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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1913 - BIBLIOTECA NM
Impressões do Brazil no Seculo Vinte - [38-F]

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Clique nesta imagem para ir ao índice da obraAo longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho informa, nas páginas 535 a 547, a seguir reproduzidas (ortografia atualizada nesta transcrição):

Impressões do Brazil no Seculo Vinte

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Guinle & Cia.: 1) Cachoeira no Piabanha; 2) Sede do estabelecimento no Rio de Janeiro, Avenida Rio Branco; 3) Usina geradora em Alberto Torres; 4) Panorama de Alberto Torres; 5) A empresa de tramways elétricos, Bahia
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A capital federal (cont.)

Indústrias

Guinle & Cia. - Com certeza, 95% das instalações geradoras de energia elétrica, quer hidráulicas, quer por meio de vapor, existentes no Brasil, têm sido feitas pelos srs. Guinle & Cia. ou então executadas sob a sua superintendência e com material fornecido pelas várias casas americanas e européias, de que eles são os representantes únicos no Brasil.

Entre estas, estão a General Electric Co. (Schenectady, Nova York), fabricantes de geradores, transformadores, motores e material elétrico de toda a sorte; a American Locomotive Co. (Nova York), fabricantes de locomotivas e seus acessórios; Babcock & Wilcox (Londres), conhecidos fabricantes de caldeiras; a Otis Elevator Co. (Nova York); a Chloride Electrical Storage Co. (Pendlebury, Manchester), fabricantes de acumuladores; Jones & Colver (Sheffield), fabricantes de trilhos para grandes velocidades; Swan & Finch Co. (Nova York), fabricantes de óleos e lubrificantes; a Herring-Hall-Marvin Safe Co. (Nova York); J. G. Brill (Phidadelphia), fabricantes de carros elétricos; a Underwood Typewriter Co. (Nova York); Hothert & Pitt (Londres), fabricantes de guindastes e máquinas de guindar; Fairbanks Morse & Co. (Chicago), fornecedores de material para caminhos de ferro; e a Sherwin-Williams Co. (Nova York), fabricante de tintas e vernizes.

A 4 de junho de 1909, os srs. Guinle & Cia. organizaram e incorporaram a Companhia Brasileira de Energia Elétrica, com o capital de Rs. 30.000:000$000, transferindo à companhia a Usina de Alberto Torres, instalação hidrelétrica, para a utilização das águas do Rio Piabanha, com a capacidade efetiva de 12.000 quilowatts, que pode ser elevada a 50.000 quilowatts; as quedas do Paraguaçu, no estado da Bahia, para fornecimento de energia elétrica às cidades de Santo Amaro, Cachoeira, São Felix e São Salvador da Bahia, com a força total aproveitável de 100.000 cavalos, dos quais 40.000 podem ser utilizados, havendo sido construída uma barragem apropriada; as quedas e Itapanhaú, no estado de São Paulo, e a Companhia Telefônica da Cidade da Bahia.

As vantagens naturais do rio levaram os srs. Guinle & Cia. a proceder a estudos técnicos detalhados na zona, resultando daí a aquisição do monopólio para utilização das quedas do Piabanha, Fagundes e Paraibuna, com uma capacidade efetiva de 50.000 cavalos, quando estiver inteiramente aproveitada.

O Piabanha nasce na Serra dos Órgãos, sendo formado pela junção de vários tributários, alguns dos quais cortam Petrópolis, próxima ao Rio de Janeiro e afamada como a mais atrativa cidade de verão do Brasil. O rio corre através um vale irregular e rochoso, até a cidade do Areal, onde recebe o seu afluente mais importante, o Rio Preto, que tem a sua origem na mesma vertente que o Piabanha e é uma importante contribuição para a capacidade, em força, deste rio.

O curso d'água, assim aumentado de sua confluência com o Rio Preto, daí em diante corre em uma série de saltos mais ou menos importantes, recebendo ainda a contribuição das águas do Fagundes, o mais volumoso tributário desta zona, depois do Rio Preto, e deságua no Paraíba, próximo à cidade de Entre Rios.

As investigações preliminares dos srs. Guinle & Cia. visaram a utilização das águas do Rio Fagundes, que, em um pequeno curso, têm uma diferença de nível de 130 metros. Como, porém, as obras par o aproveitamento de tais quedas eram de muita magnitude, e o tempo estipulado nas concessões governamentais, para a execução dos trabalhos propostos, era comparativamente limitado, resolveram os srs. Guinle & Cia. utilizar o Piabanha, que, permitindo o aproveitamento de uma força hidráulica suficiente, ficava satisfazendo às condições impostas pelo governo.

Com este intuito, adquiriram os srs. Guinle & Cia. as quedas a jusante e a montante da confluência dos rios Piabanha e Fagundes e ao mesmo tempo as fazendas em ambas as margens do primeiro. O resultado destas aquisições é que, dentro de um raio de milha e meia, os srs. Guinle & Cia. possuem quedas de água que, de acordo com os relatórios dos seus engenheiros, podem desenvolver 50.000 cavalos efetivos de força.

O Rio Fagundes, de grande queda mas pequeno volume de água, corre através um grande vale onde os srs. Guinle & Cia. projetam construir, em um futuro próximo, um grande reservatório para a acumulação das águas, por meio do estabelecimento de alta barragem. A queda atualmente aproveitada é uma formada pelo Piabanha, pouco antes de sua confluência com o Fagundes e acima de Alberto Torres, estação da Estrada de Ferro Leopoldina, que fica abaixo da usina de força. Este rio tem durante a maior parte do ano um quase constante rendimento mínimo de 20 metros cúbicos por segundo. Este rendimento, segundo relatórios de profissionais, vai a 700 metros cúbicos por segundo, durante as maiores enchentes.

Considerando estas enormes descargas e o fato de correr o rio ao longo de propriedades públicas e particulares, procederam os srs. Guinle & Cia. a cuidadosos estudos para a locação da barragem e relativamente às vantagens naturais oferecidas pelo terreno para a respectiva construção. Foi resolvido fazer a barragem logo acima da primeira queda, dando-se-lhe uma direção oblíqua através do curso d'água, em vista da maior facilidade de construção, pois que nesta direção, cerca de dois terços do fundo do rio, em rocha, ficam acima do nível das águas, durante a estação da seca. Assim foi feito e a barragem em questão tem 110 metros de extensão por 4 de alto.

Foi em tempo lembrada a construção de uma barragem mais alta, mas tal alvitre foi rejeitado, devido aos prejuízos que as enchentes necessariamente causariam às propriedades adjacentes.

Uma instalação de cabo aéreo através do rio foi feita e os trabalhos de construção foram assim grandemente acelerados. Esta barragem corre em uma direção oblíqua, ligando-se à esquerda ao reservatório de abastecimento de água, que tem 15 metros de largura por 25 de comprimento, com muralhas de 9 metros de altura.

À entrada deste reservatório há grades, com os varões largamente espaçados, grades essas que vedam a corpos estranhos a entrada no reservatório. A mesma salvaguarda existe antes das comportas de suprimento aos tubos, com os varões menos espaçados. Em adição a estas precauções, foi construída uma comporta especial, para a limpeza periódica do reservatório. Do reservatório de entrada partem 4 linhas de tubos de 1,80 m de diâmetro para o reservatório de queda, tendo um comprimento total de 2.200 metros. Pensou-se em tempo em empregar tubos de maior diâmetro e também na alternativa de construção de um canal como substitutivo para o encanamento. Essa idéia foi, entretanto, abandonada devido às condições do terreno.

