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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - IMPRENSA
A imprensa santista (2-b14)

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Na sua edição especial de 26 de janeiro de 1939, comemorativa do centenário da elevação de Santos à categoria de cidade - exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda -, o jornal santista A Tribuna publicou esta matéria (grafia atualizada nesta transcrição):
 


Imagem: reprodução de trecho da matéria original
Demais fotos desta página: publicadas com a matéria

Galeria dos poetas, prosadores e jornalistas de Santos

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João Phoca (José Baptista Coelho) - Nascido nesta cidade, a 1º de janeiro de 1877, do consórcio de Francisco de Paula Coelho com d. Bárbara Bueno.

João Phoca, como era mais conhecido, foi um dos literatos e homens de espírito mais populares do país, chegando a merecer da imprensa portuguesa o cognome de Cavaleiro do Riso.

Fez seus primeiros estudos no melhor colégio de Santos naquela época, a escola do comendador Tiburtino Mondin Pestana. Passando a São Paulo, continuou os seus estudos no Colégio Culto à Ciência, e mais tarde rumou para o Rio de Janeiro, onde entrou para a Escola Politécnica.

No Rio de Janeiro já começara ele uns ensaios jornalísticos, quando teve que voltar para sua terra e ingressar no comércio, para o qual não tinha o menor pendor. Foi então que começou a colaborar no Diário de Santos, sob o pseudônimo de João Phoca, abandonando mais tarde a vida comercial, para ingressar na redação daquele importante jornal santista.

Santos atravessava, então, uma quadra áurea, de atividades artísticas e literárias. Dezenas de moços cultos e inteligentes formavam grêmios dramáticos e recreativos, bandas e orquestras, quando não eram jornais e revistas. Chico Vicente, Carlito Affonseca, Quincas Mendes, Aprígio Macedo, Gastão Bousquet, Isidoro Campos, Juca Campos e tantos outros, como parte principal do Grêmio Dramático Arthur Azevedo, traziam a sociedade local em constante divertimento e hilaridade, com suas chistosas farsas, burletas e comédias.

João Phoca entrou a produzir, então, peças interessantíssimas, para serem representadas pelos amadores do Grêmio, e ele mesmo era sempre um dos comparsas. É dessa época O compadre, música de Juca Campos, conhecido pela alcunha de Poscampini, argumento de sua autoria, que foi levada à cena no Teatro Guarany, durante meses inteiros, com extraordinária aceitação.

O humorismo, a comicidade, a graça, a simpatia de João Phoca tornaram-se famosos. Era ele aparecer em qualquer lugar, e as tristezas desapareciam. Uma excelente cultura ajudava-o, uma grande inteligência fazia o resto. De toda a parte reclamavam a sua presença; e aí começaram suas viagens por todo o Estado e por todo o Brasil, em conferências divertidas, eivadas de um sadio e puríssimo bom humor, como de elevado espírito social.

Da. Júlia Lopes de Almeida, a notável escritora, ficou encantada um dia com João Phoca, e sobre ele escreveu a melhor crônica que se poderia escrever sobre um literato, prefaciando postumamente o livro Caiçaras, que foi o único deixado por ele, no esquecimento a que votara a sua própria obra.

Voltando anos mais tarde ao Rio de Janeiro, o Jornal do Brasil reclamou seus serviços, e nele ficou como redator por muitos anos, até que, em 1912, aquele jornal mandou-o à Europa, em visita a vários países, pelo espaço de dois anos, de onde o jornalista enviou uma extensa e brilhantíssima série de impressões, narrativas e reportagens sensacionais, as primeiras que no gênero se publicaram na capital do país, e que, reunidas em livro, dariam dois volumes de boa e divertida prosa.

Além de sua grande bagagem jornalística, João Phoca deixou somente quatro obras: Os Caiçaras (obra póstuma), excelente coletânea de contos do litoral de São Paulo; O compadre, Fado e maxixe e Não venhas, peças de teatro, que fizeram época no antigo Teatro Apolo e em outros de São Paulo e Rio de Janeiro.

Faleceu no Rio de Janeiro, na Casa de Saúde São Sebastião, a 3 de julho de 1916.


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