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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1913 - BIBLIOTECA NM
Impressões do Brazil no Seculo Vinte - [39-G]

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Clique nesta imagem para ir ao índice da obraAo longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho destaca Santos nas páginas 713 a 731, a seguir reproduzidas (ortografia atualizada nesta transcrição):

Impressões do Brazil no Seculo Vinte

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Praça da República
Foto publicada com o texto, página 731

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Santos (C)

Indústria e Comércio

City of Santos Improvements Co., Ltd. - A City of Santos Improvements Co. foi fundada em 1880 para comprar e operar as concessões e empreitadas da Companhia de Melhoramentos da Cidade de Santos, incluindo o abastecimento público de água e gás e exploração do sistema de tramways (N.E.: bondes) elétricos. A estes serviços juntaram-se, logo depois, os de iluminação e fornecimento de energia elétrica.

Os trabalhos estão sendo, agora, levados a efeito sob os seguintes contratos: água, contrato com o governo do Estado, feito em 24 de maio de 1897; gás, contrato com a Municipalidade de Santos, 21 de fevereiro de 1870; tramways, por contrato com a Municipalidade de Santos em 14 de janeiro de 1911, com o Governo do Estado de São Paulo em 10 de novembro de 1873, e com a Municipalidade de São Vicente em 14 de março de 1908; luz elétrica e energia elétrica por contratos com a Municipalidade de Santos em 14 de fevereiro de 1903 e com a Municipalidade de São Vicente em 5 de março de 1908.

O capital autorizado e emitido em ações, em 31 de dezembro de 1911, era de 700.000 libras em 50.000 ações ordinárias de 10 libras cada uma, e 20.000 ações preferentes, a 6%¨, de 10 libras cada uma. Foi também autorizada a emissão de 200.000 libras a 5%, sendo que 198.000 libras foram emitidas e 155.100 ficaram pendentes no fim do ano de 1911, e 200.000 libras em ações de tramways (carros elétricos) a 5%, sendo que 150.000 libras foram emitidas, e 142.800 ficaram pendentes no fim de 1911. A Companhia, desde a sua formação em 1880 até 1899, pagou dividendos regulares sobre o capital em ações ordinárias em média de mais de 5% por ano, e nos últimos doze anos os dividendos têm-se conservado com a taxa uniforme de 7% por ano.

A empreitada do abastecimento de água foi, desde o começo, regulada por contratos com a Municipalidade da Cidade de Santos. Embora a Companhia tivesse, de tempos em tempos, aumentado o abastecimento com o objeto de prover a 4.000 casas, foi tal o rápido crescimento da população que os diretores se vieram na necessidade de fazer novas construções para o abastecimento de água e, com este fim, entraram em negociações com o Governo do Estado São Paulo, para fazer uma revisão dos contratos e transferi-los da Municipalidade para o Estado. Estas negociações resultaram num contrato que se fez com o Estado de São Paulo, em 24 de maio de 1897, devido ao qual se concedeu a esta Companhia o privilégio exclusivo do abastecimento de água potável até 1930.

Em virtude deste contrato, a Companhia comprometeu-se a levar a efeito trabalhos necessários para abastecer uma população não inferior a 70.000 almas. O abastecimento para todas as casas é obrigatório, e as quotas cobradas pelo consumo de água a casas particulares e empresas industriais, são determinadas sobre uma base de ouro por meio duma tarifa variável segundo o câmbio. O Governo, além disto, compromete-se a pagar trimestralmente uma soma em moeda corrente, por motivo de serviço público de fontes, canos de esgoto etc., equivalente a £6.000 por ano, a um câmbio de 165 d por mil réis.

O Governo reserva-se o direito de expropriar as águas da Companhia, depois do ano de 1915, se isto for julgado necessário para o bem público; mas neste caso, assim como no fim desta concessão, se esta não for renovada - as obras, instalações etc. passarão para a posse do Governo do Estado, num valor em ouro baseado no capital empregado nestas obras pela Companhia.

As nascentes de água para o abastecimento de Santos estão situadas na Serra Paranapiacaba, distante umas 12 milhas da cidade. A primeira canalização de 8 polegadas de diâmetro foi colocada quando a Companhia se fundou em 1881 e, depois, para fazer frente ao rápido crescimento e prosperidade da Cidade, tiveram que se colocar novas canalizações de 10 e 20 polegadas de diâmetro, tendo estas últimas sido colocadas em 1898.

Com respeito às obras em si, há pouco de interesse geral que se lhes possa atribuir, a não ser o fato da construção ser levada a cabo com a completa satisfação das autoridades. A quantidade total de água que pode ser fornecida, por meio das três canalizações principais, excede a 6.000.000 de galões diários, dando aproximadamente 40 galões por cabeça e por dia, para uma população de 150.000 almas.

A água é excelente, e a análise mostra que as suas qualidades potáveis são iguais às de qualquer água fornecida nas melhores cidades modernas; e a quantidade nas nascentes é, por assim dizer, ilimitada. A chuva na região das nascentes atingiu, no ano 1911, 120 polegadas. Em 31 de dezembro de 1911 havia 5.505 consumidores, dos quais 3.972 tinham contadores. O abastecimento para vapores, no ano de 1911, subiu a 26 milhões de galões.

