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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1913 - BIBLIOTECA NM
Impressões do Brazil no Seculo Vinte - [29-b]

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Clique nesta imagem para ir ao índice da obraAo longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho informa, nas páginas 350 a 355, a seguir reproduzidas (ortografia atualizada nesta transcrição):

Impressões do Brazil no Seculo Vinte

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Fazenda Santa Amélia, do sr. Maximiano Junqueira: 1) Gado da fazenda; 2) Engenho e terreiro; 3) A casa de residência
Foto publicada com o texto, página 350. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

O café (cont.)

Ribeirão Preto

Coronel João Carlos Leite Penteado - As fazendas Aurora e Matão, vizinhas uma da outra, no município de Palmeiras, distante apenas 2 quilômetros da estação deste nome,na linha Paulista, 3 da Estação Santa Veridiana, na mesma linha, e 2 da de Laca, na Linha Mogiana, são propriedade do coronel João Carlos Leite Penteado. As duas fazendas estendem-se por uma superfície de 750 alqueires, dos quais 300 são plantados com 584.000 pés de café.

Ambas dispõem de bem instalados maquinismos movidos a vapor, para descascar e classificar café; e o proprietário tenciona, em breve, dotá-las de instalações elétricas completas. As 115 famílias de colonos, na sua maioria italianos, residem em três colônias, denominadas Colônia Alta, Aurora e Matão. Há também um vasto campo aplicado à criação de cavalos e outros animais, principalmente para uso doméstico.

O coronel J. C. Leite Penteado, que reside no seu palacete à Rua Brigadeiro Tobias, 59, em São Paulo, é filho do dr. João Carlos Leite Penteado e de d. Maria Higina de Almeida Penteado, tendo nascido em São Paulo em 1850. Concluídos os seus estudos, resolveu dedicar-se à lavoura e adquiriu terras virgens, que, a pouco e pouco, foi cultivando e as quais formam hoje as duas prósperas fazendas de que acabamos de nos ocupar.

Francisco Schmidt – O sr. Francisco Schmidt é o "rei do café"; e este título não o herdou, mas conquistou-o. Há 50 anos, era um rapaz alemão, humilde, mas ativo e trabalhador; hoje é o maior proprietário de fazendas de café em todo o mundo!

Tal carreira é daquelas de que se pode orgulhar o Brasil, e ao sr. Schmidt valem, sem dúvida, o maior respeito e admiração. Não só no mundo do café, ocupa o sr. Schmidt uma posição saliente; é também um dos primeiros cultivadores da cana-de-açúcar.

As suas fazendas de café são numerosas; entre estas, as mais afamadas são Iracema, Monte Alegre, Pão Alto, São José, Macaúbas, Conquista, Santa Luiza, Santa Gertrudes, Vista Alegre, São Felix, Retiro Saudoso, Monte Vistaro, Recreio, Bela Aurora, Freitas e Rio-Preto Acima. Basta descrever uma dessas fazendas, por exemplo a Monte Alegre, para se dar uma idéia do enorme negócio à testa do qual está o sr. Schmidt.

A fazenda Monte Alegre mede 34.346 hectares de superfície; está em parte plantada com café, em parte com açúcar; e tem 15.212 hectares de matas e 1.766 hectares de pastagens. Nos 9.600 hectares ocupados com café, existem cerca de um milhão de pés da variedade Bourbon, que produzem uma colheita de 200.000 arrobas cada ano. Para o preparo desta enorme colheita, existem 224.657 metros quadrados de terreiros ladrilhados e uma instalação, com 22 máquinas modernas, de manufatura inglesa, para a limpeza e escolha do café.

Os 967 hectares de lavoura de cana-de-açúcar produzem cana da melhor qualidade, para trabalhar a qual, existem na fazenda dois bem montados engenhos. A produção anual ascende a 30.000 sacos de 60 quilos. As pastagens alimentam 1.055 cavalos e bestas, 3.176 cabeças de gado e 525 carneiros.

A administração do imenso estabelecimento onde estes variados ramos de atividade são exercidos não é tarefa fácil. Nada menos de 1.185 famílias, compreendendo 8.613 pessoas, ali ganham a vida; para elas, há acomodações distribuídas por 1.253 casas. Para os serviços de transporte, há 289 carros de diversas espécies; e para facilitar as comunicações, foram estabelecidas linhas telefônicas para os diversos pontos da fazenda. Tal qual hoje está é Monte Alegre uma das maiores e mais modernas, entre as numerosas e bem montadas fazendas do estado de São Paulo.

Fazenda Santa Amélia – A fazenda de café Santa Amélia fica a três léguas de Ribeirão Preto; tem de área 650 alqueires e é uma das mais modernas do país. Dos 508.000 pés de café que ali existem obtém-se uma colheita anual de mais de 1.000.000 de quilos. O terreiro mede 15.000 metros quadrados e as máquinas para limpeza e escolha do café são do tipo mais moderno. Cerca de 150 alqueires estão em pastagens que alimentam 600 cabeças de gado e 75 cavalos e bestas.

Foi recentemente construída uma bela residência para o proprietário, sr. Manoel Maximiano Junqueira. As casas para as famílias empregadas na fazenda são em número de 120. O sr. Junqueira possui ainda duas outras fazendas denominadas Pau d'Alho e Nova  Junqueira – a primeira com uma área de 1.200 alqueires e a segunda, nos limites do município, com 600 alqueires. Quer uma, quer outra, têm cerca de 100.000 pés de café e dão colheitas de cerca de 50.000 quilos anuais. Trabalham nestas últimas fazendas cerca de 40 famílias, para a maior parte das quais existem residências. A Nova Junqueira tem uma excelente casa para moradia do proprietário.

Fazenda Sta. Theresa (sra. Silveira do Val) - Situada no município de Ribeirão Preto, compreende esta fazenda uma área de 1.000 alqueires,  dos quais 250 em floresta. O resto do terreno está plantado com 1.047.000 pés de café que produzem, em média, 100.000 arrobas anuais. A fazenda possui também uma pequena plantação de alfafa, unicamente para sustento dos seus animais, que são 150 cabeças de gado, 100 burros, 18 mulas e 12 cavalos. A colonização da fazenda compõe-se de 162 famílias de trabalhadores, quase todos italianos e espanhóis. Essas 162 famílias residem na fazenda, em casas higiênicas e cômodas, e formam ao todo 1.000 pessoas.

