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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Tradição madeirense e os sinos no morro

Trazidas pelos imigrantes da região insular portuguesa do Atlântico, diversas tradições foram revividas por eles em terras santistas, especialmente nos morros em que se instalaram os portugueses da Ilha da Madeira. Entre eles o da Nova Cintra, que em sua praça principal conta com a Igreja de São João Batista, polarizadora da fé religiosa dessa comunidade. A inauguração de um grupo de sinos dessa igreja e as festas natalinas típicas dos madeirenses-santistas foram registradas pelo editor de Novo Milênio, que publicou esta matéria na edição de 20 de dezembro de 1980 do jornal santista A Tribuna:

Os sinos da Igreja de São João Batista, no Morro de Nova Cintra,
serão inaugurados na noite de Natal
(foto publicada com a matéria)

Nos morros, festas e uma tradição revivida

Uma festa típica portuguesa, tradicionalmente realizada na Ilha da Madeira pelo Natal, será revivida este ano nos morros da Nova Cintra e São Bento (antigos núcleos de ilhéus), na noite do dia 24, quando também serão inaugurados os sinos da Igreja de São João Batista. No Morro do Saboó, haverá amanhã uma festa de Natal para as crianças.

Segundo o padre Júlio Lopes Llarena, da igreja da Praça Guadalajara, a festa vinha sendo realizada em Santos há vários anos, mas em 1979 não houve, por falta de músicos. Constitui-se de cânticos e romarias, seguindo-se os usos e costumes madeirenses.

"Na Madeira e em Portugal continental é costume se percorrer em romaria todas as aldeias das freguesias, cantando músicas natalinas anualmente renovadas e recolhendo o que se poderia chamar de presentes de Natal.

"Da mesma forma, os participantes - coordenados por Manoel Gonçalves - vão se dividir em uns quatro grupos, e enquanto um recolhe as contribuições na área da subida do morro pelo lado do Jabaquara, outro percorre a esplanada da Avenida Santista, um terceiro vai ao Canto da Bica (imediações do acesso à Vila Progresso) e o último vai para a região da cachoeira.

"As contribuições são quase sempre em espécie: bolos, bebidas, produtos típicos natalinos, depois oferecidos ao pároco. Mas alguns dão contribuições em dinheiro, destinadas às obras da igreja".

Conta o padre Júlio que a cerimônia na igreja começa com a toada do Glória: uma moça vestida de anjo vai dizendo mensagens evangélicas e de felicitações, e o povo responde "Glória in excelsis Deo".

Após o fim da ladainha, há a missa, em que os presentes recolhidos na comunidade - inclusive dinheiro pendurado como bandeirolas em fios, porcos vivos, galinhas chocando e outros exemplos curiosos de oferendas - são apresentados, sempre da forma mais original possível, acompanhados por grupos de cantores e músicos (estes são geralmente os de maior idade, que conhecem bem a tradição e conseguem renovar as modinhas natalinas).

Inauguração de sinos - O padre Júlio mostra-se entusiasmado ao falar dos novos sinos da igreja, cuja inauguração, às 22h30 do dia 24, marcará o início da festa. São três sinos de bronze, montados em carrilhão, e avaliados em Cr$ 500 mil (dinheiro obtido com as festas juninas da paróquia).

O sino maior pesa 210 quilos e está dedicado ao padroeiro da igreja São João. Para fins de registro histórico, está gravado o nome do Papa atual, João Paulo II, e a data, 25 de dezembro de 1980. Segue-se o sino dedicado a São José, com 110 quilos, e o nome do bispo, D. David Picão. O terceiro sino, de 75 quilos, é dedicado a Nossa Senhora, e tem o nome do pároco, Júlio Lopes Llarena. Pela ordem, os sinos formam um carrilhão com as notas musicais do-mi-sol.

No rodapé do sino de São João está gravado - como de praxe - um texto latino relacionado com o santo: "Eis o cordeiro de Deus, o que tira o pecado do mundo"; da mesma forma, no de S. José a frase é "Varão justo e prudente, constituído por Deus sobre sua casa"; no sino de Nossa Senhora: "Minha alma engrandece o Senhor".

Considera o padre Júlio que se no Centro os sinos das igrejas perdem a importância - por serem ouvidos por poucos, devido às inúmeras construções que cercam os templos -, na Nova Cintra o carrilhão adquire importância, porque a igreja domina geograficamente o bairro.

São Bento - Ao mesmo tempo que na Nova Cintra, o Morro do São Bento estará revivendo também a tradição dos cânticos e romarias na véspera de Natal. Serão quatro romarias (mirim, infantil, de jovens e de adultos), com início marcado para as 22 horas na Capela de Nossa Senhora da Assunção.

A festa consta basicamente de cânticos entoados na igreja por moradores da região e alguns visitantes especialmente convidados. Terminada a romaria dos adultos, entra pela igreja a charela, um barco conduzido pelos moradores, cheio de prendas que são oferecidas ao pároco local. Após a última romaria, será oficiada a Missa do Galo. A tocata que acompanhará as romarias desse morro é dirigida pelo acordeonista João Matheus, contando ainda com João H. Pereira na viola, e com os cavaquinhos de Neyde Pereira e João de Abreu.

Morro do Saboó - Com a presença, no domingo, às 14 horas, do Papai Noel oficial de Santos, a Sociedade de Melhoramentos do Morro do Saboó promoverá defronte da sede, no caminho de acesso ao alto do morro, sua festa de Natal para as crianças da área.

Segundo o presidente da entidade, Francisco João Ribeiro, haverá entrega de brinquedos, refrigerantes e doces, além de atividades de lazer, estando previsto o comparecimento de cerca de 500 crianças. A festa conta com a colaboração da Secretaria de Esportes e Turismo, do vereador Carlos Mantovani Calejon e da empresa Refrigerantes de Santos (fabricante local de Coca-Cola).


Padre Júlio, entusiasmado com os novos sinos
(foto publicada com a matéria)

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