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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - SANTOS EM 1913 - BIBLIOTECA NM
Impressões do Brazil no Seculo Vinte - [42-C]

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Clique nesta imagem para ir ao índice da obraAo longo dos séculos, as povoações se transformam, vão se adaptando às novas condições e necessidades de vida, perdem e ganham características, crescem ou ficam estagnadas conforme as mudanças econômicas, políticas, culturais, sociais. Artistas, fotógrafos e pesquisadores captam instantes da vida, que ajudam a entender como ela era então.

Um volume precioso para se avaliar as condições do Brasil às vésperas da Primeira Guerra Mundial é a publicação Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP. A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor brasileiro Joaquim Eulalio e o historiador londrino Arnold Wright. Ricamente ilustrado (embora não identificando os autores das imagens), o trabalho é a seguir reproduzido, em suas páginas 885 a 893, referentes ao Estado (ortografia atualizada nesta transcrição):

Impressões do Brazil no Seculo Vinte

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Hotel Sul-Americano, Bahia
Foto publicada com o texto, página 886. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Estado da Bahia (cont.)

Comércio

Carvalho Filhos & Cia. - A firma Carvalho Filhos & Cia. ocupa-se exclusivamente da importação de carne seca do Rio Grande do Sul e do Rio Grande do Sul e do Rio da Prata, que faz em larga escala. Tem o seu depósito e trapiche próprio na praia, e nestes depósitos pode acomodar 20.000 mantas de carne seca, para as quais dispõe de todas as facilidades de carga e descarga.

Os srs. Carvalho Filhos & Cia. vendem, não só para o interior da Bahia, como também para o Sergipe, Alagoas e Ceará. O capital registrado da firma é de Rs. 500:000$000.

A fundação desta casa remonta a 1889, sob a denominação de Rosa & Carvalho, firma de que eram sócios os srs. João Lopes Carvalho e Alberto R. Rosa. Mais tarde passou a firma a Carvalho, Filhos & Cia., e em 1912 adotou o título atual. O chefe da casa e sócio comanditário é o sr. João Lopes Carvalho e os sócios solidários são seus filhos, srs. Fabio de Carvalho e Henrique de Carvalho e o sr. Luiz Lucas da Costa.

A família Carvalho veio do Rio Grande do Sul há cerca de 20 anos, e o sr. João Lopes Carvalho tem sempre tomado parte ativa no movimento comercial da Bahia. Foi presidente da Associação Comercial e da Junta Comercial, e atualmente é diretor da Companhia Aliança da Bahia. O sr. Fabio de Carvalho fez também parte da diretoria da Associação Comercial e hoje é deputado à Junta Comercial.

Souza, Teixeira & Cia. - A firma Souza Teixeira & Cia. tem acompanhado o desenvolvimento da Bahia; e à iniciativa e energia dos seus fundadores deve ela a posição próspera que ocupa no comércio local. A casa foi fundada em 1860 pelo sr. Vicente Ferreira da Silva Amaral, cujo nome conservou até 1875; daí por diante, girou sob as firmas Amaral & Pedrosa, Manoel José Pedrosa Junior e Pedrosa Junior & Cia., até 1901, de quando data a firma Souza Teixeira & Cia.

Os sócios atuais são os srs. José Maria de Souza Teixeira, Amelio Caetano da Silva, Mario Gomes dos Santos e d. Vicencia Ferreira Amaral Pedrosa, viúva do sr. Manoel José Pedrosa Junior. O capital da casa é de Rs. 600:000$000. O estabelecimento, que fica situado á Rua Conselheiro Dantas, 4 e 6, tem 35 empregados e ocupa um edifício de quatro andares, com duas lojas adjacentes.

Negocia a firma em miudezas, incluindo artigos para escritório, sanitários e de fantasia, cutelaria etc., que são importados de Paris, Hamburgo, Berlim, Manchester e Nova York e vendidos por todo o estado.

O chefe da firma é o sr. José Maria Souza Teixeira, natural de Portugal e que veio para a Bahia em 1874. Entrou como empregado para a firma Pedrosa Junior & Cia. em 1881 e foi admitido como sócio três anos depois. É diretor da Companhia Aliança da Bahia e fez parte da diretoria da Associação Comercial. O sr. Souza Teixeira, apesar dos seus afazeres comerciais, toma grande interesse pelas questões relativas à colônia portuguesa: foi já diretor da Sociedade de Beneficência Portuguesa 16 de Setembro.

O sr. Amelio Caetano da Silva, filho do falecido Manoel Caetano da Silva, é baiano. Entrou para a casa em 1881, e foi admitido como sócio em 1890. O sr. Mario Gomes dos Santos praticou o comércio em outra casa, entrando para guarda-livros da firma Pedrosa Junior & Cia. em 1899, e foi admitido como sócio da firma sucessora Souza Teixeira & Cia. em 1906. É diretor da Associação Comercial e de outras corporações. É o gerente da casa e o mais moço dos sócios, pois conta apenas 36 anos de idade.

Wilson, Sons and Co. Limited - Na Bahia, principiou esta firma, hoje de fama universal, de negociantes de carvão, a cuja iniciativa se deve o estabelecimento de depósitos de carvão em quinze diferentes centros e em vários países. O início de seu negócio remonta a 1830, mais ou menos, quando o sr. Edward Pellew Wilson fundou a sua casa na Bahia. Por muitos anos, negociou a casa sob a firma de Wilson Sons & Cia., mas em 1877 passou a uma sociedade anônima com a atual denominação. Posteriormente, foram estabelecidos depósitos em Pernambuco e Rio de Janeiro.

Além de um depósito de carvão completado em 1896, e com capacidade para 10.000 toneladas de carvão, tem a empresa grandes oficinas de reparo, onde emprega cerca de 50 operários.

Os srs. Wilson Sons & Co. Ltd. foram agentes da Pacific Steam Navigation Co. Ltd. até princípios de 1911, quando esta companhia foi absorvida pela Royal Mail Steam Packet Co. A empresa Wilson Sons & Co. Ltd. é a principal acionista e faz parte da diretoria da Companhia Transportes Marítimos. O gerente da casa é o sr. H. D. Prain, que ocupou este lugar em 1893 e o tem sempre exercido, com exceção de três anos passados no Rio.

O sr. Prain é natural de Edinburgh, e está ao serviço da empresa há mis de 23 anos. Tem sempre tomado grande interesse pelo bem-estar da colônia inglesa. Serviu como vice-presidente do British Club e foi o fundador do Bahia Golf Club.

Nathan & Cia. - A firma Nathan & Cia. figura no comércio sul-americano há muitos anos, e desde 1905 tem uma importante casa na Bahia, operando tanto em exportação como em importação. Tem em Londres o seu escritório central, em 112 Cannon Street, E.C., sob a firma de F. Meyer & Cia.

Os srs. Nathan & Cia. exportam principalmente cacau e café. Importam toda a sorte de quinquilharias, materiais para a construção de estradas de ferro, encanamentos e seus acessórios para água e esgotos, máquinas para a lavoura, cimento (sendo agentes da marca Pyramid), farinha de trigo etc. As quinquilharias e máquinas são importadas dos Estados Unidos e Europa e a farinha dos Estados Unidos e Argentina.

Os srs. Nathan & Cia. são também agentes da companhia de seguros Northern Assurance Co. Ltd. O sócio da firma residente na Bahia é o sr. G. N. Green, que se ocupa de negócios comerciais no Brasil, há mais de 15 anos. O gerente, sr. James Alexander Hunter, reside no Brasil, há mais de 22 anos. Veio para a Bahia em 1905, tendo estado primeiramente ao serviço do antigo Banco Inglez.

F. Benn & Son - A mais antiga casa inglesa na Bahia é a de F. Benn & Son. O negócio foi fundado no princípio do século passado pelo sr. Edward Benn e nestes últimos 40 anos tem sido dirigido pelo sr. Frederick Benn, filho do fundador. Seu filho, o sr. Edward Hugh Benn, foi admitido como sócio em 1905. O fundador da firma, sr. Edward Benn, morreu em 1909, na avançada idade de 94 anos.

