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HISTÓRIAS E LENDAS DE BERTIOGA - BIBLIOTECA NM - HIDRELÉTRICA/100º
O pioneirismo de Itatinga (4-e)

Texto publicado no jornal santista A Tribuna, em 10 de outubro de 2010, na revista especial Itatinga 100 Anos, páginas 30 a 39:

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Itatinga 100 Anos

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Foto: Du Zuppani, publicada com a matéria, página 30 e 31

Exuberante por natureza

Viver em Itatinga é estar em contato permanente com a rica biodiversidade da Mata Atlântica

A nascente do Rio Itatinga fica no alto da Serra do Mar, a cerca de 1.100 metros de altitude. Mas, na verdade, não há uma nascente específica.

Segundo Renato Trenche, do Parque das Neblinas, a origem do rio está associada a três riachos: o Córrego da Paca, o Ribeirão da Chuva e o Córrego da Campina. Porém, nos períodos de maior pluviosidade, surgem outros contribuintes.

Aliás, segundo o geógrafo Aziz Ab'Saber, as encostas da Serra do Mar, em Bertioga, apresentam um dos mais altos índices de chuva de todo o Brasil, com taxas superiores a 4.500 milímetros anuais.


Foto publicada com a matéria, página 32

Piscinas - Ao todo, Itatinga (que significa pedra branca em tupi - ita = pedra; e tinga = branca) possui cerca de 24 km de extensão, do alto da serra até desaguar no Rio Itapanhaú.

Toda essa região é caracterizada por mata de encosta, manguezal e restinga, espalhada sobre duas áreas de preservação, o Parque Estadual da Serra do Mar (310 mil hectares) e o Parque das Neblinas (2.800 hectares, em Bertioga, na divisa com o município de Mogi das Cruzes).

Ao longo desse trajeto é possível se deparar com diversas cachoeiras e piscinas naturais, que se formam ao longo do sinuoso curso do rio, além da exuberante flora e fauna que o acompanham.


Foto publicada com a matéria, página 33

Patrimônio - Itatinga está inserida dentro do que os ecologistas chamam de um hotspot - no caso, a Mata Atlântica, declarada pela Unesco como Patrimônio da Humanidade, uma área prioritária para conservação, pois tem um alto grau de diversidade de espécies, muitas delas únicas no mundo.

Da fauna, podemos citar espécies de pássaros como o tiê-sangue, saíras, bem-te-vis, andorinhas, beija-flores, sabiás, arapongas, canários-da-terra, tucanos e corujas. Entre os mamíferos, vagam pela região jaguatiricas, suçuaranas (onça parda), antas, capivaras, bichos-preguiça e onças pintadas. Mas há mais, muito mais.

Há sapos tão pequenos que cabem na unha do seu dedo, uma infinidade de insetos que vão de graciosas borboletas a grandes aranhas. Peixes, liquens, musgos, fungos, trepadeiras, helicônias, bromélias, orquídeas, ingás, araçás, muricis, gabirobas, cambucis, manacás e pitangueiras, só para citar as mais comuns.


Foto publicada com a matéria, página 33

Acessos - Há três formas de acesso à Vila de Itatinga. A primeira delas é pelo Planalto, a partir do Parque das Neblinas.

A segunda é pela rodovia Rio-Santos, num percurso completado por pequena travessia de barca no Rio Itapanhaú, e uma viagem de 7,5 km num dos bondinhos da Usina.

Outra opção é de barco. Nesse caso, chega-se ao Rio Itatinga no ponto onde ele deságua no Rio Itapanhaú - viagem que só pode ser feita por meio de pequenas embarcações em razão do baixo calado do rio, já nas proximidades da Usina.


Helicônia
Foto publicada com a matéria, página 34


Tucano de bico preto
Foto publicada com a matéria, página 34 e 35


Flor de ingá ferro
Foto publicada com a matéria, página 34


Fungo
Foto publicada com a matéria, página 35


Gaturamo
Foto publicada com a matéria, página 35


Besouro Coleoptera
Foto publicada com a matéria, página 35

Trilhas - Várias trilhas cortam a região, tais como a das Ruínas, a da Captação, a do Vale do Rio Itatinga, dos Três Poços e o Caminho de Pedra.

A Trilha das Ruínas começa nas ruínas da Igreja de Nossa Senhora dos Pilares (ou Pelaes), do século XVII, e margeia o Córrego Fazenda.

O caminho, percorrido em cerca de 40 minutos, é cercado por mata de encosta preservada, com diferentes espécies vegetais. Por meio dela chega-se a uma área de captação de água, que forma uma bela cachoeira.

Já a Trilha da Captação, de 1,5 km entre árvores de maior porte, que formam uma cobertura densa e contínua, passa por áreas de transição da vegetação de restinga para mata de encosta, atravessando regatos em rústicas pontes, margeando o Ribeirão Tachinhas.

