Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/h0300a2nb156.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 11/28/10 15:22:46
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1587 - BIBLIOTECA NM
1587 - Notícia do Brasil - [II - 78]

Clique na imagem para voltar ao índice desta obraEscrita em 1587 pelo colono Gabriel Soares de Souza, essa obra chegou ao eminente historiador Francisco Adolpho de Varnhagen por cópias que confrontou em 1851, para tentar restabelecer o texto original desaparecido, como cita na introdução de seus estudos e comentários. Em 1974, foi editada com o mesmo nome original, Notícia do Brasil, com extensas notas de importantes pesquisadores. Mais recentemente, o site Domínio Público apresentou uma versão da obra, com algumas falhas de digitalização e reconhecimento ótico de caracteres (OCR).

Por isso, Novo Milênio fez um cotejo daquela versão digital com a de 1974 e com o exemplar cedido em maio de 2010 para digitalização, pela Biblioteca Pública Alberto Sousa, de Santos, através da bibliotecária Bettina Maura Nogueira de Sá. Este exemplar corresponde à terceira edição (Companhia Editora Nacional, 1938, volume 117 da série 5ª da Brasiliana - Biblioteca Pedagógica Brasileira), com os comentários de Varnhagen. Foi feita ainda alguma atualização ortográfica:

Leva para a página anterior

Tratado descritivo do Brasil em 1587

Leva para a página seguinte da série


Trecho do capítulo, na edição de 1938 da Biblioteca Pública Alberto Sousa

SEGUNDA PARTE - MEMORIAL E DECLARAÇÃO DAS GRANDEZAS DA BAHIA

TÍTULO 10 — Das aves

Capítulo LXXVIII

Sumário das aves que se criam na terra da Bahia de Todos os Santos do Estado do Brasil.

Já que temos satisfação com o que está dito no tocante ao arvoredo que há na Bahia de Todos os Santos, e com os frutos, grandezas e estranhezas dela, e ainda que o que se disse é o menos que se pode dizer, por haver muitas mais árvores, convém que se dê conta quais aves se criam entre estes arvoredos, e se mantêm de seus frutos e frescura deles.

E peguemos logo da águia como da principal ave de todas as criadas. A águia, a que o gentio chama caburé-açu, é tamanha como as águias da Espanha, tem o corpo pardaço, e as asas pretas; tem o bico revolto, as pernas compridas, as unhas grandes e muito voltadas, de que se fazem apitos; criam em montes altos, onde fazem seus ninhos e põem dois ovos somente; e sustentam os filhos da caça que tomam, de que se mantêm.

Criam-se nestes matos emas muito grandes, a que o gentio chama nhandu, as quais se criam pela terra adentro em campinas, e são tamanhas como as da África, e eu vi um quarto de uma depenada tamanho de um carneiro grande. São estas aves brancas, outras cinzentas, e outras malhadas de preto, as quais têm as penas muito grandes, mas não tem nelas tanta penagem como as da Alemanha; os seus ovos não são redondos, nem tamanhos como os das da África.

Estas aves fazem os ninhos no chão, onde criam; e mantêm os filhos com cobras e outros bichos que tomam, e com frutas do campo; as quais não voam levantadas do chão, correm em pulos, com as asas abertas; tomam-nas os índios a cosso; e tanto as seguem até que as cansam, e de cansadas as tomam. Têm estas aves as pernas e pescoço compridos, cuja carne é dura, mas muito gostosa; das penas se aproveita o gentio, e fazem delas uma roda de penachos, que pelas suas festas trazem nas costas, que têm em muita estima.

Tabuiaiá é uma ave muito maior que pato; tem as pernas altas, os pés grossos, a cor parda, o bico grosso e grande; tem sobre o bico, que é branco, uma maneira de crista vermelha, e sobre a cabeça umas penas levantadas, como poupa. Criam em árvores altas, os ovos são como de patos, mantêm-se de frutas do mato; cuja carne é dura, mas boa para comer.