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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - HOSPITAIS - BIBLIOTECA
Hospital Anchieta (4-f42)

 

Clique na imagem para voltar ao índice do livroEste hospital santista foi o centro de um importante debate psiquiátrico, entre os que defendem a internação dos doentes mentais e os favoráveis à ressocialização dos mesmos, que travaram a chamada luta antimanicomial. Desse debate resultou uma intervenção pioneira no setor, acompanhada por especialistas de todo o mundo.

Um livro de 175 páginas contando essa história (com arte-final de Nicholas Vannuchi, e impresso na Cegraf Gráfica e Editora Ltda.-ME) foi lançado em 2004 pelo jornalista e historiador Paulo Matos, que em 13 de outubro de 2009 autorizou Novo Milênio a transcrevê-lo integralmente, a partir de seus originais digitados:

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Na Santos de Telma, a vitória dos mentaleiros

ANCHIETA, 15 ANOS (1989-2004)

A quarta revolução mundial da Psiquiatria

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AÇÕES DIRETAS: O EXEMPLO DO ANCHIETA, AÇÃO COM PARTICIPAÇÃO POPULAR - Com Telma, Santos foi a primeira cidade do país a adotar ações contra a AIDS

 

Santos experimentou, desde 1989, uma fase próspera em termos de reconquista de valores da cidadania plena, assentados no exemplo do Anchieta, como fruto da gestão eleita no ano anterior e empossada nesse exercício. Foi uma época de inversão de prioridades, caracterizando sua atuação administrativa, fomentando a ampla discussão sobre os destinos da cidade e a melhor compreensão da estrutura social que lhe dá sustentação.

 

Esses eixos críticos produziram impacto considerável no processo de desenvolvimento de Santos. Assim como a intervenção no Anchieta, viriam as políticas de integração com o porto e a intervenção sobre a empresa de transportes coletivos que prestava (maus) serviços à cidade e queria forçar o aumento das tarifas, resultando na reação da Prefeitura.

 

Mas nada teve tamanha repercussão como a questão da AIDS, cujas medidas adotadas aqui indicaram a política nacional e mundial do setor. O Brasil tinha a cidade como campeã nacional de casos soropositivos quando Telma assumiu, em 1989.

 

Como ela declarou em discurso em Brasília em 28 de novembro de 2001, os índices apontados na imprensa de recordes nos casos da doença, que nos governos anteriores eram apenas apontados como difamação, foram encarados de frente: poluição, AIDS.... E a cidade deixaria esta posição graças às medidas concretas que foram executadas, que resultaram positivas a curto-prazo com a redução dos casos. Medidas ousadas que causariam uma verdadeira revolução na cidade.

 

Como 50% dos casos de AIDS ocorrem em função do uso direto de drogas injetáveis ou por contaminação indireta nos contatos sexuais com estes usuários, era preciso instituir um programa de redução de danos para reduzi-los, atraindo as vítimas do HIV para os serviços públicos de saúde e instruindo-os, entre tantas outras informações, a não reutilizar agulhas, instruindo-os inicialmente como desinfetá-las.

 

A distribuição de seringas para minimizar os riscos de contaminação, assim como a de camisinhas, resultou em mandados de prisão para o então secretário de Saúde Fábio Mesquita, sob a acusação de incentivo ao uso de drogas. A troca de seringas usadas por novas começou aqui oficiosamente, oficialmente só em 1995 em Salvador.

 

Em 2001, quando Telma fez este discurso, a cidade ocupava a 12ª posição no ranking da AIDS – cujos pacientes tiveram criada na cidade toda uma estrutura de atendimento com fornecimento de remédios. Na política por uma gestão participativa o desenvolvimento, foram criados diversos Conselhos Populares (cultura, meio-ambiente, saúde, patrimônio histórico, assistência social), para garantir a participação direta da população na estrutura administrativa, traçando seu próprio destino.

 

Policlínicas e informatização da saúde

 

Com o sistema de policlínicas aconteceria, em Santos, a primeira experiência de informatização dos serviços de saúde em rede municipal – o sistema Higya e, depois, o sistema Nalus -, diminuindo as filas e organizando o atendimento.

 

Após 5 anos, tinha o registro de 500 mil pessoas, 80% residentes na cidade, fornecendo prontuário previamente nos atendimentos – antes um privilégio do atendimento privado. Interligado em todas as policlínicas e pronto-socorros, o sistema ajudou a população e salvou vidas.

PID E PAD, saúde em casa

Nesse processo se introduziu o PID – Programa de Internação Domiciliar e o PAD – Programa de Atendimento Domiciliar, assistência médica e de enfermagem em domicílio, reduzindo o atendimento hospitalar de internação. Segundo o secretário David Capistrano, era o segundo do mundo, após o Canadá, "só que melhor", dizia.

 

Era o hospital sem paredes, que atendia a maioria de idosos e mulheres (75% e 60%). No seu início, atendia ao equivalente a um hospital com 90 leitos, levando médicos, enfermeiros e todo o aparelho hospitalar à casa do paciente.