A fazenda é atravessada pela linha Mogiana, que dentro dela tem uma estação. O café é levado à estação por um ramal próprio. Os maquinismos para o tratamento do café, na fazenda, são aperfeiçoadíssimos. A proprietária é d. Francisca Silveira do Val, que reside em S. Paulo, e passa no Rio alguns meses, todos os anos. A administração da fazenda está, há mais de quatorze anos, ao cargo do sr. Theotonio Monteiro de Barros, brasileiro, que sempre se tem dedicado à lavoura.

Dumont Coffee Co. - A fazenda da Dumont Coffee Co., empresa genuinamente inglesa, é uma das mais bem montadas e de mais completas instalações em toda a República. Situada a 23 quilômetros de Ribeirão Preto, a fazenda tem uma área total de 300.000 acres, dos quais 14.000 plantados com café Bourbon. Existem cerca de 4.500.000 pés, que dão uma colheita anual de 120.000 cwt ou 6.096.000 quilos. Os terreiros são de alvenaria de tijolo e têm uma área de 48 acres, e a moderna instalação para o preparo do café da fazenda pode trabalhar 700 cwt ou 35.560 de café por dia.

Das restantes terras da fazenda, 1.200 acres estão em campos e 5.000 acres em pastagens para cerca de 1.000 cabeças de gado e 500 cavalos e bestas empregados nos serviços da fazenda. A linha da estrada de ferro que liga a fazenda a Ribeirão Preto é propriedade da companhia e faz um serviço de quatro trens de passageiros semanalmente e um trem de carga diariamente. Há um total de 85 km de linha, dos quais 23 abertos ao tráfego público.

Os proprietários têm também o seu armazém, com um estoque de mercadorias de toda a sorte, avaliado em £8.000; um hotel, oficinas e telheiros para abrigo, construção e reparo de material rodante. O lucro total da cia. foi em 1908 de £78.000; em 1909, de £57.000; e em 1910, de £124.000. Para estes totais concorreram os armazéns, em 1908, com um lucro de £2.700; em 1909, de £2.600; e em 1910, de £2.400. E os lucros na estrada de ferro foram, em 1908, de £9.400; em 1909, de £8.000; e em 1910, de £10.400.

A diretoria, em Londres, compõe-se dos srs. G. Al. Talbot, presidente; R. D. Moncrieffe e srs. Robert Hart, A. Kingsmill, H. W. Breyans e John Buchanan. Os diretores no Brasil são os srs. William Brunton Dulley, subgerente; Charles M. Intyre, engenheiro-maquinista; Henrique Lautenbach, guarda-livros; John Sherrington, John Wilmot, A.H. Holland e C. Ford. Além destes, há sempre, ao serviço da companhia, um médico e um farmacêutico.

O sr. Davy, nascido e educado na Inglaterra, viajou por várias partes do mundo, inclusive a Austrália, Nova Zelândia e Canadá; veio para o Brasil, como gerente, há 14 anos; e sucedeu ao sr. John Buchanan, como diretor-gerente, há 8 anos.

O sr. Dulley nasceu em São Paulo e foi educado na Stanford University, Califórnia; entrou para a companhia há 12 anos e é agora subgerente.

O sr. Mc. Intyre é escocês e veio para o Brasil há 18 anos, contratado pela English Railway Co., e é engenheiro-maquinista da cia. há 12 anos.

Fazenda Boa Vista (cel. J. Diniz Junqueira) - A fazenda Boa Vista, situada a 18 quilômetros de Ribeirão Preto, é de propriedade do coronel Joaquim da Cunha Diniz Junqueira, e tem uma área de 2.600 alqueires, compreendendo cafezais, invernadas, matas, pastos e campos. Os 650.000 pés de café ali plantados produziram, de 1905 a 1911, a média anual de 80.000 arrobas. As safras foram as seguintes: ano de 1905, 76.000 arrobas; 1906, 96.000; 1907, 50.000; 1908, 87.000; 1909, 72.000; e 1910, 88.000. Em 1911, devia a colheita atingir 100.000 arrobas.

A fazenda possui um terreiro ladrilhado, de 20.000 metros quadrados, maquinismo completo para beneficiar café com dois monitores para classificação, serraria, moinho etc. Os colonos, em número de 600, têm para moradia 120 casas divididas em 3 colônias; e há mais 63 casas na fazenda, além da residência principal, com cocheiras e diversas dependências. Para reprodução, há 80 éguas e 600 reses bovinas, das quais 200 Caracu selecionado, excelente raça brasileira. A fazenda é servida pelo ramal da Companhia Dumont, que chega até as máquinas; e fica distante 2 quilômetros apenas da futura estação do ramal de Jataí, da companhia Mogiana.

Fazenda Buenópolis - Esta fazenda fica situada próximo à estação do mesmo nome, da Cia. Mogiana. É uma das maiores fazendas de café do Brasil, dum só proprietário: compreende 1.500 alqueires de terras, aproximadamente, parte no município de Cravinhos e parte no de Ribeirão Preto, comarca do mesmo nome.

A colheita anual eleva-se, em média, a 1.800.000 quilos, dando ao seu proprietário o lucro líquido de mais ou menos 1.200:000$000. Existe um grande terreiro para secar café, cimentado, com uma área livre de 3 hectares; completa instalação movida à eletricidade, para beneficiar café, e outros maquinismos, como sejam: serras, moinhos, despolpadores etc.

A fazenda tem 1.500.000 cafeeiros e possui ainda matas virgens abundantes de cedros, perobas, jacarandás etc., cobrindo uma extensão de 300 alqueires.

Os colonos e empregados da fazenda compõem 300 famílias, para as quais existem casas confortáveis e higiênicas, bem como chiqueiros espaçosos para as suas cabras, porcos, galinhas etc. e pastos para os seus animais. Há uma magnífica casa para residência do proprietário, bem como, para escritório, administração, farmácia etc.

