tupi. Atuou em diversas peças do TV de Vanguarda e TV de Comédia, como Dama das Camélias, Madame Butterfly, O Homem que vendeu a alma, Henrique IV, Cara de aço, O Delator, na primeira telenovela Sua vida me pertence, e ainda O amor tem cara de mulher, A gata, Klauss, o loiro, A estranha Clementina, entre tantas outras.


Especial: 60 anos de história | Atualizado em 17 de setembro de 2010
A TV tem espaço para tudo

A televisão em seu conteúdo não teve mudanças significativas. Veio o aperfeiçoamento técnico, mas a essência da programação ainda é fruto das cabeças pensantes do início da TV

Da Redação, por Diana Lima e Camila Natalo

Não é à toa que os comunicólogos de plantão afirmam que a televisão não teve mudanças bruscas comparadas ao seu início. Segundo o professor e coordenador do Curso de Radialismo na Faculdade de Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo, Antonio Andrade, a programação, em termos de conteúdo é praticamente a mesma de 50 anos atrás.

E não poderia deixar de ser diferente, já que Assis Chateaubriand tinha uma "visão para frente" apresentando idéias e valores que circulam e são difundidas atualmente nos veículos de comunicação. Ele deslumbrou um projeto de ganho fantástico, implantando uma rede de comunicação.

Ali percebeu antes de todos que os meios são complementares. Por meio de conveniência, facilitando sua vida, exigiu dinamismo dos funcionários vindos do rádio ao ingressarem na TV. É a flexibilidade que o mercado atual exige: profissionais multimídia. Chateaubriand também enxergou que com os veículos de comunicação na mão podia exercer um poder absoluto no meio político. "Ele conseguiu muita coisa, utilizando, jornais, revistas, o rádio e a televisão como forma de chantagem", diz Andrade.

Pouco se fala, mas em junho de 1939, a TV já tinha aparecido no Brasil durante a Feira de Amostra do Rio de Janeiro. O público pôde ouvir e ver artistas como Marília Baptista, Francisco Alves, Herivelto Martins e Dalva de Oliveira, mostrados por meio de um aparelho semelhante a uma eletrola, mas que no lugar do disco possuía um pequeno quadro de vidro fosco, provocando alvoroço nos jornais e revistas da época, como conta Sérgio Mattos no livro História da televisão Brasileira: Uma visão econômica, social e política.

Chateaubriand estava atento às mudanças que começavam a ocorrer no Brasil (economia crescente, industrialização, processo de modernização das cidades, migração da vida rural para a urbana, entre outros), conseguindo neste período, anos 1950, de transição da economia e do comportamento brasileiro, ser o introdutor da TV no país.

Quando a programação da Tupi foi ao ar existiam apenas 200 televisores no Brasil. Um ano depois é que começam a ser fabricados televisores da marca Invictus para que mais brasileiros pudessem ter acesso ao novo veículo. Mesmo assim, devido ao preço, só quem possuía alto poder aquisitivo é que podia comprá-los. Andrade explica que não se pode relacionar riqueza com cultura, e insiste em dizer que a TV nunca foi elitizada; ao contrário, foi e sempre será para o povo. "A TV utilizou todos os recursos disponíveis do rádio: programas de auditório, humorísticos, shows, esporte. Eram programas populares. Quem não podia comprar, assistia na casa do vizinho, os televizinhos. Lembro-me também que até os menores comerciantes compravam a televisão, um investimento que dava certo na hora de entreter o público, e isso gerava lucro. Então o bar, no domingo, ficava repleto de gente", relembra.

Em relação à falta de recursos, dinheiro e desconhecimento da linguagem existente logo no início da televisão, Andrade destaca que tudo isso não impediu que fossem criados programas e ídolos legítimos. "Havia criatividade, engenhosidade e improvisação, sem técnica, mas o programa ia ao ar na hora certa", diz.

Na segunda década ocorre a profissionalização e a novela torna-se seu carro-chefe. Segundo Andrade, a paixão pela novela vem das radionovelas, desde os anos 1940, com releituras de textos do México, Cuba e Argentina. Mudou o formato, mas não os dramas e romances que encantavam as donas de casas.

Já na década de 1960, as emissoras de TV passaram a se tornar economicamente viáveis como empresas e começaram a competir pelo faturamento publicitário, por isso começam a direcionar seus programas para as audiências em busca de lucro. "Temos noção da disputa para aumentar a audiência a partir de 1954, pelas pesquisas realizadas pelo Ibope, com os três canais: Paulista, Tupi e Record. Também é preciso lembrar que as agências estavam abastecidas com cineastas que queriam métodos mais sofisticados que o uso de garotas-propaganda para atrair mais patrocinadores".

"A TV hoje tem espaço para tudo, desde produções mais elaboradas até as de mais baixo nível. Ela é o reflexo da sociedade. É preciso entender que o Brasil optou em colocar a televisão na mão da iniciativa privada copiando o modelo norte-americano, diferente de outros países que preferiram emissoras estatizadas". Em sua opinião, isso é que explica a opção da TV brasileira pelo aspecto comercial, negligenciando as questões educacionais e culturais em sua programação. "O que também é possível entender porque a educação era mais valorizada do que hoje", ressalta.

A exemplo de importantes artistas que foram esquecidos pela mídia e a constante inovação de elenco das emissoras atuais, que a cada dia produzem ídolos brasileiros passageiros. Andrade considera que os "quinze minutos de fama" foram prolongados com os pseudo-artistas criados pelos reality shows, mas a imagem deles é usada apenas enquanto trazem benefícios para os veículos de comunicação, e logo são esquecidos. "Na cultura atual, tudo é descartável. Isso é típico da cultura de massa, nada sobrevive muito tempo", destaca.

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