Com 6 km de extensão, o Caminho de Pedra liga a área de planície ao alto das montanhas, margeando em zigue-zague a linha do trem funicular, a mais de 700 metros de altura.

Calçado com pedras, permite já em seu primeiro trecho, de 1,2 km, ver a paisagem da planície, com os rios Itapanhaú e Itatinga, o mar e a vegetação. Três horas de percurso depois, o visitante atinge um mirante, de onde avista toda a região desde Bertioga até Alcatrazes. É a chamada Câmara D'água.

Bromélias e orquídeas marcam a Trilha dos Três Poços, que pode ser percorrida a pé em cerca de meia hora, margeando um córrego até chegar a um poço decorado por grandes rochas, sobre as quais a água corrente forma duchas naturais vindo de dois poços acima. Essa trilha sai da Mata de Restinga e entra na Mata de Encosta (ombrófila).

Já o Vale do Rio Itatinga oferece águas frias e cristalinas, repletas de pequenos peixes, com trechos de correnteza rápida alternados com cachoeiras e várias piscinas naturais, tudo isso em meio a uma densa vegetação de árvores de grande porte, entre as quais os ingás, que são hospedeiros de epífitas como as orquídeas, bromélias e os filodendros, servindo de suporte para trepadeiras e cipós. Destaque ainda para uma infinidade de plantas arbustivas como xaxins, helicônias e caetés.

Esse percurso, de cerca de 50 minutos, é muito procurado por estudiosos da fauna, que ali encontram pegadas e vestígios de lagartos como o teiú e outros pequenos animais, além de observar uma grande variedade de pássaros, insetos, flores e árvores frutíferas.


Foto publicada com a matéria, página 36


Foto publicada com a matéria, páginas 36 e 37


Foto publicada com a matéria, página 37

Trilhas, ruínas centenárias e uma vista única do Litoral Paulista são alguns dos diferenciais da área da Usina


Abelha mamangava em flor de orelha de onça
Foto publicada com a matéria, página 38


Bromélia
Foto publicada com a matéria, página 38


Aranha
Foto publicada com a matéria, página 38

Energia para superar os desafios do Porto

Fundamental e estratégica para o Porto de Santos, a Usina Hidrelétrica de Itatinga, no limiar de completar cem anos, passou nos últimos meses por revisões e reformas que lhe garantiram excelentes condições operacionais. Pode-se afirmar sem receios que, apesar de há um centenário em operação, ela produz energia com a mesma eficiência de quando foi inaugurada.

Investimentos já realizados e previstos para este ano atingem o total de quase R$ 18 milhões. Foram trocadas válvulas de retenção, remodeladas as turbinas, reisolados os geradores, modernizadas as subestações, reformadas edificações, além de melhorias nos acessos ferroviários e das residências na Vila. Será ainda feita a troca dos painéis eletromecânicos de comando por equipamento digital, o que garantirá, inclusive, energia de qualidade superior à da oferecida pela rede pública.

Nos próximos dois anos, a empresa deve promover a troca da rede de distribuição aérea no trecho da Torre Grande até a Central Elétrica em Santos, transpondo o canal do estuário com os cabos envelopados e enterrados 25 metros abaixo do nível do mar, sem representar qualquer risco à navegação.

Definitivamente, Itatinga é prioritária para o Porto. A produção própria de energia representa um diferencial para o setor. Para se ter uma ideia, os 15 megawatts gerados seriam suficientes para abastecer uma cidade de mais de 50 mil habitantes. O Porto consome atualmente 23 megawatts, contando com 8 megawatts intercambiados com a CPFl.

Projetos e investimentos estão em estudo pela Codesp e CPFL para ampliar a oferta de energia para o Porto num horizonte de dois anos, atingindo em conjunto um fornecimento de até 35 megawatts.

Consciente da importância da valorização do patrimônio histórico, esta diretoria sente-se gratificada pela oportunidade de comemorar este centenário investindo e reconhecendo a enorme relevância do complexo que extrapola os limites do Porto de Santos, representando um magnífico patrimônio da engenharia brasileira.

Os engenheiros de então, autênticos homens de ciências, se desdobraram em cálculos e ousados projetos para dar lugar à energia elétrica, contribuindo, de forma decisiva, para a consolidação daquele que já se apresentava como o maior porto brasileiro. Esta verdadeira epopeia se completa com a história de uma autêntica comunidade de trabalhadores das Docas e familiares que, ao longo desses 100 anos, ocupou a Vila fundada, para que lá pudessem residir, manter e operar esse incansável complexo de energia, trabalho e vida chamado Itatinga.

José Roberto Correia Serra, presidente da Codesp


"Consciente da importância da valorização do patrimônio histórico, esta diretoria sente-se gratificada pela oportunidade de comemorar este centenário"
Foto: divulgação, publicada com a matéria, página 41

"Definitivamente, Itatinga é prioritária para o Porto de Santos"