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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS
Um túnel baixo demais

15 centímetros em 15 metros viram um percurso de 15 quilômetros...

Quando a movimentação de carga conteinerizada começou a crescer em Santos, tornando necessária a construção do primeiro terminal portuário especializado no País, na margem esquerda do Estuário (inaugurado em 31/8/1981 no distrito de Conceiçãozinha, no município do Guarujá), problemas inesperados ocorreram no sistema viário. O mais curioso foi um túnel ou viaduto (a diferença de interpretação ficava por conta da autoridade que tentava transferir responsailidades...) numa alça de interligação entre a Via Anchieta e a Via Piaçagüera-Guarujá, em que uma diferença de quatro centímetros na altura passou a causar uma série de acidentes.

Então atuando como jornalista responsável pelo caderno Marinha Mercante em Todo o Mundo, publicado semanalmente no jornal O Estado de São Paulo, o editor de Novo Milênio investigou e descobriu a causa dos acidentes, iniciando uma campanha junto às autoridades para que o problema fosse resolvido. Essa campanha, de vários anos, foi feita junto com o jornalista Áureo de Carvalho, que respondia pelo setor de Transportes no jornal santista A Tribuna.

O tema foi assim abordado por Marinha Mercante/OESP em 29 de setembro de 1981:

Túnel é muito baixo para a passagem de conteineres
Foto: Marinha Mercante/OESP, em 29/9/1981

Um túnel estrangula o tráfego de conteineres para o terminal de Santos

Uma diferença de menos de 15 centímetros na altura de um túnel sob a Via Anchieta está trazendo sérios problemas às empresas que precisam fazer o transporte de conteineres entre São Paulo e o novo Terminal de Conteineres do Porto de Santos, em Conceiçãozinha (Guarujá), ou entre este terminal e a cidade de Santos. Devido à gravidade do problema, ocorreu na semana passada uma reunião de agentes de navegação e outra da Associação Brasileira das Empresas Transportadoras de Conteineres, decidindo-se pelo envio de telex denunciando o fato à Cideti e ao Ministério dos Transportes, e solicitando providências ao Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e à Secretaria de Transportes do Estado de São Paulo.

O túnel (também classificado por alguns como viaduto ou pontilhão) situa-se no Km 55 da Via Anchieta, sob a rodovia, interligando-a com a Via Cubatão/Guarujá, no trevo rodoviário, e que esteve recentemente em obras de reforma, sem no entanto ter sido alterada sua altura. Segundo as especificações, o túnel tem 4,08 metros de altura, e possui duas pistas de tráfego inversas, além de teto arredondado.

Um conteiner padronizado possui normalmente 8,6 pés de altura, ou 2,59 metros, que se somam ao 1,60 metro de altura na parte dianteira do boogie, no ponto de engate do pino-rei, para um total de 4,19 metros (a traseira é mais baixa, 1,42 metro de altura, mas no caso é necessário considerar o ponto mais alto). Isso, com o conteiner vazio, porque se estiver carregado, os pneus e a suspensão cedem uns 12 centímetros - no caso do chassis ter um eixo só, o trucado não tem essa redução.

Essa é a explicação técnica para o fato do conteiner carregado conseguir passar pelo túnel - e isto se a carreta transitar pela parte central, entre as duas pistas, pois em caso contrário a borda superior direita do conteiner baterá no teto arredondado do túnel.

O problema está sendo sentido por diversas transportadoras, e teme-se inclusive que ocorra algum acidente sério com algum motorista desavisado que tente passar com o conteiner vazio por se lembrar que com o mesmo cheio foi possível passar.

Solução: afundar? - A primeira solução encontrada para o problema - que depois se demonstrou ser inviável - foi a abertura ao tráfego de caminhões em ambos os sentidos da Via Bandeirantes, paralela à Anchieta, mas verificou-se que um viaduto existente nessa via não tem condições técnicas para suportar o tráfego de veículos pesados, além de a própria estrada ser pouco larga para esse objetivo.

Também haveria a solução de a Codesp instituir - como aliás vem sendo pleiteado há vários meses - um ferry-boat para conteineres entre as duas margens do Estuário, o que inclusive reduziria o tempo de percurso e o gasto de combustível, mas a Codesp não está disposta a institucionalizar o serviço, mantendo-o apenas para casos de emergência.

No telex enviado sexta-feira às autoridades, os membros da ABTC sugerem como paliativo que a pista seja rebaixada sob o túnel o suficiente para permitir a passagem dos conteineres sem maiores problemas.

