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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - TRANSPORTES - LIVROS
Uma história dos transportes em Santos (13)

Clique nesta imagem para ir ao índice da obraA história centenária dos transportes coletivos em Santos foi narrada em 1987 pelo professor Ricardo Evaristo dos Santos e pelo jornalista e advogado José Paulo de Oliveira Matos, na obra Transporte coletivo em Santos - História e Regeneração. Com 160 páginas, ilustradas, o livro (registros CDD - 388.4 - S237t) foi editado pela Companhia Santista de Transportes Coletivos (CSTC), sendo composto e impresso em 1987 na Gráfica Prodesan, em Santos, com o apoio do prefeito Oswaldo Justo.

Esta primeira edição digital, por Novo Milênio, foi autorizada em 17/2/2010 por Paulo Matos, que faleceu em Santos, em 19 de julho de 2010. Não foi possível localizar o outro autor, que teria se radicado na Europa alguns anos depois. Páginas 107 a 116:

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Transporte Coletivo em Santos

História e regeneração

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 Ricardo Evaristo dos Santos e Paulo Matos

Operação: novas linhas e racionalização

O programa de revitalização da CSTC realizou estudos sobre o sistema global de tráfego nos veículos coletivos, detectando áreas do município carentes dos serviços do transporte popular. Em outros casos, concluiu-se que era preciso remanejar linhas de modo a atender melhor o público, tornando-as mais racionais e rentáveis, a partir do aumento de sua utilização.

Dentro dessa perspectiva, várias linhas foram criadas, reativadas ou ampliadas, em um processo constante de observação e análise do comportamento dos usuários.

Linha 40 - A interligação do bairro do José Menino com o Centro, via Gonzaga, reforçando o transporte pela Avenida Conselheiro Nébias, feito pela linha de trólebus 40, havia sido extinta há sete anos, em outubro de 1978. Mas esta essencial linha de ônibus elétrico, que faz ponto na Praça Washington - onde fica o nosso Orquidário Municipal - e na Praça Mauá, voltou a circular no dia 5 de agosto de 1985.

Linhas 34 e 43 - No dia 21 de agosto de 1985, foi promovida a ligação por transporte coletivo dos bairros do Campo Grande e da Aparecida com o centro da cidade, via Avenida Bernardino de Campos. Visando atender as necessidades de transporte da população da Zona Noroeste, também, a partir do dia 24 de abril de 1987, essas duas linhas circulares passaram a percorrer em seu itinerário os conjuntos residenciais Costa e Silva e Dale Coutinho, ampliando sua oferta de serviços.

Linha 12 - A densidade populacional da Zona Noroeste e sua necessidade de ligação com o bairro do José Menino e o Centro, via Avenida Ana Costa, foram os motivos que levaram a CSTC a reativar a linha 12 de diesel, inaugurada em 15 de outubro de 1985.

Linha 8 - Prolongada até a Praça Coração de Maria no dia 27 de novembro de 1985, onde agora faz ponto final, no bairro da Ponta da Praia, a linha oito de trólebus foi estendida em dois quilômetros, satisfazendo a milhares de usuários que passaram a utilizar-se de seus carros.

A linha de trólebus 8 liga o Centro à Ponta da Praia, atravessando os bairros do Mercado, Macuco, Embaré e Aparecida.

Linha 18 - Ampliada em seu trajeto a partir do dia 2 de dezembro de 1985, em virtude de ter sido extinta a linha 16 - evitando a sobreposição com baixo aproveitamento -, que servia o bairro do Jabaquara, a partir do dia 29 de abril de 1987 a linha 18 foi novamente estendida, havendo por isso um reforço no número de veículos. Essa modificação visou permitir aos habitantes dos morros do Marapé e Nova Cintra o transporte até as proximidades da orla da praia e o Centro.

Linha 20 - A inauguração da linha expressa 20, em 30 de abril de 1986, visou dar reforço ao transporte coletivo na Avenida Ana Costa, dentro da política de dotar a cidade de linhas expressas pelas avenidas radiais. Ela faz a ligação do Gonzaga - Praça da Independência - com o Centro.