A fazenda é inteiramente criação do proprietário, cel. Joaquim da Cunha Bueno; há 18 anos era aquele solo virgem. O cel. Bueno é também sócio da importante casa comissária de Santos, que gira sob a firma de Cunha Bueno & Cia. e possui muitos prédios em diversas localidades do estado. Reside num belo palacete à Rua Florêncio de Abreu, 154, em São Paulo.

Fazenda São Sebastião do Lageado – A colheita anual, dos 250.000 pés de café, que tem a fazenda de São Sebastião do Lageado, é, em média, de 28.000 arrobas. A propriedade fica a cerca de 4 quilômetros de Ribeirão Preto e tem uma área total de 180 alqueires, dos quais 130 plantados com café. Há 15 alqueires reservados para a cultura dos cereais, 2 alqueires plantados com cana-de-açúcar e outro tanto em pastagem para 10 vacas, cujo leite é aproveitado para consumo da casa.

A fazenda emprega, em seu serviço, cerca de 40 cavalos e bestas. O terreiro tem uma área de 15.200 metros quadrados. Há uma bela casa de residência, rodeada por pitoresco jardim, com palmeiras e avencas; é iluminada a gás, e tem água encanada, o que também se dá com as outras seções da fazenda.

Na estação da colheita, o proprietário, sr. Antonio Vicente Ferraz de Sampaio, ali reside com sua família; o resto do ano, passa-o em São Paulo. A fazenda tem também uma capela, adequada ao uso das 40 famílias, que se empregam nos serviços da propriedade. O sr. Sampaio, que nasceu e foi educado no Brasil, possui outra fazenda em Jacarezinho, no estado do Paraná, e que tem uma área de 1.600 alqueires.

Coronel Rodrigo Monteiro Diniz Junqueira – A Fazenda Santa Olympia, de propriedade do coronel R. M. Diniz Junqueira, fica situada no município de Ribeirão Preto, próximo à estação de Guatopara, da Estrada de Ferro Paulista. Tem de área 24.200 alqueires, em parte plantados com 320.000 pés de café que dão a colheita anual de 35.000 arrobas, em média.

O maquinismo para beneficiar café é do tipo mais moderno e movido a vapor. A fazenda tem também extensas pastagens, para gado e animais da fazenda e uma grande extensão em matas. Os colonos ao serviço da fazenda, em sua maioria espanhóis, compõem 60 famílias, para as quais há boas moradias. O suprimento d'água é abundante em toda a fazenda, que tem também residência para o proprietário, casa para o administrador, cocheiras, depósitos etc. O coronel Junqueira é presidente da Câmara Municipal de Ribeirão Preto e diretor de várias instituições bancárias em São Paulo.

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Fazenda da Serra, do coronel F. M. Junqueira, em Ribeirão Preto
Foto publicada com o texto, página 351. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Francisco Maximiano Junqueira – O sr. Francisco Maximiano Junqueira, importante fazendeiro no município de Ribeirão Preto, é proprietário de seis fazendas. A da Serra, uma das mais belas do município, situada a 6 quilômetros de Vila-Bomfim, tem de área 160 alqueires, com 274.000 pés de café que produzem anualmente, na média, 30.000 arrobas. Para a secagem, há um terreiro ladrilhado de 11.000 metros quadrados; e para descascar e classificar café, um maquinismo moderno, movido a vapor; há também um moinho para fubá.

Os colonos, que compõem 40 famílias moram em 50 casas apropriadas. O ótimo prédio de residência é dotado do maior conforto. A fazenda é iluminada a gás e fartamente abastecida de água. Os depósitos, cocheiras etc. estão em sólidos prédios. Há diversas incubadoras de galinhas. A fazenda liga-se, pelo telefone, a todo o município.

A segunda fazenda do sr. Junqueira, a de Bachadão, no município de Ribeirão Preto, tem de área 900 alqueires, com 200.000 pés de café que anualmente produzem, na média, 20.000 arrobas; são aperfeiçoadíssimos os maquinismos para descascar e classificar café. O terreiro de secagem, ladrilhado, ocupa 15.000 metros quadrados. Contam-se na fazenda mais de 700 cabeças de gado bovino e 200 porcos.

Nos transportes, empregam-se 100 cavalos e mulas. Os colonos, 135 famílias, ocupam 40 habitações. Os depósitos de milho e café estão em sólidos prédios. A água é distribuída em abundância por todas as dependências. A casa de residência do proprietário e a da administração são excelentes.

A terceira fazenda, a de Capão da Cruz, no mesmo município, compreende 2.000 alqueires, com 100.000 pés de café que produzem a média anual de 10.000 arrobas. Para a secagem, há um terreiro ladrilhado de grande extensão. A maior parte da fazenda é ocupada por um pasto e terras destinadas à extração de madeiras de excelente qualidade, parte das quais são vendidas para diversas serrarias. Os colonos, 20 famílias, habitam 30 casas. Há ainda um magnífico prédio de residência e casa de administração. Contam-se 50 cavalos e mulas de serviço e 200 cabeças de gado de criação. Há, na fazenda, instalação telefônica e um bem montado forno para tijolos.

A quarta fazenda, a de Santa Genoveva, no município de Barretos, com a área de 980 alqueires, é reservada à criação de gado. Ali se contam mais de 1.000 cabeças de diversas espécies. Tem ainda a fazenda um moinho para fubá, uma boa casa de residência e outra para administração.

A quinta fazenda, a de São Francisco, abrange 150 alqueires, com 98.000 pés de café que dão anualmente 10.000 arrobas. Para a secagem, há um excelente terreiro ladrilhado e para depósitos de milho e café, vários armazéns. Os colonos, 20 famílias, ocupam 30 habitações.

A última das fazendas, a de Igarapara, no município de Igarapara, mede 700 alqueires, reservados à cultura da cana-de-açúcar; há já 100 alqueires plantados. O maquinismo, moderno e aperfeiçoado, pode produzir até 300 toneladas de açúcar por dia. A produção anual vai a 30.000 sacos de açúcar, de 60 quilos cada, além de 300 pipas de aguardente. Nesta fazenda se empregam 100 famílias de colonos, para as quais existem 100 habitações. É intenção do seu proprietário plantar todos os anos 300 alqueires de cana.

O sr. Francisco Maximiano Junqueira nasceu no Brasil, em 1867. Fez os seus estudos em Ribeirão Preto e desde moço se dedicou à cultura do café.