O reservatório de queda, construído de cimento armado, consiste em um canal aberto, em seguimento às linhas de tubos, com 50 metros de comprimento, 7 de largo e paredes de 5 metros de altura. A 50 metros da parede, através da qual entram as linhas de tubos no reservatório, vai-se o canal alargando progressivamente, até às válvulas dos tubos de queda (penstocks), onde tem 20 metros de largo. A um lado do canal há uma saída para o excesso de água, de onde a água cai num canal, que a leva num percurso de 300 metros, depois de atravessar a Estrada de Ferro Leopoldina, novamente, ao Piabanha.

Este reservatório supre 4 tubos de queda (penstocks), três dos quais têm 2,80 m de diâmetro e 105 metros de extensão e levam a água a três turbinas, enquanto que o quarto, da mesma extensão mas de 70 centímetros de diâmetro, conduz a água às turbinas, que movem os excitadores (exciters).

A usina de força está montada com 3 turbinas horizontais, tipo Francis, de 5.150 cavalos cada uma, construídas por J. M. Voigt, Alemanha, diretamente ligadas a 3 geradores de 3.000 quilowatts, 500 rpm, 2.300 volts, da General Electric. Os excitadores são de 75 quilowatts, 850 rpm, 220 volts e movidos por duas turbinas de 130 cavalos, com eles diretamente conectadas, e são capazes de excitar, cada um separadamente, as três turbinas acima mencionadas.

Para regularizar a voltagem dos excitadores são usados dois reguladores Tirrill. A voltagem é elevada de 2.300 a 44.000 volts, por meio de 9 transformadores com resfriamento a água e óleo, de 1.000 quilowatts cada um. Todos os comutadores e reostatos para os geradores e excitadores são operados eletricamente, por uma instalação de 55 (Chloride Accumulator Cells) acumuladores.

O sistema de transmissão compreende duas linhas de transmissões, de 3 fases, 60 ciclos, 44.000 volts, com uma capacidade de 5.250 quilowatts cada um. Estas linhas são suportadas por torres de aço galvanizado, de 50 metros de altura, espaçadas de 200 metros, em cujas extremidades corre um fio torcido de aço galvanizado, como proteção contra raios; nestas torres correm também as linhas telefônicas.

Como esta linha de transmissão atravessa, a meio caminho, o canal navegável de Guapi, foram empregadas duas torres de 30 metros para elevá-la, de modo a deixar franca a navegação do canal.

Na Cascatinha, a cerca de 30 quilômetros da usina de força, fica a estação de distribuição com os necessários quadros de distribuição e aparelhos pára-raios, a duas linhas de entrada e seis de saída. Desta estação de distribuição partem duas linhas para o Rio de Janeiro, com 60 quilômetros de extensão; duas linhas para Niterói, com mais ou menos a mesma extensão; e duas linhas para Petrópolis, com cerca de 6 quilômetros. Nas 4 primeiras, a voltagem é mantida em 44.000 volts, ao passo que nas duas últimas foi reduzida a 6.600 volts.

Na cidade de Magé, fica situada uma subestação com 4 transformadores (step down) de 175 quilowatts, para a tomada de energia necessária ao suprimento desta zona. A subestação da cidade de Niterói é também equipada com 7 transformadores do mesmo tipo, de 750 quilowatts, e necessários quadros de distribuição, para o suprimento de luz e força à capital do estado do Rio de Janeiro. Deve-se notar que, como esta última subestação, a estação de distribuição da Cascatinha é também provida de transformadores, 44.000/6.600 volts, para um fornecimento de luz e força à cidade de Petrópolis, adequado às necessidades do público e às da próspera indústria desta zona.

A subestação do Rio de Janeiro, que será a maior de todas, começará a firma a construí-la brevemente e terá equipamento maior que o das acima nomeadas, para poder atender ao enorme consumo de energia desta cidade.

Os dois mais importantes sistemas de tramways da Bahia, a Companhia Linha Circular e a Companhia Trilhos Centrai, pertencem também aos srs. Guinle & Cia., que possuem também a companhia de trens Itapoan, ligada à Companhia Trilhos Centrais. A firma foi fundada pelos srs. Ashoff & Guinle, em 1903, ficando com a casa Mitchell & Co. O sr. Ashoff, porém, morreu 6 meses depois, passando então a firma a denominar-se Guinle & Cia. Os seus escritórios centrais ficam à Avenida Rio Branco, 107 e 109; os depósitos, à Rua Frei Caneca, e as oficinas e escritório de Engenharia, em Niterói. Os srs. Guinle & Cia. têm escritórios na Bahia e São Paulo e agências em Belo Horizonte e Porto Alegre.

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C. F. Hargreaves & Cia. - Arrasamento do Morro do Senado
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Companhia Cervejaria Brahma - Em todo o Brasil, os produtos de primeira ordem da Cervejaria Brama são conhecidos e altamente apreciados. A empresa foi fundada em 1893 por Georg Maschke & Cia., com a denominação de Cervejaria Brahma; 11 anos depois fundiu-se com a Cervejaria Teutonia, que tinha uma fábrica em Mendes, na Serra do Mar, a curta distância da capital. Foi então formada a Companhia Cervejaria Brahma, com o capital total, realizado, de Rs. 5.000:000$000. Os edifícios da companhia, fábrica, etc. ficam na Rua Visconde de Sapucaí, mesmo no centro da cidade.

A sempre crescente procura que têm os produtos da cervejaria tem tornado necessária a instalação de novos maquinismos e aparelhos acessórios; as dependências têm sido gradualmente aumentadas, e hoje os edifícios ocupam uma área total de 13.952 metros quadrados, com uma frente total de 202 metros. As enormes instalações mecânicas da empresa foram fornecidas pelas mais importantes casas alemãs e norte-americanas, sendo a força motriz usada o vapor, e tendo o motor principal 500 cavalos de força.

Entre outros maquinismos, merece menção a instalação produtora de gelo por meio da amônia, usada para conservar os depósitos a uma temperatura baixa e também para preparar gelo, de que são distribuídas diariamente cerca de 100 toneladas pela capital federal e estado do Rio de Janeiro. Tratando-se desta fábrica, merece especial menção a instalação para esterilização das garrafas e barris usados para as bebidas.

Muitos cereais podem ser usados para o preparo de cerveja, tais como, por exemplo, cevada, milho, arroz, aveia, trigo, conquanto o último raramente seja empregado em razão de seu elevado preço; nenhum deles, porém, se compara à cevada. A cerveja feita de arroz tem um paladar desagradável e azeda facilmente, e o mesmo se pode dizer da de aveia. As cervejas feitas de arroz e milho são pobres em fosfatos e têm-se dito que a cerveja feita de arroz facilita o desenvolvimento do beribéri.

A cevada é o cereal por excelência para a fabricação da cerveja, provindo o aroma e o sabor da adição do lúpulo. A cevada, entretanto, deve ser escolhida na ocasião própria do seu desenvolvimento e é a um rigoroso cuidado neste assunto que a Companhia Brahma deve a sua reputação. Antes de irem para o mercado, são as bebidas da Brahma conservadas em depósito durante quatro a cinco meses.

C. F. Hargreaves & Cia. - São sócios desta firma os srs. C. F. Hargreaves e H. L. Wheatley, ambos membros do Clube de Engenharia. O capital registrado é de Rs. 300:000$000. O sr. Hargreaves está no Brasil há 50 anos e praticou com firmas construtoras de navios do Clyde (N.E.: rio situado na Escócia). Veio para o Rio ainda muito moço e trabalhou na oficina mecânica e de fundição que seu pai tinha na Gamboa, como fundidor de ferro. Esteve depois ligado a várias empresas importantes, ocupando-se da construção do reservatório distribuidor do Pedregulho nesta cidade, da construção de uma fábrica de tecidos para a Companhia de Tecidos Aliança.