Linha 53 - Outra que após sete anos de desativação voltou a servir como elo na ligação entre os moradores da Avenida Washington Luiz, o Centro e o Orquidário Municipal, no José Menino, é a linha 53 - que no dia três de junho de 1986 foi reativada, depois de ausentar-se desde o dia 2 de fevereiro de 1979. A recuperação dos trólebus que a serviam possibilitou essa volta da linha 53, que ainda teve otimizado seu percurso, retirando-o do perigoso contra-fluxo na Avenida Floriano Peixoto, no Gonzaga.

Para que fosse possível evitar a contramão dos trólebus na Avenida Floriano Peixoto, foi instalada rede elétrica em sua via paralela, a Rua Marechal Deodoro (entre a Praça da Independência e a Rua Bahia), em toda a extensão da Rua Euclides da Cunha e em dois trechos da Avenida Pinheiro Machado (canal 1). Esse novo trajeto diminuiu o perigo de acidentes e também o consumo de energia, reduzindo ainda o tempo de viagem.

Linhas 1 e 2 - A ampliação das linhas 1 e 2, que ligam os bairros do Boqueirão e Gonzaga - circular via avenidas Ana Costa e Conselheiro Nébias - de maneira a que servissem melhor à população usuária da Zona Noroeste, para onde foram estendidas, ocorreu no dia primeiro de julho de 1986 - atendendo aos apelos do povo da região. Com o novo traçado, essas linhas integram os bairros da Zona Noroeste no circuito do transporte popular em Santos.

Linha 52 - Ligando a Ponta da Praia ao Marapé e ao Centro, via Pinheiro Machado e Praia, no dia 20 de novembro de 1986 foi criada a linha diesel 52, circular com a linha 25.

Linha 30 - Ampliando a oferta de serviços de transporte coletivo pela Avenida Washington Luiz, fazendo a ligação dos moradores da avenida e arredores com a Praça da Independência - no Gonzaga - e o Centro, a linha 30 foi inaugurada no dia 14 de julho de 1986, dentro da meta traçada de criação de linhas expressas pelas vias radiais da cidade.

Essa linha funciona também como reforço às linhas de elétricos 5 e 53, que também trafegam pela Avenida Washington Luiz (canal 3).

Linha 50 - A população dos bairros do José Menino e Marapé, sobretudo a residente nas proximidades da Avenida Pinheiro Machado, a partir do dia 11 de fevereiro de 1987, pôde contar com os serviços da linha 50 de diesel, mis uma linha expressa reforçando o transporte no Canal 1 e ligando estas áreas.

Linha 80 - Com a entrega de mais quatro ônibus novos pela Mercedes-Benz, apresentados no dia 9 de fevereiro de 1987 pelo prefeito Oswaldo Justo após a "Reunião da Madrugada", a CSTC implantou, no dia 25 daquele mês, a linha de diesel 80 - criada de modo a que seu itinerário cobrisse áreas nunca antes servidas pelo transporte coletivo.

Dessa forma, no percurso de interligação ferry-boat/Centro, cumprido por esta linha, os coletivos circulam pela Avenida General San Martin (Canal 7), percorrendo diversas ruas da Ponta da Praia até a Avenida Pedro Lessa.

Linha 81 - Fazendo circular com a linha 18 e ligando os morros aos bairros do Campo Grande, Marapé e Vila Belmiro, foi inaugurada no dia 29 de abril de 1987 a linha 81 diesel.

Essa linha foi crida visando apresentar à comunidade dos morros um sistema de transporte urbano que atendesse às suas necessidades, após estudos e pesquisas, criando também uma nova ligação na área central - a praia do José Menino com a Avenida Bernardino de Campos.

Para adequar os veículos às peculiaridades do terreno acidentado dos morros, todos os carros que servem a essa linha tiveram seus freios e suspensões reforçados, além de motores novos e mais potentes, recomendados para pistas de aclive e declive acentuados.

Os coletivos da linha 81 atravessam os morros do São Bento, Vila Lindóia e Vila Progresso, Morro do Marapé e da Nova Cintra.