Antonio M. Alves de Lima – O sr. Alves de Lima faz parte da firma D. Albertina Prado & Filhos, proprietária de uma das maiores fazendas do Brasil: a fazenda Guatapará, situada no município de Ribeirão Preto, São Paulo. A área da fazenda é de 6.609 alqueires; e nela existem 1.800.000 pés de café, com a produção média de 100 arrobas por 1.000 pés.

O café é levado por meio de canais, especialmente construídos, dos diversos pontos da fazenda diretamente às máquinas de despolpar; estes canais são de alvenaria de tijolo alcatroado; e é aproveitada a corrente da água como meio de transporte a todos os lugares onde se procede aos serviços do beneficiamento, primeiramente aos despolpadores, em seguida aos separadores e daí aos terreiros.

Há uma linha férrea própria com 9 quilômetros e com a mesma bitola da Paulista, servida por duas locomotivas e pelo necessário material rodante. A força motriz é o vapor, que também aciona o dínamo para a luz elétrica distribuída por toda a fazenda.

Tem esta também uma moderna instalação, para destilar aguardente de cana, e maquinismo francês para produção de gomas e de farinha, onde é tratada a produção de 40 alqueires das terras exclusivamente reservadas à cultura da mandioca. As pastagens cobrem 1.000 alqueires e as matas 2.000 alqueires. Há vários engenhos de serra na fazenda.

Os colonos são em número de mais de 2.000 e para sua moradia existem boas casas de tijolo. A fazenda tem médico e farmácia, escola, açougue, armazém etc., uma boa casa para residência do proprietário e outra para o administrador.

Fazenda Santa Lydia – Dos 180 alqueires, que compreende a fazenda de Santa Lydia, 12 estão em mata, 15 em pastagens e os restantes plantados com 235.000 pés de café, que produzem uma colheita anual de 25.000 arrobas, em média. É distribuída água por toda a fazenda; os terreiros de café são ladrilhados e ocupam uma área de 10.000 metros quadrados.

Existe uma instalação completa com máquinas para o preparo do café e também um engenho para a moagem do milho e preparação da farinha (fubá) etc. As pastagens alimentam cerca de 35 bestas e cavalos e 24 cabeças de gado. A fazenda tem uma grande casa para residência dos proprietários, com todo o conforto moderno, moradas para 38 famílias, casa do administrador etc. Pertence a fazenda aos srs. Raul Pacheco e Chaves e Fernando Pacheco e Chaves. O sr. Raul Pacheco e Chaves está ligado à firma Prado Chaves & Cia. de São Paulo e nesta cidade reside durante 9 meses no ano.

Fazenda Boa Vista (sr. Ferraz Junior) – A fazenda Boa Vista, situada no município de Ribeirão Preto, é de propriedade do sr. Antonio Barbosa Ferraz Junior, compreende uma área de 175 alqueires, com 150.000 pés de café que produzem anualmente, em média, 20.000 arrobas. Esta fazenda, que é uma das melhores do distrito, reúne todos os melhoramentos modernos. Toda a sua iluminação é elétrica. O terreiro para secagem mede 16.500 metros quadrados. Os maquinismos para descascar e classificar café são movidos à eletricidade.

Há 30 famílias de colonos que residem em 45 habitações apropriadas. Para os transportes, dispõe a fazenda de 19 cavalos e mulas. Os prédios construídos para casa de máquinas e cocheiras são modernos e de sólida construção. A casa de residência do proprietário, sr. A. B. Ferraz Junior, é cercada de jardins que ocupam 2 alqueires de área. Ali habita o sr. Ferraz parte do ano e o resto do tempo passa-o na sua propriedade de Piracicaba. A administração da fazenda está a cargo do sr. Adolfo Bortolucci.

A fazenda Santo Antonio, distante 3 quilômetros da da Boa Vista e igualmente de propriedade do sr. Antonio Barbosa Ferraz Junior, tem de área 240 alqueires, com 343.500 pés de café, e produz anualmente, na média, 50.000 arrobas. Emprega nos serviços da lavoura 68 famílias que ocupam 98 habitações construídas para tal fim. Tem um terreiro para secagem que cobre a área de 18.000 metros quadrados, depósito para armazenar até 25.000 arrobas de café, casa de residência e de administração, cocheiras etc.

Nesta fazenda, há também plantações de milho, arroz e alfafa para consumo. Nos pastos, contam-se 28 cavalos e mulas e 45 cabeças de gado bovino. A administração está a cargo do sr. Guilherme Kroll.

Ainda de propriedade do mesmo sr. Ferraz Junior é a fazenda Figueira, no município de Cravinhos, distante apenas 18 quilômetros desta cidade e perto da estação de Abravenga. Nesta fazenda, que abrange 600 alqueires, há 450.000 pés de café que produzem a média anual de 50.000 arrobas. O terreiro para secagem cobre uma área de 17.000 metros quadrados.

As habitações, em número de 106, são ocupadas por 100 famílias de colonos. Há uma espaçosa casa de máquinas, onde se encontram aparelhos modernos para descascar e classificar café; e um depósito que pode acomodar até 18.000 arrobas. Contam-se, para os serviços de transporte, 40 mulas e cavalos e há ainda nos pastos 120 cabeças de gado de criação. Os pastos ocupam 100 alqueires; a casa de residência e do administrador é de construção moderna e provida do maior conforto.

Fazenda Santo Antonio da Boa Vista – Esta fazenda, situada no município de Ribeirão Preto, abrange uma área de 567½ alqueires e contém 347.000 pés de café, que produzem anualmente 45.000 arrobas. A água que abastece a fazenda vem duma fonte da qual é conduzida por meio dum encanamento de 670 metros de extensão, até um tanque de 90.000 litros de capacidade. Na fazenda, há, para a secagem do café, um dos maiores terreiros do estado, terreiro que ocupa a área de 32.000 metros quadrados.

Todo o maquinismo é movido por eletricidade, a qual também se emprega para a iluminação. Daquelas terras, 200 alqueires estão destinados à extração de madeira, e   há, na fazenda, uma serraria, na qual todos os anos se prepara considerável quantidade dessas madeiras.