O privilégio de gás da Companhia foi regulado por uma concessão feita pela Municipalidade da cidade de Santos em 21 de fevereiro de 1870, pela qual a Companhia tem o direito exclusivo de iluminar a gás as praças, ruas, edifícios públicos e casas particulares da cidade de Santos, até ao fim do ano 1920; depois deste ano o direito exclusivo termina, mas a Companhia retém as obras, instalações etc.

A iluminação das ruas dentro da área da cidade de Santos, iluminada a gás, faz-se por meio de lâmpadas incandescentes e camisas marca "C". Em 31 de dezembro de 1911 havia 1.368 lâmpadas ordinárias e 54 de alta energia. O número de consumidores particulares nesta data era de 2.637. O consumo de gás, para ruas e iluminações particulares, atingiu em 1911 a 72 milhões de pés cúbicos. O consumo de gás para cozinhas e motores foi, na mesma data, de 12 milhões de pés cúbicos.

O privilégio de energia e luz elétrica é regulado por uma concessão feita em 14 de fevereiro de 1903, pela qual a Municipalidade de Santos deu preferência à Companhia, por um período de 20 anos, e também, ao terminar este período, igualdade de condições e preços para o abastecimento de eletricidade em todas as suas aplicações dentro da área da Municipalidade de Santos. No fim do contrato a Companhia retém as obras, instalações etc.

Os subúrbios de Santos e a vila de São Vicente são iluminados a luz elétrica. Em 31 de dezembro de 1911 havia, nestes distritos, 394 lâmpadas de 50 velas de força cada uma, e 895 casas tinham instalações para iluminação particular. No ano de 1911 foi completado o abastecimento de força hidrelétrica da Companhia das Docas.

A Companhia de Melhoramentos da Cidade de Santos está atualmente sendo abastecida de toda a energia elétrica de que precisa pela Companhia das Docas; e, de acordo com o contrato que a Municipalidade de Santos para o abastecimento de luz e energia elétrica, está distribuindo toda a energia elétrica necessária a fábricas, indústrias e ao público em geral.

A inauguração deste constante e relativamente módico abastecimento de energia elétrica, combinado com as facilidades naturais dum porto de mar, levará sem dúvida alguma, a um desenvolvimento de empresas industriais que de modo algum pode deixar de contribuir para a prosperidade de Santos.

Os sistemas de tramways de Santos e São Vicente funcionam sob 3 concessões distintas, a saber: (a) contrato com a Municipalidade de Santos, que terminará em 1951; (b) contrato com o Governo do Estado, que terminará em 1923; (c) contrato com a Municipalidade de São Vicente, que terminará no ano de 1938. Em todos estes casos, a Companhia encarrega-se de todos os trabalhos e linhas. Esta rede é constituída por 38 milhas de linha, das quais 23 milhas estavam eletrificadas no fim de 1911. O resto está sendo atualmente eletrificado. Espera-se que estes trabalhos terminarão no fim do ano de 1912.

É interessante recordar que, em 1879, o serviço de bondes para passageiros consistia numa linha com quatro milhas de extensão, ligando a cidade à praia da Barra. Os bondes eram puxados por mulas, e o número de passageiros transportados nesse ano foi de 146.600. Atualmente, existem 34 milhas de linhas abertas ao tráfego e o número de passageiros transportados em 1911 foi de 10.900.648. O centro das linhas é o Largo do Rosário, a uma pequena distância do cais, a oeste da Alfândega.

Desde o Largo do Rosário o serviço de carros elétricos oferece fácil e rápido acesso às formas praias da Barra, que se estendem por cerca de 5 milhas ao longo das costa do Atlântico. As formas e delicadas praias são inigualáveis pelas boas condições que oferecem para banhos; muitos residentes de São Paulo e mesmo do Rio de Janeiro visitam Santos, durante a estação, para este fim. Além do José Menino, as linhas seguem pela praia até São Vicente, e a viagem de volta pode fazer-se pelo lado interior dos montes.

Os diretores da Companhia são os srs. D. M. Fox (presidente), F. Henderson, H.U. Wollaston, H.K. Heyland (diretor-gerente), Bernard F. Browne (gerente em Santos), Henry M. Sayers (engenheiro residente) e E. H. Sulman, secretário.

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O abastecimento de água da cidade de Santos
Foto-montagem publicada com o texto, página 725

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Companhia Santista de Tecelagem - Esta Companhia foi formada em Santos em 1903, com o capital de Rs. 800:000$000, para a manufatura de aniagens. Os seus principais acionistas são os grandes exportadores de café e comissários de Santos e fácil é ver que os produtos da Companhia encontram um bom mercado. Antigamente, eram as sacas para café importadas ou compradas em São Paulo; agora, porém, pode a companhia local suprir todas as encomendas dos exportadores, realizando para os seus acionistas um lucro considerável.

Possui a companhia uma grande e bem aparelhada fábrica na Rua Xavier pinheiro (Vila Macuco), que começou a trabalhar em 1904. As máquinas são modelos de Parker Sons & Co. Ltd. (Dundee) e produzem 5.600.000 m de aniagem por ano, correspondentes a três e 4 milhões de sacas. As instalações são de caráter moderníssimo e o maquinismo tocado por um motor a vapor de 300 cavalos com duas caldeiras Lancashire e um economizador Greene com 180 tubos.

