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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - Igrejas - Embaré - BIBLIOTECA NM
A capela do Embaré em 1915 (7)

Esta rara publicação de 36 páginas foi encontrada em um sebo paulistano pelo pesquisador e professor de História Francisco Carballa. A monografia A Capela de Sto. Antonio do Embaré, com apontamentos e fatos coligidos por Luiz de Moraes Carvalho, de Santos, foi editada nesta cidade em 1915, sendo impressa na capital paulista pela tipografia de Pocai Weiss & C. (grafia atualizada nesta transcrição):


Imagem: capa da publicação original

A capela de Santo Antonio do Embaré

Luiz de Moraes Carvalho

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Antonio Cândido Gomes


uma das individualidades mais conhecidas e mais respeitadas nesta cidade o sr. cel. Antonio Cândido Gomes.

As simpáticas considerações de que goza provêm de qualidades naturais e adquiridas, de uma criteriosa e exemplar vida pública e vida doméstica.

Filho do falecido Ernesto Cândido Gomes, de saudosa memória, e de d. Manuela Moreira Gomes, nasceu na cidade de Cachoeira, em 28 de maio de 1868, no Rio Grande do Sul.

Veio para Santos com seus pais em janeiro de 1883, empregando-se na casa comissária Prates & Filho, onde seu pai era guarda-livros. Dez anos depois, tendo já pelo seu trabalho assegurado o futuro, contraiu matrimônio com a exma. sra. d. Carlota de Arruda Gomes, filha do antigo negociantes desta praça José Manuel Arruda, já falecido. De tão feliz enlace vivem hoje onze filhos, tendo morrido um.

Dessa numerosa prole o sr. Antonio Cândido Gomes tem cuidado com os mais requintados afetos d'extremoso pai. E por isso tem o prazer de ver que a educação que deu a seus filhos os coloca hoje, os mais velhos, na primeira linha da sociedade de Santos, tanto no que respeita às festas e diversões como nas lides práticas do comércio e do trabalho. Muitos têm sido os esforços e perseverantes os sacrifícios para chegar a este resultado. Mas o seu coração de pai e o seu espírito de homem estão bem compensados pela estima e respeito que cercam todos aqueles a quem deu o ser.

As suas largas faculdades conquistando-lhe uma posição evidente, exigiram-no para o desempenho de muitos e importantes cargos.

Por largos anos exerceu as funções de consultor e tesoureiro da Santa Casa de Misericórdia.

A sua inexcedível dedicação pelas obras de beneficência levou-o a diretor e presidente do Asilo de Órfãos, a diretor beneficente e tesoureiro da Sociedade Humanitária dos Empregados do Comércio. Pertenceu à diretoria do Club Internacional de Regatas; foi juiz de paz, vereador municipal, diretor e secretário da Associação Comercial de Santos, e juiz substituto federal. Criou o Consulado da República do Chile, exercendo o lugar alguns anos, e também à sua iniciativa se deve a linha de bondes na Vila Macuco, que por direitos adquiridos foi concedida à City.

O sr. A. C. Gomes fundou a Companhia Santista de Tecelagem, de que foi um grande acionista, e dirige hoje a sua importante casa comercial na Rua Quinze, que dispõe do mais alto crédito, possuindo também a empresa de transportes, por automóveis. Pela sua atividade e inteligência é que se encontra em notável progresso a Companhia Central dos Armazéns Gerais.

Por esta extensa lista de ocupações, todas de maior ou menor responsabilidade, se avalia a influência pessoal de que dispõe, justificada por uma larga capacidade intelectual e uma irrepreensível conduta, séria e honesta.

Acompanhado de sua numerosa e querida família, a Capela do Embaré deve-lhe inolvidáveis benefícios. É indispensável, portanto, que nesta modesta monografia se marque o seu nome com a superioridade compatível nestas páginas. É que estamos convencidos que, ao vê-lo passar nas ruas de Santos, não se erguerá para a sua figura modesta a atenção curiosa que provoca a garridice dos snobs ou a auréola dos heróis; mas um coro surdo, íntimo, se forma em todos, como que dizendo: - aí vai um homem de bem.


Antonio Cândido Gomes
Foto publicada na obra original


O engenheiro M. Hehl

engenheiro Hehl foi o autor do projeto da ampliação atual da capela do Embaré. A opulência do seu grande talento manifesta-se sempre, quer o requisitem para os mais vastos planos arquitetônicos, ou o solicitem para as modestas e humildes construções. Em todas as suas obras cabe perfeitamente o prolóquio latino - ex digito gigans - pelo dedo se conhece o gigante.

Não é este o lugar oportuno para traçar um rápido esboço biográfico do engenheiro Maximiano Hehl. Nem é essa a nossa missão; e quando o fosse, julgávamo-nos impróprios para cumpri-la.

É tão vasto, tão intenso e fecundo o feixe de luz vivificante que o seu espírito tem irradiado no Brasil, que não podem apreendê-lo em toda a extensão as ligeiras frases que desejamos aqui estampar como legítima homenagem. Riquezas, glória, família, felicidades, tudo quanto o Brasil lhe tem dado nos vinte e cinco anos de residência, é ainda pouco para o compensar dos monumentos com que o tem embelezado.

