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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1913 - BIBLIOTECA NM
Impressões do Brazil no Seculo Vinte - [38-M]

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Clique nesta imagem para ir ao índice da obraAo longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho informa, nas páginas 598 a 600, a seguir reproduzidas (ortografia atualizada nesta transcrição):

Impressões do Brazil no Seculo Vinte

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Francisco Leal & Cia. - Vista geral dos estaleiros de carvão e do atracadouro
Foto publicada com o texto, página 594. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

A capital federal (cont.)

Comércio

Francisco Leal & Cia. - Esta casa, que foi fundada em 1903 com o capital de Rs. 1.000:000$000, toma parte importante no comércio do carvão do Rio de Janeiro. Os srs. Francisco Leal & Cia. negociam diretamente com os principais proprietários de minas de carvão da Inglaterra e Escócia e as suas importações de carvão de Cardiff, carvão escocês e de coque são, em média, de 100.000 toneladas anualmente.

Fornecem às estradas de ferro, às companhias de navegação, às repartições do governo, às fábricas, cervejarias, refinarias, hotéis, oficinas, forjas e casas particulares em todos os pontos do Brasil. Têm sempre um estoque de nunca menos de 15.000 toneladas de carvão de várias qualidades.

Os seus depósitos ficam à Avenida do Mangue, Cais do Porto. A firma possui lanchas a vapor, saveiros, guindastes e outros acessórios necessários a um negócio desta ordem, no mar e em terra. O escritório da casa fica à Rua 1º de Março, 91. O negócio foi estabelecido em 1903 e os sócios são os srs. Francisco Eugenio Leal e Victor Luiz Monteiro.

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Carlos Schlosser & Cia.: 1) O estabelecimento na Avenida Rio Branco; 2) Garagem; 3) Mostruário
Foto publicada com o texto, página 595. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Carlos Schlosser & Cia. - Esta casa, embora faça grande comércio de importação, é de fundação relativamente recente. Foi estabelecida no Rio, em 1898, pelo sr. Carlos Schlosser, de sociedade com os srs. Honsberg & Spier, de Remscheid, Alemanha. A princípio, o seu negócio consistia principalmente em ferro, ferragens e maquinismos; mas logo depois começou a firma a executar também contratos para várias repartições do governo, fornecendo material para obras públicas. Em 1909, iniciou a firma a importação de automóveis e seus acessórios, e neste ramo de negócio ocupa lugar proeminente, entre as casas congêneres do Brasil.

Desde então, tem a sua importação de ferragens sido abandonada; e hoje o negócio da firma consiste na importação de carros e caminhões-automóveis, maquinismos e acessórios técnicos de toda a sorte, e na execução de contratos feitos com o governo.

Os automóveis Benz e os caminhões Saurer estão espalhados em todo o Brasil, e a Garagem, que ultimamente abriram os srs. Schlosser & Cia., perfeitamente instalada, é sem dúvida uma das primeiras do país. O estabelecimento e escritórios da firma ficam à Avenida Rio Branco, 63; os gerentes no Brasil são os srs. Alfredo Steinberg e Hermann Krueger.

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Behrend Schmidt & Cia.: 1) Geradores e dínamos da usina elétrica em Joinville, Santa Catarina; 2) Quartéis de ferro e aço para a Polícia do Rio de Janeiro, em via de construção
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Behrend, Schmidt & Cia. - A antiga firma Behrend Schmidt & Cia., fundada em Berlim em 1850, abriu, mais tarde, uma sucursal no Rio de Janeiro. A casa no Rio de Janeiro importa em larga escala, principalmente da Inglaterra, Alemanha e dos Estados Unidos, todas as máquinas e acessórios para instalações de luz e força, incluindo instalações geradoras completas, e também lubrificantes e aço para a manufatura de ferramentas.

Encarrega-se do fornecimento de material para instalações de gás ou eletricidade, nas cidades, fábricas, estabelecimentos quaisquer, estradas de ferro, carros, automóveis, tramways etc. etc. Tem contratos com o Governo Brasileiro para o fornecimento de equipamento e outros artigos para o Exército e Marinha.

A firma tem grandes armazéns à Rua da Alfândega, 46, onde se encontra o grande estoque de mercadorias que importa, entre as quis desperta particular interesse o material elétrico. Para a venda em outros portos do Brasil, tem a casa vários viajantes, que percorrem os diversos estados da República. Esta casa goza no país de grande reputação pela excelência de seus artigos e pela confiança que soube inspirar aos seus clientes.

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Edifício, mostruários e equipamentos de Seabra & Cia.
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Seabra & Cia. - Esta importante casa de fazendas e roupas por atacado, estabelecida no Rio de Janeiro, à Rua Visconde de Inhaúma, 78 e 80, foi fundada em 1876 pela firma Pereira, Rocha & Vieira. A firma atual mantém o mesmo negócio de atacado com todas as capitais do estado e outras principais cidades do Brasil.

Compõem a firma os srs. Antonio Ribeiro Seabra, Joaquim de Campos Mendes, João José Baptista e Manoel Franco Ventura, todos sócios solidários.

