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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - BIBLIOTECA - TEATROS
Memórias do Teatro de Santos (06)


Clique na imagem para voltar ao índice da obraComo em muitas outras cidades brasileiras, a memória do teatro santista raramente é registrada de modo ordenado que permita acompanhar sua história e evolução, bem como avaliar a importância dos artistas no contexto nacional, rememorando as grandes atuações, as principais montagens etc.

Uma tentativa neste sentido foi feita na década de 1990 pela crítica teatral santista Carmelinda Guimarães, que compilou depoimentos escritos e orais, documentos e outros registros, nas Memórias do Teatro de Santos - livro publicado pela Prefeitura de Santos em 1996, com produção de Marcelo Di Renzo, capa de Mônica Mathias, foto digitalizada por Roberto Konda. A impressão foi da Prodesan Gráfica.

Esta primeira edição digital em Novo Milênio foi autorizada pela autora, Carmelinda Guimarães, em 6 de janeiro de 2011. O exemplar aqui utilizado foi cedido pelo ator santista Osvaldo de Araujo:

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Memórias do Teatro de Santos

Carmelinda Guimarães

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Crônica da época: O novo Theatro Colyseu

Visando acompanhar a vertigem progressista de Santos, a Companhia Cinematográfica Brasileira através a atividade de seus diretores srs. Antonio Candido de Camargo, cap. Antonio Gadotti e Silverio Ignarra, planejou e executou sob a competente direção do seu associado em Santos, sr. comendador M. Fins Freixo, a ereção no centro da cidade, de um teatro digno desse progresso.

O nosso teatro, entregue há bem pouco ao público desta cidade, é um dos mais belos e confortáveis do Brasil.

A sua pomposa inauguração teve lugar a 21 de junho com a representação do mimoso conto lyrico 'A bela adormecida', libreto do dr. João Kopke e partitura do eminente dr. Carlos de Campos, muito digno presidente de São Paulo.

Ao ato inaugural, epilogado com um selecto baile a que compareceu o 'set' santista, assistiu o laureado autor e digno chefe de Estado, acompanhado dos seus auxiliares de governo e altas autoridades federais e municipais.

Consta o soberbo edifício de um majestoso vestíbulo que faculta acesso ao suntuoso salão nobre, uma verdadeira maravilha de arte arquitetônica.

Possui esse amplo salão 11 largas janelas e 6 portas com custosos vitraes, franqueando estas a passagem para a pitoresca 'terrasse' que defronta a Praça José Bonifácio; 39 riquíssimos lustres, distribuídos convenientemente por entre as suas 11 colunas de ordem dórica espadanam luz em profusão, fazendo cintilar o cristal 'dos espelhos que exornam as paredes'.

Como delicada nota de arte, destacam-se as decorações do inspirado artista cav. Fonzari. Soberbos cortinados e luxuosas tapeçarias que foram especialmente confeccionados pela Casa Alemã, completam a nababesca impressão do conjunto.

A platéia é modelar, elegante e a sua forma de 'ferradura' permite a observação, sem esforço, dos mais insignificantes detalhes da cena.

Em cima, uma arrojada concepção, de subido valor, devida ainda ao painel de Fonzari. Trata-se de uma empolgante alegoria sobre a música e a comédia, na qual 'Euterpe' se compraz em deleitar, com harmoniosos sons, uma revoada de serafins, enquanto 'Thalia', empunhando os símbolos de comédia e da tragédia, contempla em êxtase o quadro delicioso.

O vão destinado à orquestra, em estilo wagneriano, é vasto e comporta 100 professores. A iluminação ultrapassa a expectativa, pois é profusa e optimamente distribuída.

Quanto à 'caixa', bem poucos teatros do Brasil, sob o ponto de vista de comodidade e de técnica, satisfaz plenamente. Dispõe ainda de 35 confortáveis camarins, salão de cenografia, salão de ensaios, de contra-regra, depósito para o material e moderníssima 'cabine' elétrica.

A iluminação do palco é a última palavra e está distribuída em 10 colossos gambiarras de 100 lâmpadas cada uma, na ribalta com cerca de 200, em diversos focos de grande poder e inúmeros tangões.

Atendendo aos rigores da estação calmosa, foram rasgadas, em ambos os flancos do magestoso edifício, inúmeras janelas que concorrem para o arejamento natural, não falando nos modernos aparelhos de renovação de ar.

Em todas as ordens, servidas por vastos corredores, existe para usos dos srs. espectadores uma seção de vestiário e 'buffet' e as mais modernas quanto higiênicas instalações sanitárias para ambos os sexos.

Contíguo ao salão nobre está um cômodo 'buffet' que se desdobra em cozinha para facilitar o respectivo serviço durante os banquetes que ali sejam realizados etc.

Preventivamente, a Empresa, tendo em vista facultar ao público, a par do conforto máximo, a máxima segurança em casos imprevistos, fez abrir saídas mais que suficientes, bem como distribuiu diversos aparelhos contra incêndios e registros de água para serviço dos bombeiros.

E finalmente, daremos em algarismos a demonstração das comodidades que encerra sua lotação, que é grande capacidade, mais ou menos assim distribuídas: 600 poltronas, 225 poltronas de Foyer, 27 frisas, 27 camarotes de primeira, 25 de segunda, 220 balcões, 110 galerias numeradas e 600 geraes, ao todo 2.300 pessoas.

Revista Novidades, 1924.

O Improviso D'Alma, de Ionesco. Em pé, Jansen, Silvio, Evêncio e Cida. Sentado, Wilson

Foto publicada com o texto