A casa negocia em importação e exportação, como agência de embarques e ainda em carvão de pedra. Há perto de meio século, representa a firma a linha de navegação Lamport & Holt, da qual, em média, 10 navios mensalmente, entram e saem do porto da Bahia. Há cerca de 30 anos que também a firma representa a casa exportadora de carvão de Cory Bros. & Co. Ltd., Cardiff, e tem importado para a Bahia, nos últimos anos, entre 20.000 e 30.000 toneladas anualmente.

Como exportadores, os srs. Benn & Son negociam em café, borracha, cacau, piaçaba etc., sendo a maior parte desses artigos exportados para a Europa. No comércio de importação, negociam em quinquilharias e são representantes da Baldwin Locomotive Works, de Philadelphia. Representam também a Standard Oil Co. e a Vacuum Oil Co., seção de óleos para navios.

O atual chefe da firma, sr. Frederick Benn, tem sido, durante a sua residência de mais de 40 anos na Bahia, membro proeminente da classe comercial. Serviu como cônsul inglês, por muitos anos; foi também agente do Lloyd e, durante algum tempo, tomou parte na administração da Associação Comercial.

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Algumas personalidades do estado: 1) Comendador Theodoro Teixeira Gomes; 2) Dr. Antonio Henriques Silvestre de Faria; 3) Dr. Francisco de Paula Castro Lima; 4) Dr. Clovis Moreira Spínola; 5) Cel. Octacilio Nunes de Souza; 6) Tenente Aurelio Corrêa de Moraes; 7) Dr. Antonio Carneiro da Rocha; 8) Dr. Julio Perones Pontes; 9) Dr. João Ferreira de Araujo Pinho Junior; 10) Dr. Frederico Pontes; 11) Dr. Pedro Augusto de Mello
Foto publicada com o texto, página 887. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Rodrigues, Fernandes & Cia. - A firma Rodrigues, Fernandes & Cia. foi organizada em 1895; a casa, porém, remonta a cerca de um século e começou a operar sob a firma individual de Antonio Gomes dos Santos. Em seguida, passou a Antonio Gomes dos Santos & Cia. (sendo sócios pai e filho), e em 1883, à firma Rodrigues de Moraes & Cia., predecessora da presente. O capital registrado da casa é de Rs. 1.200:000$000.

Os sócios atuais são os srs. José Joaquim Fernandes Dias, Francisco José Rodrigues Pedreira e José de Sá, que todos entraram, moços, para a casa de Antonio Gomes dos Santos & Cia. e subiram de empregados a donos do que constitui hoje uma unidade poderosa no comércio baiano.

A firma se ocupa do comércio de importação e exportação, e por intermédio dos seus viajantes está em relações comerciais com todo o interior do estado e com Sergipe, Piauí, Pernambuco, Minas Gerais etc. As suas importações consistem em fazendas de todas as qualidades, provenientes de Manchester, Paris, Hamburgo etc., que vende exclusivamente por atacado. No comércio de exportação, opera a firma em cacau, café, tabaco, piaçaba, algodão, borracha e outros produtos nacionais. Exporta tabaco em folha, principalmente para a Europa, sendo os seus fregueses em Hamburgo os srs. Johann Schubaeck & Filhos.

Dos sócios da firma, são portugueses os srs. Dias e Pedreira; o sr. Sá é baiano. O sr. Dias foi diretor da Associação Comercial, da qual o sr. Pedreira foi também presidente; o sr. Sá, que também foi durante algum tempo presidente da Associação, igualmente ocupou a presidência da Junta Comercial. O sr. Pedreira é atualmente presidente da Companhia Aliança da Bahia.

Eduardo Fernandes & Cia. - É esta uma das mais importantes casas importadoras de ferragens na Bahia. A data da sua fundação remonta a mais de meio século. A firma atual foi organizada em 1894; antes, girava a casa sob as razões sociais de Barbosa Ferreira & Cia. e Barbosa & Eduardo. O sócios atuais são os srs. Eduardo Fernandes e Ignacio Costa.

Como já foi dito, o negócio desta firma é o de ferragens. O seu comércio é feito por atacado e a retalho em diversos pontos do estado da Bahia e Sergipe. A firma importa diretamente da Europa e dos Estados Unidos, comprando principalmente na Inglaterra a fabricantes tais como Raeburn Bros. & Co., Birmingham; H. B. Perry & Co., Birmingham; e Rogers & Bright, Liverpool.

Os srs. Eduardo Fernandes & Cia. são também agentes das máquinas de escrever Remington & Sun, das máquinas de costura New-Home, da National Cash Register, dos arames farpados Cabeça de Indio e dos telhados Rebervid. O valor das importações da firma pode ser calculado de Rs. 600:000$000 a Rs. 800:000$000 por ano, sendo o capital inicial da casa de Rs. 300:000$000.

Além do seu armazém de vendas a retalho, à Rua dos Droguistas, 37, o qual ocupa quatro pavimentos, tem a firma um grande depósito no cais do Ouro para armazenagem de toda a sorte de artigos de ferro e aço. Na casa trabalham 20 empregados, além de três viajantes.

O chefe da firma é o sr. Eduardo Fernandes, natural de Portugal. Veio para a Bahia em 1869 e entrou para a firma Barbosa Ferreira & Cia., cujos interesses comerciais adquiriu 16 anos mais tarde, de sociedade com o sr. Barbosa. Foi, durante alguns anos, diretor da Associação Comercial, e durante dois anos foi também o seu tesoureiro. Por diversas vezes, tem feito parte da administração da Sociedade de Beneficência Portuguesa 16 de Setembro.

O sr. Costa é também natural de Portugal. Veio para a Bahia em 1880 e entrou para sócio desta firma em 1887.

S. Hess & Co. - Esta firma teve o seu princípio em 1888 com a denominação de Hirsch & Hess, sendo sócios os srs. Adolph Hirsch e Leon Hess. Em 1903, passou a Hirsch, Hess & Cia., quando entraram para sócios os srs. J. Henry Hirsch e Sigmund Hess. Três anos mais tarde, o sr. Leon Hess retirou-se e em junho de 1911 também o fizeram os srs. Adolph Hirsch e T. H. Hirsch, ficando o sr. Sigmund Hess como sócio principal da casa.

Os srs. Hess & Co. negociam como exportadores de produtos do distrito - couros, peles, borracha, cera, penas, diamantes, carbonatos etc. - e têm grandes relações comerciais com os Estados Unidos e a Europa. Os srs. Adolph Hirsch e J. Henry Hirsch são sócios da firma de Nova York Adolph Hirsch & Co. Negociam em diamantes e borracha e na Bahia têm representantes espalhados por todo o estado.

O sr. Adolph é presidente e tesoureiro da Diamond Drill Carbon Co. New York, de que é também vice-presidente o sr. T. Henry Hirsch. São proprietários de 54 milhas quadradas de plantações de borracha, no estado do Piauí, perto da cidade de São Raimundo Nonato. Esta propriedade por eles comprada em 1904 deu, em sua primeira colheita, em 1910, 25 toneladas de borracha; em julho de 1911, já a produção excedia 40 toneladas.

Têm também em Vila Nova outra plantação, com 2 milhas quadradas e cerca de 150.000 pés com 4 e mais anos. A firma possui ainda uma instalação, para o preparo da borracha, próxima à estação da Estrada de Ferro da Bahia, assim como um armazém para a classificação de couros e peles.

O sr. J. Henry Hirsch, que é natural de Nova York, negocia na Bahia desde 1896. O sr. Sigmund Hess é natural de Frankfurt e veio para a Bahia há cerca de 16 anos.

