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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - PORTO DO CAFÉ
O auge do café e o início do porto santista (5)

Grandes transformações marcaram o final do século XIX e início do século XX
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Na sua edição especial de 26 de janeiro de 1939, comemorativa do centenário da elevação de Santos à categoria de cidade - exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda -, o jornal santista A Tribuna publicou esta matéria (grafia atualizada nesta transcrição):
 

MOVIMENTO DE NAVIOS NO PORTO DE SANTOS

O movimento de embarcações em nosso porto já era relativamente considerável em 1895 (perto de 1.150), subindo a, aproximadamente, 1.200 no ano seguinte. Decresceu, porém, em 1897 até 1900, quando pouco mais de 700 navios demandaram o estuário de Santos. Voltou a ascender de 1901 em diante, paulatinamente, até atingir, em 1918, ao total de quase 2.000 barcos.

O salto foi sensível e brusco nesse período. Expansão repentina do nosso intercâmbio comercial com o exterior? Previsão da Grande Guerra, que estalaria no ano seguinte, exigindo o reforço rápido e intensivo dos "stocks" de matérias-primas e gêneros de alimentação? "Chi lo sa?" Como quer que seja, os ataques inexoráveis dos submarinos, afugentando os pacíficos navios mercantes, determinaram a queda das respectivas entradas no nosso porto, desde o referido 1914 até 1918, em que teve fim a luta, e durante o qual ditas entradas atingiram ao mínimo do período, inferiores mesmo às verificadas nos três primeiros anos do gráfico.

Daí até 1931 o aumento apresentou-se vertiginoso, chegando ao máximo em 1929, quando os navios aportados em Santos foram em número aproximado de 3.750. De 1930 a 1932, nova queda, justificada pela situação política do país, a refletir-se na situação econômica, principalmente no último desses anos, em que a revolução de São Paulo, durante três meses, determinou a interdição do nosso porto. A seguir, nova ascensão até 1938, ano que acusou a entrada de mais de 3.500 embarcações.

MOVIMENTO DE VAGÕES NO CAIS DE SANTOS

Não difere, substancialmente, este gráfico relativo ao movimento de vagões no cais de Santos, do que diz respeito ao movimento de navios em nosso porto. É que ambos se conjugam, sendo, como são, conseqüência um do outro.

Aí vemos a mesma queda em 1.900 e a reação em 1901 e 1902. Em 1903, outro recuo, mas, com pequenas variantes, a escala ascencional acentua-se de novo, para atingir a cerca de 165.000 vagões em 1913, reflexo fiel do que acusa, em idêntico período, o gráfico concernente ao movimento de embarcações.

A seguir, vem o retrocesso determinado por esse mesmo movimento, reflexamente, nos carregamentos do cais, em virtude da Grande Guerra, acusando 1917 o mínimo de vagões requisitados, num total de apenas 80.000.

Daí para diante, as colunas volvem a subir, correspondendo as de 1928 e 1929 a quase 250.000 vagões. De 1930 a 1932, por efeito das delicadas condições políticas do país, os correspondentes índices se reduziram grandemente, chegando, em 1932, a menos de 140.000 vagões. De 1933 a 1938 foi rápido e ininterrupto o aumento, que atingiu, no último desses anos, a perto de 290.000 vagões, e que é, também, a cifra máxima assinalada em todo o gráfico.

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MOVIMENTO DA EXPORTAÇÃO PELO PORTO DE SANTOS
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Este gráfico, em que se encontram fielmente demarcadas as alternativas do movimento exportador do porto de Santos, nos últimos quarenta e quatro anos, é sumamente expressivo. Dividido, em volume, de um lado, pelo café, e, de outro, por todos os demais gêneros, observa-se que só em 1897 estes últimos entraram a apresentar contingente visível, fracamente visível, aliás, em relação ao café, que este sim, crescia, a ponto de, em 1901, já apresentar um peso cerca de seis vezes superior ao de 1895, que abre o gráfico.

Neste ano de 1901 os vários gêneros ainda nada representavam, virtualmente, na exportação. Em 1909, contudo, já acusava cerca de 60 mil toneladas, caindo nos anos subseqüentes, para reagir de 1913 em diante, embora com flutuações, até rivalizar, afinal, em 1935, com o café, e excedê-lo mesmo de 1936 a 1938, notadamente neste último ano, quando a tonelagem exportada do nosso principal produto, embora ultrapassando de cerca de 600.000 toneladas, perde no confronto com mais de um milhão e duzentos mil, acusadas pelos vários gêneros.

O extraordinário surto na produção e conseqüente remessa de alguns deles, principalmente o algodão e a laranja, explicam patentemente o fenômeno.


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MOVIMENTO DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO PELO PORTO DE SANTOS
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Aí está, com meridiana clareza, o movimento conjugado da importação e exportação, em volume, do porto de Santos, no período de 1895 a 1937. Logo no primeiro desses anos se verifica que a importação excedeu de quatro vezes o peso da exportação: cerca de 400 mil toneladas, contra pouco mais de 100 mil, respectivamente.

Aliás, tem sido esta a regra geral, com exceção apenas dos anos de 1901, 1909, 1915, 1917 e 1918, nos quais, ainda assim, a superioridade do volume exportado, em relação ao importado, foi mínima.

O gráfico revela como foram crescentes as importações de 1911 a 1913 e como decresceram de 1914 a 1918, época do grande conflito europeu, em que a guerra submarina fez desertar dos mares a navegação comercial. De 1919 em diante, porém, o volume das importações volveu a ascensionar, superiorizando-se grandemente ao da exportação no período de 1925 a 1929.

No ano seguinte, com a grande crise mundial refletindo-se desastrosamente em nossa economia, e durante os que se lhe seguiram, até 1932, em que comoções intestinas, inclusive a revolução paulista, abalaram o país, as importações declinaram, para retomar, de então para cá, a sua coluna ascendente, acusando, em 1937, cerca de 2.250 mil toneladas, peso ainda assim inferior ao de 1928 e de 1929, quando atingiu a 2.350 mil e a mais de 2.400 mil toneladas, respectivamente.

Em 1938, porém, o volume da importação, como o da exportação, bateu todos os recordes, acusando, para a primeira, 2.200 mil toneladas e, para a segunda,  mais de 1.800 mil. Globalmente, portanto, um volume superior a quatro milhões de toneladas, o que dá a Santos, pelo convênio internacional existente, a categoria de porto de primeira classe.

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