Na parte da fazenda reservada a pasto, existem 90 cabeças de gado bovino, 57 cavalos e 18 éguas para criação, além das mulas de serviço. Os imóveis compreendem prédios para residência, administração, escritório, casa de máquinas para o preparo de fubá e 90 habitações para as famílias dos empregados da fazenda.

O proprietário da fazenda, sr. Luiz de Queiroz Telles, que tem como sócios seus filhos, é brasileiro e desde moço se interessa pela plantação de café. Reside, durante 6 meses, na fazenda, e o resto do ano em Campinas, à Rua Regente Feijó, 70. A fazenda é administrada pelo sr. Luiz de Queiroz Telles Junior.

Fazenda Boa Vista da Permuta – Esta fazenda fica situada dentro do município de Ribeirão Preto e é propriedade do sr. Antonio Furquim Pereira. Em seus 166 alqueires de terras, tem plantados 200.000 pés de café, que produzem uma colheita anual de 20.000 arrobas em média. O terreiro é ladrilhado e cobre a área de 6.600 metros quadrados. Há uma instalação completa para a limpeza e escolha do café.

Água é levada aos diversos pontos da fazenda, que tem uma cômoda residência para proprietário e 42 casas para moradia das famílias nela empregadas. Há para o serviço da fazenda 21 cavalos e bestas.

Dentro dos limites do município de Pitangueiras, possui o sr. Pereira outra fazenda, denominada Recreio, com 12.000 pés de café e pastagens para 300 cabeças de gado. O sr. Pereira nasceu no Brasil em 1884; toda a vida se tem ocupado de cultura de café.

Fazenda Santa Olympia (sr. L. Nogueira) – Constitui um excelente exemplo a fazenda de Santa Olympia, de pequena mas produtiva e bem aproveitada propriedade. Situada no município de Ribeirão Preto e tendo uma área de 36 alqueires, está plantada com 68.000 pés de café com a produção anual de 1.200 arrobas. Tem um terreiro apropriado para secar o café, ladrilhado, uma bonita residência, cocheiras e outras dependências. Existem na fazenda, para os diversos serviços, 16 bestas. O proprietário, sr. Luiz Eduardo Nogueira, vive na fazenda há 15 anos, depois de ter sido, por 18 anos, negociante em Campinas.

Arthur Diederichsen – O sr. Arthur Diederichsen é proprietário de algumas das mais belas fazendas de café no Brasil. No município de Ribeirão Preto, distando cerca de quatro quilômetros da Estação de Cravinhos, possui as fazendas Jandaia e Ibiapina, as quais têm a área total de 2.100 hectares, com 550.000 pés de café que produzem cerca de 900.000 quilos anualmente.

O maquinismo destes estabelecimentos é movido por uma máquina a vapor da força de 20 cavalos e por uma turbina da força de 10 cavalos. As plantações dessas fazendas, que dão emprego a cerca de 100 famílias, ou sejam, de 500 a 600 pessoas, estão ligadas por telefone.

No mesmo município possui o sr. Diederichsen a fazenda Santa Adelaide, com 800 hectares de área e 300.000 pés de café, que produzem 600.000 quilos por ano. Esta dá emprego a 60 famílias e é provida de um motor de 12 cavalos. A fazenda Aliança, de sua propriedade também, tem 450 hectares de área e 170.000 pés de café, produzindo 300.000 quilos anualmente. Dispõe de bons maquinismos e dá serviço a 40 famílias.

O sr. Diederichsen é ainda dono de outras lavouras cafeeiras, perto da Estação de Sertãozinho, denominadas Posses e Palestina, que ocupam 4.500 hectares com 400.000 pés de café, e empregam 90 famílias. Dois mil hectares de terras destas fazendas são de ricas pastagens que alimentam gado das raças Holandesa, Durham, Lémousin e Garounais.

A fazenda do Desengano, também de sua propriedade, com a área de 2.900 hectares, está situada a 3 quilômetros da estação do mesmo nome. Nesta fazenda, 1.500 hectares de pastos sustentam 500 cabeças de gado nacional e da raça Hereford, havendo 300 hectares reservados a forragens. No resto da propriedade acham-se 100.000 pés de café, com a produção anual de 150.000 quilos.

A última fazenda do sr. Diederichsen, conhecida por Lageado, está no distrito Orlândia, a 3 quilômetros da Estação Sales Oliveira; grande porção dela consta de pastagens, e o restante (cerca de 450 hectares) de plantações de café, com 200.000 pés que produzem anualmente 360.000 quilos.

O sr. Diederichsen é filho do bem conhecido comerciante brasileiro sr. Leopoldo Diederichsen, já falecido. Nasceu em Santos e foi educado na Alemanha. Voltando à sua terra, trabalhou 6 anos com a firma Theodor Wille & Cia. Comprou então a fazenda de café Santa Adelaide; e, depois, continuou a comprar e vender fazendas cafeeiras. Durante os últimos dez anos, tem sido gerente das fazendas da firma Theodor Wille & Cia. É presidente grande acionista da Companhia Viação de São Paulo a Mato Grosso, cujo capital se cifra em Rs. 1.000:000$000.

Fazenda do Barreiro (Sr. Alves e Almeida) – Esta fazenda, de propriedade do sr. Luiz Alves de Almeida, fica situada no município de Ribeirão Preto e tem de área 380.000 alqueires, plantados com 353.000 pés de café, dos quais 31.000 ainda novos. A colheita anual é em média de 40.000 arrobas. O seu maquinismo para beneficiar o café é do tipo mais moderno e acionado por um motor a vapor.

Trabalham na fazenda 60 famílias de colonos, que têm boas casas de moradia, construídas de tijolo e abundantemente supridas d'água. Há na propriedade 12 alqueires em matas ricas em cedro, peroba etc.; e pastagens com 100 cabeças de gado e animais para o serviço da fazenda. Tem esta ainda casa de residência, casa de administração, cocheiras, paióis etc.

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Prado Chaves & Cia.: 1) Residência particular; 2) Colhendo café; 3) Conselheiro Antonio Prado; 4) Fazenda Guatapara, com 800.000 cafeeiros; 5) Casas para o administrador e colonos, na Fazenda Santa Veridiana
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Cravinhos

Comp. Agrícola do Ribeirão Preto – A Companhia Agrícola do Ribeirão Preto explora onze fazendas de café situadas entre os municípios de Cravinhos e São Simão. Estas fazendas compreendem sete seções, formando um conjunto por meio de linhas férreas e telefônicas em comunicação com o centro Chimborazo, onde existem os maquinismos e oficinas, as obras e acomodações necessárias e em proporção ao benefício e preparo dos cafés.

