Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/h0061b.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 04/29/04 08:35:41
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - RIOS & RIACHOS
O moinho vermelho e o rio desconhecido (2)

Leva para a página anterior

Quem visita Santos e encontra apenas alguns canais artificialmente construídos, talvez nem imagine a grande quantidade de cursos de água que caracterizou a geografia local, muitos dos quais até hoje correm por caminhos subterrâneos, com seu traçado esquecido.

Um exemplo dramático das conseqüências desse esquecimento foi a queda, ainda na fase de construção, do edifício Moulin Rouge (nome que em francês significa "moinho vermelho") na Rua Goiás. Descobriu-se que, além de falhas de cálculo arquitetônico, o prédio estava sendo assentado sobre o leito de um riacho, fato só recordado após a queda das estruturas. Sobre esse antigo rio, o  jornal santista A Tribuna publicou, em 1º de abril de 1990:

Planta decalcada do Plano Regional do Litoral, de 1978, anterior à separação do município de Bertioga.
Trecho de matéria publicada em 1/4/1990 no jornal santista A Tribuna

Uma cidade de muitos rios esquecidos

Ivani Ribeiro da Silva

Santos é uma cidade com inúmeros cursos d'água. Os maiores e mais importantes, até o final do século passado (N.E.: século XIX), eram os ribeirões do Itororó, de São Jerônimo e de São Bento, os mananciais de água potável para a população. Também havia o Ribeirão do Seixas - ou Rio dos Soldados - que saía do estuário e seguia o atual traçado das avenidas Campos Salles, Rangel Pestana e Pinheiro Machado; existiam ainda os rios Branco e Dois Córregos. Esses dados constam do mapa de José Pereira Rebouças, de 1903, pesquisado agora pelo santista José Paulo Saddi.

Quase todos esses cursos foram canalizados por baixo de ruas e avenidas, ou tiveram seus leitos desviados para os canais de drenagem idealizados por Saturnino de Brito e construídos a partir de 1905. Este é o caso do Dois Córregos, que vinha do estuário, cortando o Macuco, e virava para o lado da praia, onde depois surgiu o Bairro do Gonzaga. A outra ponta do rio (na praia) ficava exatamente onde foi traçada a divisa do Gonzaga com o Boqueirão.

Quando começaram a ser construídos os canais, foi aberta a Avenida Washington Luiz (mais tarde Canal 3). Ela começava no ponto onde terminava o Rio Dois Córregos e seguia numa reta até a altura da linha férrea que iniciava na Rua Braz Cubas e, à altura da Rua Barão de Paranapiacaba, seguia para o José Menino.

O leito do trecho do Dois Córregos que virava em direção à praia ficava entre as avenidas Ana Costa e Washington Luiz, foi aterrado e o curso d'água desviado para o Canal 3. Um pedaço desse antigo leito corta a Rua Goiás, coincidentemente nas imediações do Edifício Maison Moulin Rouge.

Na coleção A Baixada Santista - Aspectos Geográficos, editada pela USP, o professor José Carlos Rodrigues comenta que grande parte do solo da Baixada é constituída por terrenos pantanosos, incapazes de suportar cargas apreciáveis.

Desde a década de 60, quando se intensificaram as construções de edifícios na Cidade, José Carlos diz: "...as sondagens para fundações de edificações pesadas têm amiúde revelado, sob as areias, espessa camada de vasa (material lodoso próprio do fundo de rio ou mar) inconsistente".

A areia é bom material de sustentação de cargas pesadas, mas, em Santos, há muitos terrenos arenosos com lodo embaixo. Neste caso, há risco de o peso fazer o terreno ceder. José Carlos sugere que sejam feitas estacas atravessando o lodo até encontrar terreno firme, mas destaca que, em determinados espaços, elas têm que ser tão longas a ponto de encarecer excessivamente as edificações.

Leva para a página seguinte da série