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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - ENSINO
A educação... e as antigas escolas (4-d)

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Tradicionais colégios, que muito santista recorda com saudade, independentemente de serem públicos ou particulares, marcados por professores que se destacaram na Cidade, e por eventos que também fizeram história. Continua o relato do Almanaque de Santos 1971 (de Olao Rodrigues, editado por Ariel Editora e Publicidade, Santos/SP, 1971):
 


Sucessora da Academia Municipal de Comércio de Santos, primeira escola de contabilidade do Brasil, a escola foi criada em 24/4/1907. Em 4/8/1917 passou a ser Associação Instrutiva José Bonifácio, com cursos primário, ginasial, comercial e Normal. Em 21/2/1934 implantou a primeira faculdade santista, a Faculdade de Ciências Econômicas e Comerciais. Também em 1934 instalou a primeira Faculdade de Direito de Santos
Foto: Poliantéia Santista, Fernando Martins Lichti, 1996, S. Vicente/SP

Os grandes colégios de Santos na atualidade

[...]

Associação Instrutiva José Bonifácio - Em 1907, o vereador Raimundo Sóter de Araújo apresentou projeto de lei que instituía a Academia de Comércio de Santos, necessária ao Município e insistentemente reclamada pela Praça, por sua autorizada entidade representativa, a Associação Comercial, que no ano passado comemorou o 100º aniversário de fundação.

Aprovado o projeto, foi promulgada a Lei n. 258, de 24 de abril daquele ano, pela qual se criava definitivamente a Academia de Comércio de Santos. Presidia a Edilidade, na época, o prestante cidadão Francisco Correia Almeida Morais, que muito se interessou pela matéria, apoiador que era do movimento santista que objetivava a fundação do estabelecimento de Ensino Comercial.

Outros elementos aplaudiram e trabalharam pelo êxito do empreendimento, como o Deputado Antônio Martins Fontes, que obteve o apoio do presidente do Estado, Dr. Jorge Tibiriçá, que prometera auxílio financeiro.

Instalada em modesto prédio da Rua Sete de Setembro, canto da Rua Braz Cubas, a Academia aí iniciou sua benfazeja atividade, sob a direção de Aquilino Amaral, advogado e jornalista do quadro de redatores de A Tribuna.

Neste prédio da Rua Sete de Setembro funcionou durante anos a Sociedade Auxiliadora da Instrução, de que nos ocuparemos no próximo número deste Almanaque, contando sua vida intensamente vinculada ao campo do Ensino.

De lá, a escola, que tem como patrono o maior brasileiro de todos os tempos, instalou-se em 1912 no n. 140, Rua da Constituição, no palacete de João Otávio dos Santos, de amplas dimensões, muitas salas, grandes corredores, 40 janelas e revestido de azulejos portugueses.

Dois anos antes, a Câmara Municipal, pela lei n. 371, criava o Ginásio Santista José Bonifácio, anexo à escola, reconhecido pelo Governo da União e de que foi fiscal o Dr. Agenor Silveira.

Em 1917, voltou a Edilidade a ocupar-se da benquista unidade escolar, revogando a lei que criara a Academia, então denominada Escola José Bonifácio, desde 8 de junho de 1912 e dispondo que todos os seus bens ficassem sob a guarda da "Associação que se fundasse", como realmente foi fundada a Associação Instrutiva José Bonifácio.

Faz muitos anos que a Associação se mantém no edifício próprio da Avenida Conselheiro Nébias n. 219, esquina da Rua Marechal Pego Júnior.

Falamos ligeiramente em seu primeiro diretor, Aquilino Amaral, sucedido pelo extraordinário Adolfo Porchat de Assis, de velha estirpe suíça, cujo ramo se entrosou nas tradicionais famílias Assis e Alfaya. Foi um grande mestre e diretor. Incansável, amigo de todos, prestou imensos serviços e ganhou eficientes métodos de ensino mercê do esforço, dedicação e desprendimento do saudoso santista.

A história dessa Casa é sugestiva. A primeira turma foi diplomada em 1909 e era constituída de um só aluno, Valentim Bouças, que mais tarde se tornou dos maiores economistas e financistas do País.

Quando Adolfo Porchat de Assis assumiu a direção da escola, o número de alunos era considerado confortador: 21!

Se Valentim Bouças foi o primeiro aluno formado, houve uma estudante que deve ser assinalada na vida histórica dessa Casa, hoje orientada pelo Dr. Cleóbulo Amazonas Duarte, pois foi a primeira moça a freqüentar-lhe o curso e a primeira mulher no Brasil a matricular-se em escola de Comércio: Alice Arruda.