A área aproximada dessas propriedades atinge 2.000 alqueires de terras, dos quais 1.000 se acham ocupados com 2 milhões de cafeeiros e o mais com matas, capoeiras, pastagens, terras de culturas forrageiras e de cereais etc. O pessoal compõe-se de mais de 450 famílias, com cerca de 3.000 pessoas ao todo.

O tráfego para a circulação dos produtos abrange um percurso de 15 quilômetros, constando de três vias férreas: de Monte Belo, Monte Parnaso e Tibiriçá. Esta última liga a sede Chimborazo à estação do mesmo nome da via férrea Mogiana, distante cerca de 3 quilômetros e por onde se fazem as exportações. O material rodante consiste em 4 locomotivas, 2 carros de passageiros e 30 vagões de cargas.

As máquinas de benefício e despolpamento podem preparar 1.600 a 1.800 arrobas de café por dia. Os terreiros para o secamento de cafés comportam 55 mil alqueires e ocupam uma superfície de 72.584 m², da qual existem 11.765 m² feitos com argamassa de piche e areia e 51.344 m² ladrilhados. São dos maiores que existem.

As oficinas compreendem as dependências de ajustagem, ferraria, fundição, montagem, carpintaria e pintura, satisfazendo aos diversos reparos, consertos, reformas e fabricações. Existem funcionando atualmente 8 vapores, sendo 4 fixos e 4 de carreira. O dispêndio de combustível é de 3.500 m³, por ano, de lenha. Há também em atividade 4 moinhos, uma serraria, uma olaria, uma roda de água movendo máquina de cortar forragens etc.

O número de casas, incluindo as dos colonos, é de cerca de 500; e o de veículos, de 30. A produção média de todas as fazendas, nos últimos três anos, atingiu 160.000 arrobas por ano e a colheita deste ano deverá dar 260.000 arrobas que, pelos preços atuais, farão a renda bruta de Rs. 2.500:000$000; e as despesas não excederão Rs. 700:000$000. A avaliação existente é a seguinte:

Valor de propriedades Rs. 8.167:114$031
Valor de máquinas e oficinas 483:128$501
Valor de benfeitorias e melhoramentos 613:317$799
Soma Rs. 9.263:560$331

A diretoria da companhia compõe-se dos srs. José Egydio de G. Aranha, presidente; José Paulino Nogueira e José de Queiroz Lacerda. A gerência está a cargo do sr. Wilfrido D. de Arruda.

Fazenda Bomfim – A Fazenda Bomfim tem a sua sede distante da cidade de Cravinhos 5 quilômetros; e os seus terrenos começam onde está a atual estação da Estrada de Ferro Mogiana, cujos trilhos a cortam na extensão de 3 quilômetros. Compreende a fazenda 300 alqueires de terras divididas e ocupadas por cafezais, pastos, roças de cereais e matas. Contém a Fazenda Bomfim 340.000 pés de café, plantados numa área de 190 alqueires de terras, e que produzem a média anual de 30.000 arrobas.

A fazenda contém todos os maquinismos e acessórios necessários a uma instalação agrícola desta natureza, tais como: boa máquina para beneficiar o café, movida à eletricidade fornecida pela usina da própria fazenda, que produz energia de 40 hp; despolpador movido também à eletricidade; grande moinho de fubá; grandes e sólidas tulhas que comportam 20.000 arrobas de café; 12.000 m de terreiro ladrilhado para a secagem do café, com vagonetes para o transporte do café seco para as tulhas; grande estábulo para vacas e cocheira para animais cavalares e muares; e ainda dependências para guarda de veículos, boa máquina de picar forragens movida à água etc.

O gado vacum compõe-se de 40 reses, o cavalar de 16 e o muar de 38 cabeças. A fazenda possui uma oficina montada regularmente para o fabrico de veículos para uso próprio e consertos. Além dos prédios de moradia e de administração, existem na fazenda 100 casas de colonos, camaradas e empreiteiros, cada uma delas com o seu pomar, horta, paióis e mangueiros para porcos e cabras.

A Fazenda Bomfim é propriedade do sr. Julio Pedro Pontes e de dois menores, herdeiros de Francisco Bomfim. Além da metade da fazenda acima descrita, possui o sr. Julio Pedro Pontes duas magníficas propriedades cafeeiras, uma ano município de Sertãozinho e outra no município de Casa Branca.

Estas duas propriedades contêm ambas 600 alqueires de terras com 250.000 pés de café, casas de moradia e de administração, boas colônias com 60 casas, terreiros ladrilhados, máquinas para o benefício do café, moinhos, tulhas etc.

Na fazenda de Casa Branca existe uma boa invernada, com 250 cabeças de gado, que produz leite para um pequeno fabrico de queijos. Esta fazenda dista da Estação de Coronel Corrêa 1.000 metros, na estrada de ferro Mogiana, e é denominada Alegria.

A fazenda de Sertãozinho denomina-se Santa Elisa e é cortada pela mesma estrada de ferro Mogiana, ramal de Sertãozinho, onde está também situada a Estação Julio Pontes ao centro da propriedade. A média de produção anual das duas fazendas é de 28.000 arrobas de café. O sr. Julio Pedro Pontes reside em Cravinhos, onde tem uma grande oficina mecânica e carpintaria; e é sócio da casa de comissões em Santos da firma Barbosa Pontes & Cia.

Fazenda São João (sr. Ev. Nogueira) – O sr. João Evangelista Nogueira é proprietário de duas fazendas de café de primeira ordem, conhecidas pelas denominações de São João e Santa Maria. A primeira tem a área de 200 alqueires e está plantada com 210.000 pés, cuja colheita é, em média anual, de 22.000 arrobas. O maquinismo para a limpeza e escolha do café é movido a vapor e força hidráulica; os terreiros de café são ladrilhados e têm uma área de 3.600 metros quadrados. A água é distribuída em abundância pelos diversos pontos da fazenda e existe uma boa residência, na qual permanentemente mora o proprietário.

