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Publicado originalmente pelo autor no caderno Informática
do jornal A Tribuna de Santos, em 30 de setembro de 1997
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 05/20/00 22:32:22
POR DENTRO DO COMPUTADOR - 12
O ambiente em que o programa vai funcionar
Os softwares podem ser divididos em várias categorias de acordo com a forma de funcionamento: sistema operacional, ambiente etc.

Imagine um bolo com diversas camadas. Por baixo de todas, existe uma camada básica, que sustenta todas as outras. No computador, essa camada é chamada de sistema operacional. Em seguida, pode haver uma camada conhecida como ambiente, e então vêm os softwares e seus complementos. Na essência, é simples, mas ultimamente as coisas têm se complicado um pouquinho.

Nos anos 60, começaram a surgir sistemas operacionais como o CP/M, destinados a facilitar o uso dos computadores, executando diversas funções básicas. Esses primeiros sistemas eram adequados aos computadores equipados com processadores de 8 bits, como o Zilog Z80, que estrelou nos primeiros computadores pessoais, nos anos 70. Lembrando: o chip de 8 bits conseguia ler oito bits (bit é a unidade básica de informação do computador, zero ou um; oito bits formam um byte) de cada vez.

Até recentemente, um computador do tipo PC tinha um sistema operacional conhecido como Disk Operational System (DOS), que poderia ser o da Microsoft (MS-DOS) ou o menos conhecido DR-DOS. O MS-DOS teve diversas versões, cada uma atualizando as anteriores (a última foi a 6.22). O sistema operacional é o responsável pela tradução dos comandos em linguagem inteligível pelo computador. Muitos programas eram escritos diretamente para uso com o DOS, que assim funcionava também como ambiente de trabalho.

Mas, o DOS começou a ser insuficiente: era desajeitado com a parte gráfica, não aproveitava os novos recursos da máquina e obrigava a que cada criador de programas tivesse de montar uma série de rotinas para o uso dos recursos do computador. Logicamente, cada programador tinha seu método de trabalho, as rotinas eram diferentes entre si e de vez em quando um programa esbarrava no outro, invadindo sua área de atuação e causando a paralisação total do sistema.

Os programadores de jogos sentiram bastante as limitações do DOS, e surgiram as versões estendidas desse sistema usadas nos principais games até hoje, como o DOS4. Em seguida, há poucos anos, a Microsoft lançou o Windows, um ambiente gráfico que, mesmo com todos os famosos defeitos e erros de programação, conquistou os usuários. Seus trunfos: o uso do mouse como meio de selecionar trechos de textos e acionar programas, a possibilidade de ver na tela exatamente (bem, quase!) o que seria impresso, as novas possibilidades de uso dos recursos multimídia (som, imagem) e principalmente uma certa padronização, que deveria ser seguida pelos criadores de programas, para facilitar a vida dos usuários. Assim, determinados comandos estariam sempre no mesmo lugar, evitando que o usuário tivesse de decorar uma lista de comandos para cada programa.

Assim, o Windows passou a ser um ambiente operacional, embora subordinado ao DOS: sem o DOS, o Windows não funcionaria, mas certas funções do Windows poderiam enganar o sistema operacional, agindo diretamente no disco rígido e acessando os periféricos, de forma a ganhar a agilidade que o DOS não tinha. Uma das vantagens era a possibilidade de usar vários programas simultaneamente.

Mudanças - A partir de 1995, a Microsoft começou a decretar a morte do DOS, com o lançamento do Windows-95, que era ao mesmo tempo sistema operacional e ambiente de trabalho, podendo dispensar a instalação do DOS. Porém, para manter a compatibilidade com os programas antigos, até que todos eles migrem para o padrão gráfico do Windows, todo o sistema operacional DOS foi embutido no Windows. O Windows-95 também melhorou o acesso ao disco, permitindo programas em 32 bits (isto é, aqueles em que as informações são trocadas com o equipamento de 32 em 32 bits por vez), além dos programas antigos de 16 bits.

Assim, DOS e Windows são camadas básicas de operação num computador PC. Existem outros sistemas menos populares, como o OS/2 da IBM, para PCs, o System 7 para computadores Macintosh, o Unix (geralmente utilizado em equipamentos de maior porte, como os de alguns provedores de acesso à Internet) e sistemas mais especializados para computadores também mais especializados.

A maioria dos atuais programas é escrita para uso com um sistema operacional e/ou ambiente de trabalho, e não deve rodar em outro ambiente (embora o mesmo pacote possa conter versões para instalação em vários ambientes). A instalação é necessária, geralmente, para que certas informações fiquem disponíveis no computador quando o programa é utilizado, como um arquivo que registrará a pontuação dos jogadores num jogo, ou com que partes do sistema operacional o programa deve se ligar. Em alguns casos, o programa todo será copiado para o disco rígido, e em outros serão copiados apenas alguns arquivos básicos, ficando o volume principal de dados no disco de origem (é o que ocorre geralmente nos programas distribuídos em CD-ROM).

Para acabar com os problemas de incompatibilidade entre os computadores, estão surgindo ambientes multiplataforma, em que os aplicativos são iguais, o ambiente é que se encarrega de fazer a comunicação entre as instruções do programa e o hardware de cada computador. Aliás, muitos programas já compartilham dados entre equipamentos PC e Macintosh, especialmente imagens.

Plug-ins - Existe ainda uma outra categoria de software que não funciona de forma isolada, mas depende da instalação prévia de outros programas, e serve para acrescentar funções a esses programas. São os plug-ins, que se tornam cada vez mais comuns com o uso da Internet.

Por exemplo: para ver as páginas Web na Internet é preciso um software browser (programa de navegação e busca), como o Internet Explorer ou o Netscape (entre outros). Em certas páginas ou telas da Web, existe a possibilidade de clicar com o mouse e ouvir, por exemplo, uma música ou um trecho de vídeo, ou até mesmo uma transmissão de televisão direta. Só que os programas Explorer ou Netscape originais não estão preparados para isso, é preciso instalar plug-ins que acrescentem essas funções, como o RealPlayer, o Shockwave, o QuickTime for Netscape. Depois de instalados, esses programas complementares é que vão permitir ao browser apresentar o som, o vídeo e outras novidades contidas nessas páginas Web.

A partir daí, está sendo desenvolvido inclusive um novo conceito de programação: o usuário receberia um programa básico e iria acrescentando funcionalidades na medida em que delas precisasse. Já estão disponíveis os primeiros computadores de rede (network computers ou NCs), que levam esse conceito ao extremo: tudo o que o usuário precisar deve ser obtido através da rede, já que esses computadores, na sua forma básica, não possuem discos rígidos ou quaisquer outros meios de guardar os programas para futura reutilização.

Assim, o usuário de um NC que deseja escrever uma carta deve ligar o computador à rede, copiar da rede para a memória de trabalho um programa editor de textos, redigir a carta e depois enviá-la pela rede, para uma impressora ou diretamente ao destinatário por via eletrônica. Desligado o computador, se quiser escrever outra carta, deverá repetir toda a operação.