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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Como viviam pobres e ricos no século XVIII

As diferenças entre as habitações dos santistas

A forma como pobres e ricos habitavam a Cidade no seu segundo século de existência foi abordada na publicação Cartilha da História de Santos, do falecido jornalista Olao Rodrigues, editada em 1980 e impressa na Gráfica da Prodesan:


Prenúncio das favelas de Santos: um grupo de habitações pobres começava a surgir em 1920,
na área nos fundos do Cemitério da Filosofia, vista nesta foto de Marques Pereira
Foto: Poliantéia Santista, de Fernando Martins Lichti, 3º vol., 1996, Gráfica Prodesan, Santos/SP

Habitações de gente pobre e rica em Santos em XVIII

Alberto Sousa, jornalista e escritor de Santos, falecido em São Paulo, onde foi inumado a 29 de setembro de 1927, publicou algumas obras, entre as quais se destacou Os Andradas, mandada executar pela Câmara Municipal de Santos em comemoração ao 1º Centenário da Independência do Brasil. Obra monumental, em três volumes, que, por si só, resplandece a cultura histórica de Santos e imortaliza seu insigne autor. Os Andradas é uma catadupa de episódios e eventos que se sucederam em nosso amado chão desde que nele pisou Braz Cubas.

A descrição que faz no primeiro volume sobre as habitações de gente pobre, remediada e rica do século XVIII, é tema assaz curioso e interessante, que fale a pena ser transcrito nesta Cartilha, que também tem por fim divulgar acontecimentos ocorridos em Santos de antanho. Leiamo-lo, pois:

As habitações de gente pobre eram geralmente no rés-do-chão, com suas janelinhas sem vidraças, mas providas de rótulas discretas, através de cujos xadrezes os moradores curiosos observavam minuciosamente, sem serem vistos, tudo que se passava lá por fora. Era esse o principal entretenimento das mulheres, que quase nunca saíam, e dessa forma atenuavam a insipidez da sua vida solitária e reclusa com as costuras, quitanda e outros encargos que lhes dessem lucro.

Igualmente no século XVIII, os abastados e mesmo os remediados moravam em sobrados de um só andar: na loja, de ordinário, funcionava o escritório do chefe de família. No lance superior, além da sala de visitas, ampla, clara e arejada, havia a alcova ou o dormitório dos donos da casa, onde a um dos cantos ficava a cama de cedro, alta e severa, alcançada por pequena escada lateral fixada no próprio móvel, ao lado da cabeceira.

Do sobrecéu com franjas de retrós, descia em dobras oscilantes o cortinado de filó. Lençóis e fronhas brilhavam e rescendiam na alvura e no aroma do linho bem lavado e melhor passado. Ao lado, pendente, um Cristo de marfim pregado aos braços de uma cruz de prata. Um castiçal, do mesmo metal, ficava assente sobre a mesinha redonda, de cabeceira, coberta por toalha de rendas.

Outros móveis e utensílios de indispensável uso cotidiano, obedecendo ao mesmo estilo, completavam a mobília desse aposento, que se comunicava com o imediato, destinado às filhas solteiras e às crianças. Se o quarto era amplo, como de hábito, as escravas de confiança também dormiam nele, com a obrigação de velarem pelos petizes, fazendo-os readormecer, caso acordassem intempestivamente durante a noite.

Seguiam-se outros quartos, segundo o número, a idade e as condições dos demais familiares. A sala de jantar, que era o maior dos cômodos, tinha portas de comunicação com o corredor que levava ao patamar da rua, os quartos da frente e dependências existentes nos fundos da moradia; de uma janela avistava-se o quintal, amplo, todo arborizado e plantado, onde as hortaliças viçavam, os pomos perfumavam o ambiente e os pássaros cantavam entre as ramas, à claridade das manhãs jocundas ou ao lento morrer das tardes tristes.

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