Peixoto & Cia. - Foi esta casa fundada há 20 anos pelos srs. Manoel da Silva Peixoto e José Antonio da Silva Costa, sob a firma de Peixoto & Costa. A atual firma foi organizada há cerca de 10 anos. Os sócios são hoje os srs. dr. Joaquim da Silva Peixoto, seu irmão Fernando da Silva Peixoto e seus primos, srs. Manoel Gonçalves e Antonio da Silva Costa. O capital registrado da casa é de Rs. 300:000$000.

A firma manufatura tecidos de algodão, negocia em matéria-prima para fábricas desse gênero e faz também importante comércio em arroz. Tem um fábrica de tecidos no Penedo, estado de Alagoas, montada com 200 teares de manufatura inglesa (Henry Rogers & Cons, Wolverhampton), onde trabalha um pessoal de 400 operários.

O negócio mais importante da firma consiste, porém, em vender algodão às fábricas da Bahia, e para este fim especial mantém uma sucursal; as fábricas compradoras ficam na Bahia ou seus arredores.

O gerente da fábrica em Penedo é o dr. Peixoto, formado em Medicina pela Faculdade da Bahia; e a casa da Bahia está a cargo do sr. Fernando Peixoto. Seu pai, o sr. Manoel da Silva Peixoto, hoje falecido, era muito conhecido nas rodas comerciais, e durante algum tempo foi diretor da Companhia de Seguros Aliança.

Ferreira Fresco & Cia. - Esta casa foi fundada em 1878, sob a razão social de Fresco Alves & Cia., datando a atual firma de 1893. São seus sócios os srs. José Maria Ferreira Fresco e José Fernandes da Costa. A firma faz grande negócio de importação e exportação e tem a sua sede à Rua das Princesas, 9. O capital da casa é de Rs. 300:000$000.

Os srs. Ferreira Fresco & Cia. importam em larga escala mantimentos de Hamburgo, Londres, Bordéus, Lisboa e outras procedências. De Portugal importam vinhos e conservas. Entre outros artigos, recebem também o leite suíço, de Nestle; peixe e frutas em conserva, de C. & E. Morton Ld., Londres; bacalhau, de A. & M. Smith Ld., Aberdeen, e de São João da Terra Nova; manteiga da Dinamarca, além de produtos nacionais, tais como manteiga e toucinho de Porto Alegre.

As suas exportações consistem principalmente em cacau, café, piaçaba e madeiras, para as quais os mercados principais são Valparaíso, Alemanha, Lisboa e Porto.

O chefe da firma, sr. José Maria Ferreira Fresco, veio de Portugal para o Brasil há cerca de 38 anos; e, cinco anos após a sua chegada, fundou a firma fresco, Alves & Cia. Durante a sua carreira, tem tomado parte importante na vida comercial da cidade; durante cinco anos, fez parte da diretoria da Associação Comercial e tomou grande interesse por todos os planos de melhoramento empreendidos por esta corporação na Bahia. Tem ocupado interinamente o cargos de presidente, secretário e tesoureiro da referida associação.

Durante dois anos, fez também parte o sr. José Maria Ferreira Fresco da diretoria da Sociedade de Beneficência Portuguesa 16 de Setembro, e foi diretor da Companhia de Seguros Aliança da Bahia.

O sr. José Fernandes da Costa é também natural de Portugal, e está na Bahia há 24 anos. Durante todo este tempo trabalhou para a casa, de que hoje é sócio solidário.

Hotel Sul-Americano - Este acreditado e bem dirigido estabelecimento está situado à Praça Castro Alves, ponto central de todas as linhas de bondes. Foi construído em 1885 pelo sr. Antonio Luiz Alves, que é ainda o seu proprietário e sempre se encarregou da respectiva direção.

O Hotel Sul-Americano oferece aos viajantes, bem como aos seus clientes fixos, o maior conforto; os seus aposentos, em número de 40, espaçosos e elegantes, são iluminados a eletricidade; a sala do restaurante comporta 25 mesas, e há um magnífico terraço, donde a vista domina toda a cidade. A cozinha é de primeira ordem. O estabelecimento pode tomar encomenda dos mais luxuosos banquetes, para o que dispõe de pessoal competente. O proprietário, sr. Antonio Luiz Alves, visitou já quatro vezes a Europa.

Magalhães & Cia. - Entre as mais importantes casas de negócio da Bahia figura a dos srs. Magalhães & Cia., fundada em 1891 pelos srs. Raymundo Pereira de Magalhães e Domingos Pinto de Sá Ferreira, sob a firma de Sá Ferreira & Magalhães. Tem havido, desde então, várias mudanças de sócios, mas a firma conserva-se a mesma. Hoje, tem o sr. Magalhães como sócios os srs. Soveral e Britto.

O negócio da casa consiste na importação de charque (carne seca) em comissão, de Buenos Aires, Montevidéu e Rio Grande do Sul. No comércio de importação faz a firma importantes negócios, ocupando grandes depósitos na Bahia.

Os srs. Magalhães & Cia. são proprietários do engenho de açúcar Pitanga, que produz 300 toneladas diariamente; são sócios da firma Austricliano de Carvalho & Cia., construtores da Estrada de Ferro do Timbó a Propriá, e da firma de C. Rios & Cia., proprietários do engenho de açúcar Terra Nova, que produz 500 toneladas diariamente. São também administradores da Cooperativa Alcoólica da Bahia - com destilação - na cidade de Santo Amaro.

Como agentes de comissões, vende a firma açúcar dos seguintes engenhos, cuja produção é dada em sacos de 60 quilos e se refere ao ano 1910-1911: Aliança, 69.231; São Bento, 59.600; Campimirim, 37.002; Terra Nova, 34.863; Passagem, 19.669; Aratu, 24.055; Pitanga, 13.020; São Miguel, 4.400; São Lourenço, 10.000; Itapetininga, 1.079; Dom João, 5.400; e Colonia, 18.556, dando estes engenho a produção total de 296;875 sacos.

Ultimamente, a firma adquiriu uma mina de asbesto, no estado da Bahia, com a qual tenciona trabalhar em grande escala. Em sua casa têm os srs. Magalhães & Co. 19 empregados.

Dirige a casa o sr. Magalhães, que veio de Portugal com a idade de 12 anos. Foi já presidente do Gabinete Português de Leitura; recebeu o título de conselheiro do Governo Real Português, e com o advento da República, foi-lhe conservada esta posição com o título de consultor. Tem sempre tomado grande interesse pelo bem-estar de seus compatriotas na Bahia, sendo proverbial a sua liberalidade para com instituições de caridade, que é sempre tida em grande apreço. Foi também, por algum tempo, presidente da Sociedade de Beneficência Portuguesa.

O sr. Britto é também português e veio para a Bahia há oito anos, depois de ter estado no comércio no Rio de Janeiro.

O sr. Antonio Carlos Soveral é natural do Rio Grande do Sul; veio para a Bahia há 12 anos, e de simples empregado galgou a posição de sócio do sr. Magalhães. O sr. Soveral criou o Centro Industrial de Charque, em Pelotas, Rio Grande do Sul - um truste, que superintende 14 estabelecimentos de charque (charqueadas). Foi eleito diretor da Associação Comercial em 1904 e distinguido com o cargo de presidente em 1911. Em julho deste ano, a associação celebrou o seu centenário, e festas solenes se realizaram por essa ocasião, honradas com a presença do presidente da República, marechal Hermes da Fonseca. Durante todas as festividades, o sr. Soveral exerceu a presidência da Associação Comercial, com consumada habilidade. No interesse da classe comercial e também para os festejos realizados na Cidade Baixa da Bahia, obteve o sr. Soveral do governo a construção do cais do Ouro, e iluminação e melhoramento de várias ruas.