A fábrica emprega mais ou menos 300 operários para cuja acomodação se estão construindo, em Vila Macuco, modernas e higiênicas habitações. Os diretores da Companhia são os srs. dr. Joaquim Miguel Martins de Siqueira, presidente; Ernesto Borman, secretário; Frederico Junqueira, superintendente; e Francisco Martins dos Santos, gerente.

Companhia de Pesca Santos - A Companhia de Pesca Santos ficou definitivamente constituída em 15 de abril de 1910, com o capital primitivo de Rs. 250.000$000, obtendo concessão para funcionar na República dos Estados Unidos do Brasil, por decreto de 25 de maio de 1910. A Companhia tem sua sede na cidade de Santos, no Estado de São Paulo, e por objeto a exploração da pesca em todo o sentido e especialmente de alto mar, e todos os ramos da mesma indústria, como sejam a salgagem, secagem e conservação de peixe em geral, bem como todas as operações e especulações necessárias ao desenvolvimento de sua indústria e à venda dos seus produtos.

A sua primitiva diretoria, eleita pela Assembléia Geral dos Acionistas, de 15 de abril de 1910, ficou constituída dos seguintes srs.: presidente, Pedro Christo Lisboa; vice-presidente, Tarquinio Ferreira; secretário,  Augusto Nunes de Oliveira; tesoureiro, Antonio Marques Bento de Souza; gerente, Theodoreto H. de Faria Souto. Conselho Fiscal: dr. Persio de Souza Queiroz, Godofredo de Faria, Henrique Lisboa Wright. Suplentes: F. Ernesto de Aguiar Whitaker Jor, Runes & Bark, Geo. P. Cox, todos residentes na cidade de Santos.

Em vista do magnífico resultado das primeiras tentativas e convencida da urgência de se dar à empresa maior desenvolvimento, resolveu a diretoria convocar uma Assembléia Geral, para propor o aumento de capital. Realizou-se essa Assembléia em 19 de novembro do mesmo ano, aumentando o capital para Rs. 800:000$000. O aumento de 550:000$000 foi logo subscrito entre os próprios acionistas possuidores das ações primitivas, subscrição que ultrapassou o limite, tendo a diretoria de proceder a rateio, conforme para tais casos determinam os Estatutos. Logo se tratou de encomendar novas embarcações, ora em construção, que virão desenvolver extraordinariamente a importância da pesca.

A Companhia fornece diariamente peixe fresco a preços razoáveis à população de Santos, vapores surtos no porto e a São Paulo e cidades do interior do Estado. Em São Paulo possui, à Rua Anhangabaú, 12, uma agência, tendo tanques em que podem ser armazenadas 20 toneladas de peixe sobre gelo, além do que possui atualmente 3 outros depósitos destinados à venda diária.

Em virtude dos Estatutos realizou-se a primeira prestação de contas da diretoria em 31 de dezembro de 1910 e, neste curto lapso de tempo, isto é, desde 15 de outubro do mesmo ano, o Balanço apresentou um lucro bruto de Rs. 24:917$940, sendo tirados desta quantia para:

Despesas gerais............................................................... Rs.   3:056.400
Remuneração do diretor gerente.......................................... 4:500.000
Depreciação do material e amortização das despesas de instalação e exploração..................................................... 4:861.540
  ------------
  Rs. 12.417.940
Sendo o restante distribuído aos acionistas na primeira emissão 5% s. Rs. 250:000$000..................................................... 12:500.000
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  Rs. 24.917.940

por deliberação da Assembléia Geral de 12 de abril de 1911. Nessa ocasião foi consignado um voto de louvor à diretoria, sendo a mesma reeleita para os seus respectivos cargos por unanimidade de votos.

As ações são do valor nominal de 200$000 cada, estando as 1.250 das da 1ª emissão integralizadas e as 2.750 da 2ª emissão com 50% realizados. Atualmente são cotadas as de 1ª emissão a 252$000 Rs. e as da 2ª emissão a 135$000 Rs., havendo poucos vendedores.

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The City of Santos Improvements Co. Ltd.: 1, 2, 4 e 5) Os bondes e a linda praia que eles percorrem; 3) Mostruários da Companhia em Santos
Foto-montagem publicada com o texto, página 728

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Companhia Brasileira de Exportação de Frutas - Esta companhia foi organizada em 18 de março de 1911, por um grupo de capitalistas brasileiros, com o fim de exportar frutas nacionais para a Europa e Estados Unidos. A companhia, cujo capital é de Rs. 500:000$000, possui largas faixas de terra, nas vizinhanças de Santos, nas quais se cultivam várias espécies de frutas do país. As árvores de tais plantações são ainda muito novas; atualmente, a Companhia compra frutas a outros plantadores para exportar.

Para a exportação destes produtos, foi fretado o vapor John, mas é idéia da companhia adquirir em breve uma frota para o comércio transatlântico. Além de frutas, transportarão os navios café para o Rio da Prata, Norte América e Europa, por conta dos exportadores locais. O plano de construção desses navios orça a despesa em Rs. 2.500:000$. Terão eles grande capacidade para carga e uma completa e moderna instalação frigorífica, para a boa conservação da mercadoria suscetível de deterioração.

A Companhia tem também em construção uma instalação frigorífica à Rua 24 de Maio, 54, que conta estar pronta para funcionar em setembro. Esta instalação facilitará muito as operações da Companhia, evitando o desperdício de uma grande quantidade de frutas e ajudando o desenvolvimento de seu comércio no país e no estrangeiro.