A CRIAÇÃO, MODIFICAÇÃO E EXPANSÃO DOS TRAJETOS DOS COLETIVOS URBANOS, RACIONALMENTE DISTRIBUÍDOS PELA CIDADE DE MODO A CADA VEZ MELHOR ATENDER À SUA POPULAÇÃO, SÃO OBJETO DE CONSTANTES ESTUDOS DA ATUAL ADMINISTRAÇÃO DA CSTC, QUE COM EFICÁCIA VAI DIMINUINDO S DISTÂNCIAS NA CIDADE QUE SE EXPANDE.

No futuro, CSTC na Baixada

Nossa empresa de transporte coletivo tem um índice funcionário/ônibus que, apesar de sofrer substancial modificação após o desempenho do programa de recuperação - adequando-se à frota e aos serviços -, ainda assim é maior do que as demais empresas do setor. Essas têm até seis funcionários/ônibus; a CSTC pouco mais de oito, mas esta questão é facilmente traduzível: algumas dessas empresas são até clientes da CSTC.

Isso se explica: a estrutura de transporte coletivo da CSTC, que já foi a maior da América Latina, tem um gigantesco patrimônio e abrange uma gama de serviços inexistentes nas outras empresas. Ela faz a recuperação de equipamentos mecânicos e elétricos em máquinas novas e antigas que vieram da Bélgica, da Alemanha e até da França. Tem oficina de estofamento, carpintaria, pintura, construção e reforma de trólebus, além da funilaria, por exemplo.

Além disso, tem funcionando, 24 horas por dia, equipes de manutenção da rede elétrica de trólebus e operação das subestações de força, sem recorrer a terceiros, como fazem as outras companhias de transporte coletivo. Nessa nova fase da administração do prefeito Oswaldo Justo, o administrador Marcus Alonso estimulou a criação, com recursos e pessoal da empresa, de um Departamento de Engenharia. O que antes rendia para uns poucos, agora rende para o povo santista.

Por isso, o índice funcionário/ônibus é mais elevado. Mas, também por isso, essa estrutura oferece enormes perspectivas de expansão e auto-suficiência à empresa e ao transporte popular. Em um futuro próximo, será natural a expansão da CSTC por toda a Baixada Santista, oferecendo preços competitivos e serviços eficientes.

Lazer e infância, reflexos da nova fase

Um exemplo da dedicação reconquistada junto aos funcionários foi a construção, em tempo recorde, pelos trabalhadores da empresa, em seus momentos de folga, de uma acolhedora área de lazer no interior da empresa pública. Na antiga área de 15 x 120 metros, havia um "cemitério" de ônibus e trólebus avariados e se desfazendo pelo abandono - cerca de dois metros de altura de sucata de cada lado que, vendida, rendeu 400 milhões de cruzeiros, abrindo um novo espaço.

Inaugurado no dia 11 de outubro de 1985, o bulevar da CSTC marcou as comemorações do Dia da Criança, realizadas pela primeira vez na empresa. O local, um trecho da Rua 13 de maio, entre a garagem de trólebus e o colégio Cesário Bastos, servia anteriormente como depósito de materiais inservíveis, oferecendo um aspecto nada agradável ao ambiente de trabalho.

A proposta de recuperação da área, e sua transformação em área de lazer para a população infantil do bairro da Vila Mathias, partiu dos próprios funcionários da empresa, entusiasmados com a idéia de melhorar o visual daquele pequeno trecho. Os brinquedos que integram a área - um verdadeiro mini-playground - foram idealizados e confeccionados pelos funcionários, a partir do aproveitamento de material disponível na Companhia. Dessa forma surgiram balanços, gangorra, barra fixa e barra com argola, escorregador, bancos (feitos com dormentes) e até uma bica, canalizando a água potável de nascente no Monte Serrat.

O bulevar também foi totalmente ajardinado e recebeu iluminação reforçada, sendo separado das dependências da CSTC por um portão com motivos infantis, também confeccionado por um funcionário da empresa. A área de lazer é isolada da Rua 13 de Maio por um portão, aberto aos finais de semana e feriados, permitindo a entrada de crianças e famílias. A própria CSTC mantém vigilância na área.

A área de lazer foi montada pelos seguintes funcionários: Henrique Pedro dos Santos (chefe de seção do Departamento de Mecânica Central - DMC), Wilson da Silva Peixoto (soldador, já aposentado), Hernani Moreira da Silva (supervisor, já aposentado), João Paulo Sobrinho (ferreiro, já aposentado), além de Cícero Justo Alves e José Alberto Martins.