Maximiano Hehl fez um curso notável d'engenheiro, n'Alemanha, sua pátria, onde já a sua família se havia distinguido nos trabalhos d'engenharia. Veio muito novo para o Brasil, chamado por seu irmão, que dirigia as Obras da Estrada de Ferro de Minas.

Daí seguiu para S. Paulo, onde uma carreira triunfal o esperava, com as mais largas remunerações. Trabalhou uns poucos d'anos no escritório do dr. Ramos d'Azevedo, que cedo lhe reconheceu o mérito e o chamou para seu lado. Depois de serviços relevantes, foram-lhe confiados projetos grandiosos que o seu talento realizou com o maior assombro.

São Paulo deve uma parte de sua grandeza arquitetônica ao engenheiro Hehl. Santos também se pode orgulhar de possuir a construção elegantíssima do quartel de bombeiros, sob a direção de Maximiano Hehl. Espírito muito ilustrado, amparando a ciência forte, com uma fé religiosa mais forte ainda, Maximiano Hehl é o indivíduo mais modesto que se pode encontrar, simples, natural, de uma bondade ilimitada, despido de toda a exterioridade lantejoulada, sem que seja possível, ao vê-lo, descobrir-lhe a pujança da inteligência, a largueza de vistas, a superioridade incontestável que possui.

É vastíssima a obra de Hehl; de memória lembram-nos o Colégio de Sto. Agostinho, o Sanatório de Santa Catharina, o Hospital d. Anna Alvarenga, a igreja da Venerável Ordem III do Carmo, e os grandiosos trabalhos, em construção da Catedral de S. Paulo e de Santos, a igreja da Consolação, em que o seu gênio assinalou a alma d'artista.


Engenheiro Maximiano Hehl
Foto publicada na obra original

Maximiano Hehl vive entre a família a quem consagra um culto, estremecido e invejável. A sublimidade dos seus afetos, fartamente retribuídos por todas as pessoas dessa família tão feliz, quanto modesta, merece bem o altar que o ilustre engenheiro lhe edificou. É a Vila Adelaide, nome de sua extremosa esposa, que, na Avenida Higienópolis, em S. Paulo, domina com altivez, como uma vivenda principesca de um Cresus medieval, e donde se exala, em cintilações de gosto, de capricho, tudo o que o estudo e o trabalho podem compor para deslumbrar e atrair os elevados requintes da civilização moderna.

E Maximiano Hehl goza todas essas maravilhas, sem ostentação nem vaidades; goza-as porque são para a esposa e filhos o templo em que ele pontifica cheio de fé, paz e amor.

Prêmios, medalhas, distinções e honras nobilíssimas, que tem conquistado, pelos trabalhos esparsos no Brasil, são para ele um estímulo apenas, a servir d'exemplo vitorioso nesse lar encantador, que é o motivo e a única alegria da sua vida.


"Quem dá aos pobres empresta a Deus"
V. Hugo


Manoel D'Azevedo Sodré

Os indivíduos fortes possuem virtudes enérgicas e crenças firmes.

Estamos em presença de um indivíduo forte pelo caráter, pelo coração e pela sua constituição física.

O sr. Manoel d'Azevedo Sodré nasceu em Maricá, no Estado do Rio, onde se tornou filho dileto daquela cidade. Muito moço e prestigiado pelos seus conhecimentos e distinções, não se esquivou às seduções da política. Mas não foi à política mesquinha e interesseira que serviu, e sim àquela que é útil, que produz e fertiliza. Eleito presidente da Câmara Municipal, empregou a sua energia no desenvolvimento de Maricá, que bastante lhe ficou devendo. O seu nome ainda hoje ali é lembrado com saudade e respeito.

Vindo para Santos, entregou-se à administração dos seus negócios comerciais, sem abandonar a política do partido municipal, que o conta como um valioso correligionário.

No meio do comércio em que vive, onde os interesses estão sempre em jogo, ele timbra em manter uma bondade ilimitada, ao contrário das batalhas gananciosas da atualidade.

Enxergando-o à hora da maior faina, a sua estatura sobressai, e é apontado como um homem, em toda a acepção da palavra, extremoso pela família, leal e dedicado para os amigos, gentil e afável para os que o procuram.

Ele e sua exma. esposa, d. Maria Cândida d'Azevedo Sodré, concorrem com louvável prazer e auxílio para a Capelinha do Embaré. Este ano foi a ilustre dama que enfeitou o andor do Sagrado Coração de Jesus, com a arte e unção religiosa que a caracterizam.

O sr. Manoel d'Azevedo Sodré e sua família pertencem à primeira sociedade de Santos, onde são estimados pela distinção verdadeiramente fidalga com que se apresentam, e pelos nobres predicados que os exornam.


Manoel D'Azevedo Sodré
Foto publicada na obra original


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