Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/santos/h0300e2.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 09/23/12 20:15:35
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM...
1850 - pelo jornal O Mercantil

Em seu primeiro número, começou a organizar um Almanak Santista

Ao longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então. E mesmo em documentos oficiais, de caráter administrativo, ou comunicados ao público, obtém-se informações importantes sobre as mudanças então em curso.

Ao lançar em 8 de junho de 1850, o jornal santista O Mercantil, um dos primeiros a circular na cidade, seu editor apresentava já em sua página 2 o projeto de organizar um Almanak Santista. e começava a publicar as primeiras informações (acervo da Memória da Biblioteca Nacional Digital - ortografia atualizada nas transcrições):


Imagem: reprodução parcial da página 2 de O Mercantil nº 1, de 8/6/1850

Acervo da Memória Biblioteca Nacional Digital

Almanak Santista

A redação desta folha, querendo popularizar no interior da província, e nos outros lugares onde ela possa ser lida, os nomes das pessoas empregadas no comércio, nos estabelecimentos e estações públicas desta cidade, resolveu confeccionar um esboço de Almanaque. Começando desde já neste número a pôr por obra essa resolução, convida aos donos de lojas, armazéns, e a diretores de estabelecimentos públicos ou particulares, tenham a bondade de mandar a esta redação por escrito os seus nomes, as ruas e os números de suas moradas ou estabelecimentos, para que essas notas sejam gratuitamente impressas nos primeiros números desta folha.


Imagem: reprodução parcial da página 2 de O Mercantil nº 1, de 8/6/1850

Acervo da Memória Biblioteca Nacional Digital

Cidade de Santos

A cidade de Santos foi fundada por Braz Cubas em 1546, e acha-se na latitude austral de 23 graus 36'15" e na longitude de 334 graus 39' 30" do meridiano da ilha de Ferro. É o primeiro porto da província, em que se faz um grande comércio. Foi criada vila em 1546: e cidade em 1842 (N. E.: correto é 1839)

Câmara Municipal

Foi eleita e tomou posse em janeiro de 1849. Faz as suas sessões em casa própria nas salas por cima da cadeia pública da Rua do Carmo.

Presidente - Jeremias Luiz da Silva, Largo da Matriz.

Vereadores:

Hygino José Botelho de Carvalho, Rua Direita.

João Pedro da Silva Cruz, Rua do Rosário.

João Antonio de Sá Junior, Rua de S. Bento.

Antonio Martins dos Santos Junior, Rua de Santo Antonio.

Theodoro de Menezes Forjaz, Rua Direita.

Antonio Marques de Sáes, Rua Áurea.

José Vergueiro, Rua da Praia.

José Joaquim Florindo, Rua Direita.

Secretário - Manoel Luiz Ferreira, Rua de Santa Catharina.

Fiscal - José Maria da Silva Maia, Rua dos Quartéis.

Ajudante do fiscal - Feliciano José dos Santos, Rua do Açougue.

Procurador - Ignacio Antonio Lisbôa, Valongo.


Imagem: reprodução parcial da página 2 de O Mercantil nº 1, de 8/6/1850

Acervo da Memória Biblioteca Nacional Digital

Alfândega

Esta repartição acha-se estabelecida na maior parte do edifício que foi convento dos Jesuítas.

Não podemos precisamente assinalar a época da sua criação, mas é indubitável que ela existia além de 1766. Está aberta todos os dias não santificados desde as 8 horas da manhã até as 3 da tarde. Rende anualmente mais ou menos duzentos contos.

Inspetor - José Baptista da Silva Bueno, cavaleiro da Ordem de Cristo, Rua da Praia n. Foi nomeado por decreto de 20 de abril de 1844: tomou posse a 10 de maio de 1844.

Escrivão da Mesa Grande - José Antonio da Silva Viveiros Costa, cavaleiro da Ordem de Cristo, Rua Direita. Foi nomeado por decreto de 12 de novembro de 1836, tomou posse em 9 de dezembro do mesmo ano.

Tesoureiro - Acha-se vago o lugar.

Primeiro escriturário - Joaquim da Silva Oliveira, Rua Áurea. Foi nomeado por decreto de 20 de março de 1849: tomou posse em o primeiro de junho do mesmo ano.

Segundo escriturário - Antonio Bernardes Pereira, Rua Áurea. Foi nomeado por decreto de 11 de maio de 1846: tomou posse a 25 de junho do mesmo ano.

Segundo escriturário - José Joaquim da Silva, Rua Áurea. Foi nomeado por decreto de 20 de março de 1849: tomou posse a 14 de maio do mesmo ano.

Amanuense - Cypriano Francisco de Salles, Rua de Santo Antonio. Foi nomeado por decreto de 2 de janeiro de 1840: tomou posse a 3 de fevereiro do mesmo ano.

Amanuense - José Francisco Dias, Rua do Campo. Foi nomeado por decreto de 3 de junho de 1844: tomou posse a 3 de agosto do mesmo ano.