Já o Mickey, Pato Donald, Zé Carioca, Mônica e Cebolinha, entre outros personagens do mundo infantil, foram incorporados, em junho de 1986, à área de lazer da empresa. A exemplo dos brinquedos existentes no play-ground, a presença das figuras infantis se deve, também, à criatividade e disposição de funcionários da Companhia, mais precisamente de um grupo de trabalhadores liderados por Clarindo José da Silva, de 33 anos, há três anos e meio trabalhando no Serviço de Recuperação de Trólebus (SRT).

A necessidade de se instalar um portão no trecho final da área de lazer (a entrada se faz pela Rua 13 de Maio), isolando-a do pátio interno da CSTC, levou o funcionário a desenvolver uma idéia do prefeito Oswaldo Justo, idealizando um peça própria para o local, mas totalmente integrada ao ambiente. Em fins de abril de 1986, Clarindo começou a viabilizar o portão com 15 metros de comprimento, abrigando em seu centro uma porta com duas abas, possibilitando tanto o acesso de coletivos da companhia, como da população, respectivamente, já que as peças podem ser movidas isoladas ou de forma conjunta.

E foi o próprio Clarindo quem deu a idéia de instalar molduras em cada aba do portão, destacando figuras da literatura infantil. O portão é, indiscutivelmente, artístico, confeccionado pela equipe do SRT, que preferiu moldá-lo em formato chinês, isto é, com a parte central mais alta que as laterais, formando uma ponta.

O trabalho, todo artesanal, foi desenvolvido pela equipe, sempre após o horário normal de trabalho e ainda nos finais de semana, uma decisão dos próprios funcionários, ansiosos em ver o serviço concluído. O entusiasmo era tão grande que o próprio presidente, Marcus Alonso Duarte, ao promover uma verificação rotineira na empresa, em junho, flagrou Clarindo em plena atividade, mais preocupado em concluir a pintura dos desenhos do que em assistir à estréia do Brasil na Copa do Mundo (3 de junho). E só após muita insistência, conseguiu demovê-lo de passar a tarde de folga na companhia.

O portão foi construído com material disponível na CSTC, havendo um pequeno gasto com a aquisição de tubos galvanizados. As telas de grande resistência e que representavam o custo maior foram aproveitadas de outros setores. A peça, que se fosse encomendada custaria aproximadamente Cz$ 20.000,00 (computando-se material e mão-de-obra), foi confeccionada em tubo galvanizado, com molduras em cantoneira e telas. Estas últimas, também existentes na companhia e recuperadas pelos funcionários.

No centro da moldura encontra-se uma outra peça, onde foram pintadas as figuras infantis, ressaltando em fundo branco. O desenho e a pintura dos personagens são do próprio Clarindo: Zé Carioca, Nestor, Cebolinha, João Bafo de Onça, Pato Donald, Tio Patinhas, Mickey e Pateta. No alto da área central do portão está a figura da Mônica, convidando as crianças a brincar na área de lazer da CSTC.

Novos abrigos pra os usuários, agora definitivos

Pela primeira vez na história de Santos estão sendo instalados abrigos definitivos para os usuários dos ônibus e trólebus e para os motoristas e passageiros dos táxis nos pontos. Feitos de concreto pré-moldado e fibra, com luminárias internas para garantir maior conforto e segurança aos usuários noturnos, o projeto de construção de abrigos prevê a instalação de 300 unidades em uma primeira etapa, sendo 89 para táxis e 211 para os coletivos.

Dispostos nos principais pontos de afluxo de usuários, os novos abrigos estão sendo instalados com rapidez - já existe uma média de 50 unidades instaladas - pela Prodesan, encarregada de executar esse serviço pela Prefeitura Municipal de Santos, sob a orientação da CSTC.

Esses abrigos retomam a idéia de construir proteções definitivas para os usuários dos coletivos, levando adiante a proposta lançada pelo ex-prefeito Antonio Feliciano, que chegou a construir por volta de 1957 diversos abrigos de concreto armado para os passageiros dos bondes, alguns ainda hoje existentes na praia e no Centro.