Porém, esta é apenas uma solução temporária, como observa o secretário da entidade, Hélio Nascimento: os padrões ISO consideram apenas o comprimento do conteiner, e no Brasil são aceitos os de 20 e 40 pés. Porém, não há limitação de altura, e na Europa já existem conteineres de 10 pés de altura, que acabarão vindo também para o Brasil, pois a legislação brasileira não os proíbe. Nessa hora, como fazer para transportar tais conteineres pela Via Anchieta, de São Paulo para o terminal ou do terminal para Santos? Portanto, as autoridades do setor rodoviário devem desde já estudar o problema para que seja construído algum viaduto sobre a Anchieta ou adotada alguma outra solução.

No momento, as empresas que enfrentam esse problema estão utilizando o expediente de fazer o veículo procedente de São Paulo ir até Santos e retornar pela outra pista, e o procedente do terminal seguir pela Via Anchieta até a Serra e passar à pista descendente por uma ligação ali existente - mesmo com risco de algum acidente mais grave naquele ponto. Entretanto, em ambos os casos, há um sensível dispêndio de tempo e de combustível, incompatível com os planos governamentais de economia, e com as necessidades de agilização do tráfego de conteineres pelo terminal especializado da Baixada Santista.

A campanha conjunta dos jornais prosseguiu com a publicação por Áureo de Carvalho, em 9/10/1981, em A Tribuna, desta matéria:

O pequeno túnel, com altura insuficiente para a passagem de conteineres
Foto: jornal A Tribuna de Santos, em 9/10/1981

"Containers" não cabem no túnel da 
V. Anchieta

O pequeno túnel sob a Via Anchieta, no Km 55, tem quatro metros de altura livre (vão), e um container sobre uma carreta tem 4,15 metros de altura, quando vazio. Na madrugada de ontem, um motorista de uma carreta de containers, que procedia do terminal de Conceiçãozinha (Guarujá) e rumava a Santos, ao tentar cruzar o pequeno túnel, colidiu contra a abóbada.

A colisão, que teria ocorrido entre zero hora e uma hora de ontem, foi violenta, segundo caminhoneiros que se encontravam no pátio de estacionamento de um posto de gasolina das proximidades. Ao receber o impacto, uma das vigas superiores do túnel partiu-se em duas metades, uma das quais caiu sobre o cofre-de-carga e se encontra jogada ao lado da pista de acesso da passagem.

Na manhã de ontem, por volta das 11h30, o fato quase se repetiu com o caminhão KF-3127, que procedia do Planalto, rumo a Cubatão, com um grande carregamento de tambores vazios. Devido à altura da carga - acima de 4 metros -, o caminhão não pôde entrar no túnel e, depois de muitas manobras, retornou à Via Anchieta, fazendo o percurso até o Viaduto 31 de Março, no Casqueiro, só depois seguindo para Cubatão.

Mais grave - O túnel sob a Via Anchieta, no Km 55, sempre foi problemático para o acesso a Cubatão, devido à sua altura, contrastando com o vão livre dos túneis da Serra do Mar, que conservam vãos livres superiores a 5 metros. Foi construído em 1945, quando da inauguração da Via Anchieta, e há três meses foi reformado pela Dersa, que ali investiu cerca de Cr$ 6 milhões. No entanto, não foram alteradas as características e dimensões originais, prevendo que seria construído no futuro outro trevo no entroncamento daquela estrada com a Rodovia Padre Manuel da Nóbrega.

Os problemas do local se acentuaram em fins de setembro, com a inauguração do terminal de containers de Conceiçãozinha, para cujo acesso, para o tráfego procedente do Planalto, há passagem obrigatória pelo pequeno túnel do Km 55. Os transportadores rodoviários da Baixada que operam com os cofres-de-carga já conhecem o local, e para evitar acidentes (iguais aos de ontem), instruíram seus motoristas, que são obrigados a um percurso de mais de oito quilômetros para ingressarem na estrada Cubatão-Guarujá e alcançarem o terminal de Conceiçãozinha. Quando o transportador rodoviário de containers não conhece o local, o caminhão acaba batendo com o cofre-de-carga na parte superior do túnel. Provam isso as inúmeras marcas de batidas existentes na abóboda da passagem.

