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BAIXADA SANTISTA - LIVROS - Chronica Geral do Brazil
Uma crônica de 1886 - 1600-1700 (16)

Clique aqui para ir ao índice do primeiro volumeEm dois tomos (1500-1700, com 581 páginas, e 1700-1800, com 542 páginas), a Chronica Geral do Brazil foi escrita por Alexandre José de Mello Moraes, sendo sistematizada e recebendo introdução por Mello Moraes Filho. Foi publicada em 1886 pelo livreiro-editor B. L. Garnier (Rua do Ouvidor, 71), no Rio de Janeiro. É apresentada como um almanaque, dividido em séculos e verbetes numerados, com fatos diversos ordenados cronologicamente, tendo ao início de cada ano o Cômputo Eclesiástico ou Calendário Católico.

O exemplar pertencente à Biblioteca Pública Alberto Sousa, de Santos/SP, foi cedido  a Novo Milênio para digitalização, em maio de 2010, através da bibliotecária Bettina Maura Nogueira de Sá, sendo em seguida transferido para o acervo da Fundação Arquivo e Memória de Santos. Assim, Novo Milênio apresenta nestas páginas a primeira edição digital integral da obra (ortografia atualizada nesta transcrição) - páginas 334 a 355 do Tomo I:

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Chronica Geral do Brazil

Alexandre José de Mello Moraes

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Imagem: reprodução parcial da página 334/tomo I da obra

1600-1700

[...]

CCCLI – Em 12 de abril de 1647 foi separada a província franciscana do Brasil da de Portugal, e confirmada a separação pelo papa Alexandre VII, pelo breve de 15 de julho do mesmo ano; celebrando-se o primeiro capítulo em 5 de novembro de 1659 (vide o dietário e a cronologia do convento de S. Francisco da Bahia. M. inéd.).

CCCLII – A província do Brasil, mais tarde (1687), foi também dividida em duas, ficando no Norte por casa central o convento do Salvador da Bahia; e no Sul por casa central o convento de Santo Antonio da cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro.

A província da Bahia ficou com os conventos de Nossa Senhora das Neves de Olinda, o de Santo Antonio da Vila de Iguaraçú; Santo Antonio da cidade da Paraíba; Santo Antonio do Recife; Santo Antonio de Pojuca; S. Francisco de Serinhaem; Santa Maria Magdalena das Alagoas; Nossa Senhora da Porciúncula da cidade do Penedo; S. Francisco da cidade da Bahia (capital da província); S. Francisco de Sergipe do Conde; Santo Antonio de Paraguaçú; Santo Antonio da vila de Cayrú; e o do Bom Jesus da cidade de S. Christovão de Sergipe de El-rei.

CCCLIII – Missão da SS. Trindade de Mossacorá fundada em 1639; de Santo Antonio de Itapicurú, 1639; missão de Santo Amaro, perto da Atalaia, nas Alagoas, 1639 (hoje paróquia); missão de N. S. das Neves, em Sahy, 1697; missão de N. S. das Neves (em Coripós) 1702, hoje paróquia; missão de N. S. do Ó, em Sorobabé, 1702; missão de N. S. da Piedade, em Unhueshum, 1705; missão de N. S. dos Remédios, no Pontal, 1705; missão de N. S. das Brotas, no Joaseiro, 1706; missão do Bom Jesus em Jacobina, 1706; missão de N. S. da Conceição, em Aricobé, 1741; missão de Santo Antonio do Pajeú, 1741; missão do Palmar, 1695; missão de Geromoabo 1702; missão de Pambú 1702; missão de N. S> do Desterro, em Camamú, 1703; missão de N. S. do Pilar, em Cariris, 1705; missão do Salitre, 1705; missão do Piauguy, 1706.

CCCLIV – O reconhecimento da província da repartição do Sul com o título de N. S. da Conceição foi no ano de 1675, e os seus conventos foram fundados: 1º o convento de S. Francisco da cidade da Vitória, capitania do Espírito Santo, em 1595; 2º o convento de Santo Antonio da cidade do Rio de Janeiro, 1608; 3º o convento de Santo Antonio da cidade de Santos, 1640; 4º o convento de S. Francisco de S. Paulo, 1640; 5º o convento de S. Boaventura de Macacú, 1649; 6º o convento de Nossa Senhora da Penha, da capitania do Espírito Santo, 1650; 7º o convento de S> Bernardino da Ilha Grande, 1652; 8º o convento de N. S. da Conceição da vila de Itanhaém, 1654; 9º o convento de N. S. do Amparo da vila de S. Sebastião, 1657; 10º o convento de Santa Clara da vila de Taubaté, 1673; 11º o convento de N. S. dos Anjos, de Cabo Frio, 1684; 12º o convento de S. Luiz de Itú, 1690; 13º o convento do Bom Jesus da ilha (na barra do Rio de Janeiro), 1709.

Hospícios – 1º Da aldeia de S. Miguel da província de S. Paulo; 2º o da aldeia de S. João da Vila da Conceição; 3º o da aldeia de Santo Antonio de Campos dos Goytacazes; 4º o de N. S. da Conceição da cidade de Lisboa ocidental; 5º o de Nova Colônia do Sacramento.