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Homens de negócios da Bahia: 1) M. J. Bastos; 2) Raymundo Pereira de Magalhães; 3) José Gama da Costa Santos; 4) Bernardo Martins Catharino; 5) Dr. Lino Meirelles da Silva; 6) Antonio Rosa Britto; 7) Augusto Pinho; 8) S. Hess; 9) Francis Stevenson; 10) Thomas Matthiesen; 11) Manoel de Souza Machado; 12) J. J. Wilson; 13) H. Douglas Prain; 14) Geraldo Dannemann; 15) Dr. Cleto Japi-Assú; 16) C. J. Webb; 17) Danoel H. Duder
Foto publicada com o texto, página 888. Clique >>aqui<< ou na imagem para ampliá-la

Westphalen, Bach & Cia. - A mais antiga das casas alemãs na Bahia é a de Westphalen Bach & Cia., fundada em 1827 sob a firma de Loeiz & Bonne. O sr. Loeiz era fabricante de chapéus em Hamburgo e, vindo para a América do Sul, fundou várias casas no Pará, Rio Grande do Norte, Bahia, Montevidéu, Lima e Valparaíso. A firma se tornou mais tarde conhecida com a denominação de G. H. Günter e em seguida Günter & Mündt. Em 1899 sucedeu-lhe a atual firma. São sócios os srs. Theodor Libert Westphalen, Hamburgo; Otto Bach, Hamburgo; e Georg Bauer,na Bahia. O escritório central da firma é em Barkhoffhaus, 1.

A firma se ocupa do comércio de importação, negociando em grande escala em vários artigos, tais como quinquilharias, objetos para escritório, relógios, calçado, chapéus, perfumes etc. etc. Além de 30 empregados, tem seis viajantes no estado da Bahia e seus vizinhos, Minas Gerais, Sergipe, Piauí etc. A firma está em relações comerciais com a França, Inglaterra e Estados Unidos, e só negocia por atacado; exporta também vários produtos locais.

O atual sócio da firma, residente na Bahia, veio de Hamburgo há 17 anos e é sócio há sete. É membro importante da colônia alemã e há dois anos vice-presidente do Clube Alemão.

F. Stevenson & Co., Limited – Esta casa foi fundada em 1844 e adotou a atual firma em 1º de julho de 1910, sendo sócios os srs. Francis Stevenson, Edmund Harvey e Reginald de Crecy Steel. O pai do sr. Stevenson, sr. G. E. Stevenson, abriu negócio na Bahia em 1844 e de 1885 a 1910 girou a casa sob a firma de F. Stevenson & Cia. De concerto com esta firma existe a casa de F. Stevenson & Co. Ltd., Liverpool, da qual o sr. Harvey, antes gerente, é hoje diretor. Esta casa foi fundada em 1864, sob a firma de G. E. Stevenson & Co., e assim permaneceu até 1º de julho de 1910. O diretor mais antigo da empresa F. Stevenson & Co. Ltd. é presentemente o sr. F. Stevenson, que sucedeu a seu pai, na Bahia, em 1880, mais ou menos.

O negócio, em que se emprega a firma, é o de importação, exportação e representação de companhias de navegação. No comércio de exportação negocia em cacau, café, borracha, piaçaba, madeiras para marcenaria fina, cera de carnaúba, ipecacuanha e araroba, da qual se extrai o crisarobin.

As exportações de borracha compreendem as três qualidades conhecidas no estado da Bahia: Maniçoba do São Francisco, Maniçoba do Jequié e Mangabeira; da Maniçoba do Jequié fazem os srs. F. Stevenson & Cia. a quase totalidade das exportações.

No comércio de importação, a firma negocia em farinhas, sebo, charque, cimento, alcatrão, pinho, papel para embrulho, soda cáustica, querosene, explosivos etc. São agentes dos explosivos Nobel e também da Royal Insurance Co.; e a sua é uma das poucas casas da Bahia que ocupam depósitos próprios. Desde 25 de maio de 1894, são agentes da Royal Mail Steam Packet Co., e em princípios de 1911 receberam também a agência da Pacific Steam Navigation Co.

O sr. Francis Stevenson nasceu na Bahia e foi educado em Edinburgh, voltando para o lugar de seu nascimento em 1880. Serviu, por muitos anos, como vice-cônsul inglês e freqüentemente como cônsul, na ausência do titular do cargo, na Associação Comercial da Bahia. É um dos mais antigos membros do British Club.

O sr. Steel, o outro sócio residente na Bahia, é natural de Bedford e veio para a Bahia há cerca de 20 anos. É sócio do sr. Stevenson há cerca de 8 ou 9 anos. O sr. Steel é presidente do British Club, tesoureiro da igreja inglesa e diretor da Associação Comercial no atual período.

Silvino Marques & Cia. - Esta conhecida firma é estabelecida na Bahia há perto de meio século. Nos últimos doze anos têm sido os seus negócios dirigidos pelos atuais sócios, srs. Domingos Silvino Marques e Alberto Pinto de Magalhães. O capital registrado da firma é de Rs. 300:000$000.

Negocia esta casa exclusivamente na importação de carne seca, proveniente do Rio da Prata e do Rio Grande do Sul, e faz um movimento comercial considerável. O chefe da firma, sr. Marques é diretor da Escola Comercial e diretor do Banco da Bahia. Fez antes parte da Junta Comercial e foi diretor e secretário da Associação Comercial.

Moraes & Cia. - Esta firma de negociantes de fazendas por atacado foi estabelecida em 1866, pelo falecido sr. José Joaquim de Moraes e outros. O sr. Moraes continuou o seu negócio até 1878, época em que se retirou; novamente entrou para a firma em 1891, quando o sr. Bernardo Martins Catharino se tornou gerente e sócio principal; em 1906, retirou-se definitivamente do negócio e morreu a 19 de maio de 1909. Durante a sua vida pública, foi presidente do Banco Mercantil, em seu período mais próspero, e da Companhia do Queimado e União Fabril.

O chefe da casa é hoje o sr. Bernardo Martins Catharino, com quem estão associados seus filhos srs. Alberto Moraes Martins Catharino e Bernardo Martins Catharino Junior. O primeiro entrou para sócio em 1902 e o último em 1905. Em 1902, entrou também para sócio o sr. Alfredo Duarte d'Almeida, que se retirou em 1908.

A firma tem um grande comércio de fazendas com Manchester e importa também da Alemanha, França e Itália. Tem dois grandes armazéns à Rua Conselheiro Dantas e em um destes fornece cômodos a seus empregados. Além de importar gêneros estrangeiros, a firma negocia também em fazendas de algodão de manufatura local, que exporta para o Norte e Sul da República, por onde traz 8 viajantes. Exporta também borracha, cacau, café e outros produtos recebidos em consignação, mas estes últimos em pequena escala.

Na direção dos negócios, participam principalmente os sócios mais moços da firma. O sr. Alberto Catharino nasceu na Bahia em 1884 e viajou Portugal, França, Alemanha e Inglaterra. Em 1901, voltou à Bahia; no ano seguinte, entrou para sócio de seu pai, e desde 1908 ocupa a gerência da casa.

O sr. Bernardo Catharino Junior também viajou a Europa, de 1896 a 1902, ano em que entrou para a casa de seu pai; foi feito sócio em 1905. Está também empregado na casa um irmão mais moço, o sr. Joaquim Martins Catharino, que foi educado na América do Norte.

Wildberger & Cia. - A firma Wildberger & Cia., organizada em 1900, sucedeu à de C. F. Keller & Cia., fundada na Bahia em 1850. Os atuais sócios são os srs. Emilio Wildberger e Louis Truebner, sendo o sr. C. F. Keller (8, Rue Favart, Paris) sócio comanditário. O capital da firma é de Rs. 50:000$000; e o seu principal negócio consiste na exportação de cacau, para o que tem sucursais em Ilhéus, Canavieiras, Belmonte e Itabuna.

São também os srs. Wildberger & Cia. agentes da Société Générale de Transports Maritimes à Vapeur, de Marselha, e correspondentes da conhecida casa bancária Crédit Foncier du Brésil, Rio, e do Banco Francês e Italiano da América do Sul, do Rio e São Paulo. Os sócios da casa na Bahia ocupam-se com a maior atividade dos seus negócios.