Guarda-Mor - Antonio Freire Henrique, Rua do Rosário. Foi nomeado por decreto de 27 de outubro de 1837: tomou posse a 20 de novembro do mesmo ano.

Escrivão de entrada e descarga - Antonio Justino de Assiz, Rua do Rosário. Foi nomeado por decreto de 20 de março de 1849: tomou posse no primeiro de maio do mesmo ano.

Feitor - João Baptista de Lima, Rua Áurea. Foi nomeado por decreto de 23 de maio de 1835: tomou posse a 16 de março do mesmo ano por anterior nomeação interina do exmo. presidente da Província.

Feitor - Joaquim de Jesus Pereira, Rua Áurea. Foi nomeado por decreto de 31 de julho de 1837: tomou posse aos 4 de outubro do mesmo ano.

Conferente externo - Acha-se vago o lugar.

Porteiro - Arlindo Ramires Esquivel, Rua Áurea. Foi nomeado por decreto de 12 de dezembro de 1838: tomou posse a 18 de janeiro de 1839.

N. B.: Seguir-se-á o quadro das casas de comércio - Nacionais - Estrangeiras - Lojas de Fazendas - Armazéns de ferragem - Armazéns de secos e molhados.


Imagem: reprodução parcial da página 4 de O Mercantil nº 1, de 8/6/1850

Acervo da Memória Biblioteca Nacional Digital

O texto do projetado Almanak de Santos continuou na página 2 da edição seguinte de O Mercantil, número 2, de 15 de junho de 1850:

Almanak Santista

Prosseguimos hoje o esboço do Almanak que encetamos no nosso primeiro número, concluindo a repartição administrativa, começando a judiciária, para então passarmos ao quadro comercial propriamente dito. Noticiamos aos nossos leitores que esta redação foi brindada pelo sr. José Justiniano de Bittencourt com um importante trabalho de estatística, por ele mesmo confeccionado, e que brevemente publicaremos como parte integrante deste nosso trabalho.

Barreira do Cubatão

Administrador - Antonio Benedito Palhares de Camargo, cavaleiro da Ordem de Cristo; Cubatão.

Escrivão - Fernando Gomes Pereira d'Albuquerque, alferes reformado; Cubatão.

Amanuenses - Candido Antonio de Toledo; Cubatão. Joaquim Lopes da Silva; Cubatão.

Coletoria

Coletor - Joaquim Luis Pisarro, Rua de S. Bento.

Escrivão - Silvestre Francisco da Costa, Rua dos Quartéis.

Quadro judiciário

Juiz de Direito - Doutor Antonio Melitão de Sousa Aimberé, cavaleiro da Ordem de Cristo, ausente na Assembleia Provincial.

Juiz municipal - Dr. Francisco Xavier de Costa Aguiar d'Andrade, Rua Direita n. 16. Em exercício no Juizado de Direito.

Suplentes:

Firmino José Maria Xavier, cavaleiro da Ordem de Cristo, Rua do Rosário.

José Antonio Vieira Barbosa, cavaleiro da Ordem da Rosa, Rua Direita n. 62

Manoel Geraldo de Menezes, Rua Direita.

Jeremias Luiz da Silva, Largo da Matriz.

João Baptista Amaral, Rua da Praia.

João Antonio de Sá Junior, Rua de S. Bento.

Promotor público - Doutor João Ignacio Silveira da Motta, ausente.

Advogados:

Doutor Martim Francisco Ribeiro d'Andrada, cavaleiro da Ordem da Rosa, Rua Direita.

Doutor Agostinho Jozé d'Oliveira Maxado, Rua Áurea.

F. M. Raposo d'Almeida, cav. da Ordem da Conceição de Portugal; Ra de Santo Antonio. Responde somente a consultas sobre jurisprudência civil e comercial.

Escrivão do Juízo de Direito - Francisco Antonio Ferreira, Rua de Santa Catharina.

Escrivão do Juízo Municipal e Tabelião do Público e Notas - Firmino de Quadros Aranha, Rua Áurea.

Polícia

Delegados:

João de Sousa Carvalho, cavaleiro da Ordem de Cristo, Rua Direita.

João Pedro da Silva Crus, cavaleiro da Ordem da Rosa, Rua do Rosário.

Barnabé Francisco Vaz de Carvalhaes, comendador de Cristo, Rua Áurea.

José Joaquim Florindo e Silva, cavaleiro da Ordem da Rosa, Rua Direita.

João Octavio Nebias, cavaleiro da Ordem de Cristo, Rua Direita (em exercício).

Jeremias Luis da Silva, Largo da Matriz.

Antonio Ferreira da Silva, oficial da Rosa e cav. de Cristo. R. Direita, n. 56.

A continuação surgiu nas páginas 1 e 2 da edição 4 de O Mercantil, de sábado, 29 de junho de 1850:


Imagem: reprodução parcial da página 1 de O Mercantil nº 4, de 29/6/1850

Acervo da Memória Biblioteca Nacional Digital

Quadro judiciário - continuação

 

Subdelegado - José Justiniano Bittancourt, cavaleiro da Ordem da Rosa, Rua do Campo.