Missões – A do hospício de Santo Antonio de Campos dos Goytacazes; a do hospício de S. João da Vila da Conceição (S. Paulo); a do hospício de S. Miguel (S. Paulo). (Fr. Apolinario da Conceição. Hist. Dos conventos do Rio de Janeiro. M. inéd.).

CCCLV – No mês de maio de 1647, Antonio Dias Cardoso, à frente de parte de um terço, segue para a Paraíba do Norte, e depois de assaltar todos os lugares e fazendo o que pôde, retira-se para o Arraial Novo com duzentas cabeças de gado e muitos escravos. André Vidal de Negreiros, em agosto, partiu para o Ceará, e na sua volta, passando pelo Rio Grande, foi batendo alguns presídios holandeses e ajuntando todo o gado que encontrou, e voltou para o Arraial com cerca de setecentas cabeças de gado para o provimento do exército.

CCCLVI – El-rei d. João IV, desejando dar a seu filho primogênito d. Theodosio um título honorífico, elevou o riquíssimo e vasto continente do Brasil à dignidade de principado, na pessoa do seu filho d. Theodosio, que ficou sendo príncipe do Brasil, título que tomaram sempre os herdeiros da coroa de Portugal, até a separação política, em 7 de setembro de 1822.

CCCLVII – O general Segismundo van Scopp, saindo em fevereiro do Recife, reforça-se de gente e munições no rio de S. Francisco, e no dia 8 de março de 1647 entra na Bahia e desembarca com a sua poderosa força em Itaparica, onde levantou um forte rodeado de quatro baluartes, bem artilhado de boas peças, não só para invadir o recôncavo e saqueá-lo, como a cidade do Salvador.

Antonio Telles da Silva, em presença do inimigo, convocando conselho dos principais cabos de guerra e propondo os meios de desalojar o inimigo, o mestre de campo Francisco Rebello se opondo às razões de Telles da Silva, mandou este que na madrugada do dia seguinte se acometesse o inimigo, e Francisco Rebello, com mil e duzentos soldados, atacou o forte holandês, e travou-se o medonho combate, e quando a vitória pendeu por nossa parte, uma bala matou a Francisco Rebello e mais de quinhentos portugueses e baianos, reconhecendo o governador Antonio Telles a imprudência do seu parecer em oposição às razões do mestre de campo e experimentado Francisco Rebello.

Segismundo, apesar de alguns encontros, conservou-se em Itaparica por algum tempo, até que sabendo que de Portugal vinha uma poderosa armada para a Bahia, retirou-se para Pernambuco, carregado de despojos que saqueou.

CCCLVIII – El-rei d. João IV, receando da pouca segurança da Bahia em virtude dos diferentes assaltos dos holandeses, fez sair de Lisboa uma esquadra de doze embarcações, comandada por Antonio Telles de Menezes, conde de Villa Pouca, a quem nomeou ao mesmo tempo governador e capitão general do Estado do Brasil, cuja esquadra chegou à Bahia no dia 21 de dezembro de 1647, e tomou posse do governo no dia 22, entrando logo na administração geral.

Antonio Telles, diz Ignacio Accioli nas suas Memorias Historicas, esteve no governo geral até 7 de março de 1650, em cujo dia entregou a administração a João Rodrigues de Vasconcellos e Souza, conde de Castello Melhor.

Antonio Telles, na sua volta a Lisboa, sofreu naufrágio, em virtude de um temporal, em algumas das embarcações que levava.

Na quinta-feira, 15 de agosto deste ano de 1647, os holandeses saqueiam o engenho de S. Bartholomeu, em Pernambuco.

CCCLIX – El-rei, em 8 de outubro de 1647, escreve ao governador geral do Estado do Brasil a seguinte carta: - Antonio Telles da Silva, governador, amigo. Eu, El-rei, vos envio muito saudar: Antonio Telles da Menezes, conde e Villa Pouca de Aguilar, do meu conselho de Estado, general da armada real deste reino, e da com que ora mando socorrer essa Bahia, leva ordem minha para vos levantar a homenagem que tendes dado do governo desse Estado, e para ficar servindo de governador e capitão general delle, emquanto eu não mandar outra cousa, na fórma das ordens e despachos, que leva meus, de que vos mando avisar, para que o tenhais entendido, e lhe entregueis esse governo, de que se fará auto, na fórma costumada. – Escripta em Lisboa a 8 de Outubro de 1647. – Rei. – Para o governador e capitão-general do Estado do Brazil.

CCCLX – João Fernandes Vieira e André Vidal de Negreiros, desejando estreitar o campo dos holandeses, começaram, em outubro deste mesmo ano de 1647, a construir na margem oposta do Rio Capibaribe, em frente ao Recife, uma fortaleza, e no dia 6 de novembro romperam fogo sobre o inimigo; os holandeses, receosos de serem destruídos, mandaram imediatamente chamar o general Segismundo, que se achava na Bahia. Segismundo, em vez de atacar a nossa fortaleza, contentou-se em levantar outra na margem oposta, com algumas peças de artilharia, que pouco fez; e vendo João Fernandes Vieira que quase nada conseguia ali, guarneceu a fortaleza com a gente necessária e retirou-se para o Arraial com o seu terço.