Foi engenheiro do Moinho Fluminense (farinha de trigo); projetou e construiu a fábrica de tecidos do Corcovado, no Rio, e a fábrica, também de tecidos, Manufactora Fluminense, no Barreto, em Niterói.

O sr. Wheatley conheceu o sr. Hargreaves em 1898, quando engenheiro da Brazilian Contracts Corporation Ltd., de que então o segundo era diretor. Construíram o prolongamento do encanamento d'água de Santos até Pilões e obras anexas, compreendendo cerca de 20 quilômetros de tubos de ferro fundido, com 0,50 m de diâmetro, reservatórios e barragem. Construíram também a fábrica de juta em Santos para a Companhia Santista de Tecelagem e no Rio importantes trabalhos para a Estrada de Ferro Leopoldina, cuja ponte de Mauá, com 150 metros de comprimento, sobre cilindros de 45 C.I., montaram, e também a Ponte das Garças, com três vãos de 50 metros cada um. Executaram ainda, para o governo, várias obras importantes, como armazéns e pontes de cimento armado etc.

Em 1906, foi fundada a firma C. F. Hargreaves, com o fim de executar no Rio trabalhos importantes de movimento de terras, com especialidade o arrasamento do Morro do Senado e transporte do aterro para o cais do porto.

A firma representa também importantes manufaturas da Inglaterra e Estados Unidos, e tem um escritório técnico de Engenharia, fazendo estudos e contratos relativos à sua especialidade. Entre muitos outros trabalhos de melhoramentos executados no Rio de Janeiro, nestes poucos anos passados, um os mais importantes foi sem dúvida o arrasamento da grande massa de terra e rocha conhecida antes por Morro do Senado. Situado em parte central da cidade, ocupando uma área de cerca de 30 acres e tendo uma altura de perto de 200 pés, não só constituía um obstáculo de feia aparência, mas impedia também a ventilação desta parte do Rio, conhecida como Cidade Nova, que é tão densamente povoada.

Os trabalhos de arrasamento, que haviam sido começados 18 anos atrás, seguiam muito morosamente e com freqüentes e prolongados intervalos, quando, em 1906, foram incorporados às obras do porto, contratadas com os srs. C. H. Walker & Co., Londres; e os trabalhos ficaram tendo assim um duplo fim, o arrasamento do morro e o aproveitamento do material para o aterro do espaço entre a muralha do novo cais e o antigo litoral.

O volume de terras a remover foi em 1906 calculado em 2.200.000 metros cúbicos, devendo os trabalhos de remoção ficar prontos num período de 5 anos, a partir de setembro de 1906. O transporte desta massa formidável, através de uma zona da cidade das mais povoadas e pela distância de 4½ milhas, oferecia alguma dificuldade e requeria cuidados e minucioso exame. Depois de algum estudo, foi resolvido fazê-lo em trens correndo sobre as linhas dos tramways. O material era tirado do morro, posto nos vagões por meio de escavadores mecânicos movidos a vapor; os vagões eram reunidos, formando trens rebocados primeiro por locomotivas a vapor e em seguida por locomotivas elétricas. Os trens eram formados com 6 vagões cada um, tendo cada vagão uma capacidade de 5 metros cúbicos; e começaram trafegando pelas ruas da cidade, noite e dia, a intervalos de 15 minutos.

É digno de nota o fato de ter havido apenas um muito pequeno número de acidentes e não ter havido interrupção séria do tráfego da cidade; este fato mostra bem a grande habilidade com que foi organizado o movimento dos trens.

Os trabalhos estão quase terminados e o Morro do Senado só existe na história da cidade. Estão já sendo levantadas casas no seu antigo local e, dentro de poucos meses, avenidas e ruas estarão construídas; a mais importante das quais será a que vai ligar a Estrada da Tijuca diretamente com a parte meridional da cidade. Este trabalho foi também executado por C. F. Hargreaves & Cia., que receberam sub-empreitadas dos empreiteiros C.H. Walker & Co.

Companhia Morro da Mina - Esta companhia, que gira com o capital de Rs. 1.600:000$000, dividido em 8.000 ações de Rs. 200$000 cada uma, foi organizada em setembro de 1901 e tem por fim a exploração de uma jazida de manganês em Queluz de Minas, estação Lafayette da Estrada de Ferro central do Brasil, jazida essa calculada em mais de cinco milhões de toneladas de minério de 50% de manganês metálico.

A companhia exportou, até fins de setembro de 1911, 494.500 toneladas desse minério para a Europa e Estados unidos. A mina está ligada à Estrada de Ferro Central do Brasil por uma linha de 8 quilômetros de extensão e da mesma bitola da Central, e está aparelhada para uma capacidade de exportação de 500 toneladas ou mais, por dia; acha-se, entretanto, limitada a menos de metade, por falta constante de material rodante da Estrada de Ferro Central.

A atual diretoria da companhia compõe-se dos srs. dr. Luiz da Rocha Miranda, Antonio Gonçalves Fontes e Eugenio Honold. O engenheiro chefe dos trabalhos é o dr. Joaquim de Almeida Lustosa. O escritório da companhia fica no Rio de Janeiro, à Rua da Alfândega, 28, sobrado.

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Sampaio Corrêa & Cia.: 1) Reservatório de cimento armado, com a capacidade de 20.000 metros cúbicos, em construção, para o novo abastecimento d'água do Rio; 2) A sede da companhia; 3) Pavilhão na Exposição do Rio de Janeiro, construído sob a direção do dr. Sampaio Corrêa
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Sampaio Corrêa & Cia. - Esta firma de empreiteiros, com escritório à Rua da Candelária, 2, no Rio de Janeiro, foi fundada em setembro de 1911. É uma das mais importantes da capital e tem tomado e executado empreitadas de grande vulto, em construções de estradas de ferro, grandes instalações de luz elétrica, instalações para abastecimento de água e em todos os trabalhos de Engenharia.

Fornece também toda a sorte de material para construção; e concluiu recentemente um contrato com o governo mineiro, para os serviços de abastecimento de água, instalação de luz elétrica e rede de esgotos às cidades de Diamantina, Serro, Turvo, São Miguel de Guanhães e Patos. Acaba também a firma de adquirir as linhas de tramways e serviços de iluminação da cidade de Belo Horizonte, para cuja exploração organizou uma companhia de responsabilidade limitada com o capital de Rs. 2.500:000$000.

Os armazéns da firma ficam à Rua da Candelária, 2, e à Rua do Livramento, 106. Os sócios principais da firma são os srs. dr. Sampaio Corrêa, engenheiro civil; Bernardo Barbosa, sócio da firma Barbosa Albuquerque & Cia.; Antonio Zerrenner, sócio da firma Zerrenner von Bülow & Co.; Henrique Palm, cônsul da Holanda; Emil Gohn, gerente do Brasilianische Bank für Deutschlnd, e dr. Alfredo Pinto, advogado.

O dr. J. Mattoso Sampaio Corrêa nasceu em 1875, em Niterói, estado do Rio de Janeiro. Cursou a Escola Politécnica do Rio de Janeiro, onde se formou em Engenharia em 1898; e logo em seguida foi nomeado lente da cadeira de Estradas, Pontes e Calçadas da mesma escola, lugar que ainda hoje ocupa. Pouco depois, foi nomeado engenheiro-chefe do Departamento de Obras Contra a Seca, no estado do Rio Grande do Norte, em serviço do governo federal.