Os abrigos de ônibus estavam recebendo um tratamento provisório há décadas, servindo a aventuras de publicitários que, em troca de mensagens comerciais neles estampadas, se comprometiam a colocá-los nos principais pontos de utilização pela população santista. Com isso, os abrigos colocados eram pequenos, inseguros e de pouca durabilidade, além de serem anti-estéticos e não compatíveis à tradição histórica de uma cidade turística e bela como Santos.

A iniciativa do prefeito Oswaldo Justo de determinar a construção desses abrigos definitivos, com cestas de lixo ao lado, faz justiça aos usuários do transporte coletivo e reflete esta fase de recuperação de sua empresa de transportes, contribuindo para a nova cidade que está sendo construída.

"Não é possível que uma cidade com as dimensões de Santos não possua abrigos dignos para usuários de ônibus e trólebus, o mesmo acontecendo com os motoristas de praça que jamais receberam cuidados do poder público. Eles necessitam de abrigos para protegê-los, pois enfrentam toda a sorte de dificuldades", disse o prefeito Oswaldo Justo ao determinar a medida.

A economia e a eficácia das novas cores

A modificação do visual dos coletivos da CSTC obedeceu a princípios de eficiência operacional bem mais amplos do que se nota à primeira vista. A uniformização de ônibus e trólebus nas cores amarela e vermelha priorizou pelo menos quatro papéis fundamentais, justificando o esforço empreendido de se alterar as cores-padrão da companhia.

A vantagem de se usar duas cores fortes, ao invés dos quatro meios-tons usados anteriormente - as cores da Empresa Brasileira de Transportes Urbanos, a EBTU - se traduziu, inicialmente, na economia de tempo, mão-de-obra e tinta. Dois ônibus são pintados por dia, ao invés de um a cada dois dias como na forma anterior.

O segundo papel é o aspecto de limpeza, uma vez que as "saias" dos veículos são da cor escura, diminuindo a possibilidade de manchas adquiridas no percurso dos coletivos. O terceiro importante papel desempenhado pelos vistosos ônibus amarelos e vermelhos é a diminuição sensível no número de acidentes, graças à melhor visualização por parte dos outros motoristas, diminuindo as colisões.

O quarto e último importante papel diz respeito aos usuários que, como vimos, são o objetivo da CSTC. Estes têm maior facilidade de identificação visual dos seus coletivos.

Não é por acaso que as grandes empresas usam corres destacadas para colorir seus veículos, marcas e produtos: a visualização é fundamental. Nesse sentido, a adoção de um novo logotipo pela atual administração visou oferecer uma melhor identificação aos munícipes que se utilizam dos serviços da Companhia Santista de Transportes Coletivos, a CSTC.

Bertioga, avançar foi preciso

O distrito santista de Bertioga (N.E.: que só se emanciparia de Santos em 1991), parte continental do município, tem núcleos populacionais pequenos e distantes em sua vasta extensão territorial. São 580 km² de área semi-intocada, quase quinze vezes o território da Santos-sede na ilha, que tem 39 km², oferecendo por isso baixa rentabilidade às empresas de transporte coletivo que lá operavam. Por isso, em 1982 a empresa concessionária que operava no distrito desistiu dos serviços, retirando de circulação as suas linhas.

A CSTC, como empresa pública do município, assumiu a incumbência de prover aquele território santista, de apenas dez mil habitantes, do transporte popular, convivendo a partir daí, até a assimilação dos resultados do programa de recuperação, com um déficit considerável que se acumulava dia após dia.

Nos últimos meses a situação vem se invertendo e já há um equilíbrio entre receita e despesa, oferecendo-se um serviço bem melhor do que o de outrora. Como veremos na página seguinte, na Evolução do Transporte Popular em Bertioga, atualmente a CSTC transporta o dobro dos usuários do que em agosto de 1985.

A construção de novos vestiários, escritórios, oficinas e de uma nova garagem em uma área cedida pela Prefeitura Municipal, introduziu em um novo tempo este importante e vital serviço prestado ao povo da região.

Anteriormente a CSTC tinha em Bertioga 8 ônibus, dos quais apenas um funcionava. Atualmente tem 5 veículos, todos em funcionamento, tendo reduzido o número de funcionários lotados ali de 32 para 21, integrando-se efetivamente aos serviços prestados.