CCCLXI – El-rei d. João IV, tendo notícia das riquezas auríferas do Rio Augarico ou do Ouro, mandou que do Maranhão fosse explorá-lo Bartholomeu Barreiros de Atahyde, o qual efetivamente partiu em 1647, acompanhado do religioso carmelita fr. José de Santa Thereza, muito prático na língua dos gentios, não dando resultado a exploração empreendida.

CCCLXII – Chegando ao Arraial a notícia que os holandeses tinham cometido, no primeiro dia do ano de 1648, grande mortandade nos moradores da Paraíba do Norte, não poupando idades nem sexos, chegando à infâmia e crueldade de prostituir as mulheres com os índios e depois as apunhalarem, esquartejarem e cometerem todo o gênero de desatinos, moveu ao herói governador Henrique Dias, sem perda de tempo, marchar para a Paraíba do Norte, com o seu terço, a fim de tomar vingança contra esses canibais.

CCCLXIII – Na terça-feira, 6 de janeiro de 1648, Henrique Dias com o seu terço levam de assalto uma cas forte dos holandeses em Guaraizos, na Paraíba do Norte, e passa a guarnição à espada, não poupando sexo e nem idade. Antes do assalto, a mulher do comandante que o acompanhava pega no bastão do governador Henrique Dias, e olhando para os soldados, atira-o para dentro da casa forte e lhes diz: - Quem quiser o comandante vá buscá-lo lá dentro. E quais leões esfaimados, acometem o forte e o tomam aos holandeses, passando tudo a ferro.

CCCLXIV – Com o grande reforço, que o general Segismundo recebeu em fevereiro, ficou muito animado; mas em abril, o mestre de campo Francisco de Menezes, prevenido como estava, passou mostra no arraial pernambucano às forças que tinha, e achou que possuíamos três mil e duzentos homens de peleja; sendo oitocentos do terço de João Fernandes Vieira; setecentos e cinquenta do terço de d. Antonio Filippe Camarão; e trezentos do de Henrique Dias.

No domingo 19 de abril deste ano de 1648, saiu o general Segismundo do Recife à frente de sete mil e duzentos combatentes e seis peças de artilharia, inclusive trezentos homens de mar, comandados pelo coronel Brinck. Os pernambucanos, deixando a fortaleza do Arraial com alguma guarnição, marcham em número de dois mil e quinhentos combatentes para os montes Guararapes, onde se fortificaram.

O general Segismundo, no mesmo dia, chega com o seu exército às proximidades do nosso, perto dos montes; e o mestre de campo Francisco de Menezes, mandando quatro companhias carregar sobre o inimigo, dá o sinal do combate a uma hora da tarde; foi ele vigoroso e sanguinolento, sendo João Fernandes Vieira e Henrique Dias dos primeiros que, entestando os seus terços com a grande força dos holandeses, os puseram em debandada. A batalha durou cinco horas; e, rompendo os nossos por entre os inimigos, ganharam a vitória, ficando mortos no campo m il e duzentos homens, entre os quais muitos oficiais e o coronel Henrique Hus, grande número de feridos e prisioneiros, entre os quais entrou o coronel Kever. Desbaratado o exército flamengo, tomaram-lhe a artilharia, toda a bagagem, trinta e uma bandeiras e o estandarte do general Segismundo, com as armas das províncias unidas da Holanda.

A batalha foi dada nas fraldas dos montes Guararapes; e o general Segismundo, apesar de ferido em uma perna, nessa mesma noite com o resto dos seus combatentes, retirou-se para o forte do Barreto, levando os feridos que pôde, pela precipitação da fuga.

Os pernambucanos perderam no combate oitenta e quatro mortos, e ficaram feridos cerca de quinhentos homens. O general Segismundo, com os que escaparam, entrou no Recife no dia 20; e no dia 21 voltaram para o Arraial. No dia seguinte um oficial holandês veio pedir licença para enterrar os mortos e dar pêsames pela morte de João Fernandes Vieira, ao que lhe respondeu o mesmo Vieira, que dissesse a Segismundo, que ele vivo era o açoite dos holandeses, melhor o seria agora tendo ressuscitado. (Vide a narrativa desta batalha, no Valeroso Lusitano e no Castrioto).

CCCLXV – Os chefes do exército pernambucano, na quinta-feira 13 de fevereiro de 1648, mandam Paulo da Cunha à Bahia cumprimentar o governador geral Antonio Telles da Silva, conde de Villa Pouca de Aguilar, e pedir-lhe socorros, no que foram bem recebidos na pessoa de Paulo da Cunha e satisfeitos nos seus desejos.

Neste mesmo mês chega ao Recife uma esquadra de sessenta navios, com seis mil holandeses de tropa de terra e mar, para auxiliar as forças de Segismundo em Pernambuco. A presença desta esquadra não amedrontou os chefes brasileiros do nosso exército.