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Dias Garcia & Cia.: 1) Depósitos na Rua dos Beneditinos; 2) Os depósitos no Cais de Pharoux; 3) Depósitos na Rua Clapp
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Dias Garcia & Cia. - A firma Dias Garcia & Cia. foi fundada em janeiro de 1893, com o capital de Rs. 200:000$000, pelo sócio solidário sr. Antonio Dias Garcia e dois comanditários, dedicando-se ao comércio de importação de ferragens. Em 1899, foi o capital elevado a Rs. 600:000$000 e a Rs. 1.000:000$000 em 1903, capital este que ainda hoje é conservado pelos atuais sócios solidários srs. Antonio Dias Garcia, Albino de Azevedo Branco e Manoel Dias Garcia, e pelo comanditário Visconde de São João da Madeira.

Além do capital social, existe um fundo de reserva de Rs. 400:000$000 e mais Rs. 2.600:000$000 de haveres pertencentes aos sócios, girando, portanto, os negócios com um fundo de Rs. 4.000:000$000. As vendas anuais, que no início do negócio e ao câmbio de 9d. regulavam de Rs. 2.000:000$ a Rs. 2.500:000$000, têm atingido nos últimos anos a Rs. 6.000:000$ e Rs. 7.000:000$000, calculado ao câmbio de 16d.

Em 1891 anexou-se ao negócio uma seção de comissões de café e cereais, a qual se tem desenvolvido bastante, regulando receber nos últimos anos, só de cafés consignados, de 150 a 200 mil sacos de 60 quilos anualmente, fora outros cereais, como milho e feijão. Uma boa parte dos cafés recebidos é exportada para Europa e Estados Unidos. Para a venda dos cafés no estrangeiro são principais agentes da firma os srs. Louis Volkaerts, em Antuérpia, Bélgica, e G. Amsinck & Co., em Nova York, Estados Unidos.

A maior parte dos artigos de importação são recebidos da Inglaterra, Alemanha, França e Estados Unidos, e constam de ferragens em geral e com especialidade ferragens grossas, louças de ferro, cimento, tintas, telhas zincadas, arame farpado e liso, material para estradas de ferro e artigos para lavoura.

A casa, além do grande movimento de negócios que faz nesta capital, vende também para a maior parte dos estados, onde tem muitos agentes, possuindo além disso crescido número de viajantes efetivos. Possui também esta firma a seu serviço avultado número de auxiliares internos, ou sejam cerca de 100 pessoas, distribuídas pelas diversas dependências da casa matriz, escritórios e depósitos.

A casa matriz e os escritórios ficam à Rua General Câmara, 39, 41 e 43, e os depósitos à Rua Clapp, 9, cais do Pharoux, 10, Rua dos Beneditinos, 19, e Rua da Gamboa, 21, 23 e 25.

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Dias Garcia & Cia.: 1 e 3) Interior dos depósitos; 2) Os depósitos no Cais do Porto; 4) O estabelecimento na Rua General Câmara
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Casa Sucena - É este estabelecimento um dos mais antigos do país, pois a sua fundação remonta ao ano de 1806. A princípio, os artigos de igreja e objetos para armadores constituíam o negócio exclusivo da casa, que então girava sob a firma Azevedo Ramos, bem como dos sucessores Azevedo & Santos, Santos & Guimarães, Fernandes Leite & Carneiro e J. D. Fernandes Leite, cujo estabelecimento ficava à Rua da Quitanda, 101 (hoje 123).

Existia nessa rua outra casa do mesmo ramo de negócio, cujos proprietários foram A. F. da Silva Porto & Cia., Franco & Carvalho e J. A. da Silva Franco. Desta última firma, foi empregado e interessado o sr. José Rodrigues Sucena, o qual, retirando-se da casa, se associou a J. D. Fernandes Leite, sob a firma de Leite, Sucena & Alves. Pouco tempo depois, a firma sucessora, Leite & Sucena, adquiriu por compra a casa de J. A. da Silva Franco, operando-se assim a fusão das casas rivais.

O sr. Sucena, porém, visando mais largos horizontes, criou as seções de fazendas, modas e novidades; e com a sua grande atividade e inteligente direção, tornou a sua casa um estabelecimento modelo. Anos depois, tendo sido dissolvida a firma Leite & Sucena, continuou a Casa Sucena, sob a firma de J. R. Sucena, a aumentar os seus negócios a tal ponto que os prédios que ocupava eram insuficientes para o seu regular funcionamento.

Foi nessa época que o sr. Sucena planejou a construção de um edifício próprio, onde ainda mais pudesse desenvolver os seus negócios. Mandou então construir, à Rua da Quitanda, 86 a 88 (hoje 120 a 126), um magnífico prédio, onde foi instalada a Casa Sucena, cujas instalações, no gênero dos grandes armazéns de Paris, eram as melhores e mais importantes do Brasil.

