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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM...
1875 - pela A Provincia de São Paulo

Destaque para as capelas e os edifícios oficiais

Ao longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Em 1875 começou a circular na capital paulista o jornal A Provincia de São Paulo, antecessor do atual O Estado de S. Paulo. Redigido por Americo de Campos e F. Rangel Pestana, e administrado por José Maria Lisboa, o jornal em sua edição 63, de terça-feira, 23 de março de 1875, destacou na primeira página, na seção Municípios Paulistas (Acervo Digital Estadão - ortografia atualizada nesta transcrição - clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la):

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Imagem: reprodução da primeira página de 23/3/1875 (Acervo Estadão)

Município de Santos

As capelas são:

1ª - Jesus, Maria e José - que se acha em bom estado, tendo sido reparada mais de uma vez, a expensas dos herdeiros descendentes de seu pio fundador, o coronel Antonio José de Carvalho.

2ª - Capela da Graça - fundada em 1562 por José Adorno e sua mulher Catharina Monteiro, sendo vigário comissário frei Pedro Vianna - esta capela foi doada por seus fundadores aos religiosos carmelitas em 24 de abril de 1589.

É nimiamente pequena, colocada em lugar inconveniente, e se acha em péssimo estado.

3ª - Capela da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, que começou a ser edificada em 1689, e foi celebrada a primeira missa em 24 de março de 1691, sendo ministro da ordem o irmão Gaspar Rodrigues Vieira.

A ordem foi fundada em 20 de outubro de 1641, funcionou em um capítulo dos religiosos, e foi seu primeiro ministro o irmão Manoel da Silva Vasconcellos: tem por padroeira Nossa Senhora da Conceição.

4ª - Capela do Santíssimo Sacramento dentro da igreja matriz, sob a direção da irmandade que a conserva apenas em estado decente.

5ª - Capela de Nossa Senhora do Amparo na igreja matriz, sob a administração da irmandade, em estado ruinoso.

6ª - Capela do Santo Cristo, levantada pela câmara municipal em 1854 no cemitério público. É muito pequena e completamente despida de ornatos.

Existem fora da cidade 8 capelas sob as seguintes invocações: Nossa Senhora das Neves - da Lapa - da Apresentação (N. E.: Nossa Senhora da Apresentação, na Ilha de Santo Amaro) - de São João - Santo Amaro - São José - Bom Jesus e Nossa Senhora do Monte; à exceção da última - reedificada em 1846 por frei Florencio das Dores Maia, e que pelas esmolas, e muita devoção especialmente dos navegantes, se acha com a precisa decência, e sob a inspeção do mosteiro de São Bento - todas as outras capelas estão em mau estado, ou completo abandono.

Presentemente, um prestante cidadão, por devoção, está edificando na formosa praia do Embaré uma capela com a invocação de Santo Antonio.

Existem 14 próprios nacionais:

1º - Alfândega - No antigo edifício que serviu de colégio dos jesuítas. Estes padres, que vieram para a capitania de S. Vicente em 1549, foram expulsos de Santos em 13 de junho de 1640, voltaram em 14 de maio de 1653 depois de uma composição passada por escritura pública; mas sendo pelo Alvará de 3 de setembro de 1759 proscritos, foram presos em Santos pelo desembargador Custodio da Silva Araujo Salazar, por ordem do conde de Bobadellas de 12 de abril de 1759, e seus bens incorporados ao fisco real pelo Alvará de 25 de janeiro de 1761.

Este edifício não tem as precisas condições para bem prestar-se ao importante fim para que tem sido destinado.

2º - Antigo arsenal de marinha com maus edifícios, em que funciona a Capitania do Porto.

3º - Quartel - edificação acanhada na qual está o arquivo e repartição militar.

4º - Casa do Trem para guarda dos artigos bélicos.

5º - Casa de pólvora na proximidade da cidade, mal situada, e não presta utilidade alguma.

6º - Forte Augusto - trincheira desarmada na praia do Embaré.

7º - Forte da cidade, sem artilharia e que serve de quartel à polícia.

8º - Forte do Itapema, desarmado, que em 23 de outubro de 1573 recebeu por comandante vitalício o capitão João Teixeira de Carvalho.

9º - Fortaleza da Barra Grande, na ilha de Santo Amaro, que parece foi levantada por Gonçalo Affonso em 1538; e que tem um reduto na praia do Góis, levantado em 1765 por ordem do 8º capitão general de S. Paulo, Luiz Antonio de Souza Botelho Mourão, morgado de Matheus - e sobre este reduto se formou ultimamente uma enfermaria ou lazareto para receber os atacados de febre amarela.

10º - Fortaleza da Bertioga, desarmada, e que foi levantada em 1552 por provisão de d. João III de 5 de julho de 1551.

Casa de sobrado no Cubatão que pertenceu aos padres jesuítas.

Os prédios provinciais são: Cadeia, mesa de rendas, barreira do Cubatão e antigo contrato; só a cadeia merece menção, por ser um edifício novo, grande e bem construído, com belas salas para câmara municipal, tribunal do júri e audiências das autoridades.

Os próprios municipais são dois, o antigo rancho de tropeiros e o pequeno matadouro, que mal se presta ao fim a que foi edificado.

Existem dois cemitérios - um a cargo da câmara municipal para católicos, decente, porém em mal escolhida situação, e que funciona desde 1853 - outro dos acatólicos, pequeno, mas decente.

As repartições públicas gerais são as seguintes:

Alfândega, criada por provisão de 20 de fevereiro de 1720.

Comando Militar, criado em 1829.

Capitania do Porto, criada pelo decreto de 11 de setembro de 1847, e que tem a seu cargo o Farol da Moela.

Escola de Aprendizes Marinheiros, criada pelo decreto de 29 de fevereiro de 1868 (N. E.: esta escola tinha então sua sede no Arsenal de Marinha).

Correio, importante agência com o diminuto pessoal de 4 empregados, e que seu serviço foi representado no exercício de 1873 a 1874 por 1.982 malas.

Inspeção de Saúde do Porto, composta de 1 médico inspetor e 1 secretário.

Um amanuense externo de polícia, com 1 escaler e remeiros, um agente de colonização.

A única repartição provincial é a importante Mesa de Rendas, com 15 empregados, e que tem a seu cargo a agência da barreira do Cubatão.