CCCLXVI – A igreja de Santo Antonio Além do Carmo, da cidade do Salvador e Bahia de Todos os Santos, foi elevada à matriz em 1648, pelo bispo d. Pedro da Silva. A ermida primitiva, da qual dei notícia, e com o tempo se arruinou, edificada ao Norte do convento do Carmo, foi de novo construída, ficando com a denominação de igreja de Santo Antonio Além do Carmo.

CCCLXVII – O aumento da população holandesa no Recife fez escassear os gêneros alimentícios, obrigando os flamengos a comerem carne de cavalo, ratazanas e o mais que encontravam. O Recife é bombardeado pelos pernambucanos; e logo depois é enviado a Lisboa o padre Manuel do Salvador a comunicar a el-rei d. João IV os triunfos das nossas armas contra os holandeses.

CCLXVIII – O coronel Brinck, à frente de dois mil homens, indo atacar a posição de Henrique Dias, foi derrotado no dia quinta-feira 21 de maio, sendo perseguido pelas nossas forças até o lugar do Barreto; acontecendo o mesmo ao orgulhoso Segismundo,no dia 18 de agosto do mesmo ano.

Quando triunfávamos tão galhardamente das forças flamengas, chega ao arraial do Bom Jesus, no dia segunda-feira 24 de agosto, o mestre de campo Francisco de Figueirôa, com um reforço de quatrocentos homens enviados da Bahia por Francisco Barreto de Menezes, governador geral do Estado.

CCCLXIX – Alguns meses depois da vitória que os independentes alcançaram nos montes Guararapes, neste mesmo ano de 1648 faleceu no Arraial Novo, de enfermidades adquiridas na guerra, que terminaram por uma febre perniciosa, o famoso herói índio, d. Antonio Felippe Camarão, com geral sentimento de todos; porque era amado, admirado e respeitado por sua bravura e lealdade; sendo sepultado na capela do Arraial Novo, e conduzido o seu corpo pelos companheiros de suas glórias militares.

CCCLXX – O general Segismundo, tendo sido derrotado na quarta-feira 15 de agosto, em Pernambuco, vendo que a fome perseguia o Recife, julgou buscar socorros, e no fim do ano de 1648 parte do Recife com a esquadra flamenga para a Bahia, e desembarcando a sua força no recôncavo, assolou e roubou; voltando carregado de haveres e de mantimentos de que tanto careciam no Recife. No entanto, os pernambucanos viviam fartos e abundantes, porque nos intervalos dos combates se empregavam na cultura das fertilíssimas terras de Pernambuco.

CCCLXXI – Os pernambucanos, desejando perpetuar a lembrança de sua glória, mandaram retratar uma de suas batalhas ganhas, em 19 de abril de 16t48, aos holandeses, nos pequenos montes Guararapes, distantes quatro léguas ao Sul e para o interior do Recife. Este quadro memorável foi mandado colocar na parte inferior do coro da capela de N. S. da Conceição dos Militares.

Os jesuítas fizeram igualmente retratar as vitórias ganhas na Bahia contra os holandeses, e colocaram os grandes painéis nas vastas salas de estudos do colégio de instrução que possuíam no grande edifício da Rua do Maciel Debaixo, os quais foram mandados arrancar e destruir pelo bacharel Alves dos Santos, quando alugou aquele grande edifício para estabelecer colégio.

CCCLXXII – Paranaguá é fundada por Theodoro Ebano Pereira, em 29 de julho de 1648. A primeira eleição para juízes ordinários e vereadores da câmara foi a 25 de dezembro do mesmo ano, por provimento do dr. Raphael Peres Pardinho.

Começou a funcionar a câmara em 1649.

Foi elevada a cidade pela lei provincial de 5 de fevereiro de 18452, e dista da capital dezessete léguas. É bonita cidade e com ruas mui largas.

CCCLXXIII – O valente d. Antonio Filippe Camarão era filho de um chefe índio pitaguara, do Rio Grande do Norte; nasceu na aldeia de seu pais, depois do meado do século XVI; recebendo no berço o nome de Poty (Camarão). Distinto por sua prudência e bravura, sucedeu a seu pai na chefança dos índios de sua nação.

Em 1607 o provincial dos jesuítas, padre Fernão Cardin, enviou ao Maranhão dois missionários para as missões do Norte; o padre Francisco Pinto e o padre Luiz Figueira, os quais, partindo do Recife a pé, foram à Paraíba, e atravessando o Rio Grande foram bem acolhidos pelo capitão do presídio, Jeronymo de Albuquerque. Acompanhavam-nos alguns índios cristãos das nações tabojora, pitiguaras e tupinambás; e os pitiguaras os encaminhando à aldeia-chefe, foram bem recebidos do respeitável Poty, em cuja aldeia pregaram o Evangelho, levantaram igreja e batizaram a muitos índios, ficando o chefe Poty muito amigo dos padres e principalmente do padre Francisco Pinto.

Daí seguiram por terra os missionários em busca do Ceará, e encontrando um chefe índio da nação Pitiguara, chamado Amanai, que muito se afeiçoou aos missionários jesuítas, e eles, aproveitando e tant benevolência, abriram missão e fundaram igreja perto do Jaguaribe.