Voltando ao Rio, foi nomeado engenheiro fiscal da Rio de Janeiro City Improvements Co.; e em 1907 foi escolhido para diretor de Obras Públicas da capital, empenhando-se então no aumento do abastecimento de água à cidade do Rio de Janeiro. Estas obras, que importaram em Rs. 30.000:000$000, trouxeram um aumento de 92.000 metros cúbicos de água para o Rio de Janeiro e 12.000 metros cúbicos para os seus subúrbios. Foram executadas entre 1907 e 1909, e exigiram o emprego de 284.897 metros de encanamento de diversos diâmetros e vários viadutos, canais e reservatórios de cimento armado.

Nesta mesma ocasião, dirigia o dr. Sampaio Corrêa os trabalhos para a Exposição Nacional de 1908, os quais foram executados no curto espaço de seis meses.

De 1909 a 1910, dirigiu os trabalhos da Estrada de Ferro Noroeste, no trecho de Bauru (São Paulo) a Campo Grande (Mato Grosso). Abriu em seguida o dr. Sampaio Corrêa um escritório de engenharia no Rio de Janeiro; e por esta ocasião foi nomeado representante da Compagnie Générale des Chemins de Fer des Etats-Unis du Brésil, da qual é hoje administrador delegado. Esta companhia tem hoje a seu cargo a construção da Estrada de Ferro de Maricá, no estado do Rio, a qual tem 155 quilômetros de extensão, e da Estrada de Ferro de Antonina a Castro e Jaquiriaiva, no estado do Paraná, a qual tem 700 quilômetros; ambas estas linhas pertencem à Compagnie Générale, a qual opera com o capital de Rs. 7.000:000$000.

O dr. Sampaio Corrêa é também diretor-secretário da Companhia Comércio de Sal, que tem um capital de Rs. 500:000$)00. É, como dissemos, sócio gerente da importante firma Sampaio Correa & Cia., secretário honorário do Clube de Engenharia e faz ainda parte d'outras associações. É também diretor-presidente da Companhia Força, Luz e Viação de Belo Horizonte (estado de Minas Gerais) e da Companhia Industrial de Mogi das Cruzes (estado de São Paulo).

Frigorífico Santa Luzia - O clima habitualmente quente do Brasil e o notável aumento da população urbana trouxeram como conseqüência natural a necessidade de estabelecimentos frigoríficos, nos quais pudessem os comestíveis ser conservados por tempo indeterminado.

No Rio de Janeiro, têm surgido vários estabelecimentos desta ordem nos últimos anos; entre eles, porém, avulta, pela sua importância, o frigorífico Santa Luzia, que fica na extremidade Sul da Avenida Central. O proprietário é o conde S. Cosme do Valle e a direção técnica está entregue à competência do conhecido engenheiro sr. José Augusto Prestes.

A força total do maquinismo empregado no frigorífico Santa Luzia vai a 1.800 cavalos-vapor. O maquinismo frigorífico compreende 2 máquinas Pictet de 150.000 frigorias por hora, cada uma; 1 máquina Fixary, de 150.000 por hora; 2 maquinas Fixary, de 100.000 por hora; 2 máquinas Fixary de 75.000 por hora. Com este maquinismo, podem-se produzir 100.000 quilos de gelo por dia, havendo ainda 12.000 metros cúbicos de espaço, onde podem ser armazenados comestíveis a uma baixa temperatura.

A água usada para a fabricação do gelo é da que supre a cidade e ainda filtrada pelos mais modernos processos. Os edifícios são inteiramente construídos de cimento armado e os vários andares estão ligados por elevadores elétricos. O sistema de refrigeramento é o mesmo de que tem patente o sr. Bernardino Ferreira da Costa e Souza.

Em suas linhas gerais, o processo consiste em se estabelecer o contato direto do líquido refrigerante com o ar ambiente. A superioridade deste processo, perante os que requerem a circulação do ar resfriado em tubos, está no fato de que, muitas vezes, os tubos ficam revestidos de um camada congelada que impede a livre circulação do ar, sendo que a paragem do maquinismo produz uma mudança rápida de temperatura. Com o sistema do sr. Souza, este inconveniente fica eliminado.

Neste estabelecimento estão empregados 120 operários, e 14 caminhões automóveis trafegam continuamente para a distribuição dos comestíveis conservados no frigorífico, ou do gelo produzido, pela cidade e arredores. O capital da empresa é de Rs. 2.000:000$000.

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Moinho Santa Cruz, de Machado Mello & Cia.
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Companhia Brazilia - Esta sociedade anônima fundou-se na capital federal em 2 de março de 1911, tendo por fim principal, além de outras indústrias, a exploração do fabrico de lápis comuns e de cor, canetas, giz e outros artigos de escritório.

Esta indústria, nova no Brasil, teve por fundador o sr. M. L. Büehnaeds, que a explorava há menos de um ano, em escala relativamente pequena. Passando o acervo da fábrica para a companhia recém-formada, cuidaram os seus diretores, desde logo, de a transferir para um local mais amplo e apropriado, mudança que se realizou sem o menor incidente e no curto espaço de dois meses e meio. A fábrica acha-se atualmente instalada na Praia de São Bento, Ilha do Governador, distrito federal, em terreno próprio, cuja área é de 850.000 metros quadrados aproximadamente, sendo que o edifício fabril ocupa 3.500 metros quadrados.

Tornou-se também necessária a aquisição de novos maquinismos que, reunidos aos já existentes, completam o número de noventa e cinco máquinas, excluídos os motores. Os maquinismos procedem todos da Alemanha, o que se explica pelo fato de ser aquele país o berço da fabricação do lápis.

Como força motora preferiu-se o vapor, cuja aplicação se torna de utilidade no secar das madeiras em estufas de 10 metros de comprimento por 2 metros de diâmetro, além de ser também empregado para idêntico fim nas seções de polimento e envernizamento. Toda a fábrica é movida por uma máquina de 80 hp horizontal, não condensadora, alimentada por uma caldeira multitubular que trabalha com a pressão média de 120 libras.

As matérias-primas empregadas, isto é, madeiras, grafite e argila, são todas nacionais. A primeira é importada dos estados da Bahia, Espírito Santo, Paraná e Santa Catarina. O grafite é extraído das jazidas de São Fidelis e Barra do Piraí, ambas no estado do Rio de Janeiro, e idêntica procedência tem a argila. Artigos de importação são apenas tintas, vernizes e matérias químicas, que ainda não são fabricadas no país, e cápsulas de metal para canetas. Quanto a este ponto, está em estudos a sua manufatura, anexa à fábrica.

A matéria-prima entra no estabelecimento em estado bruto e nativo, passando aí pelas manipulações necessárias ao seu emprego. A maior dificuldade apresenta-a a madeira, pois,não se tendo ainda conseguido obter um material de qualidades idênticas ao cetro da Florida, empregado pela concorrência, só por meio de laboriosos processos se alcança o resultado almejado. Ainda assim, os artigos da Brazilia se recomendam pela sua perfeição e boas qualidades, fato esse que merece ser salientado, tendo em vista que a fábrica só está funcionando com regularidade há pouco tempo.

O operariado é todo nacional e na maior parte escolhido entre os moradores da Ilha, excetuados os contramestres, que são alemães. Além do edifício da fábrica, possui a companhia diversas casas para operários e uma casa de residência para o diretor-gerente. A companhia opera com o capital de Rs. 1.200:000$000, dos quais metade representa o capital em ações e o restante um empréstimo por debêntures. A sede e escritório da companhia na capital federal ficam situados à Rua de São Pedro, 52, tendo ela representantes em todos os estados.