Pensa também a Companhia em montar em São Paulo outra estação frigorífica, visto que é esta cidade um dos seus centros fornecedores dos mais importantes e, uma vez que a Companhia tenha organizado as suas agências, poderá aumentar muito as quantidades de fruta em estoque. As frutas, que se exportarão principalmente para França e Inglaterra, serão as bananas, laranjas, abacaxis e abacates.

É também intuito da Companhia iniciar uma indústria bem local, a saber, a confecção de cestos para o transporte de frutas e outros artigos. Os diretores da Companhia são os srs. Oswaldo Sampaio, presidente; sr. José de Almeida Cardia, tesoureiro; coronel Benedicto Ernesto Guimarães, secretário; e A. Raposo Filho, gerente.

Rombauer & Cia. - A empresa de paquetes Austro-Americana, que faz a carreira entre Trieste e a América do Sul, é a principal transportadora para a Áustria-Hungria do café de Santos. A Áustria recebe anualmente, cifra redonda, 800.000 sacas de café de Santos e cerca de 3400.000 sacas do Rio. Todo esse café é transportado pelos navios da linha Austro-Americana e linha do Adriático, de que é agente, no Rio  e em Santos, a firma Rombauer & Cia. Os navios da Austro-Americana transportam também passageiros e fazem um serviço quinzenal. A firma é ainda agente da Companhia Real Húngara Adria, cujos navios são cargueiros e tocam em Santos mensalmente.

Além destes interesses marítimos, têm os srs. Rombauer & Cia. casa de comissões e são importadores de várias espécies de mercadorias. Esta casa está estabelecida no Rio há 26 anos e a sucursal de Santos existe há cerca de 20 anos. As importações da firma são principalmente de procedência austríaca, sal (marca Saloxo, de Budapest), gomas, águas minerais (Hunyadi-János) etc.

Os srs. Rombauer & Cia. são os principais importadores, no país, de cânhamo para a manufatura (no Rio e São Paulo) do fio usado para coser os sacos de café e, dada a importância da indústria do café, a procura para o fio e matéria-prima de onde é feito deve ser muito grande. O cânhamo é importado de Liverpool, Nápoles e Budapest. O sr. Rombauer é grande acionista da Fábrica de Cordões do Rio de Janeiro.

A sucursal de Santos tem estado sob a gerência do sr. F. W. Bodé nestes últimos seis anos. Nascido no Rio Grande do Sul, o sr. Bodé foi educado na Alemanha. Esteve também algum tempo em Londres e obteve o seu tirocínio comercial em Hamburgo, Havre e Londres. Voltando ao Brasil, há 11 anos, esteve empregado na casa exportadora de peles e couros de Claussen & Cia. Porto Alegre. O sr. Bodé foi, por algum tempo, vice-cônsul da Noruega em Santos.

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The City of Santos Improvements Co. Ltd.: o manancial e instalações para o abastecimento d'água
Foto-montagem publicada com o texto, página 729

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F. S. Hampshire & Cia. Ltd. - Conhecida em Santos e São Paulo, como F. S. Hampshire & Cia. Ltd., e no Rio de Janeiro e em Londres, 36 Lime Street, como Norton Megaw & Cia. Ltd., esta firma ocupa lugar proeminente entre os armadores e importadores, no Brasil. A casa atual foi fundada, há cerca de 35 anos, pelo sr. Francis S. Hampshire, e por ele dirigida com crescente prosperidade, até 12 anos atrás quando foi adquirida por uma companhia.

Há dois anos houve uma nova combinação. As operações da firma são dirigidas dos diferentes centros como acima ficou indicado. Em Santos e São Paulo, o maior negócio de J. S. Hampshire & Cia. Ltd. é o relativo à agência dos conhecidos paquetes da Lamport & Holt. São também agentes em Santos da British Bank of South America. Como importadores, são agentes de A. & J. Burke Ltd. Dublin, que negociam com a reputada Guinness's Stout (Cerveja Guiness em garrafas).

Entre os principais artigos de importação da firma figuram o peixe seco, principalmente do Canadá (bacalhau), e só neste artigo importa cerca de £80.000 anualmente; as madeiras, tais como pinho americano (Estados Unidos), pinho branco do Canadá, pinho sueco; materiais para construção, tais como vigas de aço, telha francesa, terebintina, terebintina dos Estados do Sul dos U.S.A., importações estas últimas que atingem anualmente a importância de £100.000; presuntos ingleses da fábrica de Hunter, Bootle, de que a firma importa entre £700 e £800 mensalmente; soda cáustica, ferro, cimento, sebo, sementes de algodão, de linho, óleos, tecidos de lã e vários outros artigos. Uma pequena proporção das importações é vendida em consignação.

Os escritórios da firma ficam no centro da cidade à Rua 15 de Novembro, e há um grande depósito para as suas mercadorias. O negócio, em todas as suas seções, é gerido pelo sr. Albert F. Smith, com o sr. Herbert F. Hampshire como subgerente. O sr. Smith, que é natural de Sligo, foi educado em Liverpool; nesta cidade adquiriu a sua experiência comercial. Durante cinco anos, trabalhou nos escritórios de Lamport & Holt e, a pedido do sr. F. S. Hampshire, veio para o seu escritório em Santos, isto há 18 anos, quando Santos tinha uma temerosa reputação como foco de febre amarela. Mais tarde, tornou-se o sr. Smith sócio do sr. Hampshire e, por ocasião da formação da companhia, teve o cargo de gerente. O sr. Smith é um dos fundadores do Santos Athletic Club e membro de sua diretoria no ano corrente. É maçom entusiasta e pertence à P. M. da Lodge of Wanderers nº 10.