Pouco tempo depois, foi constituída a firma J. R. Sucena & Cia., que continuou a ampliar os negócios, criando mais a seção de camisaria e artigos para homens. Em 1907, tendo a gerência verificado a necessidade de dar nova instalação à seção de camisaria, resolveu abrir uma filial à Rua dos Ourives, esquina d do Rosário; e a essa foram anexadas as seções de fazendas, modas, roupas brancas e um importante ateliê de costura.

No mesmo ano se dissolvia a firma antiga, com a retirada do conde de Sucena (José Rodrigues Sucena) e se organizava a de J. P. de Souza & Cia., cujo chefe era, há longos anos, o gerente da casa. Essa firma, que é a atual, compõe-se dos srs. comendador José Pereira de Souza, Elias Moreira Netto, Manoel Joaquim da Silva, Manoel Martins de Araujo e José Viriato Soares da Cunha.

A transformação por que passou a cidade, com a abertura das grandes avenidas e a deslocação de todo o comércio de modas, sugeriu à gerência a idéia da mudança da casa matriz para ponto mais central; e tendo conseguido adquirir, por contrato, os prédios da Avenida Rio Branco (antiga Central), 76 a 86, para ali transferiram todos os seus estabelecimentos no decorrer do ano de 1912.

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Casa Sucena - Proprietários, J. P. Souza & Cia.: 1) O novo edifício na Avenida Rio Branco; 2) O edifício da Rua da Quitanda (Casa Matriz); 3) O antigo edifício na Rua do Ouvidor
Foto publicada com o texto, página 598. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Louis Hermanny & Cia. - Data do ano de 1855 a fundação da casa Hermanny, então sob a firma de H. Myohl & Cia. Num pequeno prédio de estreitas portas, à Rua dos Ourives, iniciou ela as suas transações, que então se limitavam ao negócio de jóias por atacado, artigos dentários e fornecimento de material para ourives e relojoeiros.

Não seria fácil, a quem a viu no início, augurar-lhe o grau de prosperidade atingido hoje por ela, que figura entre as mais importantes firmas do Brasil. Ainda não estavam de todo desbravadas as dificuldades com que sempre lutam, no seu começo, as empresas mercantis, quando a morte do sr. H. Myohl veio acarretar maiores responsabilidades ao sócio Louis Hermanny, que a si tomou os encargos da casa, associando os seus antigos auxiliares, e constituindo a nova firma Louis Hermanny & Cia., hoje de tamanha nomeada. Sob essa nova direção, os negócios da casa entraram num era de desenvolvimento sempre crescente, graças ao trabalho inteligente e perseverante de seus chefes.

É assim que hoje a vemos, pós um dilatada existência de 56 anos, nas mais sólidas e estáveis condições de prosperidade, empregando as energias de inúmeros auxiliares em negócios vários, ramificando atividades em vários departamentos de comércio e indústria, mantendo em constante atividade um pessoal numeroso que se divide por cinco casas e por muitíssimas seções.

Com uma casa em Stuttgart, que mantém em constantes relações com a Europa as quatro casas do Rio de Janeiro, a firma amplia diariamente o círculo das suas relações comerciais. Em vários ramos de atividade mercantil, há muito a casa Hermanny conquistara as primeiras posições, Assim, a sua seção de artigos dentários era já um das mais importantes do Brasil, como o era a de perfumarias.

Mas, atualmente, as suas representações de casas estrangeiras, no Brasil, têm roteado por caminhos mais largos os seus destinos. Entre essas, são dignas de nota as seguintes: automóveis Stoewer e Lloyd, máquinas de escrever Oliver; caixas-registradoras American; máquinas de somar Comptograph; máquinas de calcular Brunsviga; máquinas de contar e enrolar moedas, máquinas de distribuição automática de bilhetes de passagens, sifões Pran Sparklets; dentifrício Odol; material escolar Volckmar etc. etc.

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O edifício da Avenida Rio Branco e os mostruários da Rua Gonçalves Dias, de Louis Hermanny & Cia.
Foto publicada com o texto, página 599. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Uma seção importante da firma é a de automóveis Stoewer e Lloyd; qualquer destas marcas goza de uma grande reputação pela sua solidez, bom acabamento e economia dos seus motores. Com estas duas marcas, que possuem carros de todos os tipos e para todos os fins, está a Casa Hermanny habilitada para entrar em concorrência, no Rio de Janeiro, na indústria, já bem desenvolvida, do automobilismo.

São únicos sócios da firma os senhores Louis Hermanny, residente em Stuttgart, onde dirige a casa de compras na Europa, exercendo ao mesmo tempo as funções de cônsul do Brasil, e Luiz Hermanny Filho, que se acha à testa das casas no Rio de Janeiro, a saber: casa matriz, à Rua Gonçalves Dias, 67; Seção Dentária, à mesma rua, 54; Seção de Perfumarias, à Avenida Rio Branco, 126; Garagem, à Rua do Rezende, 21 e 23; e trapiches.

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Louis Hermanny & Cia.: 1) A fábrica Stoewer em Stettin; 2) A garagem Stoewer
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