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Sampaio Corrêa & Cia. - Vista da Exposição Nacional do Rio de Janeiro, 1908, cujos edifícios foram todos construídos sob a direção do dr. Sampaio Corrêa
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Fundição Brazileira - Esta empresa, conhecida pela denominação de Fundição Brazileira Kobler & Cia., ocupa-se da manufatura de máquinas e de fundições artísticas em ferro, bronze, funcionando em um bom e espaçoso edifício à Rua Vasco da Gama, 125, e emprega 120 operários e oficiais.

A empresa foi fundada em 1894 à Rua da conceição, 67, 69, 71 e 73, pelo sr. Segismundo Kobler, tendo como sócio comanditário o sr. Philippe Deck; por ocasião da retirada deste último, entraram para sócios, sucessivamente, os srs. Antonio Pereira da Costa (1896 a 1900) e Philippe Lemhardt (1900 a 1908). Para que não fosse alterada a titulada firma Kobler & Cia., o sr. S. Kobler, em 1908, admitiu como sócio comanditário um parente seu.

A fundição se acha otimamente montada, com esplêndido maquinismo do tipo mais moderno; a força motriz é a elétrica, havendo motores a vapor que, em caso de desarranjo dos elétricos ou de interrupção de corrente, fornecem a energia necessária. Todas as máquinas e materiais usados na Fundição Brazileira são importados da Inglaterra. A empresa tem construído muitas máquinas, encarregando-se também da sua montagem e instalação, não só para a lavoura, como também para a indústria.

Alguns dos mais importantes contratos, executados pela firma, são os das fábricas da Companhia Fiação e Tecidos Cometa, uma na Serra de Petrópolis e a outra no Rio de Janeiro; o da Companhia Fiação e Tecidos Corcovado e o da Companhia Confiança Industrial. Os srs. Kobler & Cia. têm também executado, com grande crédito para a firma, vários contratos para serviços à Marinha, Exército e municipalidades do Rio de Janeiro e Niterói, tais como ereção de monumentos ou estátuas de valor artístico, em ferro e bronze.

Moinho Santa Cruz - Este moinho, cunha empresa tem o seu escritório central à Rua 1º de Março, 24, no Rio de Janeiro, foi edificado na cidade de Niterói, capital do estado do Rio de Janeiro, no lugar denominado Toque-Toque, em uma área de 50.000 metros quadrados, com 220 metros de frente sobre o mar, onde podem operar vapores com 24 pés de calado.

As comunicações são feitas, tanto por terra como por mar, em menos de 20 minutos, quer partindo do novo cais do porto do Rio de Janeiro, quer das principais vias férreas ou grandes centros consumidores.

Foi fundado em 1910 e é explorado pela firma Machado, Mello & Cia., sociedade em comandita por ações com o capital de Rs. 3.000:000$000, sendo Rs. 750:000$000 de capital solidário e Rs. 2.250:000$000 em ações nominativas de Rs. 200$000.

A sua construção é a mais perfeita e completa que se possa exigir e os seus maquinismos os mais modernos e aperfeiçoados. É acionado por 10 motores elétricos, da força total de 750 hp, sendo a energia utilizada produzida por força hidráulica. Possui 13 quilos de ferro batido, assentes em grandes galerias de concreto, com capacidade para armazenar cerca de 10.00 toneladas de trigo em grão. A capacidade produtiva do moinho é de 300 toneladas por dia de 24 horas.

Trabalha ininterruptamente, e os seus produtos encontram franca aceitação em todos os mercados onde têm sido apresentados. São muito procuradas e preferidas as suas principais marcas de farinha Perola, Santa Cruz e Mimosa, acondicionadas em sacos de algodão de 44 quilos, marcados a três cores, em máquinas especiais; e os seus farelos têm sido colocados a preços superiores aos dos outros estabelecimentos congêneres.

Sociedade Anônima Fábrica Santa Margarida - Esta empresa foi fundada em 1905, com a denominação de Fábrica Santa Margarida, pelo conde de Carapebús. O estabelecimento tem como especialidade a manufatura de meias para homens, meninas e senhoras e foi organizada em sociedade anônima, com o título acima, em 1909, com o capital de Rs. 500:000$000. Além de manufatura de meias, fabrica também o estabelecimento jérseis, blazers, suéteres etc. A maior parte do maquinismo é movido a eletricidade.

A fábrica emprega 90 operários: são ingleses alguns dos chefes das diversas seções. A fábrica produz 6.500 dúzias de meias por mês e 800 dúzias de camisas de meia, também mensalmente. Fica situada à Travessa do Cruz Lima, nº 15, Botafogo, e o escritório da companhia fica à Rua dos Ourives, 27, sobrado.

Esta fábrica foi a única no seu gênero, do Distrito Federal, recompensada com o Grande Prêmio na Exposição Nacional de 1908. O diretor-presidente e gerente da companhia é o conde de Carapebús, e o diretor secretário o sr. José Alves Ribeiro.

M. H. Leão - A fábrica do sr. M. H. Leão, na qual é feita toda a espécie de artigos em folha-de-flandres e que executa gravura e litogravura em metais, é uma das maiores e mais importantes casas do seu gênero no Brasil. Foi fundada em 1862 pelo sr. Luiz Evaristo da Costa Cabral e girou sucessivamente sob as firmas Alvaro Ramos Costa Cabral & Cia. e Diniz & Leão, até que, em 1910, passou inteiramente a ser propriedade do sr. M. H. Leão.

A princípio, o negócio, único em seu gênero no Brasil, era feito em modesta escala; em breve, porém, foram instalados maquinismos movidos a vapor. O desenvolvimento tomado pelas indústrias brasileiras aumentou a procura de latas e caixas de folha-de-flandres, e hoje as caixas de folha, baldes etc., manufaturados pela empresa, são encontrados em todos os pontos do Brasil.

A fábrica, presentemente, contém 106 máquinas movidas por eletricidade e o capital da empresa é de nada menos de Rs. 250:000$000. A casa M. H. Leão importa da Inglaterra e da América do Norte a folha necessária para a manufatura de cerca de 10.000 caixas anualmente, e importa também considerável quantidade de alumínio. Para o escoamento das suas manufaturas, tem a firma agentes nos estados da União.

Pela excelência de seu produto, tem a firma sido recompensada com muitas distinções, inclusive prêmios na Exposição de São Luiz (1906), na Exposição do Rio de Janeiro (1908) e na Exposição de Turim (1911). Entre estes, obteve medalha de ouro em São Luiz e o Grande Prêmio no Rio de Janeiro. A gerência desta grande e importante empresa está confiada ao sr. Honorio Hermetto Leão; e o sr. Raul Oliveira Roxo é o subgerente.

Companhia Manufatora de Conservas Alimentícias - Esta importante companhia, fundada em 1890, tem o capital de Rs. 600:000$000 e reservas no valor de Rs. 542:000$000. Tem distribuído, vários anos, 10% de dividendo, sendo que, em 1911, distribuiu 10% no primeiro semestre e 12% no segundo.

A fábrica da companhia fica situada no Rio de Janeiro, à Rua Dom Manoel, 33, próximo ao mercado do porto da cidade. A fábrica emprega 150 operários e dispõe de ótimos maquinismos, acionados por 6 motores elétricos, com o total de 36 hp, e 2 motores vapor com 50 hp. O maquinismo compreende 20 enormes tachos a vapor, várias peneiras, separadores, catadores, descascadores, filtros etc.