Ao mesmo tempo em que foram aperfeiçoados os serviços de manutenção e racionalizados os serviços, foram estancados os gastos desnecessários, abrindo perspectivas de expansão para o setor em Bertioga.

A linha Bertioga/Caruara

Parte territorial de Santos-Continente, Caruara é um núcleo de seiscentos habitantes e fica a 35 quilômetros do Distrito de Bertioga e a 52 quilômetros de Santos-Ilha. A linha ligando Caruara a Bertioga foi inaugurada no dia 12 de novembro de 1985, cobrindo em uma hora os trinta e cinco quilômetros do percurso.

Evolução do transporte popular em Bertioga

A média de passageiros, no distrito, oscilava mensalmente entre 23 e 25 mil. A partir de agosto do ano passado, esse índice começou a se elevar, apresentando a seguinte posição:

agosto/85 26.262   maio/86 42.520
setembro/85 28.933   junho/86 39.949
outubro/85 34.692   julho/86 41.679
novembro/85 35.501   agosto/86 46.229
dezembro/85 30.981   setembro/86 47.197
janeiro/86 33.359   outubro/86 54.385
fevereiro/86 32.515   novembro/86 55.993
março/86 38.146   dezembro/86 57.078
abril/86 42.025   janeiro/87 57.568
      fevereiro/87 52.938
      março/87 64.130

"Buriquioca"

Buriquioca era como os índios chamavam o território hoje denominado Bertioga, que em tempos antigos foi ponto vital para conter possíveis penetrações de Tamoios e piratas na direção do estuário. Situada na entrada da barra do canal, hoje do mesmo nome, o livro do economista Marcílio Braghetta Soares, Introdução à Formação Econômica da Baixada Santista - de onde retiramos esta e outras informações que compõem este trabalho - explica que Buriquioca quer dizer Casa de Buriquis, uma espécie de macaco.

Duas obras de fortificação construíram o sistema defensivo da Barra da Bertioga, primeiro forte construído por Martim Afonso no lado do continente, denominado Forte Thiago ou Forte São João, e, no outro lado, na ilha de Santo Amaro, o Forte de São Luiz ou São Felipe.

Além da função defensiva, Bertioga ocupou uma atividade econômica de porte durante mais de um século, desde o início dos anos setecentos, com a pesca da baleia e a industrialização de seu aceite, utilizado na iluminação pública e particular. Até o início do século XIX, a produção de azeite de baleia era comercializada para a iluminação de Santos, S. Vicente, S. Paulo, São Sebastião e até para o Rio de Janeiro.

Essa atividade decaiu antes do fim da metade desse século e, graças a esse fato, Bertioga retraiu seu crescimento, permanecendo semi-intacta em suas potencialidades naturais, que hoje se revelam como de rara importância em nosso contexto de devastação ambiental, como uma garantia de vida.

Bertioga é hoje um território vital para expansão santista, dentro da perspectiva de humanização das relações habitante/cidade. A antiga Buriquioca tem condições de absorver um vasto contingente populacional futuro, impossibilitado de realização dentro dos limites da Santos-ilha. Esta ocupação, porém, deverá ocorrer ordenadamente, respeitando, garantindo e preservando a longo prazo a sobrevivência do meio, que significa a sobrevivência do homem.

Há perigo, pois as populações dos grandes centros, ávidas do desfrute de suas belezas naturais - e agora com caminhos até ela - invadem em massa seus espaços sem que haja uma infra-estrutura capaz de suportar essa súbita invasão, que resulta em prejuízos ao meio.

Assim como seu território vizinho, a Santos-Quilombo, com 66,7 km² de pura natureza, aguarda que o progresso humano altere o tom de seu progresso irracional e devastador e, com objetivos nas maiorias populares e não no lucro desumano, busque entrosar seus espaços de vida.

A ausência de uma atenção no sentido de manter o equilíbrio ambiental e viabilizar a expansão da região em conciliação com o ecossistema regional indicará no rumo de um prejuízo social e econômico de grandes proporções, transformando toda a comunidade - através dos efeitos nocivos do meio-ambiente alterado - nos grandes perdedores do futuro.