Lourenço Martins & Cia. - As vendas anuais da casa importadora Lourenço Martins & Cia. sobem a Rs. 1.700:000$000, soma que bem mostra a sua posição no comércio de Santos. A casa foi fundada em 1894 pelo sr. Zeferino Lourenço Martins, e a atual firma organizada em 1º de janeiro de 1910, com os srs. José J. Caseiro Lourenço Martins, José Dias Cardoso e José Rodrigues Mathias como sócios solidários, sendo sócio gerente o primeiro nomeado.

Como importadores, negociam os srs. Lourenço Martins & Cia. em farinhas, arroz, açúcar, manteiga, conservas, cebolas e toda a sorte de comestíveis, vinhos, licores, óleos, borracha e outros artigos. Só em arroz, a firma importa anualmente de 800 a 1.000 sacas. Negocia também em inflamáveis; para este último artigo, tem um armazém fora da cidade.

Os srs. L. Martins & Cia. importam diretamente e uma grande parte das mercadorias provém da Inglaterra e também de Portugal, França, Itália e Espanha. Negociam somente por atacado e têm muitos compradores em São Paulo, assim como em Santos e respectivo distrito. A firma é agente da Cia. de Seguros União Comercial dos Varejistas, do Rio. O sócio-gerente da casa, sr. José J. Caseiro Lourenço Martins, é natural de Portugal e por muitos anos foi vice-cônsul de Portugal em Santos.

Ferreira de Souza & Cia. - Abrangendo todos os ramos do comércio de quinquilharia, esta firma é uma das que mais negócio fazem na cidade. A firma Ferreira de Souza é também uma das mais antigas, tendo sido estabelecida em 1875 pelo sr. M. P. Ferreira de Souza. Por muitos anos negociou individualmente; mas em 1898 associou-se com os srs. Manuel da Costa Oliveira e F. A. M. Lima, que tomam ainda parte ativa no desenvolvimento do negócio.

O armazém fica à Travessa Mauá 12, com 50 metros de extensão nesta rua e 60 metros de frente para a Praça Mauá. O edifício, que é propriedade da firma, tem um grande estoque de todas as espécies de utensílios caseiros e materiais para construção, como ferro, cimento etc. Todos estes artigos são importados diretamente da Europa e dos Estados Unidos. As importações anuais vão a Rs. 1.000:000$000, o que bem mostra o grande movimento da casa.

A firma faz grandes negócios no interior do Estado, por onde traz 4 viajantes; e emprega nos seus armazéns 16 caixeiros. Os srs. Ferreira de Souza & Cia. são agentes do Banco do Minho, desde a fundação da firma.

O sr. Ferreira de Souza é natural de Portugal e veio para o Brasil há mais de 40 anos. Trabalhou primeiramente em uma casa comercial do Rio, vindo depois para Santos, onde tem tido uma carreira comercial muito próspera.

O sr. Manoel da Costa Oliveira é natural do Porto e veio para o Brasil em 1867. Desembarcou no Rio e veio depois para o comércio de Santos, onde trabalhou primeiramente como caixeiro e mais tarde como sócio.

O sr. Lima, também português, reside em Santos há 31 anos e é sócio desta firma há 11 anos.

Zerrenner Bülow & Cia. - É esta uma sucursal de antiga casa importadora alemã que negocia em São Paulo há cerca de trinta anos. Os srs. Zerrenner Bülow & Cia. negociam em cutelaria de toda a espécie, ferro, aço, arames, ferro corrugado, materiais de toda a sorte para construção, tais como cimento Portland, telhas francesas, dinamite, carbureto de cálcio, assim como também querosene, farinhas, açúcar, diferentes marcas de vinhos, automóveis italianos e lanchas-automóveis americanas etc. Representam também vários outros interesses comerciais e industriais. São conhecidos fazendeiros e exportadores de café.

Os seus embarques, durante o período de 1895 a 1909, subiram a 3.287.898 sacas, e só em 1899-10 embarcaram 240.852 sacas. A firma é também agente da Prince Line e do Norddeutscher Lloyd. Três navios da Prince Line tocam em Santos mensalmente e o Lloyd Alemão mantém um serviço quinzenal. Tem a firma 25 empregados.

A gerência da sucursal, na ausência do sr. Tauchens, sócio da firma, é exercida pelo sr. Theodor Nobiling, que tem ocupado o cargo por um bom número de anos. O sr. Nobiling é um dos mais conhecidos representantes da colônia alemã de Santos; e é presidente do Clube Alemão e presidente da diretoria da Escola Alemã.

B. Ernesto Guimarães & Cia. - Estabelecida em 1891, pelo sr. B. Ernesto Guimarães, só em 1911 apareceu a firma acima, tendo o fundador tomado para sócios os srs. Alfredo da Rocha Brito e Arthur Thomaz Coelho. O capital da firma é de Rs. 100:000$000. Negociam os srs. B. Ernesto Guimarães & Cia. como agentes de comissões e como despachantes, e além da sua casa em Santos, à Rua Antonio Prado 68, têm uma casa em S. Paulo à Rua General Carneiro 5 (sala 17).