O sr. Wildberger é natural da Suíça e reside na Bahia há cerca de vinte anos; foi diretor da Associação Comercial, e há seis anos ocupa o cargo de cônsul da Suíça. O sr. Truebner, também natural da Suíça, é vice-cônsul do seu país e há dez anos trabalha no comércio da Bahia.

M. Ulmann & Cia. - A firma de M. Ulmann & Cia. é a dum conhecida casa da Bahia, exportadora de borracha, couros, peles e cera, e que negocia também em jóias e diamantes. A casa M. Ulmann & Cia. é estabelecida na Bahia há mais de quarenta anos; primeiramente girou sob a razão social de C. Kahn & Cia.; a firma atual foi organizada há dez anos. A firma tem a sua sede em Paris, à Rue Chabrol, 69; e além do escritório na Bahia, à Rua das Princesas, tem depósitos para o preparo dos couros e peles em Paranaíba e Floriana (Piauí) e diversas sub-agências no interior. Os sócios da casa são os três irmãos, srs. Mathias Ulmann, Isidore Ulmann e Charles Ulmann. Este último é o chefe da firma na Bahia.

Tude, Irmão & Cia. - Foi esta casa fundada em 1893, na cidade de Amargosa, pelo sr. Eudoro Tude Souza. Em 1906, iniciou os seus negócios em Nazareth, Santa Ignez e na Bahia; e hoje a casa matriz fica na cidade de Nazareth, com sucursais em Amargosa, Santa Ignez e Bahia.

A firma faz o comércio da importação e exportação, recebendo as suas mercadorias diretamente da Europa e América e vendendo os produtos nacionais aos exportadores locais da Bahia. Em Nazareth ocupa a firma um espaçoso e bem disposto armazém ao longo do cais, e faz com os distritos do Norte e do interior um largo negócio. Na casa comercial de Nazareth trabalham 20 empregados.

O fundador da casa, sr. Eudoro Tude Souza, tem hoje como sócios seu irmão, sr. Plinio Tude Souza; seus primos, srs. Epiphanio Fernandes Souza e Pomfilio Fernandes Souza, e o sr. Miguel Bartilotti, de origem italiana, que dirige a sucursal da Amargosa. O capital registrado da firma é de Rs. 200:000$000.

O sr. Eudoro Tude Souza foi recentemente diretor da Associação Comercial da Bahia, cargo a que renunciou, de acordo com vários outros membros, em sinal de protesto, por se haver a associação imiscuído em questões políticas.

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No interior: 1) São João do Araguaia; 2) Uma aldeia do interior; 3) A cidade de Taubá
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Machado, Irmão & Cia. - Entre as firmas recentemente formadas na Bahia e que, no seu comércio, têm conquistado posição saliente, está a dos srs. Machado, Irmão & Cia. A firma foi fundada em 1911 e está estabelecida no edifício da Associação Comercial, à Praça Conde dos Arcos. Os srs. Machado, Irmão & Cia. são agentes do Lloyd Brasileiro, da Companhia Adria, de Fiume, e da Companhia Austro-Americana, de Trieste.

O negócio mais importante da casa é, porém, o de importação e venda a retalho de farinha, peixe salgado, querosene, resina, cimento, louça, máquinas para a lavoura, carbureto de cálcio, folha-de-flandres, soda etc. A firma recebe também do interior gêneros em consignação.

Os sócios da firma são os srs. Manoel Conde Machado e Affonso Conde Machado, ambos naturais da Bahia, e Theodosio José Espinola e seu primo João Espinola Conde, estes últimos naturais de Portugal. O sr. Espinola trabalha no comércio baiano desde 1876; o sr. Conde veio para a Bahia em 1886.

Ferreira Machado & Cia. - Entre as casas recentemente fundadas na Bahia, figura a dos srs. Ferreira Machado & Cia. Foi fundada em 1910; seus sócios, os srs. Affonso Ferreira Machado e seu irmão Fernando Ferreira Machado, se ocupam do comércio há muitos anos. Ambos são naturais da Bahia.

O sr. Affonso Ferreira Machado esteve primeiramente empregado na casa de ferragens dos srs. Machado Soares & Cia., tornando-se depois sócio solidário e mais tarde sócio comanditário desta firma. O sr. Fernando Ferreira Machado começou também a sua carreira comercial com a firma Machado, Soares & Cia.

Os srs. Ferreira Machado & Cia. negociam por atacado, como importadores e exportadores; e as suas relações comerciais se estendem tanto ao Norte como ao Sul da República, onde são representados por dois viajantes. Os principais artigos importados são vinhos provenientes de Portugal e sal proveniente de Mossoró (Rio Grande do Norte), Cabo Frio e Aracaju. O seu principal artigo de exportação é o açúcar.

A firma possui em Santo Amaro um estabelecimento para a destilação de aguardente, que vende por atacado. Na Praça do Ouro, próximo ao escritório da firma, fica situada outra fábrica, propriedade da casa Ferreira Machado & Cia., para o preparo de várias qualidades de vinhos de frutas compradas nas vizinhanças da Bahia; esta última indústria tem já um importante desenvolvimento. Ainda perto do mesmo escritório, que fica à Praça do Ouro, 31, tem a firma um grande depósito.

Costa & Ribeiro - Fundada em 1900, esta firma ocupa um lugar saliente no comércio da Bahia. Os srs. Costa & Ribeiro negociam principalmente como importadores e exportadores de comestíveis de toda a sorte. Recebem, não somente mercadorias que compram nos mercados da Inglaterra, França, Estados Unidos e Portugal, como também gêneros nacionais, provenientes do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco e outros estados do Norte.

As suas exportações consistem em cacau e café, principalmente cacau, que enviam, em grande quantidade, para a Alemanha e Estados Unidos. Possuem ao Sul da Bahia plantações de cacau, mas recebem também grandes quantidades em consignação. A sede da firma fica à Rua São João, 115. A casa tem sucursais em Hamburgo, Aracaju, Ilhéus, Itabuna e Rio das Contas. O prédio onde fica o armazém é propriedade da firma; mas os sócios tencionam construir proximamente um grande e moderno edifício que substituirá aquele.

Como foi dito, a atual firma foi organizada em 1900, mas a fundação desta casa comercial remonta a 8178, com a firma Ribeiro & Guimarães. Mais tarde, passou o título da firma a Costa, Ribeiro & Cia.; e a presente denominação foi adotada em 1900. Os sócios atuais da firma são os srs. Antonio da Costa Lino e Carlos Corrêa Ribeiro. O capital registrado da firma é de Rs. 500:000$000.

O sr. Antonio de Costa Lino, chefe da firma, é natural de Portugal. Trabalha no comércio da Bahia há cerca de trinta e cinco anos. Tem ocupado diversos cargos importantes, entre eles o de diretor da Associação Comercial, e atualmente é diretor do Banco da Bahia.

O sr. Carlos Corrêa Ribeiro é natural da cidade da Bahia e filho do sr. Antonio Joaquim Corrêa Ribeiro, um dos fundadores da firma primitiva. É sócio comanditário da firma Costa, Ribeiro & Cia., e foi também diretor da Associação Comercial.

Soares & Cia. - A firma Soares & Cia. iniciou as suas operações na Bahia em 1906, mas já o estabelecimento girava sob a razão social de Soares & Bahia. Os atuais sócios são os srs. José Pereira Soares e Guilhardo de Figueiredo.

O sr. José Pereira Soares nasceu na Bahia e trabalha no comércio desde 1900. Foi o fundador da casa Soares & Bahia e é atualmente diretor da Associação Comercial e da Associação dos Empregados do Comércio.

O sr. Guilhardo de Figueiredo foi empregado do sr. José Pereira Soares e tornou-se sócio da casa em 1911. Outro empregado, o sr. Heitor Doirado, entrou também para sócio em 1912.

A casa negocia em importação e exportação, recebendo da Nova Escócia grande quantidade de bacalhau; da Argentina, trigo e farinha; e do Rio Grande do Sul, grandes partidas de carne seca. Nas suas exportações, avulta sobretudo o tabaco, que é expedido principalmente para os portos de Hamburgo e Bremen. A firma, que é muito conhecida no Norte do Brasil, tem representantes em Pernambuco, Maceió, Penedo, Aracaju e Estância.