A fazenda tem cerca de 30 vacas holandesas e 26 cavalos e bestas; tem também 38 casas para moradia das famílias nela empregadas. A fazenda São João fica situada a cerca de 8 quilômetros de Cravinhos. A outra propriedade, a fazenda de Santa Maria, fica no município de Cravinhos e tem a área de 350 alqueires, com 220.000 pés que dão cerca de 22.000 arrobas anualmente. Tem uma residência para o administrador e 40 casas para colonos.

O sr. Nogueira nasceu na fazenda e durante toda a sua vida se tem interessado pela cultura do café. É presidente da Câmara Municipal de Cravinhos e diretor da Comissão de Agricultura da mesma cidade.

Fazenda Posse da Figueira – Esta fazenda, situada ao longo da estrada de ferro Mogiana, no município de Cravinhos, Estação Manoel Amaro (a qual está dentro da fazenda), tem de área 200 alqueires, com 183.000 pés de café cuja produção média vai a 20.000 arrobas.

Há na fazenda uma boa casa de moradia; bom terreiro ladrilhado para 3.000 alqueires de café; duas tulhas que comportam 12.000 arrobas; dois vagonetes para conduzir café das tulhas para a máquina; uma boa máquina para beneficiar café, tocada a água; uma máquina para beneficiar arroz; um moinho para fubá; uma serraria tocada a água; 45 casas para colonos etc. Nos serviços de transporte, empregam-se 14 bestas e 24 bois. Há uma boa área de terras reservada para pasto e outra para extração de madeiras. Numa invernada próxima, faz-se criação de gado, havendo ali atualmente 120 a 130 cabeças.

A fazenda é administrada pelo proprietário, sr. Manoel José Alves do Valle, que tem como auxiliar seu filho, sr. Manoel Alves do Valle. Do mesmo proprietário é um sítio, da área de 3 alqueires, no município de Ribeirão Preto, onde estão plantados 25.000 pés de café e onde se encontram 5 casas para colonos e um confortável prédio de residência.

Fazenda dos Cravinhos – Muitas fazendas há no estado de S. Paulo maiores que a "Dos Cravinhos"; poucas, porém, se lhe comparam do ponto de vista da administração moderna ou da excelência de resultados obtidos. De propriedade do sr. José de Lacerda Soares e situada no município de Cravinhos, a fazenda compreende uma área de 400 alqueires e contém 450.000 pés de café, cuja produção média anual é de 40.000 arrobas.

O constante e regular abastecimento de água foi assegurado com a construção de um reservatório açude fornecido pelas fontes vizinhas. Existem duas linhas de telefone, uma particular da fazenda, e outra ligada à rede pública. A residência do proprietário é de excelente construção e iluminada à eletricidade, e os três alqueires de terra que a rodeiam são plantados com árvores frutíferas de toda a qualidade. Para beneficiamento e seleção do café, dispõe a fazenda de maquinismo aperfeiçoado e iluminado à eletricidade e há grandes depósitos de tijolos destinados à armazenagem da colheita.

O terreno é cruzado pela estrada de ferro Mogiana, à qual o liga uma linha especial, que chega aos armazéns, de modo a facilitar a embarcação de café. Dispõe ainda a fazenda de uma máquina de despolpar o café e uma serraria completa, tudo iluminado a eletricidade, e uma capela para os serviços religiosos. Contam-se atualmente cem famílias que ali trabalham e para residência das quais existem 120 casas.

O sr. J. Lacerda Soares possui outra fazenda, perto de Ribeirão Preto, conhecida por fazenda de São José. Esta tem uma área de 200 alqueires, contendo 270.000 pés de café, que produzem, na média, 30.000 arrobas anualmente. Ali há também aperfeiçoadas máquinas de beneficiar, separar e despolpar. Existem 80 casas para a moradia das famílias empregadas na propriedade.

O sr. Soares, nascido no Brasil, em 1866, completou a sua educação na Europa. Durante nove anos se ocupou do comércio de café em Santos; atualmente, é sócio de uma bem conhecida firma de café naquela praça. Dedica-se há 18 anos ao estudo da cultura de café, o que o tornou conhecido em todo o estado de São Paulo. Reside na sua fazenda "Dos Cravinhos" durante três meses; e o resto do ano passa-o em São Paulo, na sua residência à Praça da República, 60.

Fazenda Belo Horizonte – O sr. Luiz Venancio é o proprietário da fazenda de café Belo Horizonte, na qual nasceu. A fazenda tem uma área de 130 alqueires, com 130.000 pés de café. A colheita anual vai, em média, a 12.000 arrobas. Existe um terreiro de café, ladrilhado, com 1.000 metros quadrados; uma instalação, com maquinismos para a limpeza e escolha do café; e 35 casas para moradia das famílias empregadas na fazenda. O sr. Martins possui outra fazenda de 215 alqueires, que está agora começando a plantar com café.

Irmãos Fagundes & Cia. – Os Irmãos Fagundes & Cia., grandes fazendeiros, têm no estado de São Paulo as seguintes fazendas:

1ª - Fazenda Colônia União, situada no município de Cravinhos, com a área de 130 alqueires e 130.000 pés de café que produzem anualmente 12.000 arrobas. A fazenda tem também 30 alqueires em mata virgem, 20 alqueires em pastagens etc. e 22 casas parra residência dos colonos;

2ª - Fazenda Esperança, no município de Batatais, situada a 4 quilômetros da estação da estrada de ferro, com a área de 150 alqueires e 150.000 pés de café que produzem anualmente 13.000 arrobas. Há ainda 30 alqueires em mata virgem e outros 30 em pastagens. As casas para colonos são em número de 25;

3ª - Fazenda Belmonte, situada no município de Batatais, a um quilômetro da estação da estrada de ferro, com uma área de 120 alqueires e 100.000 pés de café. A área em mata virgem é de 30 alqueires, havendo outro tanto em pastagens. A produção anual de café é de 8.000 arrobas; as casas para colonos são em número de 18;

4ª - Fazenda da Torre, também situada no município de Batatais, a 8 quilômetros da estação mais próxima, com a área de 100 alqueires, 60.000 pés de café e a produção anual de 5.000 arrobas. Há 20 alqueires em mata virgem, 20 em pastagens e 12 casas para colonos;

5ª - Sítio Santo Antonio, no município de Jardinópolis, com 100 alqueires e 40.000 pés de café. O sítio tem 40 alqueires em mata, 30 alqueires em pastagens etc. A produção anual em café é de 2.000 arrobas e as casas para colonos são em número de 8. O sítio fica a 3 quilômetros da estação;

6ª - Fazenda Monte Alegre, no município de São José dos Campos, com a área de 1.200 alqueires e 20.000 pés de café, que produzem anualmente 1.000 arrobas. Fica a 12 quilômetros da estação mais próxima e tem 6 casas para trabalhadores. Há também na fazenda 800 alqueires em mata virgem e 380 em pastagens.