A firma recebe mercadorias em comissão e consignação, da Europa e dos Estados Unidos; e as suas importações abrangem todas as espécies de mercadorias. É muito reputada nas rodas comerciais e faz anualmente largos negócios.

O sr. Guimarães faz parte do comércio de Santos há 18 anos; e está muito familiarizado com os seus métodos. É secretário da recente Companhia Brasileira de Exportação de Frutas; e é delegado do Departamento de Estatística, anexo ao ministério da Fazenda. É coronel da Guarda Nacional, há 20 anos. Na direção de seu negócio em Santos, tem a colaboração do sr. Coelho que, por mais de 10 anos, esteve na seção de despachos. O sr. A. Brito, que dirige a gerência da sucursal em São Paulo, teve uma experiência de quatro anos na Alfândega.

Correa Irmãos & Cia. - A gerência desta firma está a cargo do seu sócio sr. José Prudente Corrêa, que é vice-presidente da Associação Comercial. O sr. J. P. Corrêa é paulista e está no comércio, em Santos, há 12 anos. Por algum tempo antes de 1907, trabalhou como comissário. Foi no ano passado, 1911, que se fundou a firma Correa Irmãos & Cia. O sr. Correa é diretor de varias empresas comerciais no Estado de São Paulo.

Runes & Bark. - Uma das principais firmas fornecedoras a navios, em Santos, é a de Runes & Bark, estabelecida no Largo Monte Alegre nº 6. Fornece esta casa às companhias de navegação: Austro-Americana, Trente, Royal Mail Steam Packet Co., Pacific Steam Navigation Co., Hamburg Amerika Linie, Nord-Deutscher Lloyd Bremen, Hamburg-Sud-Amerikanishe-Dampsch. Gesellschaft, a Marinha Nacional etc. etc.

A firma, que importa em larga escala, recebe gêneros da América do Norte e Europa. Possui também grandes plantações de banana e exporta cerca de 50.000 cachos, mensalmente, para Buenos Aires. Este transporte, em saveiros, para bordo dos vapores, constitui uma cena típica do porto. O suprimento de carne fresca aos navios das companhias acima mencionadas é feito pelo açougue de propriedade da firma.

Os srs. Runes & Bark encarregam-se da lavagem da roupa para esses navios e também para o público em geral, na sua lavanderia, Lavanderia Alemã, à Rua da Constituição, 189, onde empregam cerca de 40 mulheres e raparigas. É a única grande lavanderia da cidade e está aparelhada com os mais modernos maquinismos alemães.

Negocia também a firma no comércio de provisões em geral e como agente de comissões. As diversas seções de sua casa comercial são dirigidas com habilidade e proficiência pelos sócios srs. Bernardo Runes e Adolpho Bark. Data a casa em Santos de 1890; existiu primeiro a firma de Mistraletti & Cia., e a atual sociedade foi formada há 4 anos. O sr. Runes foi, antes, sócio do sr. Mistraletti; quando este se retirou, é que entrou para sócio o dr. Bark.

Pedro dos Santos & Cia. - Uma das mais antigas e progressivas firmas no comércio de exportação em Santos é a dos srs. Pedro dos Santos & Cia. A casa foi fundada em 1888 pelo sr. Joaquim Pedro dos Santos, que tomou para sócio o sr. João da Silva Monteiro. Os artigos em que negocia a casa são ferragens, tais como objetos caseiros em ferro, ferramentas etc. etc.; louça do Japão, objetos esmaltados, cristais, artigos de vidro e um sortimento de artigos abrangendo todos os ramos de quinquilharia.

O sr. Joaquim Pedro dos Santos principiou o seu negócio em pequena escala, mas é hoje proprietário de dois grandes armazéns nos quais emprega 30 caixeiros. O prédio principal, que é propriedade da firma, fica situado à esquina das movimentadas ruas 15 de Novembro e Santo Antonio e por vezes tem sido aumentado para acompanhar o desenvolvimento do negócio. Recentemente, passou o primitivo armazém por uma reforma completa e em seu prolongamento, na Rua 15 de Novembro, acaba de ficar pronta uma nova loja, com amplo espaço para a futura expansão do negócio. À Rua General Câmara, 111, tem a firma uma sucursal, além de seus depósitos à Rua Sto. Antonio, 72.

Todos os artigos da casa são diretamente importados da Europa e Estados Unidos. A firma vende por atacado e a retalho e faz grande negócio no interior do Estado, por onde traz dois viajantes.

Bento de Carvalho & Cia. - Entre as boas casas importadoras de Santos, está a dos srs. Bento de Carvalho & Cia., situada no nº 42 da Rua 15 de Novembro, no centro da vida comercial da cidade. O negócio foi estabelecido em 1901 pelo sr. Francisco Bento de Carvalho, o qual, desde 1907, tem como associado o seu irmão sr. José Bento de Carvalho. Até 1909, foi sócio um irmão mais novo, sr. Simeão, que faleceu em outubro desse ano. A firma foi criada com o capital de Rs. 50:000$000; hoje está esse capital elevado a Rs. 110:000$000.