Cerimônia cheia de civismo ocorreu em 4 de agosto de 1925, quando da apresentação e bênção do estandarte social, de que foi madrinha a primeira aluna do Liceu Feminino Santista, na época, Brites de Azevedo Marques, formando a guarda de honra alunos dos Grupos Escolares Barnabé e Cesário Bastos. Houve cânticos, música, desfile e discursos.

Eis alguns alunos que se fizeram elementos de saliência nas Letras, Diplomacia, Jornalismo, Medicina, Professorado, Advocacia, Administração e Política: Rui Ribeiro Couto, Paulo Moutinho, Dilma Vasconcelos, Abraão Ribeiro, Samuel Ribeiro, Valentim Bouças, Moacir Álvaro, Manuel Hipólito do Rego, Roberto Catunda, Antônio Feliciano da Silva, Evandro Silveira, Reinaldo Porchat, Sócrates Aranha de Meneses, Hugo Sportelli, Araci Cajado de Oliveira, Djalma Maia, Leovigildo Trindade, Aluísio Rocha, Humberto Sportelli, Osvaldo Franco Domingues, Nélson Lobato e muitos outros.

Professores, entre os que não mais vivem, devem ser assinalados pelas luzes do Saber que propagaram em seu acendrado sacerdócio: Adolfo Porchat de Assis, Valdomiro Silveira, Aquilino Amaral, Benedito Calixto, Vahia de Abreu, Delfino Stockler de Lima, Aristóteles Meneses, Tomás Catunda, Hipólito do Rego, Padre Gastão de Morais, Astolfo Correia, Nilo Costa, Tarquínio Silva, Antônio Eberle dos Santos, Vladimir Alfaya, Mágino Bastos, Eugênio de Assis, Moura Ribeiro, Sóter de Araújo, Alfredo Tabira, Nélson Lobato, Alcides Luís da Silva, André Freire, Mário de Almeida Alcântara e outros.

A Instrutiva José Bonifácio, com perto de 900 alunos, ministra os cursos Normal e Ginasial, Técnico de Contabilidade e Primário. Eis a atual diretoria: presidente, dr. Cleóbulo Amazonas Duarte; suplente geral, Dr. Castro Rios; secretário, João Papa Sobrinho; tesoureiro, José Ribamar de Carvalho.

Durante quase 13 lustros de vivência, o conceituado educandário representa lídimo patrimônio da Cultura de Santos pelo muito que faz em prol do Ensino. Um de seus grandes mestres, o prof. Alcides Luís da Silva, escrevendo, há tempo, sobre a Casa, que também era sua, registrou este trecho final: "Alicerçada na semente lançada, o Bem é a finalidade da Escola José Bonifácio e vai ela estimulada, encorajada, pelas sombras amigas e saudosas que lhe sussurram o Non Omnie Moriar, do poeta latino".

[...]


Em 1956, alunos da 1ª série do antigo curso ginasial, com o professor João Guido Negreli
Foto: acervo de João José Viana (em pé na segunda fila, o segundo a partir da esquerda), publicada no dia 14 de abril de 2006 na seção Imagem do Passado do jornal santista A Tribuna


Diplomados de 1948 do Ginásio José Bonifácio. A foto foi enviada por Nelson Monteiro e foi feita nos salões da Sociedade Humanitária, no Centro de Santos
Foto e legenda publicadas na seção Foto do Passado, do jornal santista A Tribuna,

 em 22 de abril de 2009, página A-10

 

No Anuário de A Tribuna, coordenado em 1978 pelo jornalista Olao Rodrigues, há informação complementar:

 


Notícia do jornal paulistano A Gazeta, cerca de 1948, sobre a visita de estudantes
da Escola Normal José Bonifácio às instalações desse jornal
Imagem: acervo de Alzira dos Santos Oliveira

Um professor inesquecível

Nélson Ribeiro

A Associação Instrutiva José Bonifácio - mantenedora de vários e importantes cursos - completou setenta anos de fértil existência dedicada ao ensino santista.

Segundo Geraldo Ferrone, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Santos - militante na imprensa já há algum tempo, advogado e escritor, uma Faculdade de Direito chegou ali a se instalar, com sete alunos inscritos, entre eles o decano dos jornalistas - José Gomes dos Santos Neto - que escrevia aqueles célebres e saborosos "Bilhetes de Santos", em A Gazeta de S. Paulo. A faculdade, porém, não foi avante, pela dificuldade de organização do corpo docente; a maioria teria de vir da Capital.