Em quase todas estas fazendas existem boas instalações de máquinas Lidgerwood para beneficiar o café e também casas de residência, casa para os administradores, paióis, terreiros etc.

Fazenda Aracy – Esta fazenda é propriedade dos srs. Arthur Rebello Reis e Luiz Siqueira Reis. Tem uma área de 145 alqueires, com 152.000 pés, que dão uma colheita anual de 12.000 arrobas. Existem duas casas de residência para os proprietários e também 39 casas para as famílias ali empregadas. Há pastagens para 32 vacas leiteiras e 25 cavalos e bestas. Os proprietários são irmãos, nascidos no Brasil, e têm propriedades na capital do estado. O sr. Luiz Siqueira Reis é juiz de paz em Cravinhos.

Fazenda Santa Cruz de Cravinhos – Do ponto de vista da beleza pitoresca, poucas fazendas se encontrarão no estado de São Paulo tão interessantes como a de Santa Cruz de Cravinhos, pertencente ao sr. João de Paula Mascarenhas. Cercada de morros, a sua plantação de café fica num vale bem abrigado, e a água que nasce desses morros é conduzida a todos os pontos da fazenda.

A propriedade tem a área total de 162 alqueires de terras, dos quais 33 são cobertos de matas virgens, 12 cultivados de cereais, 5 a 6 destinados à indústria pastoril e o resto ocupado com 178.000 pés de café, cuja produção média anual tem sido de 20.000 arrobas. Pelo café colhido na sua propriedade, foi o sr. Mascarenhas premiado com medalha de bronze na exposição de São Luiz, em 1906.

A residência do proprietário é de todo o conforto e cercada de um belo jardim ricamente cuidado, e de um pomar que contém muitas qualidades de frutas. Há 36 casas construídas de pedra e tijolos, com água encanada, para morada dos colonos. Dispõe a fazenda de boa estrebaria, paióis, armazém, casa para a administração, terreiros bem apropriados para a seca do café; um prédio com duas tulhas para o depósito do café, contendo todos os maquinismos modernos instalados para o beneficiamento etc. Esta propriedade acha-se no município de Cravinhos, distando ½ quilômetro da estação do mesmo nome na linha Mogiana.

O sr. Mascarenhas possui, em sociedade com o sr. Antonio Telles, outra fazenda em São Paulo dos Agudos, a qual tem 2.532 alqueires de terras em matas virgens, cobertas de madeiras de superior qualidade. O sr. Mascarenhas, nascido na cidade de Cantagalo, estado do Rio de Janeiro, em 24 de junho de 1840, foi durante 23 anos o representante da casa Telles, Netto & Cia. da praça de Santos. Tendo adquirido a fazenda Santa Cruz há 10 anos, passou, há três, a residir nesta propriedade.

Fazenda Santa Iria – Esta fazenda é propriedade do dr. Olympio de Andrade Reis, formado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1903, e que desde então tem clinicado em Cravinhos. A fazenda fica situada no município de São Simão e tem a área de 200 alqueires, com água nas suas diversas seções.

Tem plantados cerca e 175.000 pés de café e a colheita anual vai, em média, a 16.500 arrobas de café, para a limpeza e escolha do qual há uma instalação mecânica completa. Além da aprazível residência do proprietário, existem casas para 50 famílias de colonos. Para os serviços de transporte, tem a fazenda 25 cavalos; e nas suas pastagens contam-se 50 cabeças de gado holandês.

Fazenda Morungaba (sr. J. Pinto de Miranda) - O sr. José Pinto de Miranda é proprietário, no município de Cravinhos, de uma bela fazenda, chamada Morungaba, e com a área de 81 alqueires. Uma parte destes, plantada com 80.000 pés de café, dá uma colheita média de 12.000 arrobas. Existe um terreiro ladrilhado, de 6.000 metros quadrados, e boas máquinas para a limpeza e escolha do café.

Há uma área com cultura de milho e cerca de 20 cavalos e bestas trabalham nos transportes da fazenda. Os edifícios compreendem a residência do proprietário, armazéns de café e milho e 21 casas de empregados. O sr. Miranda ocupa-se da cultura do café, há 11 anos, tendo sido anteriormente, por 21 anos, farmacêutico em Cravinhos.

Fazenda de São Francisco - Uma das mais importantes e interessantes fazendas no município de Cravinhos é, por certo, a fazenda de São Francisco. Fica situada no município de Cravinhos; e, diferindo da maior parte das fazendas paulistas, onde só o café e a cana-de-açúcar são cultivados, tem esta fazenda várias lavouras.

Está a uma légua, mais ou menos, da cidade de Cravinhos e compreende cerca de 270 alqueires de terras, das mais férteis na região. Existem 320.000 pés de café e há para o preparo do café uma moderníssima instalação de maquinismos apropriados. Foram recentemente construídas cocheiras de tipo europeu para abrigo de mais de 200 animais, que tem a fazenda, e também uma moderna fábrica de manteiga, para o consumo da cidade, sendo o leite proveniente de vacas holandesas.

Das pastagens que são extensas, cerca de 60 hectares estão reservados para o gado eqüino. Os trabalhadores desta fazenda são em maioria italianos ou espanhóis e há para a sua acomodação 64 casas, supridas de água. A casa do proprietário está muito bem situada, em uma elevação, e tem todo o conforto moderno; aí ficam o escritório e o armazém da administração do estabelecimento.

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Fazenda dos Cravinhos, do sr. João de Lacerda Soares
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