L. Costa & Cia. - Esta importante firma da Bahia, estabelecida em 1890, ocupa-se exclusivamente da exportação de produtos do estado e com especialidade de couros e peles. Tem agentes seus em vários pontos do país e faz grande movimento para os Estados Unidos, Canadá e Europa. Os sócios da casa são os srs. Lourenço Costa e F. G. Williamson.

O sr. Costa, natural da Bahia, ocupa-se do comércio há já 33 anos e é membro importante da Associação Comercial. Foi, durante algum tempo, secretário e hoje é o vice-presidente da referida associação.

O sr. Williamson é de descendência (N.E.: SIC: deveria ser ascendência) inglesa e nasceu na Bahia. Estudou na Escócia e voltou à sua cidade natal em 1872. Durante algum tempo, esteve com seu avô, fundador da firma de Wilson & Cia., atualmente Wilson Sons & Co. Ltd. Em 1883, estabeleceu-se o sr. Williamson por conta própria, sob a firma de Wilson & Co.; no ano seguinte, entrou para a casa, como empregado, o sr. Costa. A presente sociedade data de 1890.

Newman & Cia. - Sucessores da firma Leitão & Cia., que foi fundada há cerca de vinte anos, a firma Newman & Cia. foi organizada em 1906, tendo como sócios os srs. Edward M. Newman e seu filho Milton Edward Newman. Ambos eram sócios da antiga casa Leitão & Cia. A firma se ocupa no comércio de exportação, principalmente couros, peles, borracha e cacau, e tem largas relações comerciais com os Estados Unidos. É também representante da Lafayette Rubber Estates Co. Ltd., Londres.

O escritório e depósito da firma ficam situados ao longo do cais, tornando assim menos trabalhosa a carga e descarga de navios no porto. Os srs. Newman são norte-americanos, residindo o sr. Newman pai, na Bahia, há 20 anos, e seu filho há cerca de 17.

Rossbach Brazil Company - Entre as mais conhecidas casas exportadoras da Bahia está a da Rossbach Brazil Company. Esta firma tem o seu escritório central em 55-57, Frankfort Street, Nova York, e foi estabelecida no Brasil em 1880, mais ou menos, primeiramente em Pernambuco e mais tarde na Bahia. Nesse tempo, a firma era Rossbach Bros.; em 1905 passou a ter a denominação acima.

A firma negocia em toda a sorte de exportações. e dos produtos do estado exporta principalmente borracha, peles e couros. Negocia também com o Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Minas Gerais. A maior parte das exportações vão para os Estados Unidos. Tem agentes seus no interior do Brasil e os artigos são recebidos na Bahia "em trânsito". Tem também armazéns próprios, para depósito de suas mercadorias.

O gerente da casa, na Bahia, é o sr. Oscar Heinrichs, que está ao serviço da empresa há oito anos. É natural de Nova York e tem sido empregado da firma em Pernambuco e na Bahia.

Domschke & Cia. - A casa Domschke & Cia. é uma das mais antigas da Bahia, conquanto a organização da sua firma atual remonte apenas a 1903. O primitivo título da firma era Schramm Stade & Cia.; veio depois Schramm Wylie & Cia., e a esta sucedeu a de Domschke & Cia. Os atuais sócios são os srs. Carlos Domschke e Haroldo Meyer. Esta casa negocia em vários ramos.

São também os srs. Domschke & Cia. agentes da Hamburg-Amerika, da Hamburg-Sud-Amerikanische, da Commercial Union Assurance Co. Ltd. e do Lloyd's Allemão-Hamburger Assekuranzverein.

Exportam também cacau, café, arroz, borracha, couros e outros produtos nacionais, negociando para a Alemanha, Estados Unidos, França e Itália. O agente geral da firma em Hamburgo é o sr. F. W. Burchard.

O chefe da firma, sr. Domschke, veio da Alemanha em 1870 e está no comércio da Bahia desde essa época. O sr. Domschke foi diretor da Associação Comercial e também presidente do Clube Alemão.

O sr. Meyer negocia na Bahia há 16 anos e se tornou sócio da casa em 1908. Atualmente, é o sr. Meyer um dos diretores da Associação Comercial.

Conde & Cia. - A firma Conde & Cia. é sucessora de Conde Filho & Cia., firma antiga na praça da Bahia, fundada em 1838 pelo visconde do Rosário. Os atuais sócios são os srs. Manoel Cerqueira Conde e Francisco Espinola Conde, o primeiro neto e o segundo sobrinho do fundador.

A firma negociou sempre no mesmo ramo de negócio, desde a sua fundação, como importadora, exportadora e agente ou representante. Representam os srs. Conde & Cia. a Prince Line Ltd., de Newcastle-on-Tyne, o Lloyd Real Holandês, de Amsterdam, além de serem agentes da Alliance Assurance Company Limited, de Londres. O escritório da firma fica situado à Rua Visconde do Rosário, 1; e o seu endereço telegráfico é Conde.

Anthony Mitchell - O sr. Anthony Mitchell, proprietário da Casa Ingleza, é, entre os seus compatriotas, um dos mais antigos comerciantes estabelecidos na Bahia. Natural de Fifeshire, Escócia, fez o sr. Mitchell a aprendizagem para maquinista na Whitebank Engine Works do sr. John Kay, Kirkcaldy. No ano de 1866, montou as máquinas em um dos antigos navios baleeiros, o Ravenscraig, em Leith Docks, e nele embarcou para a Groenlândia. Esteve depois empregado em Londres durante dois anos; e em 22 de novembro 1868 embarcou de Londres para a Bahia, onde veio ocupar o lugar de terceiro maquinista da Bahia Steam Navigation Co. Durante 15 anos esteve ao serviço desta empresa, no comércio costeiro, entre Caravelas e Pernambuco; e durante 13 ocupou o posto de chefe maquinista.

Em 1883 estabeleceu-se o sr. Mitchell por conta própria, como gente da Singer's Sewing Machines; e depois adquiriu este negócio. As fábricas da cidade compraram mais tarde a casa; e pouco tempo depois, novamente, o sr. Mitchell se tornou proprietário do negócio até 1906, data em que a companhia Singer fez outros contratos para as suas agências. Durante a sua conexão com a Singer, o sr. Mitchell vendeu cerca de 30.000 máquinas de costura e introduziu no distrito o sistema de pagamento por prestações.

Entretanto, tinha o sr. Mitchell outros interesses; e hoje continua a negociar à Rua Conselheiro Dantas, 23, tendo no seu estabelecimento grande variedade de utensílios domésticos, novidades etc., de manufatura inglesa e americana. O sr. Mitchell prestou sempre atenção aos negócios da colônia inglesa. Foi um dos membros fundadores da Duke of Clarence's Lodge (nº 4), loja maçônica, em 1893; e foi mestre em 1896-97 e novamente em 1907-08.

Guilherme de Carvalho & Cia. - Esta casa, importadora de armarinho e especialmente artigos de Paris, novidades alemãs, inglesas e austríacas e máquinas de costura C. C. & C. nº 7, foi fundada na Bahia em 1859 pela firma Ferreira & Souza. Em 1867, passou a girar sob a razão social Ferreira, Souza & Carvalho; e em 1885, sob a atual firma de Guilherme de Carvalho & Cia., constituída pelos srs. Guilherme Pereira de Carvalho e Alfredo Maltez.

Desde aquela última data, tomou o negócio poderoso desenvolvimento, passando a ser feito em grande escala. O capital social é de rs. 650:000$000, havendo um fundo de reserva de Rs. 300:000$000; e o movimento anual da casa vai, em média, a Rs. 2.000:000$000. As compras, na Europa, são feitas pelas casas Fould & Cie., em Paris; Fry Miers & Co., em Londres; e Ludwig Albrecht & Co., em Hamburgo.