O negócio da firma é a importação de toda a espécie de comestíveis, vinhos e licores, tais como frutas em conserva, conservas em geral, vinhos da Madeira, Porto, Douro, Collares, Bordeaux, Bourgogne, farinha etc. etc. A firma é agente de Blandy Brothers & Cia. (Funchal) e recebe deles diretamente grandes quantidades de vinhos daquela procedência.

Ocasionalmente, os srs. Bento de Carvalho & Cia. exportam café, aproximadamente 1.000 sacas por ano; mas o principal negócio da firma é a importação de todos os gêneros de comestíveis em geral, os quais vendem por atacado e a varejo. Mostra a importância desta firma o ter ela empregado no negócio a soma aproximada de Rs. 200:000$000, cerca de 15.000 libras. Há 8 anos que a firma é agente do Banco Comercial do Porto e opera em câmbios, em avultadas somas, sobre Portugal, Espanha, Itália Londres, Paris e Hamburgo.

A área da casa central é de 500 metros quadrados, em adição à qual há depósitos na travessa Mauá, 7 e 8, e armazém de café à Rua Amador Bueno, 190. Ambos os sócios são de Vila Nova de Famalicão, província do Minho (Portugal).

O sr. Francisco de Carvalho veio para o Brasil em 1887 e, entrando para o comércio, foi empregado, interessado e chegou a sócio na firma Pereira Coutinho, Almeida & Cia., à qual se manteve ligado até 1901, quando começou a negociar por conta própria. O sr. Francisco de Carvalho foi diretor da Sociedade Portuguesa de Beneficência durante 3 anos e diretor também do Centro Comercial e Industrial.

O sr. José Bento de Carvalho esteve antigamente na mesma sas de Pereira Coutinho, Almeida & Cia., com seu irmão; e, depois de demorada viagem à Europa, voltou para associar-se com ele em 1907. Ambos dirigem a sua casa comercial.

A. C. Gomes & Cia. - Entre as mais importantes casas de comissões em Santos, figura a dos srs. A. C. Gomes & Cia., à Rua 15 de Novembro, à testa da qual está o sr. C. Gomes, vice-presidente da Companhia Central de Armazéns Gerais. O sr. Gomes, que é rio-grandense, há 28 anos se ocupa de comércio em Santos. Tem assumido vários cargos públicos de importância. Foi vereador em 1902 e em 1905 juiz de paz. É presidente da Cia. Intermediária de Café de Santos, a qual tem o capital de Rs. 300:000$000; diretor da Companhia Santista de Tecelagem e acionista da Cia. Brasileira de Exportação de Frutas. Por muitos anos, serviu como cônsul do Chile.

João Jorge, Figueiredo & Cia. - É esta casa sucursal da importante casa importadora de João Jorge, Figueiredo & Cia., cuja matriz fica em Campinas. A sucursal, em Santos, foi fundada em 1891 e não só faz grandes negócios em gêneros alimentícios, vinhos etc., como também opera como casa comissária. O gerente da sucursal é o sr. Affonso Serra, que exerce o cargo de tesoureiro da Associação Comercial.

Lara Campos & Cia. - Dois irmãos, os srs. Theotonio de Lara Campos Jor e engenheiro Gustavo de Lara Campos, são os sócios desta casa comissária, fundada em 1909. Ambos são naturais de São Paulo.

H. Eckmann - A mais recente e uma das mais bem montadas casas de fotografia em Santos é a do sr. H. Eckmann, situada à Rua Augusto Severo, 2. A casa foi aberta em junho de 1911, para satisfazer a um movimento que sempre aumentara durante os 113 anos passados nesta cidade pelo sr. Eckmann.

Nascido em Hamburgo, veio este sr. para o Brasil há 26 anos e fez uma prolongada viagem pelo rio Amazonas, trabalhando em fotografia. Veio depois para o Rio, onde estabeleceu casa e mais tarde para Santos, onde teve a sua primeira casa à Praça da República. Na Exposição Internacional do Rio em 1908, obteve o sr. Eckmann uma medalha de ouro pela excelência de seus trabalhos fotográficos.

O sr. Eckmann publicou vários álbuns ilustrados sobre Santos e tem uma bela coleção de vistas antigas da cidade. Em retratos, fotografias a bromureto de potássio, platinotipia, pintura a óleo, creions, faz ele trabalhos de primeira ordem. Em sua nova e esplendidamente situada casa, há um estoque de todos os necessários para fotógrafos amadores, inclusive os artigos da muito conhecida Cia. Kodak.

G. W. Ennor - O sr. G. W. Ennor está no comércio de Santos há mais de 20 anos. Nestes últimos cinco anos, tem sido o agente da Royal Mail Steamship Navigation Co. e, desde a fusão operada em princípios de 1911, o é também da Pacific Steam Navigation Co. que de concerto fazem um serviço semanal de passageiros entre este porto, a Europa e Rio da Prata e viagens quinzenais para a costa do Pacífico.

O sr. Ennor é também agente de despachos da Dumont Coffee Co., que passa por possuir a maior plantação de café no Brasil. A companhia tem os seus escritórios centrais em Londres e todo o café das suas fazendas, que atinge um total de 100.000 sacas anuais, é embarcado para Inglaterra, em navios da Mala Real Inglesa e da Pacific Steam Navigation Co. O sr. Ennor representa também firmas particulares de São Paulo, das quais é despachante. Quer em Santos, quer em São Paulo, é bem conhecido nas rodas comerciais.