A Companhia Manufatora de Conservas Alimentícias produz anualmente nada menos de 800.000 latas de conservas de frutas acondicionadas em latas, tais como frutas em calda, abacaxi, cidra, caju, figo, maracujá etc.; geléias de marmelo, morango, laranja etc. Produz ainda 400.000 quilos de marmelada, 930.000 latas de massa de tomates e 80.000 quilos de manteiga.

O serviço de embalagem e encaixotamento, e colocação dos produtos em latas hermeticamente fechadas, é feito à máquina; e há uma dependência onde funcionam a caixotaria, marcação e recravadeiras mecânicas.

Os produtos da companhia, vendidos por todo o Brasil, gozam de alta reputação e têm grande procura; e em todas as exposições em que têm figurado, alcançaram elevadas recompensas. Assim, a companhia obteve Grandes Prêmios nos seguintes certames: Exposição Nacional, em 1908; National Exhibition of London, em 199; Bruxelas, 1910; Internacional de Turim, em 1911; diploma de honra na Exposição de Bruxelas em 1907 e medalhas de ouro n Exposição Artística Industrial, em 1900; Bruxelas, 1907; Saint Louis, USA, 1904; Nacional de Higiene, 1909; e finalmente, o Grande Diploma de Honra do Instituto Internacional de Alimentação e Higiene de Paris.

A companhia faz um movimento anual de Rs. 2.500:000$000. O seu presidente é o sr. Francisco Lopes Ferraz Sobrinho e secretário o sr. Eduardo Alves Machado. O sr. Lopes Sobrinho nasceu no Minho, Portugal, em 1859. Veio para o Brasil em 18973 e trabalhou com várias firmas importadoras de gêneros de estiva. Estabeleceu-se por conta própria em 1882, sob a firma Teixeira, Ferraz & Pinto, a qual foi mudada, em 1887, para Ferraz Sobrinho & Cia. Em 1890, organizou a Companhia Manufatora de Conservas Alimentícias, da qual foi feito presidente; e em 1900, liquidou a sua casa comercial, de modo a poder dedicar toda a sua atenção e atividade à próspera companhia que dirige.

Paulo Passos & Cia. - A Serraria de Santa Luzia, estabelecida à Rua de Santa Luzia, 19 a 33 e 204 e 206, foi adquirida pelo dr. Francisco Pereira Passos, por compra a Etienne Bernachot e sua filha d. Maria Joaquina Bernachot, em 28 de janeiro de 1887, pela quantia de Rs. 104:232$540. Girou sob a firma individual de F. P. Passos, com o capital realizado de Rs. 100:000$)00, sendo o seu comércio importação de pinho, serraria e carpintaria.

Em 20 de abril de 1903 foi organizada uma sociedade entre o dr. Francisco P. Passos e seu filho, sr. Paulo de Oliveira Passos, sob a firma de F. P. Passos & Filho, o qual elevou o capital a Rs. 150:000$000 e continuou com o mesmo gênero de negócio, adicionando-lhe o comércio de madeiras do país, cal, cimento, telhas francesas etc. etc.

Em 1906, tendo aumentado extraordinariamente o comércio no Brasil em geral, a importação de pinho tomou maior incremento, obrigando a firma a arrendar uma grande faixa de terreno à Praia de São Cristóvão, 20 D e 20 E, a qual comprou no  ano seguinte. Ali estabeleceram os srs. F. P. Passos & Filho uma nova serraria, onde montaram máquinas aperfeiçoadas, para trabalhos em madeiras nacionais e pinhos estrangeiros, sendo a maior parte dessas máquinas movidas a eletricidade.

Em 25 de agosto de 1907, foi a parte da serraria estabelecida nos números 204 e 206 presa de um incêndio que a destruiu totalmente. O edifício foi  reconstruído e instalados novos maquinismos no curto prazo de 5 meses. Em janeiro de 1910, organizou-se a atual firma Paulo Passos & Cia., com o capital de Rs. 1.800:000$000 e composta do sócios dr. F. P. Passos, comanditário, e dos solidários srs. Paulo de Oliveira Passos, Tancredo C. Cruz e Arthur F. Lefebvre.

Lambert & Cia. - Esta fábrica de latas para conserva de comestíveis, frutas, doces etc. foi fundada em 1905 pelos srs. C. Lambert, José V. de Andrade e Juan Albertotti, que ainda hoje são os sócios da firma. O estabelecimento ocupa uma área de 16.000 metros quadrados e está, em todas as suas seções, instalado com maquinismos modernos dos melhores tipos, provenientes, em grande parte, da América do Norte e da França. A força motriz é fornecida por um motor elétrico de 40 cavalos.

A especialidade da firma consiste na produção de chapas-anúncios de folha, artisticamente coloridas e impressas, lisas ou em relevo. A fábrica está dividida em várias seções, cada uma com o seu trabalho especial; a sessão de imprimir e estampar ocupa todo um lado do edifício. As tintas e vernizes especiais usados são todos importados diretamente da França; e a folha usada na fábrica é proveniente da Inglaterra e da Alemanha. A firma manufatura latas de todas as formas e tamanhos e mantém também uma seção para produção de novos modelos.

As vendas anuais sobem a Rs. 100:000$000, correspondentes à produção de 6.500.000 latas, para a qual trabalham constantemente 170 operários. A firma em poucos anos adquiriu uma grande reputação, o que é provado pelo fato de não ter viajantes e fornecer os seus produtos a várias empresas importantes, entre elas: Companhia Manufatora de Conservas Alimentícias; Lebrão & Cia.; Leal Santos & Cia., chocolate e biscoitos; F. Machado & Cia., manteiga; Senra & Cia., velas, glicerina, todas do Rio de Janeiro; Duchen, São Paulo, biscoitos; Gomez & Cia., Pernambuco, biscoitos; Moraes & Cia., Bahia, chocolate; J. Deodato Martins, Ceará, lingüiças; Holderness Salgado, Ceará, carnes em conserva etc. A fábrica tem a hábil gerência do sr. Juan Albertotti, a cuja administração enérgica e ativa deve a empresa grande parte do seu êxito.

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Paulo Passos & Cia.: 1 e 4) Escritório e serraria em Santa Luzia; 2, 3 e 5) Serraria e depósitos de madeira em São Cristóvão
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Companhia Brasileira de Laticínios - Esta empresa foi fundada em 1907, com o capital de Rs. 800:000$000 e com o objeto de fabricar manteiga no estado de Minas Gerais, salgá-la e acondicioná-la em latas para a exportação. A direção da companhia foi entregue aos srs. dr. Carlos Pereira de Sá Fortes e Horacio Mendes de Oliveira Castro, sendo logo adquiridas as fábricas de manteiga de Mantiqueira, São Gonçalo de Sapucaí e Traituba, situadas nos melhores centros produtores do estado de Minas Gerais.

Em 1908, começou a companhia a trazer os seus produtos aos diferentes mercados do país, e foram tais os resultados obtidos que, ainda em 1908, ela comprava uma nova fábrica de manteiga, situada em Pontalete, Minas, zona de magníficas pastagens. O movimento da empresa, que em 1908 fora de Rs. 600:000$000, subia em 1909 a Rs. 800:000$000 e em 1910 a Rs. 900:000$000.