Seguiram para a serra do Ibiapaba e aí, depois de fundarem a missão do Ibiapaba, pregando o Evangelho, ao romper do dia 11 de janeiro de 1608, uma grande porção de índios da nação tacarijus, inimigos dos padres, chegados à palhoça em que estava o padre Francisco Pinto, descarregam pancadas com uma grossa maça de madeira, chamada Juia (pau de matar), com cujas pancadas partiram-lhe o crânio, quebraram-lhe os queixos, arrancaram-lhe os olhos, e lhe expuseram o corpo à voracidade das feras e aves de rapina. Isto feito, vão à morada do padre Luiz Figueira, que milagrosamente pôde escapar.

Retirados os tacarijus, o padre Luiz Figueira, com alguns índios que escaparam da morte, meteram o cadáver do padre Francisco Pinto em uma rede, e o foram sepultar ao pé de um monte, na raiz da serra do Ibiapaba, com inspeção, e sobre a sepultura fizeram uma casa e puseram diversos sinais para se não perder a memória do local, conduzindo para o colégio da Bahia o pesado pau ensanguentado com que o índio bárbaro matou o santo padre Francisco Pinto, cujo pau foi conservado como relíquia até o ano de 1624, em que os holandeses o destruíram na Bahia.

Por esses tempos (1607 e 1608), o Ceará ardia por grande seca e os índios tabayaras e pitaguaras, que muito acreditavam na santidade do padre Francisco Pinto, a quem chamavam de Abuná (benfeitor), valendo-se dele apareceram as chuvas, e então crescendo a fé, sempre que necessitavam de chuvas, reuniam-se em redor da sepultura e pediam – Pai Pinto dá-nos chuva, e elas apareciam; e quando eram muitas vinham pedir-lhes sol.

Os índios tabayaras da serra, depois de saberem da morte cruel do padre Francisco Pinto, a quem chamavam de Pai Pinto, choraram inconsolavelmente, e armados em guerra buscaram os tacarijus na sua própria aldeia, e dando-lhe um apertado cerco ao romper do dia mataram toda aquela nação sem deixar um só.

O padre Luiz Figueira voltou para conduzir os ossos do seu companheiro para o colégio da Bahia, mas os índios não consentiram.

A fama dos prodígios que Deus obrava por intervenção do padre Francisco Pinto, se divulgando entre os silvícolas, sabendo o chefe índio Poty (Camarão) muito amigo do padre Francisco Pinto, das aldeias do Jaguaribe, onde estavam os ossos do padre Pinto, passou ordem para que todas as aldeias se reunissem e em grande gala fossem celebrar, a seu uso, as exéquias do defunto (Abuná) benfeitor com o contínuo choro de três dias, a que chamam Capiron, e com o cerimonial.

O chefe Poty (Camarão) mandou edificar uma igreja em Jaguaribe, melhor que a antiga, para nela depositar os ossos do padre Francisco Pinto, e ordenou que todos os anos, naquele dia, os índios de todas as aldeias, em procissão, armados de cruzes e os da aldeia onde estava a igreja, fossem todos os dias dar ao padre Pinto o jandi-coema (o bom dia) e se retirou com os seus súditos para a sua aldeia chefe no Rio Grande do Norte. Onde foi a aldeia chefe do índio Poty (Camarão) não dizem as crônicas manuscritas dos jesuítas, que li e que extratei na minha Corographia Historica.

O que sei, porque elas referem, é que mais tarde, passando pela aldeia do chefe Poty (Camarão), os jesuítas padres Diogo Nunes e Gaspar de São Peres, o chefe Poty pediu a eles que o batizassem com as solenidades que pedia o seu caráter de principal, o que teve lugar no domingo de Páscoa do ano de 1612, principiando no sábado as danças, as cantarolas ao som de instrumentos e outras coisas análogas.

No domingo, o chefe Poty (Camarão), com os seus ricos adornos e todos os mais vestidos de gala, seguido de grande acompanhamento, foi na igreja batizado, recebendo neste ato o nome de Antonio, ao qual ajuntou o apelido de Camarão; e havendo, dentre as mulheres que tinha, a mais do seu agrado, a tomou por esposa à face da igreja, despedindo as outras.

Desde esse dia tornou-se o chefe índio potiguara um verdadeiro amigo e fiel aliado dos portugueses, dando provas da sua dedicação, vindo em 1630 à frente de grande número de índios socorrer e ajudar a Mathias de Albuquerque contra os invasores holandeses, de Pernambuco, apresentando-se no arraial do Bom Jesus.

Serviu dezoito anos com invejável fidelidade e dedicação, sendo geralmente estimado, não só por sua gravidade e prudência como por seu valor e intrepidez, mostrando nas inúmeras ações em que entrou os dotes de um verdadeiro general.

Foi mestre de campo general de um terço de índios, e os trazia tão disciplinados e obedientes, que podiam servir de modelo aos corpos mais bem amestrados na guerra. Filippe IV deu-lhe o hábito de Cristo e o título de Dom, e foi por isso que ele, em manifestação ao seu reconhecimento, junto ao seu nome de batismo o do soberano, chamando-se de então em diante d. Antonio Filippe Camarão. Era muito religioso, ouvia missa todos os dias e rezava o ofício de Nossa Senhora, e faleceu como um verdadeiro cristão em 1648, no Arraial Novo, em Pernambuco, pranteado de todos.

