Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/h0300a2nb192.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 11/28/10 15:25:13
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1587 - BIBLIOTECA NM
1587 - Notícia do Brasil - [II - 114]

Clique na imagem para voltar ao índice desta obraEscrita em 1587 pelo colono Gabriel Soares de Souza, essa obra chegou ao eminente historiador Francisco Adolpho de Varnhagen por cópias que confrontou em 1851, para tentar restabelecer o texto original desaparecido, como cita na introdução de seus estudos e comentários. Em 1974, foi editada com o mesmo nome original, Notícia do Brasil, com extensas notas de importantes pesquisadores. Mais recentemente, o site Domínio Público apresentou uma versão da obra, com algumas falhas de digitalização e reconhecimento ótico de caracteres (OCR).

Por isso, Novo Milênio fez um cotejo daquela versão digital com a de 1974 e com o exemplar cedido em maio de 2010 para digitalização, pela Biblioteca Pública Alberto Sousa, de Santos, através da bibliotecária Bettina Maura Nogueira de Sá. Este exemplar corresponde à terceira edição (Companhia Editora Nacional, 1938, volume 117 da série 5ª da Brasiliana - Biblioteca Pedagógica Brasileira), com os comentários de Varnhagen. Foi feita ainda alguma atualização ortográfica:

Leva para a página anterior

Tratado descritivo do Brasil em 1587

Leva para a página seguinte da série


Trecho do capítulo, na edição de 1938 da Biblioteca Pública Alberto Sousa

SEGUNDA PARTE - MEMORIAL E DECLARAÇÃO DAS GRANDEZAS DA BAHIA

TÍTULO 13 — Da herpetogratia e dos batráquios e vários outros

Capítulo CXIV

Que trata dos lagartos e dos camaleões.

Nas lagoas e rios de água doce se criam uns lagartos a que os índios chamam jacaré, dos quais há alguns tamanhos como um homem; e têm a cabeça como um grande lebréu; estes lagartos são todos cobertos de conchas muito rijas, os quais não remetem à gente, antes fogem dela; e mantêm-se do peixe que tomam, e da erva que comem ao longo da água; e há alguns negros que lhes têm perdido o medo, e se vão a eles, chamando-os pelo seu nome; e vão-se chegando a eles até que os tomam às mãos e os matam para os comerem; cuja carne é um tanto adocicada, e tão gorda que tem na barriga banha como um porco, a qual é alva e saborosa e cheira bem. Os testículos dos machos cheiram como os dos gatos-de-algália, e às fêmeas cheira-lhes a carne de junto do vaso [órgão genital] muito bem.

No mato se criam outros lagartos, a que os índios chamam sinimbus, que também são muito grandes, mas não tamanhos como os jacarés; estes remetem à gente; criam-se nos troncos das árvores; cuja carne é muito boa e saborosa.

Criam-se no mato outros lagartos tamanhos como os de cima, a que os índios chamam tejuaçu, os quais são mansos, e criam-se em cova na terra; mantêm-se das frutas que buscam pelo mato; cuja carne é havida por muito boa e saborosa.

Pelos matos se criam outros lagartos pequenos pintados como os da Espanha, a que os índios chamam jacarepinima, os quais criam por entre as pedras, e em tocas de árvores, com os quais têm as cobras grandes brigas.

Anijuacangas são outros bichos que não têm nenhuma diferença dos camaleões, umas são muito maiores que os da África, cuja cor naturalmente é verde, a qual mudam como fazem os da África, e estão logo presos a uma janela um mês sem comerem nem beberem; e estão sempre virados com o rosto para o vento, de que se mantêm; e não querem comer coisa que lhes dêem, do que comem os outros animais; são muito pesados no andar, e tomam-nos às mãos, sem se defenderem; os quais têm o rabo muito comprido, e têm um modo de barbatanas nele como os cações.