 

Suplentes:

Hygino José Botelho, Rua Direita.

Antonio Ferreira da Silva Junior, caval. da Rosa, Rua Áurea (em exercício).

Candido Annunciado Dias d'Albuquerque, Rua Áurea

Manoel Luiz Pereira Braga, Largo da Alfândega Velha.

Sebastião T. Cavalleiros, Rua da Praia.

Manoel Pereira dos Santos, cavaleiro de Cristo, Rua Direita.

 

Escrivão da delegacia - Francisco Antonio Ferreira, Rua de Santa Catharina.

 

Dito da subdelegacia - Joaquim Marcellino da Costa, Rua dos Quartéis.

 

Juízes de paz:

João Baptista Amaral, Rua da Praia

Antonio José Maria Pêgo, Rua da Praia (em exercício).

Manoel Luiz Pereira Braga, Largo da Alfândega.

Barnabé F. V. Carvalhaes, comendador de Cristo. Rua Áurea.

 

Escrivão de paz - José Correa Lisboa, Rua do Rosário.

 

Delegado fiscal da Fazenda - João Baptista de Lima, Rua Áurea.

 

Escrivão de órfãos - Antonio Moreira de S. Payo, Rua do Rosário.

 


Imagem: reprodução parcial da página 2 de O Mercantil nº 4, de 29/6/1850

Acervo da Memória Biblioteca Nacional Digital

 

Variedade estatística

da cidade de Santos, organizada pelo subdelegado de polícia José Justiniano Bitancourt em 1849

 

População

  Masculina Feminina Total
Livre 2.264 2.553 4.817
Cativa 1.345 874 2.219
Soma 3.609 3.427 7.036

 

Edifícios

  De sobrado Térreos Total
Nacionais 5 4 9
Provinciais -- 1 1
Municipais 1 2 3
Particulares 196 855 1.051
Conventos -- -- 3
Igrejas -- -- 8
Capelas -- -- 2
Soma 202 862 1.077

 

Os edifícios nacionais de sobrado são o Palacete, a Alfândega, a Casa do Júri, o Arsenal e o Trem. Os térreos são o Quartel Militar, o Trapiche d'Alfândega, e duas pequenas casas em frente do Quartel.

O edifício provincial térreo é o Rancho dos Tropeiros. O edifício municipal de sobrado é a cadeia, e térreos são o Açougue Público e as Casinhas de mantimentos.

 

Comércio

Lojas de fazendas 21
Lojas de ferragens 4
Lojas de louça e vidros 3
Armazéns de molhados e tavernas 90
Armazéns de sal 35
Armazéns de açúcar, café e outros gêneros 76
Açougues 8
Boticas 3
Casas de pasto 1
Bilhares 3
Padarias 5
Soma 249


Imagem: reprodução parcial da página 2 de O Mercantil nº 4, de 29/6/1850

Acervo da Memória Biblioteca Nacional Digital

 

Vapores - A carreira regular dos vapores entre este porto e o do Rio de Janeiro faz-se da seguinte maneira. partem de um e outro porto nos dias 1, 8, 15, 22, e chegam com 24 a 36 horas de viagem, conforme é a força das máquinas e o estado do tempo. Sendo as saídas às 8 horas da manhã, fecham-se as malas nos dias antecedentes às 4 horas da tarde.

Página 2 da edição 8 de O Mercantil, de sábado, 29 de junho de 1850:

Variedades

Estatística da Cidade de Santos

Indústria - em 31 de dezembro de 1849:

Oficinas de marceneiro 7
de tamanqueiros 3
de funileiros 2
de tanoeiros 7
de carroceiros 2
de alfaiate 7
de sapateiros 9
de correeiros 2
de ourives 4
de relojoeiros 2
de ferreiros 3
de barbeiros 1
tipografias 1

Fábricas

de cal 3
de telha 1
de sabão 1
de velas 1
de asfalto 2
de curtir couros 2
de charutos 1
de restilação 2

Cultura - Produção no ano de 1849:

Aguardente 216 pipas
Arroz em casca 18.831 alqueires
Café 1.087 arrobas

Navegação:


Imagem: reprodução parcial da página 2 de O Mercantil nº 8, de 27/7/1850

Acervo da Memória Biblioteca Nacional Digital

 

Guarda nacional, jurados e votantes:

 

Guarda Nacional

de serviço ordinário 454;

de reserva, 239;

jurados, 176;

votantes, 443.

 

Batizados e óbitos na freguesia desta cidade no ano de 1849:

 

Batizados:

  Masculinos Femininos Total
Livres e libertos 89 77 166
Escravos 19 28 47
Soma 108 105 213

 

Óbitos:

  Masculinos Femininos Total
Livres e libertos 67 66 133
Escravos 40 33 73
Soma 107 99 206

 


Imagem: reprodução parcial da página 3 de O Mercantil nº 8, de 27/7/1850

Acervo da Memória Biblioteca Nacional Digital