CCCLXXIV – No domingo, 17 de fevereiro de 1649, é empossado Luiz de Magalhães, do governo do Estado do Maranhão, por ter falecido o governador Feliciano Coelho.

CCCLXXV –Os holandeses não se podiam francamente mover no Recife, por causa do cerco em que permaneciam; tentam nova ação contra os pernambucanos no dia 18 de fevereiro de 1649 (dez meses depois da primeira batalha dos Guararapes), e o general Brinck, à frente de cinco mil homens escolhidos, com possante artilharia, sai do Recife e vai acampar-se em um dos montes Guararapes; e o general Francisco Barreto, com os chefes brasileiros, marchando sobre eles com um exército de dois mil e seiscentos combatentes, foram tomar posição na fralda do monte, durante a noite desse dia; e no seguinte (19 de fevereiro) pela manhã, travaram tão encarniçada peleja, que por fim, desanimando os holandeses, ficaram vencedores os pernambucanos, morrendo o general Brinck, vazado por uma bala de artilharia, lançada por essa fortificação já rendida pelos nossos.

Na fuga, os holandeses deixaram seis peças de artilharia, dez bandeiras e toda a bagagem. A mortandade foi grande, bem como o número de feridos; do nosso lado não foi menor o estrago, sendo feridos muitos oficiais valentes, e entre eles o mestre de campo Henrique Dias. Muito se distinguiu na ação o intrépido general João Fernandes Vieira.

No dia seguinte, o general Segismundo mandou pedir ao chefe pernambucano suspensão de armas para enterrar os mortos. Os flamengos não se atreveram mais a entrar em batalha, apenas houveram durante esse ano de 1649 dois encontros em 25 de agosto, nos Afogados, e nas Salinas em 15 de dezembro, nos quais foram os flamengos derrotados.

CCCLXXVI – Na sessão do dia sábado 4 de setembro de 1649, a câmara municipal do Rio de Janeiro, para favorecer e sossegar os moradores da cidade, fixa o preço dos gêneros de primeira necessidade, que a avareza dos monopolistas tinha elevado a seu arbítrio de preços. A pipa de vinho de sessenta canadas valerá quarenta mil réis; o bacalhau cinquenta réis a libra, e assim por diante os demais gêneros de consumo.

CCCLXXVII – Havendo-se organizado em Portugal a companhia do comércio da Índia em 1624, por carta régia de 10 de dezembro, provisão de 5 de março de 1625 e alvará de 2 de dezembro de 1626, sendo extinta esta companhia e incorporada no Conselho da Fazenda por carta régia de 13 de abril de 1633, e então oferecendo o comércio do Brasil com Portugal grandes vantagens, os capitalistas de Lisboa, com o desígnio de proteger o crédito de navegação e comércio, organizaram uma associação comercial para este fim, com a administração da Companhia Geral do Comércio do Brasil, e solicitando-se autorização legal, foi-lhe concedida esta por alvará de 10 de março de 1649, a qual durou até que o alvará do 1º de fevereiro de 1720 extinguiu.

A primeira frota, comandada pelo almirante Pedro Jacques de Magalhães, saiu de Lisboa no dia 4 de novembro de 1647 e chegou à Bahia no dia 20 de dezembro do mesmo ano. No ano de 1750 chegou a segunda frota à Bahia.

CCCLXXVIII – O convento de S. Francisco, na margem esquerda do Rio Paraguassú na Bahia, foi fundado a pedido dos moradores do Iguape, Maragogipe e distritos circunvizinhos, cuja construção foi terminada em 1649. Foram os encarregados da fundação fr. Antonio de Santa Clara, fr. Pacifico de Jesus e o leigo F. Jorge.

CCCLXXIX – Tendo falecido Feliciano Coelho de Carvalho, governador do Estado do Maranhão, foi nomeado para substituí-lo Luiz de Magalhães, o qual tomou posse da administração da capitania, na cidade de S. Luiz, a 17 de fevereiro de 1649.

CCCLXXX – Cômputo eclesiástico. Áureo número 17; ciclo solar 7; epacta 27; letra dominical B.

CCCLXXXI – Martirológio. Domingo de Páscoa 17 de abril; dia 1º de janeiro sábado; indicação romana 3; período Juliano 6.363.

CCCLXXXII – Pela organização das milícias e regimento dos governadores, de sexta-feira 1º de abril de 1650, os capitães-mores passaram a comandar as ordenanças. Os capitães-mores e oficiais do Brasil eram regidos pelas provisões de 31 de abril de 1739 e de 1º de dezembro de 1749; resolução de 27 de junho de 1757 e a de 30 de abril de 1758. Lei de 10 de setembro de 1611 e alvará de 6 de agosto de 1616. Os capitães-mores, muito depois de sua criação, eram propostos pelas câmaras, em virtude do alvará de 18 de outubro de 1709.

Pela resolução de 21 de julho de 1757, decreto de 7 de agosto de 1796, a milícia auxiliava a tropa de linha.