Na Escola de Comércio - precursora dos cursos de Escrituração Mercantil - tivemos grandes mestres, mas um deles nos ficou indelevelmente na lembrança: Antônio Eberle dos Santos. Como ensinava o professor Eberle! Sua disciplina: Aritmética.

Mal dava o sinal, logo entrava em aula, fazia rapidamente a chamada, punha o relógio sobre a mesa e começava a lecionar. Dava o máximo de si a fim de que todos aprendessem a matéria. Era enorme o esforço que despendia, e honra seja feita, os alunos correspondiam. Não havia quem não ficasse sabendo dos intrincados problemas. Repetia sempre o ponto quando percebia se fazer necessário e testava os discípulos no quadro-negro. Nervoso, agitado, mas respeitado por todos.

Neste Anuário de A Tribuna, em poucas linhas, a carinhosa homenagem daqueles que tiveram a felicidade de passar pelas mãos do prof. Eberle.


Missa de formatura de estudantes da Escola Normal José Bonifácio em 1948,
na Igreja Basílica de Santo Antônio do Embaré
Foto: acervo de Alzira dos Santos Oliveira

Três momentos da história dessa escola, na localização antiga e na atual:




Imagens: acervo da escola, enviadas a Novo Milênio por Ary O. Céllio

Esta notícia, originalmente publicada na edição de 12/9/1919 do jornal santista A Tribuna, foi transcrita no livro 36 mil dias de Jornalismo - A história nas páginas de A Tribuna (de Eron Brum, 1994, Editora A Tribuna, Santos/SP), mantida a grafia original:

12 DE SETEMBRO
1919

Portuguez

Conforme há dias antecipamos, na Escola de Commercio José Bonifacio passará a funcionar, dentro de breves dias, um Curso Pratico de Portuguez para ambos os sexos.

Essa iniciativa, merecedora de todos os louvores pelas reaes vantagens que della advirão para a mocidade de Santos, deve-se aos brilhantes literatos e poetas Martins Fontes, Valdomiro e Agenor Silveira, muito se tendo esforçado, também, para a sua concecução, mme. Isabel Silveira, que para isso fez sentir o seu alto prestigio nas rodas femininas de nossa sociedade.

Hoje, é com immensa satisfação que damos aos nossos leitores a grata noticia de que as aulas serão inauguradas no proximo dia 15 do mez corrente, no local acima indicado. Por esse motivo pedem-nos os fundadores do Curso Pratico, avisar aos interessados que as referidas aulas terão inicio ás 9 horas, pelo que solicitam a presença de todos os interessados á hora indicada, no edificio da Escola de Commercio.

A história da escola foi contada na coluna Memória Santista, publicada no Diário Oficial de Santos em 5 de novembro de 2004:

Unidade oferece ensinos Infantil e Fundamental
Foto: Marcelo Martins/PMS, publicada com a matéria

MEMÓRIA SANTISTA

Escola José Bonifácio

Criada com o nome de Academia de Commércio de Santos por uma lei municipal de 1907, a atual Escola José Bonifácio, que teve como primeiro endereço o número 2 da Rua Sete de Setembro, tinha como objetivo formar profissionais preparados para os serviços portuários, bancários, contábeis, alfandegários, além de agentes de navegação marítima e administradores para o comércio cafeeiro.

O curso ginasial anexo à instituição foi criado em 1910, com o nome de Gymnásio José Bonifácio. Em 1917, após sua desoficialização, a Academia de Commércio recebeu o nome de Associação Instrutiva José Bonifácio (AIJB).

Em 1927, com a autorização do Governo do Estado, foi instalado na AIJB o primeiro curso normal de Santos, reconhecido oficialmente, que recebeu o nome de Escola Normal de Formação Profissional de Professores.

Podem ser encontrados nos registros da escola nomes de ex-alunos como o da atriz Cacilda Becker, do professor Milton Teixeira e do ex-prefeito Antônio Ezequiel Feliciano da Silva. Além disso, a Associação José Bonifácio teve como professores o poeta Martins Fontes, o pintor Benedicto Calixto e o educador Adolpho Porchat de Assis.

Atualmente, a Escola José Bonifácio oferece os ensinos Infantil e Fundamental e é mantida pelo Centro Universitário Monte Serrat desde 1999.

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