Complexo - Segundo um transportador local de container, credenciado pela Cideti, o cofre-de-carga tem uma altura-padrão de 2,45 metros, e a plataforma da carreta, em média, 1,5 metro de altura. Se o container estiver com bastante carga (peso), a plataforma desce um pouco, para 1,05 ou 1,10 m e assim, às vezes, carreta e container passam raspando pelo pequeno túnel. Se o cofre-de-carga estiver vazio, entretanto, a altura chega a 4,15 metros (sobre o caminhão), o que impede a passagem no túnel. O motorista que colidiu com a viga da cobertura do túnel, na madrugada de ontem, talvez não conhecesse as peculiaridades do local; daí o abalroamento, que poderia ter outras (e mais graves) conseqüências.

O problema é o mesmo quando o container é transportado sob um caminhão de carroçaria comum adaptada. Só que nessa situação, mesmo com o container vazio (N.E.: correto seria: cheio) a altura do cofre-de-carga suplanta os quatro metros do vão livre do túnel.

Mas a situação se torna mais grave porque os quatro metros de altura previstos na passagem foram medidos no centro da pista, que é estreita e tem tráfego com mão dupla de direção: nas laterais, onde os caminhões são obrigados a trafegar quando há veículos em sentido contrário, o vão livre tem menos que aquela metragem.

Na edição de 2 de março de 1982, Marinha Mercante obtinha uma posição do secretário paulista dos Transportes:

 

Neste ponto - Km 55 da Via Anchieta - ocorre o estrangulamento do tráfego
Foto: Marinha Mercante/OESP, em 29/9/1981

"Túnel" sob a Anchieta: enfim uma resposta

Carlos Pimentel Mendes

Depois de cinco meses de silêncio das autoridades sore o problema, surgiram dias atrás as primeiras manifestações oficiais sobre a questão do túnel que permite a ligação da Via Anchieta com a rodovia Piaçagüera-Guarujá, e conseqüentemente com o Terminal de Conteineres da Codesp, como resposta às repetidas denúncias das empresas transportadoras, de que os conteineres do ou para o terminal não passam por ali.

O problema - O túnel ou viaduto, dependendo da conceituação de cada autoridade e dos interesses envolvidos nessa conceituação, situa-se sob o Km 55 da Via Anchieta (e isso foi confirmado, contrariando suas informações, sr. José Maria de Barros) no ponto onde esta cruza com o acesso à via Piaçagüera-Guarujá (SP-55).

Como foi detalhado nesta seção, na edição de 29 de setembro, o túnel tem gabarito de 4,08 metros, e possui duas pistas de tráfego inversas, além de teto arredondado. Um conteiner padronizado possui normalmente 8,6 pés de altura, ou 2,59 metros, que se somam aos 1,60 metro de altura na parte dianteira do boogie (veículo apropriado para o transporte dessas unidades), no ponto de engate do pino-rei, totalizando 4,19 metros de altura. A traseira do veículo é mais baixa, com 1,42 metro de altura, mas no caso é necessário considerar o ponto mais alto.

Isso, no caso do conteiner estar vazio, porque se estiver carregado, os pneus e a suspensão cedem uns 12 centímetros - no caso do chassis ter um eixo só, pois no veículo trucado não ocorre essa redução.

Essa é a explicação técnica para o fato do conteiner carregado conseguir passar pelo túnel, com uma folga de uns dois centímetros - na condição do veículo trafegar pela parte central, entre as duas pistas, devido ao arredondamento do teto. Motoristas desavisados já sofreram acidentes por isso.

O problema ocorre tanto em relação aos veículos procedentes de São Paulo, em demanda do terminal especializado da Codesp, como é sofrido pelos motoristas que precisam retornar do terminal em direção a Santos. A única alternativa no momento é fazer o veículo procedente de São Paulo prosseguir até Santos e voltar pela outra pista até a interligação, e o procedente do terminal seguir até a Serra e retornar pela pista descendente da Anchieta até Santos.

Solução? - Como sugestão paliativa, as transportadoras apontaram o rebaixamento do leito carroçável do túnel, mas dias atrás o presidente da Codesp, Sérgio da Costa Matte - engenheiro e conhecedor do problema - explicou a razão de isso não ter sido ainda feito:

"Há problemas com o lençol freático (depósito natural de águas no subsolo), que na região da Baixada Santista situa-se muito próximo da superfície. Um rebaixamento provocaria a afloração da água, e o túnel permaneceria inundado, a não ser que fosse instalado um equipamento para bombear permanentemente essa água".