O chefe da firma, sr. Guilherme Pereira de Carvalho, de nacionalidade portuguesa, veio para a Bahia em 1867 e nesse mesmo ano entrou para esta casa, onde fez toda a sua carreira comercial.

O sr. Manoel Guimarães Pinheiro entrou para a casa em 1890; o sr. Augusto Guilherme Pereira de Carvalho, em 1902; e o sr. Alfredo Maltez em 1894. O segundo desses senhores é sobrinho do atual chefe da casa e filho de Albano Pereira de Carvalho, que dela foi sócio até 1904, quando faleceu. O estabelecimento ocupa um grande prédio à Rua Conde dos Arcos, antiga Praça do Comércio, 39.

M. J. Bastos - O sr. M. J. Bastos é um dos mais antigos e considerados membros da colônia portuguesa na Bahia. Veio da Europa em 1854 e se empregou na casa dum seu patrício, o sr. Francisco José Godinho, a quem sucedeu no negócio em 1860. Desde então, tem-se o sr. Bastos ocupado ativamente do comércio de importação e exportação. Além de fazer vastas transações sobre mercadorias em consignação, importa carne seca do Rio Grande do Sul, Uruguai e do Rio da Prata, que vende em larga escala em Sergipe, Alagoas, Ceará etc.

O bem-estar da colônia portuguesa mereceu sempre a atenção do sr. Bastos, que foi, durante muitos anos, presidente da Sociedade de Beneficência Portuguesa 16 de Setembro. Foi também diretor da Santa Casa de Misericórdia e dos Órfãos S. Joaquim. Foi um dos iniciadores da linha férrea para Nazareth, em cuja administração tomou parte durante 30 anos. Fez ainda parte da diretoria da Companhia de Navegação Bahiana e da Associação Comercial.

Oliveira & Salles - Os srs. Oliveira & Salles são estabelecidos, desde 1908, com escritório de fazendas, comissões e consignações; e neste ramo de comércio têm uma das mais conhecidas e conceituadas casas da cidade da Bahia. São sócios da firma os srs. Manoel de Souza Amorim d'Oliveira, Antonio de Seixas Salles e Geneses de Seixas Salles.

A firma importa fazendas, em larga escala, da Europa e América do Norte; o seu principal movimento, porém, é constituído por tecidos nacionais, que compra às diferentes fábricas de tecidos estabelecidas em vários estados do Brasil; duas terças partes de seu movimento total são constituídas por artigos de manufatura nacional.

Os srs. Oliveira & Salles vendem para a capital e interior do estado da Bahia e para os estados vizinhos, tendo 4 viajantes que visitam a sua freguesia nas diversas zonas onde negociam. A firma recebe também, em comissão, consignação e conta própria, produtos do estado, principalmente enviados pelos seus fregueses do interior. O estabelecimento ocupa, com seus escritórios e armazéns, um bom edifício de três pavimentos, situado á Rua Conselheiro Saraiva nº 8, e mantém um pessoal de 15 empregados. Os srs. Oliveira & Salles fazem um considerável movimento de vendas, e a casa é uma das mis reputadas no comércio de fazendas da Bahia.

O sr. Manoel de Souza Amorim d'Oliveira é de nacionalidade portuguesa e se ocupa no comércio há 25 anos, tendo feito parte de várias firmas antes de estabelecer com os irmãos Salles a sua presente casa; possui várias propriedades na Bahia.

Os irmãos srs. Antonio de Seixas Salles e Geneses de Seixas Salles, ambos brasileiros, foram por muitos anos negociantes no interior do estado, onde têm ainda várias propriedades; em 1908, de sociedade com o sr. Amorim d'Oliveira, fundaram a firma Oliveira Salles, a qual, apesar de recentemente estabelecida, ocupa já um lugar proeminente no comércio baiano.

Vianna Ramos & Cia. - Esta firma foi estabelecida em 1898 e tem já conquistado lugar proeminente no comércio de fazendas por atacado na praça da Bahia. São fundadores e sócios da casa o sr. Manoel Joaquim Souza Vianna e os irmãos Avelino Ramos Vianna e Antonio Ramos Vianna, e foi admitido como sócio, em janeiro de 1912, o sr. Jorge de Souza Vianna, filho do sr. Manoel Joaquim Souza Vianna.

A princípio, vendia a casa, unicamente a retalho, fazendas de toda a sorte; em 1911, porém, começou também a negociar por atacado em fazendas e finalmente, em fins de 1911, acabou o comércio a retalho, tornando-se a casa unicamente atacadista. As suas importações provêm da Inglaterra, Alemanha, França, Áustria, Itália, Estados Unidos, mas principalmente de Manchester, comprando também, embora em escala diminuta, às fábricas nacionais. Sete oitavas partes de seu comércio é feito sobre artigos importados. Vende na capital e interior do estado e em todos os estados vizinhos, mantendo viajantes em diversas zonas. Os escritórios e armazém da firma ficam situados à Rua das Ourives nº 2, 1º e 2º andares.

O sr. Manoel Joaquim Souza Vianna é de nacionalidade portuguesa e se acha no Brasil há 40 anos; é também chefe da conhecida casa Souza Vianna & Cia., e proprietário na Bahia, onde goza do melhor conceito nas rodas comerciais.

Os irmãos srs. Avelino Ramos Vianna e Antonio Ramos Vianna são também naturais de Portugal e têm uma experiência comercial de 22 anos; com o sr. Manoel Joaquim de Souza Vianna fundaram o próspero estabelecimento que constitui o objeto deste artigo. O sr. Jorge de Souza Vianna, filho do chefe da casa, entrou como sócio da firma em 1912.

T. S. de Góes - Esta conhecida e reputada casa do comércio baiano foi estabelecida em 1892, sob a firma Góes & Cunha, passando mais tarde à firma Góes & Cia. e em 1904 à presente firma individual de T. S. de Góes. O sr. Tertuliano de Góes, atualmente proprietário único e fundador da casa, é estabelecido com escritório de miudezas em um bom edifício à Rua Conselheiro Dantas nº 9.

Há sempre no estabelecimento um grande e variado estoque de meias, lenços, gravatas etc., bijuteria de todas as qualidades, fitas de fantasia, rendas, bordados e enfeites e mais artigos de armarinho. O sr. Tertuliano de Góes importa a sua mercadoria diretamente dos principais mercados da Inglaterra, Alemanha, França, Itália e Estados Unidos. Vende unicamente por atacado para a capital e interior do estado da Bahia, tendo viajantes que visitam a sua freguesia nas diversas zonas onde negocia.

Além do escritório à Rua Conselheiro Dantas, tem o sr. Tertuliano um depósito à Rua Julião nº 14, onde é feito todo o serviço de expedição de mercadorias para os seus fregueses. Esta conceituada casa ocupa um lugar proeminente e faz avultado movimento, não só pela variedade e excelência de suas mercadorias, como também pelos preços vantajosos que oferece aos consumidores.

O sr. Tertuliano de Góes é de nacionalidade brasileira e há 31 nos que se ocupa do comércio, tendo começado como empregado e tendo se estabelecido por conta própria em 1892, ano em que, como dissemos, fundou o seu presente estabelecimento.

Possui várias propriedades em Jaguaripe, a 5 horas, em vapor, da Bahia, onde tem grandes plantações de coqueiros, atualmente em número de 10.000, mas que atingirão 25.000 em fins de 1914. Nestes terrenos possui também o sr. Tertuliano de Góes pedreiras que produzem cal de ótima qualidade e que estão agora sendo exploradas. O sr. Tertuliano de Góes goza na Bahia de uma alta consideração e faz atualmente parte do Conselho Municipal da capital do estado.

Passos & Cia. - Esta conceituada firma baiana foi estabelecida em 1911, em sucessão da firma Martins & Passos, por sua vez estabelecida na Bahia em 1906. Os srs. Passos & Cia. importam da Europa e Norte América toda a sorte de tecidos e compram também artigos de manufatura nacional às principais fábricas estabelecidas nos diversos estados da União. Vendem para a capital e para o interior do estado da Bahia, onde têm viajantes visitando a sua numerosa freguesia nas diversas zonas onde negociam.

