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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - MEDICINA
Hospital fechava quando o doente saía (2)

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A inauguração do Hospital de Isolamento ou Pavilhão de Tuberculosos foi registrada no livro Santos (Reminiscências) 1905-1915, de Carlos Victorino (Typ. d'A Tarde – Rua Martim Afonso n. 21, Santos/SP, 1915, vol. II, capítulo XIV, páginas 68 a 69 - ortografia atualizada nesta transcrição):
 
Passemos agora a assistir a inauguração do Pavilhão para Tuberculosos, anexo ao edifício da Santa Casa de Misericórdia, e sobre sua construção.

À tarde desse dia, grande era a concorrência para os lados da Santa Casa.

Visitantes de toda a espécie subiam a encosta do morro do Fontana e invadiam o Pavilhão, admirando a construção desse utilíssimo hospital e majestoso edifício que levou alguns anos a ser construído e hoje está prestando os maiores benefícios aos infelizes atacados pela tuberculose e, portanto, necessitados dos recursos da ciência médica.

Em Santos, como por toda a parte, não só os governos como as associações filantrópicas se empenham com todo o afinco em dar combate à tuberculose, moléstia insidiosa e terrível que tamanhos males tem causado, principalmente nos centros populosos, pela facilidade do seu contágio.

Não obstante a iniciativa da construção do pavilhão para tuberculosos tivesse partido da operosa mesa administrativa de 1909, as demais, que lhe sucederam, com a mesma dedicação se empenharam para que ficasse acabado o grande edifício dentro do mais breve tempo possível.

Afinal, graças a esses esforços, daqueles que têm por objetivo como satisfação aos nobres sentimentos altruísticos fazer o bem, foi naquele dia inaugurada mais essa obra de caridade que muito vem fazer em prol dos que sofrem.

Assim, Santos pôde orgulhar-se por acompanhar e pôr em prática todas as grandes iniciativas em prol da cruzada do Bem que por toda a parte é o apanágio dos corações bem formados.

As obras do hospital para tuberculosos, desde o seu início, estiveram sob a competente direção e regras da engenharia sanitária, estando de acordo com tudo durante a sua execução o competente corpo clínico da Santa Casa de Misericórdia.

O edifício possui doze salões destinados a enfermarias, seis em cada ala, havendo higiênicos e confortáveis aposentos para os empregados e gabinetes sanitários convenientemente montados, tanto no pavimento superior como no inferior; para atenuar choques e evitar barulho, todo o hospital é forrado com linóleo.

O teto do pavimento superior, em vez de ser comum, de tábua, foi feito de cimento; possui uma sotéia, isto é, uma varanda ampla e arejada em cima; todo o edifício tem as paredes revestidas de mosaicos, havendo dois ascensores para transportar doentes e visitantes.

O médico assistente no pavilhão, e chefe clínico, é o doutor Soter de Araújo, a quem a Santa Casa de há muitos anos deve inestimáveis serviços por ele prestados, sempre solícito, sempre carinhoso, atendendo com desvelo aos que ali vão procurar alívio ao cruento mal.

Durante a visita, muitos e muitos lamentavam a falta de João Octavio dos Santos, José Caballero, do velho enfermeiro-mor - Joaquim da Santa Casa - como o chamavam - e também do sr. João Torquato de Souza Dias, que naquela casa de caridade prestou serviços em diversos cargos, durante longos 37 anos, dali saindo para a Morada Eterna.

Ah! Se estes homens estivessem ainda vivos, que prazer para eles não seria verem hoje a Santa Casa, esse hospital que João Octavio, cheio de si, chamava - "minha filha" - dotado agora com mais uma benemérita dependência para servir exclusivamente a tuberculosos!

É enfim, o pavilhão para tuberculosos, um suntuoso palácio onde reside a soberana Morte, que se diverte constantemente em enviar para a sepultura os seus submissos vassalos tísicos.


Um aspecto da inauguração do Pavilhão para Tuberculosos
Foto e legenda publicadas com o texto

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