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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - VISITANTES
Sarah Bernhardt encontrou o teatro vazio

Por uma daquelas ironias da vida, situações que não têm muita explicação, Santos ofereceu um teatro quase vazio de público àquela que foi considerada uma das maiores atrizes dos palcos mundiais, Sarah Bernhardt. O fato foi narrado pelo pesquisador e jornalista Olao Rodrigues em seu Almanaque de Santos - 1971:

Quando jovem, em foto do famoso Felix Nadar

Sarah Bernhardt no papel de Floria Tosca

Sarah Bernhardt, a famosa trágica francesa, exibiu-se em Santos. Foi em 20 de junho de 1886, um único espetáculo no Teatro Guarani, quando desempenhou o papel de Margarida Gautier no drama de Alexandre Dumas Filho - A Dama das Camélias.

Foi reduzida a concorrência ao teatro da Praça dos Andradas para apreciar a consagrada artista dos palcos internacionais, homenageada também à sua chegada na gare da Inglesa.


Sarah Bernhardt no papel de Marguerite, em La Dame aux Camélias

Todos gostaram do espetáculo. A Imprensa da época elogiou-o. Em delicada crônica, que só ele sabia escrever, Vicente de Carvalho assim se referiu à grande artista:

Cartaz produzido em 1896 por F. Champenois,
de Paris, para La Dame aux Camélias
"Sarah cá esteve no dia 20 de junho. Chegou nesse dia à 1 hora da tarde e retirou-se na manhã seguinte às 9 horas, tendo representado nesse intervalo A Dama das Camélias.

Sarah Bernhardt, em carne e osso - mais osso do que carne, na frase de Zola - a despejar a sua vox d'or sobre a platéia do nosso Guarani.

Sarah Bernhardt, além de um grande talento, é uma grande extravagante. Essas duas qualidades suas concorreram de modo diverso para que a admirássemos. Admiramo-la porque é admirável - e tivemos ocasião de admirá-la... porque a sua excentricidade a trouxe, a ela a rainha da Arte, acostumada à adoração de Paris e à admiração da Europa, a este arrabalde longínquo do mundo civilizado. Ah! Só por um capricho dessa mulher extremamente caprichosa se explica a sua vinda a Santos - a exibição dos tesouros do seu gênio perante a platéia do Guarani - a sua encarnação de Margarida Gautier diante do pasmo botocudo dos admiradores da Senhora Apolônia".

E Vicente de Carvalho finaliza a sua crônica:

A vinda da famosíssima atriz passou quase desapercebida entre nós; uma girândola à chegada do trem que a trazia, alguns curiosos à gare, aplausos tíbios de uma platéia diminuta - eis os meios pelos quais Santos manifestou os seus sentimentos para com a maior atriz dos tempos modernos.


Sarah Bernhardt em 1907 no papel de Gismonda,
retratada nos EUA por Theobald Chartran, da Detroit Publishing Company