Em 1985, o trevo - José Maria de Barros, secretário dos Transportes do Estado de São Paulo, demonstrando conhecer pelo menos superficialmente o problema, explicou que o túnel existe desde 1957, e quando foi projetado o Terminal de Conteineres do Porto de Santos esse túnel já existia, portanto.

Para solucionar o problema de forma definitiva, a secretaria iniciará no segundo semestre do ano a construção de um grande trevo por baixo da Via Anchieta, com dois viadutos e quatro alças-de-ligação. "Será uma obra com mais de dois anos de duração, cerca de 2,5 anos provavelmente". Tal obra não pôde ser feita antes por falta de recursos do governo estadual, como explicou, e com ela também será feita a duplicação da Piaçagüera-Guarujá.

O secretário descartou a possibilidade de uma obra paliativa: "Quando o governo está lutando com a falta de recursos, e já vai executar a obra definitiva, não dá para fazer uma solução provisória. Até lá, haverá esse transtorno, enquanto não for concluído o trevo definitivo".


Outros acidentes podem ocorrer, com conseqüências mais graves
Foto: jornal A Tribuna de Santos, em 9/10/1981

Uma semana depois, em 9 de março de 1982, mais uma vez Marinha Mercante cobrava as providências urgentes que o assunto requeria:

Prazo para o "túnel" da Anchieta desagrada

A previsão das autoridades estaduais de que o problema do "túnel" sob a Via Anchieta só será resolvido com a construção do trevo rodoviário, a se iniciar no próximo semestre e a ser concluído dentro de cerca de três anos, causou polêmica em Santos, na semana passada, e determinou a decisão do diretor-presidente da Codesp de até o final do mês criar uma alternativa para o transporte de conteineres de e para o terminal especializado situado na margem esquerda do porto.

A posição do secretário dos Transportes do Estado de São Paulo, José Maria de Barros, foi divulgada na terça-feira passada por esta seção, quando ele descartou a possibilidade de uma solução paliativa para permitir a passagem de veículos transportadores de conteineres na interligação do Km 55 da via Anchieta com a rodovia Piaçagüera-Guarujá, que dá acesso ao terminal portuário de conteineres. Com a resposta, o secretário pôs fim a um silêncio de cinco meses sobre o assunto, mas reativou a polêmica sobre a questão, que vem prejudicando exportadores e importadores brasileiros e os transportadores - hoje obrigados a darem grandes volteios rodoviários - até Santos ou até o trecho da serra da Anchieta, com a conseqüente perda de tempo e o gasto de combustível.

Reações - A primeira reação do titular da Codesp, Sérgio da Costa Matte, foi de espanto, ao saber da notícia. Depois, ponderou e respondeu que três anos é um prazo grande, mesmo reconhecendo as dificuldades que atingem o Tesouro Estadual. "Essa solução para o acesso ao terminal, nós gostaríamos que viesse em prazo menor. Mas, em vista dessa resposta, estamos retomando o estudo de alternativas, entre elas a travessia de conteineres pelo estuário, ainda que não de forma geral, mas capaz de atender às principais operações. Já temos feito algumas travessias e vamos ver até onde, com nossos recursos, poderemos ampliar o que vem sendo feito em caráter excepcional. Até o fim do mês será dada uma resposta, com uma solução alternativa".

Cláudio Marote, representante da Wilson Sons (que atua como agência de navegação e com serviços de rebocagem no porto), soube das declarações, interpretando-as como indicação de que a Codesp deverá ela mesma fazer esse serviço, utilizando seu próprio equipamento. Porém, "em caso de emergência, quando o rebocador deles tiver problema, poderemos dar cobertura". E acrescentou: "Realmente, quem tem o terminal pronto e os atracadouros é a Codesp, e é ela que pode analisar a operação. Mas, se o serviço for feito por particulares, estamos na fila para fazê-lo".

Já o diretor-superintendente da Transitária Brasileira S.A. (Transbrasa), Bayard Umbuzeiro, considerou estar a Codesp bem intencionada, numa atitude elogiável, mas atrasada, pois havia sido bem alertada para esses problemas anteriormente.

Para Bayard, "a iniciativa privada tem condições melhor que ninguém para fazer esse serviço. Já a Codesp terá de absorver um ônus muito grande nesse serviço, que vai refletir-se sobre os usuários, pois ela, deficitária como está, não pode absorver mais nenhum ônus. E, da forma como ela pretende fazer, os custos serão grandes".