Apesar, porém, deste movimento, bem importante para uma indústria que se iniciava, os resultados financeiros não correspondiam à expectativa dos interessados na empresa, devido sobretudo às despesas de instalação e custeio de fábricas para a manufatura das latas, as quais demandam um pessoal hábil e por conseguinte com elevados salários. Em 1910, a companhia, desejando transformar a sua organização, entrou em negociações com o sr. Louis Dupont, proprietário da célebre marca de manteiga F. Demagny-Isigny, França, e da importante Laiterie des Fermiers d'Isigny, cuja produção de 100.000 litros de leite por dia é universalmente conhecida.

Preocupado com a diminuição na exportação da manteiga francesa e informado do aumento rápido da produção desse gênero no Brasil, o sr. Louis Dupont aceitou a proposta da companhia e veio pessoalmente ao Rio de Janeiro e ao estado de Minas Gerais, estudar os elementos produtores e comerciais da nova indústria. Desta visita, resultou um contrato entre o sr. Dupont e a companhia, pelo qual ficava esta última proprietária da marca e dos processos de fabricação F. Demagny para a sua exploração no Brasil, ficando o sr. Jean Dupont Filho diretor da casa em França, como diretor técnico da companhia.

Foi então elevado o capital a Rs. 1.200:000$)00 e contraído um empréstimo de Rs. 800:000$000 em obrigações. A gerência da companhia foi assumida pelo sr. Luiz F. G. Presser, muito ao par da indústria de laticínios. Com a chegada do sr. Jean Dupont, foi resolvido de comum acordo uma transformação nos métodos até aí empregados. Foram suprimidas as diferentes fábricas de latas, anexas às fábricas de manteiga de Minas, que daí em diante se limitaram à produção e expedição de manteiga para o Rio em volumes grandes, hermeticamente fechados.

No Rio de Janeiro, foi criada uma Usina Central, para a recepção da manteiga, fabricação de latas, acondicionamento dos produtos vindos de Minas e sua exportação. A usina fica situada na base da Tijuca e está montada a par dos Estabelecimentos Demagny em França, provida dos mais modernos aparelhos. Tem um ateliê para a fabricação das caixas metálicas, com a produção diária de 5.000 a 7.000 latas. Poderosas máquinas frigoríficas permitem a armazenagem da manteiga nas condições mais favoráveis.

Os resultados obtidos com esta reforma não se fizeram esperar e já em 1911, para atender à procura da nova marca de manteiga, a F. Demagny-Minas, comprava a companhia três novas fábricas de manteiga, situadas respectivamente em Paredes, Santa Izabel e Santa Anna, todas três no estado de Minas.

Em resumo: a Companhia Brasileira de Laticínios se acha hoje à testa de sete fábricas, produzindo diariamente manteiga dos melhores tipos, que é enviada para o Rio, à Usina Central, e daí, convenientemente acondicionada, exportada para os estados do Norte e do Sul. Como alguns dos navios que fazem este transporte são providos de câmaras frigoríficas, a companhia vai brevemente iniciar a exportação de manteiga fresca, que - já pela pasteurização por que passa em Minas - é de uma conservação perfeita.

A Companhia Brasileira de Laticínios exportou, em 1911, mais de 12.000 latas, ou seja, mais de meio milhão de quilogramas de manteiga; e o seu movimento comercial subiu, durante este mesmo ano, a Rs. 1.200:000$000.

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Cia. Manufactora de Conservas Alimentícias - Vista geral da fábrica
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R. Rebecchi & Cia. - Esta sociedade, cuja constituição em comandita por ações se efetuou em 1º de janeiro de 1911, existe, de fato, na capital federal do Brasil há já quinze anos, tendo sido fundada em 1897 pelo seu atual chefe, dr. Raphael Rebecchi, engenheiro e arquiteto, antigo aluno da Universidade de Roma, diplomado por aquela universidade com patentes de arquiteto e de engenheiro civil e galardoado com muitos prêmios nas matérias científicas por ele cursadas.

A sociedade é constituída por dois sócios solidários, isto é, o referido dr. Raphael Rebecchi e seu filho Sylvio, engenheiro e arquiteto; e as ações podem estar com número indeterminado de sócios, por serem ao portador. O capital atual líquido da sociedade, incluídas as reservas, é de Rs. 500:000$000.

A sociedade, para atender aos seus importantes trabalhos, tem depósito de materiais, oficinas de carpintaria e de trabalhos em ferro, pedreiras, planos inclinados etc., com instalações elétricas para o aproveitamento de energia e de luz nas ditas oficinas. A sociedade tem construído muitos edifícios públicos e particulares, desde os primeiros anos da sua constituição; entretanto, o seu extraordinário desenvolvimento e a sua notoriedade no Brasil tiveram extraordinário impulso no quadriênio presidencial do dr. Rodrigues Alves, isto é, quando foi decretado o saneamento e a transformação da capital federal.

A principal obra executada naquele memorável período de trabalho foi a abertura da Avenida central, com 1.800 metros de comprimento e 33 metros de largura, uma das mais belas e amplas do mundo. Pondo em comunicação, de Norte a Sul, duas praias da baía Guanabara; abatendo mais de 700 velhos prédios no coração da cidade; dando ar, luz, higiene, onde imperavam as causas de insalubridade, esta avenida, executada no prazo incrivelmente curto de 21 meses, constitui um verdadeiro prodígio de energia e de perícia técnica.

O governo, a fim de dar à grandiosa obra um cunho artístico digno da sua importância, abriu um concurso internacional para a apresentação de tipos arquitetônicos, aos quais devessem obedecer os palácios e prédios da nova avenida. O interesse do público por este concurso foi excepcional. o número dos concorrentes chegou a 137, tomando parte no certame não só os melhores arquitetos brasileiros como também muitos de França, Inglaterra, Itália e de outros países.

O primeiro prêmio desta contenda artística, que ainda hoje é lembrada como a maior que houve no Brasil, foi decretado aos projetos apresentados pelo dr. Raphael Rebecchi.

A firma R. Rebecchi & Cia. ligou o seu nome a muitas outras vitórias em posteriores concursos, sendo dignos de especial menção o do palácio para a Associação dos Empregados da Estrada de Ferro Central do Brasil, executado à Rua Visconde de Isaura; o projeto da nova torre da Catedral do Rio de Janeiro, o palácio do Clube de Engenharia, em cujo concurso tomaram parte insignes membros daquele importante centro da arte e da técnica do Brasil.

São obras admiradas no Rio de Janeiro e executadas pela firma o prédio do Bastidor de Bordar, na Avenida Central, de estilo pompeiano, com pinturas do afamado artista prof. Henrique Bernardelli; o prédio Garnier, na mesma avenida; o palacete do sr. dr. Mello Reis, à Rua Marquez de Abrantes; o palácio do sr. dr. Emilio Grandmasson, à praia de Botafogo; o palacete e ateliê do prof. Rodolpho Bernardelli, diretor da Escola de Belas Artes, à Avenida Atlântica; o ingresso monumental da Casa de Correção, as enfermarias da mesma e outras.

A Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, colossal instituição de caridade que possui e dirige grande número de hospitais, casas de recolhimento, hospícios etc., confiou à firma R. Rebecchi & Cia. a construção da Casa dos Expostos, vasto edifício de 2.500 metros quadrados, no meio de vasto terreno à Rua Marquês de Abrantes, como também de diversos outros edifícios para aulas e oficinas do referido estabelecimento.