Hotel Parque Balneário - Fronteiro à bela baía de Santos, na junção da Avenida Ana Costa com a estrada de S. Vicente, fica o popular Hotel Parque Balneário, de propriedade do sr. Julio Conceição. Este hotel foi construído há quatro anos, para atender às necessidades dos visitantes do Interior; e é tão procurado, que são já necessárias novas acomodações. O hotel ocupa uma área de 16 hectares e apenas a largura da rua o separa da praia belíssima. O presente edifício tem 80 quartos, mobiliados com conforto, iluminados à luz elétrica e a sua instalação inclui também banhos, com água quente ou fria.

No campo oposto da avenida, há um recreio onde se fazem exibições cinematográficas ao ar livre, não só para os hóspedes do hotel como também para o público em geral. Há também, no recreio um bem montado Cassino. Em virtude da grande procura de cômodos no hotel, principalmente nos meses de inverno, quando o frio no Interior é mais intenso, resolveu o seu proprietário aumentá-lo, de maneira a ficar ele dispondo de 350 quartos. As plantas, para o aumento, estão prontas e é intenção do sr. Conceição fazer deste hotel o maior e o mais belo da cidade.

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Escola de Aprendizes Marinheiros
Foto-montagem publicada com o texto, página 733

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São Vicente

A quem conhece a história do Brasil é familiar o nome de São Vicente, pois que aí estabeleceu Martim Affonso de Souza a primeira Capitania em 20 de janeiro de 1535. Fora também ele que, em 22 de janeiro de 1532, descobrira S. Vicente e aí deixara a primeira leva de colonos no Brasil, em comemoração de que existe ainda um marco de pedra com aquela data. Entre outras relíquias históricas, existem a Câmara Municipal, reconstruída em 1729, a igreja paroquial (com a sua antiga mobília) reconstruída em 1757, a Escola do Povo (instituto de caridade) erigida em comemoração ao quarto centenário do descobrimento do Brasil.

Numas escavações feitas próximo à igreja, foi encontrada, em 1878, uma pedra, com a seguinte inscrição: "O Illmo Pe. Collaço Villela me mandou fazer na era de 1539". Na Câmara Municipal, existe também um valioso retrato a óleo de Martim Affonso, patrono da cidade, e uma cópia reduzida, em bronze, da Fundação de São Vicente, dádiva da cidade de Campinas, por ocasião do 4º centenário da descoberta do Brasil.

São Vicente fica pitorescamente situada na parte sudoeste da baía de Santos e o seu litoral é recortado por pequenas baías naturais cujas praias oferecem excelentes condições para banhos de mar. A pequenina cidade é hoje mais um bairro de moradia do que um centro comercial e o seu futuro desenvolvimento se operará neste sentido, visto estar ligada a Santos por duas linhas de tramways elétricos; em breve terá também o serviço da Southern São Paulo Railway. Na área municipal de São Vicente, a população é calculada em 10.000 habitantes, dos quais 5.000 residentes da cidade.

A administração pública é exercida pelas autoridades municipais legalmente constituídas: compreendem estas o prefeito e cinco conselheiros. A soma despendida nos serviços administrativos anda aproximadamente em Rs. 78:000$000 anuais. Desta soma, Rs. 4:000$000 são gastos com a higiene e saúde pública; Rs. 6:000$000 com a instrução (a Municipalidade mantém 4 escolas, além das 4 estaduais); Rs; 15:000$000 com a iluminação; sendo a maior verba a de luz elétrica fornecida pela City of Santos Improvement Co. Ltd. e Rs. 14:000$000 são gastos com diversas obras públicas. O sistema de esgotos será em breve melhorado, devido às obras em andamento, executadas pela Comissão de Saneamento do Governo Estadual.

Os membros da municipalidade no ano corrente são os srs. capitão Antão Alves de Moura Penteado, prefeito; coronel Evaristo Machado Netto, presidente da Câmara; major Salvador Leal, vice-presidente; major Antonio Militão de Azevedo, 1º secretário; Alberto Martins de Oliveira, 2º secretário; e dr. Magino da Silva Bastos, vereador.

O capitão Antão Alves de Moura é prefeito de S. Vicente desde 1905. Dois anos antes, fazia parte da Câmara, como vereador. Foi nomeado capitão da Guarda Nacional em 1893 e exerceu o cargo de chefe de polícia durante 11 anos. O capitão Moura pertence ao Partido Republicano Paulista. Veio de Portugal há cerca de 30 anos; e negocia em S. Vicente, desde 1888. O sr. Machado Netto foi eleito vereador em 1910. É sócio da casa comissária de J. Machado & Cia. estabelecida em Santos.

O major Leal foi eleito intendente municipal em 1904 e foi presidente da Câmara em 1906-10. Há muitos anos é oficial da Guarda Nacional. O major Azevedo por muitos anos foi inspetor literário e, depois de exercer o mandato de vereador por 3 anos, foi eleito 1º secretário. O sr. Oliveira é 2º secretário desde 1908. O dr. Bastos entrou para a Câmara em 1911. É bacharel em Letras pela Faculdade de Direito de São Paulo.

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Vistas do Guarujá, perto de Santos
Foto-montagem publicada com o texto, página 732

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