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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - FUTEBOL - BIBLIOTECA NM
Os primeiros 60 anos do futebol paulista

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Clique na imagem para ir ao índice do livroEm 1956, o jornalista Adriano Neiva da Motta e Silva - o De Vaney - participou de um concurso nacional de crônicas sobre esportes e conseguiu provar, com números e outros dados, que Santos era a cidade mais esportiva do Brasil. Exatamente nessa mesma época, ele começava a publicar em formato de folhetim diário, então muito comum na imprensa, a história das primeiras seis décadas de futebol no Estado de São Paulo. O material, colecionado, formava um livro de 108 páginas. A publicação ocorreu no jornal santista A Tribuna, de 25 de janeiro a 29 de fevereiro de 1956 (ortografia atualizada nesta transcrição):

60 anos de futebol em S. Paulo

De Vaney


[3] - Primeiros esportes

Foi o turfe a primeira diversão ao ar livre a ser cultivada em São Paulo, isso em 1875. Mas o primeiro esporte, de fato, a ser praticado na Paulicéia, foi o críquete, e a prova temo-la em um recorte de jornal, A Província, hoje O Estado de São Paulo, em que se lê: "Terá lugar amanhã, no campo da Rua Mauá (Estação), uma partida de críquete, entre paulistas e cariocas". O recorte pertence ao número que tem a data de 27, novembro, 1875.

Aqueles paulistas e cariocas a que se referia o informe, não passavam de ingleses de São Paulo e ingleses do Rio, em disputa do jogo que era o divertimento mais freqüente do povo britânico. E foram esses ingleses praticantes de críquete que se organizaram para, em 1888, fundarem o S. Paulo Athletic Club, primeiro clube esportivo que surgiu em São Paulo.

Mas o críquete era privativo dos ingleses, e, assim, o cidadão paulistano, no que concerne a esportes, limitou-se, durante muito tempo, a ver correr cavalos...

Fundou-se, também em 1888, o Club Alemão de Ginástica, privativo dos imigrantes teutos, motivo por que os bucéfalos continuaram a pontificar, graças à exclusividade que se lhes dava.

Havia, em São Paulo, é bem verdade, a peteca, o boliche, mas eram esportes de movimentação individual, restritos, ambos, a pequenas grupações, a algumas famílias de bairros, e que se praticavam nos quintais das casas, sem outro intuito senão o de recrear o espírito. E eram tão raros esses jogos, tão espaçadas as suas realizações, que causavam espanto, parava gente na rua, suscitavam comentários jocosos as partidas que se disputavam.

Veio, então, à tona do gosto popular, o primeiro esporte que verdadeiramente interessou o paulistano: a péla, a pelota  basca, o frontão. Foi coqueluche em São Paulo. Não havia parede confinando com terreno que não servisse, logo, para o jogo da pelota. São Paulo, em grande parte, vestiu-se com camiseta de malha, colocou uma cesta na mão direita, em feitio de luva, e andou a bater a péla durante muito e muito tempo.

Tanto se generalizou a pelota basca, tamanha foi a sua aceitação e a sua disseminação, que resultou o inevitável: a profissionalização dos jogadores mais hábeis. Depois, importaram-se elementos adestrados, surgiram apostas, vieram os primeiros resultados duvidosos, o mercenarismo campeou à solta e imperou o cambalacho.

Desgostoso, desiludido, o público foi virando as costas às paredes de péla, não obstante os esforços dos irmãos Redondo - Alfredo, Jaime e Manuelito - filhos do ilustre homem de letras, dr. Manoel Garcia Redondo, todos eles, sobretudo Alfredo, grandes incentivadores dos esportes. Alfredo Redondo, chamado Dr. Semana, lidou até pelas colunas dos jornais, conclamando a mocidade a recitar um pouco menos e a se movimentar um pouco mais.

O sucessor da péla, ou melhor, o refúgio aos que dele se afastaram, foi o ciclismo. A bicicleta já tinha o seu valor como meio de transporte, e principiou, por interferência italiana, a tê-lo, também, como elemento propiciador de competições. As primeiras corridas livres, os primeiros "pegas" tiveram lugar por volta de 1892-93, tanto que o Jornal da Tarde, de 17-10-1893, vespertino que substituíra a Gazeta do Povo, conta, na seção policial, que "ontem, por volta das 5 horas, numa das vias transversais à Rua da Consolação, quando se empenhavam numa corrida de bicicleta, sucedeu sofrerem  fraturas e contusões generalizadas Júlio Morales e Humberto Gutti".

Conseqüência do interesse que o ciclismo despertava em São Paulo foi a inauguração, mercê da influência do conselheiro Antônio Prado, do Velódromo, construído no terreno de d. Veridiana, à Rua da Consolação. O Velódromo (1895) foi a primeira praça de esportes de grandes dimensões a existir no Brasil, e nele viveram - de início, o ciclismo; o futebol, depois - magníficas tardes de glórias e de fastígio.

O golfe também se iniciava, então. Os escoceses, seus inventores, não podiam prescindi-lo, e foi ao sopé do morro dos Ingleses que o golfe começou a caminhar, em São Paulo,no ano de 1898.

Do remo, a única certeza que se tem é a de que em 1893 já se o praticava em Santos, introduzido por portugueses. Mas somente me 1898 é que o paulistano freqüentador da margem do Tietê, onde existiam pitorescos "recreios" para convescotes, lembrou-se de adaptar os mercantilizados barcos de passeio que ali existiam em esportivas embarcações de corridas.

A esgrima passou a ter animador aspecto a partir de 1894, quando o então brigada Pedro Dias de Campos tornou-se arauto e incentivador desse esporte, após receber os ensinamentos do mestre de armas italiano, Giacontho Sanges.

Ilustração de J.C. Lobo publicada em A Tribuna com o texto

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