"Um absurdo! O poder público tem de facilitar e dar condições para que o empresário promova as exportações, que representam muito para a nação, e quanto mais ele desenvolver sua atividade, melhor para o País, só há vantagem" - foi a reação do presidente da Câmara Brasileira de Contêineres (CBC) ao saber do prazo para a solução do problema apresentado pelo secretário estadual dos Transportes. Fernando Nunes Cunha declarou ainda que "tem de haver uma solução paliativa, e também a Codesp deveria colocar um ferry-boat para agilizar a movimentação de contêineres, já que o desenvolvimento dessa atividade é de interesse nacional".

Quase dois anos após as primeiras denúncias, a questão continuava sendo protelada. A cobrança, desta vez, foi feita por A Tribuna, na edição de 17 de abril de 1983:

 

Qualquer dia pode haver um grave acidente
Foto: jornal A Tribuna de Santos, em 17/4/1983

No pequeno túnel da Via Anchieta, contêiner não passa

O bug (N.E.: grafia correta é boogie) com o contêiner esvazia ou reduz a pressão dos pneus, e consegue passar no pequeno túnel de 15 metros de comprimento. Às vezes, quando o "olhômetro" do motorista não está calibrado, o bug entala no teto do túnel, onde há marcas visíveis de esbarrões e raspadas. Mas quando o contêiner viaja de caminhão ou carreta, os quatro metros de vão livre do túnel não são suficientes, e nesse caso o contêiner faz um percurso extra de até 15 quilômetros, serra acima, até a Curva da Onça da Via Anchieta, e depois retorna.

O problema está no pequeno túnel do trevo do Km 54,5 da Anchieta, onde a estrada Cubatão-Guarujá faz junção com a Rodovia Padre Manuel da Nóbrega, e ambas com a própria Anchieta. A placa da Dersa indica vão livre de quatro metros, mas o túnel tem só 3,95 metros: o espaço que falta seria o suficiente para eliminar as dificuldades.

Os técnicos da Dersa descartaram a possibilidade de rebaixamento do piso do túnel, alegando comprometimento na drenagem da área, bastante crítica e exposta às inundações quando chove na região. Descartam também viabilidade de levantamento da cobertura do túnel, sem alterar o nível das pistas da Via Anchieta, e por isso transferiram a responsabilidade ao DER. Este pretende construir um desvio na estrada Cubatão-Guarujá, que faria junção com a Via Padre Manuel da Nóbrega no viaduto da Fepasa, no Km 56 da Anchieta.

Isso não foi feito, segundo o DER, porque a área a ser ocupada pelo desvio rodoviário foi tomada por uma favela: o órgão estadual não tem como remover os favelados, que invadiram, com suas casas, terrenos do próprio DER e da Fepasa.

Até quando? - As transportadoras que operam contêineres no Terminal da Portobrás, em Conceiçãozinha, aguardam solução do problema há mais de um ano, desde que o terminal começou a funcionar.

Quando o contêiner procede do terminal e se destina ao Planalto, para subir a serra da Anchieta, não há problemas. Mas quando o caminhão pretende alcanaçr a Imigrantes, ou se dirige ao Litoral Sul pela Rodovia Padre Manuel da Nóbrega, faz uma viagem forçada até a Curva da Onça. Nesse caso, o túnel de 15 metros do trevo da Anchieta se transforma num prolongamento de 15 quilômetros, incluindo subida e descida da Serra do Mar, com enorme desgaste do veículo e consumo desnecessário de combustível.

Os contêineres que procedem do Planalto, pela Anchieta, ou do Litoral Sul, fazem percurso diferente: trafegam pela Anchieta até o viaduto do km 59,5 (Casqueiro) e depois retornam pela mesma Via Anchieta até alcançarem o Terminal da Portobrás, em Guarujá. A situação é a mesma para os cofres-de-carga que procedem de Santos e seguem para o Litoral Sul. Para estes, há opção de tráfego pela Ponte do Mar Pequeno, via perímetro urbano de São Vicente e Avenida Nossa Senhora de Fátima, em Santos.

As transportadoras, prejudicadas pelo encarecimento dos fretes, estão se documentando de material fotográfico e pretendem apelar diretamente ao governador Franco Montoro, porque os apelos feitos à Dersa, ao DER e à Secretaria dos Transportes não encontraram resposta.

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