CCCLXXXIII – D. João IV persistia em não proteger a questão brasileira contra os holandeses, ficando a capitania de Pernambuco entregue a seus próprios recursos; mas o patriotismo pernambucano não desanima, sendo raro o dia em que não houvessem conflitos contra os inimigos flamengos.

O supremo conselho da Holanda, vendo que nada conseguia com a conquista de Pernambuco, deixa de mandar socorros, o que causou desânimo nos holandeses do Recife.

CCCLXXXIV – João Rodrigues de Vasconcellos e Souza, conde do Castelo Melhor, nomeado em 2 de outubro de 1649 governador geral do Brasil, chega à Bahia, na frota de Pedro Jacques de Magalhães, no dia 20 de dezembro do mesmo ano, e toma posse da administração geral no dia 7 de março de 1650, apresentando antes a carta de levantamento de homenagem ao seu antecessor, concebida nestes termos:

"Conde, amigo – Eu El-rei vos envio muito saudar, como aquele que amo. Tendo respeito aos merecimentos e serviços de João Rodrigues de Vasconcellos e Souza, conde de Castello Melhor, do meu conselho de guerra, hei por bem provel-o no governo desse Estado, na fórma da patente que delle lhe mandei pasar, e que elle vos mostrará com esta minha carta; encommendo-vos que, logo que ahi chegue, lhe façais entrega do dito governo, e lhe deixeis servir e executar, na fórma que contém na dita patente, escripta em Lisboa a 2 de outubro de 1649. – Rei. – Para o Conde de Villa Pouca."

O conde de Castelo melhor governou o Brasil até o dia 4 de janeiro de 1654, em que foi substituído. No seu governo apareceu a carta régia de 2 de dezembro de 1650, determinando que, no arsenal de marinha da Bahia, se construísse todos os anos um galeão de 700 a 800 toneladas.

Instalou-se de novo o tribunal de relação da Bahia, suprimido por Filippe III de Espanha, e foi construído o Forte do Mar em virtude da carta régia de 4 de outubro de 1650, pelo receio de nova invasão holandesa.

CCCLXXXV – Apesar de tantos esforços para expelir os holandeses que se achavam senhores da capitania de Pernambuco, d. João IV a abandona. O Brasil só era considerado pela metrópole como empório de riquezas naturais, e como a opressão holandesa não permitia abastecer o tesouro régio, foi abandonado Pernambuco em 1651, a seus próprios recursos.

CCCLXXXVI – Cômputo eclesiástico. Áureo número 18; ciclo solar 8; epacta 8; letra dominical A.

CCCLXXXVII – Domingo de Páscoa 9 de abril; dia 1º de janeiro domingo; indicação romana 4; período Juliano 6.364.

CCCLXXXVIII – No dia 5 de janeiro de 1651, o general Francisco Barreto fez marchar o sargento-mor Antonio Dias Cardoso à frente de quinhentos homens para o Penedo, a fim de bater os holandeses, que para o Rio de S. Francisco tinham ido em uma frota para se apoderarem da povoação; mas, sabendo os flamengos da grande força que havia contra eles, voltaram para o Recife; Dias Cardoso, depois de alguma demora, não achando inimigo, voltou para o arraial, trazendo bastante provimento para o exército pernambucano.

No dia 16 de julho do mesmo ano de 1651, o capitão João Barboza Pinto, com trezentos homens, foi ao Rio Grande do Norte, e depois de queimar as fortificações holandesas e saquear o que encontrou, voltou ao arraial de Pernambuco, conduzindo oitenta e três prisioneiros entre flamengos, índios e negros, e algum gado que pôde arrebanhar para fornecimento do exército pernambucano.

CCCLXXXIX – A povoação de Guaratinguetá, situada à margem direita do Rio Paraíba, e trinta e seis léguas distante da cidade de S. Paulo, foi fundada pelo capitão Domingos Leme da Costa, no ano de 1851, cuja igreja matriz é dedicada a N. S. do Rosário. Foi elevada a vila a 13 de fevereiro de 1657 pelo capitão-mor Dyonisio da Costa; e elevada a cidade pela lei provincial de 23 de janeiro de 1841. Tem casa de câmara, cadeia, casa de misericórdia, um hospital, pertencente à irmandade do Senhor dos Passos, e cemitério. É agricultora e criadora em seu município, sendo a sua produção mui rendosa etc. (Vide Apont. Hist. De Azevedo Marques).

CCCXC – O capitão Francisco Dias Velho Monteiro, com sua família, um agregado, homem branco, de nome José Tinoco, sua mulher, um filho e duas filhas, dois frades e quinhentos índios domésticos, seguiram de S. Paulo, a instâncias e coadjuvação do governador do Rio de Janeiro, Salvador Corrêa de Sá e Benevides, para povoar a Ilha de Santa Catarina. Tomam conta da ilha e fundam a povoação e uma capela dedicada a Nossa Senhora do Desterro, no mesmo local onde hoje existe a cidade do Desterro (N. E.: atual Florianópolis, capital do estado de Santa Catarina).

O nome de Santa Catarina dado à ilha, antiga Ilha dos Patos, provém de haver Martim Affonso de Souza, na viagem de exploração do Rio da Prata, avistado a dita ilha no dia 24 de novembro, em que a Igreja Romana celebra a festa consagrada a essa santa.