A mesma Santa Casa da Misericórdia mandou projetar e executar pela firma, achando-se atualmente em via de execução, um grande hospital-sanatório para tuberculosos em Cascadura (arrabalde do Rio de Janeiro). Este hospital é construído num terreno de mais de 40.000 metros quadrados, em colina, todo plantado de árvores das mais lindas do Brasil, que entremeiam os diversos corpos de que consta o hospital, dando-lhe o aspecto delicioso de um imenso jardim. Os diversos edifícios que constituem o hospital são vinte, tendo, além dos pavilhões de cura e seus anexos, os edifícios para os serviços gerais, administração, moradia do diretor e pessoal de serviço, lavanderia e desinfecção, necrotério, capela, farmácia com dispensário etc. O hospital-sanatório é projetado de acordo com as melhores e mis modernas regras da ciência médica.

A Liga Brasileira contra a Tuberculose confiou também à firma R. Rebecchi & Cia. a construção dos seus edifícios, sendo um deles a própria sede da Liga, junto à Avenida Central, com dispensário, que tomou o nome do seu ilustre presidente, dr. Azevedo Lima, e o outro, o Dispensário Viscondessa de Moraes, à Avenida Pedro Ivo.

Por ocasião da Exposição Nacional de 1908, em comemoração do decreto de João VI, mandando abrir em 1808 os portos do Brasil ao comércio internacional, os estados de Minas Gerais e da Bahia encomendaram à firma os projetos e construção dos pavilhões para expor os seus ricos produtos. Estes pavilhões ainda existem, como dignos de serem conservados pela sua grandiosidade e solidez e suas perspectivas são delineadas na página seguinte.

Outra obra de importância projetada pela firma, para a solenização do referido centenário, foi o arco monumental comemorativo da referida data. Para o dito arco, foi aberto um concurso, no qual a firma não tomou parte, sendo os prêmios distribuídos entre diversos concorrentes. Depois do concurso entendeu, porém, a comissão, que para ter obra completamente satisfatória, devia encomendar novo projeto à firma R. Rebecchi & Cia., com a qual contratou também a execução, esperando-se que o Congresso Nacional conceda fundos necessários para a execução da obra.

A diretoria geral da Estrada de Ferro Central do Brasil, querendo transformar a Estação Central desta grande linha, de maneira a satisfazer o seu desenvolvimento, encomendou à firma R. Rebecchi & Cia. o relativo projeto, que foi com muito agrado da dita diretoria e dos corpos técnicos aprovado.

O estado de Minas Gerais, tendo resolvido mandar executar na sua capital o Palácio de Justiça, encomendou o respectivo projeto à firma, e a obra foi executada de conformidade com as plantas e mais desenhos elaborados pela mesma.

Assim também o estado do Ceará, devendo na sua capital construir dois edifícios, um para a Faculdade de Direito e outro para um grupo escolar, encomendou à firma R. Rebecchi & Cia. os projetos, segundo os quais as referidas obras vieram a ser executadas. A firma tem o seu escritório à Rua Sete de Setembro, 67.

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R. Rebecchi & Cia.: 1) Pavilhão do Estado da Bahia na Exposição do Rio; 2) Clube de Engenharia; 3) Residência particular em Botafogo; 4) Pavilhão do Estado de Minas Gerais na Exposição do Rio
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F. Guimarães & Cia. - Desta casa, fundada em 1872 pelo sr. Faustino Guimarães, falecido em 1901, são hoje sócios os srs. Domingos Ferreira Gonçalves Guimarães e José F. P. Guimarães. Os atuais sócios são sobrinhos do fundador, a quem sucederam, por morte daquele.

A casa manufatura biscoitos e bolachas em latas, desde ¼ de quilo até 25 quilos, e em barricas. Os srs. F. Guimarães & Cia. produzem em seu estabelecimento grande variedade de biscoitos, de que vendem mensalmente de 30.000 a 40.000 quilos, e a produção de bolachas sobe a cerca de 40 toneladas anualmente.

A fábrica está montada com maquinismo moderno e completo, acionado por motores elétricos e a gás e vapor. Empregam os srs. F. Guimarães & Cia. em seu estabelecimento de 40 a 50 operários, entre adultos e crianças. A fábrica acha-se instalada num edifício de dois andares, de propriedade da firma, com 23 metros de frente por 50 de fundos, à Rua Francisco Eugênio, 176.

Os produtos da fábrica foram premiados em diversas exposições, tais como as do Rio de Janeiro em 1878, 1881 e 1908, e Exposição Continental de Buenos Aires em 1894.

As latas par ao acondicionamento dos produtos da fábrica são feitas no próprio estabelecimento, que possui uma seção importante de latoeiros com todos os maquinismos necessários, além duma oficina de caixoteiro com serraria mecânica e depósitos.

Os sócios, que são irmãos, nasceram em Guimarães, Portugal, e vieram crianças para o Brasil, com seu tio, fundador do estabelecimento, ao qual sucederam por ocasião do seu falecimento, havendo para isto desinteressado os outros herdeiros. Para dar uma idéia da importância que tem hoje o estabelecimento, basta dizer que a sua produção, que em 1880 era de 100.000 latas anualmente, passou agora a 500.000 latas, além de 150 toneladas de bolachas e biscoitos em barricas e latas grandes.

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Estamparia Franco-Brasileira - Lambert & Cia.
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C. Guimarães & Cia. - Os srs. C. Guimarães & Cia., proprietários da Casa Auler, fundada em 1894, com fábrica de móveis e serraria, manufaturam em seu estabelecimento, situado à Rua dos Inválidos, 134, móveis de estilo e fantasia e executam toda a sorte de trabalhos de escultura em madeira e instalações de luxo em escritórios e casas comerciais.

Os sócios da firma, atualmente, são os srs. comendador Joaquim de Mello Franco, comanditário, e Antonio Vieira da Cunha Guimarães, Oscar Pragana e Francisco Lourenço de Mattos, solidários. Os srs. C. Guimarães, além da fábrica, situada, como dissemos, à Rua dos Inválidos, têm um grande depósito e armazém à Rua Uruguaiana, 91.

A Casa Auler goza, no Rio, de merecida reputação; por ocasião da Exposição Nacional em 1908, executou vários pavilhões, que figuraram honrosamente naquele certame. O dormitório do Palácio Isabel, destinado a receber o falecido rei d. Carlos I de Portugal, em sua projetada visita ao Brasil, é um trabalho de fino gosto artístico, que dá bem a medida do que pode executar a Casa Auler. A Casa Auler possui 6 Grandes Prêmios e medalhas de ouro obtidos em várias exposições, tanto nacionais como estrangeiras.

Em seu estabelecimento, têm os srs. C. Guimarães & Cia. 300 operários e uma força elétrica motora de 250 hp que aciona um maquinismo moderno e completo. Gasta a fábrica anualmente 1.500 metros cúbicos de madeira nacional e outro tanto de madeira importada do estrangeiro.

O comanditário, natural do estado de Minas Gerais, é capitalista muito conhecido no comércio do café, em que se ocupa há mais de 50 anos. O chefe da firma, sr. Antonio Vieira da Cunha Guimarães, é natural do Rio Grande do Sul. Veio para o Rio em 1878; durante algum tempo trabalhou com um tio seu e depois entrou para a firma de Joaquim de Mello Franco, em 1890, como empregado. Nesta casa ocupou a gerência do escritório, em 1896; e mais tarde, em 1910, organizou a presente firma. O sr. Cunha Guimarães é também diretor-gerente da Companhia União.

Os srs. Oscar Pragana, natural da capital, e Francisco Lourenço de Mattos, natural de Portugal, foram ambos empregados e interessados da firma antecessora. A fábrica está sob a direção técnica do sr. Luiz Biastotto.

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Fábrica da Cia. Brasileira de Laticínios do Rio de Janeiro
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