D. João IV, em 1654, fez doação da ilha e território oposto ao povoador Francisco Dias Velho Monteiro. Em 1655, o capitão Francisco Dias Velho Monteiro, quando trabalhava no seu estabelecimento, foi morto pelo corsário Roberto Lews em 1652. Por este triste acontecimento, a Ilha de Santa Catarina ficou deserta; mas, em 1692, João Felix Antunes, com sua família e duzentos e cinquenta açorianos e madeirenses, deram de novo começo à povoação da ilha, sendo ajudados pelos moradores da Laguna, cuja povoação foi antes fundada por Domingos Peixoto de Brito.

CCCXCI - Cômputo eclesiástico. Áureo número 19; ciclo solar 9; epacta 19; letra dominical G. F.

CCCXCII - Martirológio. Domingo de Páscoa 31 de março; dia 1º de janeiro segunda-feira; indicação romana 5; período Juliano 6.365.

CCCXCIII - A freguesia do Salvador, do curato da Sé, foi criada em 1552, pelo bispo d. Pedro Fernandes Sardinha.

A freguesia de S. Jorge dos Ilhéus foi criada em 1856.

A freguesia de N. S. da Assunção de Camamú foi criada em 1560.

CCCXCIV - O marquês de Montalvão, d. Jorge de Mascarenhas, primeiro vice-rei do Brasil, faleceu no dia 1º de janeiro de 1652, na prisão do castelo de Lisboa, onde já havia estado preso, com mulher e filhos, por infiel ao rei, e conhecida a sua inocência foi solto e restituído nas honras; mas depois tornou a entrar para a prisão onde faleceu, permitindo-lhe apenas el-rei fazer testamento, sendo acompanhado pela Irmandade da Misericórdia, de que fora três vezes provedor.

CCCXCV - D. Luiz de Almeida Portugal veio ao Brasil no posto de mestre-de-campo de um terço da guarnição da armada contra os holandeses em 1647, com o general Antonio Telles de Menezes, conde de Villa Pouca; e, sendo nomeado governador do Rio de Janeiro, por carta régia de 7 de setembro de 1651, tomou posse da administração em 1652. Durante o seu governo bem pouco fez de útil à cidade e à capitania; e tendo de retirar-se sem sucessor de nomeação régia, ficou interinamente substituindo-o Thomé Corrêa de Alvarenga.

CCCXCVI - Em virtude de uma representação dos moradores do Pará, el-rei d. João IV, pela resolução de 25 de fevereiro de 1652, suprimiu o governo geral do Maranhão, e dividiu em dois estados ou capitanias o Pará do Maranhão, com jurisdição independente uma da outra, sendo nomeado Balthazar de Souza Pereira para governar o Estado do Maranhão, o qual não consta que assumisse o cargo.

Os governos dos capitães-mores sem obediência ao do Maranhão foram três e durou até 1655.

O 1º capitão-mor foi Ignacio do Rego Barreto.

O 2º capitão-mor interino foi o sargento-mor da mesma capitania Pedro Teixeira, que tomou posse do cargo em 30 de março de 1654, e faleceu no dia 8 de maio do ano seguinte.

O 3º capitão-mor interino foi o capitão Ayres de Souza Chichorro, que tomou posse em 10 de setembro do mesmo ano.

CCCXCVII - D. Filippe III, tendo mandado criar em 7 de março de 1609 o Tribunal de Relação da Bahia, foi este suprimido em 5 de abril de 1626; mas el-rei d. João IV, julgando ser este tribunal indispensável no principado do Brasil, em bem da justiça dos povos o mandou restabelecer em1 2 de setembro de 1652, e passou a funcionar na parte de uma casa da Irmandade da Misericórdia, a qual parte foi comprada no dia 17 de janeiro de 1750 por um conto e seiscentos mil réis, compra que foi aprovada pela provisão de 5 de outubro de 1650. O regimento da Relação tinha a mesma data do dia 12 de setembro de 1652. O governador geral João Rodrigues de Vasconcellos e Souza, a quem tocava a presidência do tribunal, tomou posse do lugar no dia 13 de maio do ano seguinte de 1653.

CCCXCVIII - O general Francisco Barreto, tendo notícia que os holandeses tinham grande porção de pau-brasil para conduzirem para o Recife e ser dali exportado para a Holanda, e que mandavam víveres para sustento dos flamengos da praça do Recife, enviou no dia 20 de maio de 1652 para o Rio Grande o sargento-mor Antonio Dias Cardoso com quinhentos homens, e este, ali chegando, destruindo tudo o que encontrou pertencente aos holandeses, voltou ao arraial. Antonio Dias Cardoso, com a sua força, fielmente cumpriu as ordens que recebeu.

CCCXCIX - A povoação de Jacareí, na província de S. Paulo, na margem direita do Rio Paraíba, foi fundada por Diogo de Faro e Souza em 1652. A sua matriz é dedicada a N. S. da Conceição.

CD - Cômputo eclesiástico. Áureo número 1; ciclo solar 10; epacta 1; letra dominical E.

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