Os srs. Passos & Cia. estão em relações comerciais com os mais reputados manufatores de fazendas, quer estrangeiros, quer nacionais, o que concorre para tornar avultado o movimento de vendas anuais que realiza esta casa, uma das mais conceituadas no comércio da Bahia.

A firma tem o seu escritório e armazém à Rua Conselheiro Dantas, 113, onde ocupa o primeiro e o segundo andares de um bom edifício apropriado ao seu gênero de negócio. Presentemente, é único sócio solidário da firma o sr. José Canuto dos Passos, que tem como sócio comanditário seu irmão sr. João Canuto dos Passos, ambos brasileiros.

O sr. José Canuto dos Passos é natural do estado de Sergipe e abraçou a carreira comercial há 22 anos; veio muito moço para a capital do estado da Bahia, onde iniciou a sua carreira como empregado. Em 1906, entrou como sócio para o seu presente estabelecimento, tendo-se-lhe associado, em 1911, como comanditário, o seu irmão sr. João Canuto dos Passos, conhecido e importante negociante e capitalista de Aracaju, onde está estabelecido há 18 anos.

G. Brunner & Cia. - É esta uma conhecida e reputada casa comercial da capital baiana; nos últimos anos, teve sucessivamente as firmas de Brunner & Cia. em 1900, G. Brunner em 1902, e desde 1910 G. Brunner & Cia. Os sócios presentemente são os srs. Gustav Brunner e Hans Stoltenberg. A firma ocupa um amplo edifício à Rua Conselheiro Dantas nº 29, onde ficam seus escritórios e armazéns.

Os srs. G. Brunner & Cia. negociam principalmente em fazendas e tecidos de algodão nacionais, sendo eles os maiores compradores das fábricas de tecidos de algodão da Bahia, as quais lhes fornecem sortimentos especiais, de sua propriedade exclusiva. Esta casa vende unicamente por atacado e faz um avultado movimento de vendas para a capital do estado e outros pontos do Brasil.

Os srs. G. Brunner & Cia. têm agentes nas principais cidades do Brasil e possuem também uma casa no Rio de Janeiro, sob a firma Brunner & Cia., situada à Rua da Alfândega nº 47, bem como uma sucursal na cidade de S. Paulo. A firma representa também um grande número de importantes casas manufatoras européias, tais como a Textile Machinery Company e outras, assim como fábricas de automóveis e outros artigos. É agente única das conhecidas firmas de Frederich Bayer & Cia., Elberfeld, Alemanha; J. H. Kaselkaul, Enkel etc. Os srs. G. Brunner & Cia. fazem também um largo negócio de comissões e ocupam um lugar importante no comércio baiano.

O sr. Gustav Brunner, chefe da firma, é natural da Suíça, achando-se porém no Brasil desde 1889; foi durante muitos anos gerente de conhecida casa comercial da cidade da Bahia, estabelecendo-se por conta própria em 1900; em 1911 fundou a casa do Rio de Janeiro e pouco depois a sucursal em São Paulo.

O sr. Stoltenberg é alemão e natural de Hamburgo; veio para a Bahia em 1904, entrando para a casa como gerente em 1906 e como sócio da casa na Bahia em janeiro de 1910.

Freitas & Costa - Esta casa foi fundada em 1907 pelos srs. Antonio Mauricio de Freitas e dr. Arthur Pires Costa, que formam a firma Freitas & Costa. A casa, conhecida pela denominação de Casa Mozart, importa em larga escala instrumentos e acessórios para música, engenharia, desenho, cirurgia e arte dentária; perfumarias, pertences para bilhar, objetos de fantasia etc., tendo sempre um completo e variadíssimo sortimento de todos esses artigos e sendo uma das mais afamadas casas da Bahia neste gênero de comércio.

Os srs. Freitas & Costa são agentes do Instituto de Beleza, de Paris, e agentes únicos, na Bahia, lagoas e Pernambuco, da S.S. White Dental Mig. Co. de Nova York. Têm sempre uma grande variedade dos afamados instrumentos Gurley, para engenharia, e dos não menos conhecidos instrumentos Salmoraphi, para música.

Têm sempre um grande estoque dos violinos, guitarras e bandolins dos fabricantes Gebnrüder Schoster, Alemanha, e Couesnon & Cie., Paris. As importações da casa são feitas diretamente das principais casas européias e norte-americanas e as vendas são feitas por atacado e a retalho na capital e interior do estado da Bahia e outros estados vizinhos. São estabelecidos no Largo do Plano Inclinado nº 35.

O sr. Antonio Mauricio de Freitas é de nacionalidade brasileira, tendo abraçado a carreira comercial há 22 anos; foi durante 14 ano caixa da antiga e conceituada firma de Manoel Pinto Moreira e, em seguida, sócio da firma Freitas & Mendonça, da qual se retirou para, de sociedade com o dr. Costa, estabelecer o seu presente próspero estabelecimento.

O dr. Arthur Pires Costa formou-se em Direito em 1905, tendo em seguida viajado e percorrido vários estados do Brasil, associando-se em 1907 com o sr. Antonio Mauricio de Freitas, possui na cidade da Bahia várias propriedades.

Alves Irmão & Cia. - A Casa Sá Pereira, nome por que ainda hoje é conhecido, foi fundada em 1871 sob a firma Sá Pereira & Cia.; em 1895, por morte do então chefe da firma, passou ela a ter o título de Viúva Sá Pereira & Cia., tomando mais tarde, em 1911, a presente denominação de Alves Irmão & Cia. Os sócios, presentemente, são os srs. Lino Alves Pereira e Alberto Alves Pereira, que têm como comanditária a viúva do falecido fundador da casa, sr. Lino de Sá Pereira.

A firma Alves Irmão & Cia. é estabelecida com casa de modas, confecções, fazendas e artigos de novidade, recebendo os seus artigos, diretamente, das principais casas manufatoras, não só da Europa como também dos Estados Unidos.

A casa vende para a capital e interior do estado da Bahia, negociando por atacado e a retalho, para o que mantém duas seções; uma de vendas no balcão e outra de vendas em grosso. A firma tem viajantes que periodicamente visitam a freguesia e um pessoal numeroso em seu armazém. Ocupam os srs. Alves Irmão & Cia., com seu escritório e armazém, um bom prédio à Rua das Princesas nº 3, convenientemente disposto para o seu gênero de comércio.

Ambos os sócios solidários são de nacionalidade portuguesa; o sr. Lino Alves Pereira está no Brasil há 23 anos, sempre trabalhando nesta casa, para a qual entrou como sócio em 1911.

Seu irmão, sr. Alberto Alves Pereira, trabalhou algum tempo com a importante e conhecida casa de Moraes & Cia., da qual saiu para, depois, de sociedade com seu irmão, estabelecer a presente firma. Os irmãos Alves Pereira são sobrinhos do fundador da casa, e ambos gozam do melhor conceito nas rodas comerciais da Bahia.

Monteiro Novaes & Martins - Esta antiga e conceituada casa, popularmente conhecida pela denominação de Au Louvre, foi fundada em 1862, sob a firma individual de F. Monteiro Novaes, passando em 1909 a ser propriedade da firma Monteiro Novaes & Martins, de que fazem parte como sócios os srs. Antonio Monteiro Novaes e Manoel Armindo Martins Garcia.

A casa u Louvre importa diretamente da Europa e tem sempre, em estoque variado e completo, artigos e modas para homens, perfumarias finas, artigos e objetos para ornamentação de salas e gabinetes, selas e arreios etc. A maior parte dos artigos da casa provêm principalmente de Manchester, sendo as selas e arreios recebidos diretamente de Middlemore, Inglaterra.

Os srs. Monteiro Novaes & Martins, além da mercadoria que importam, compram também, em grande escala, aos representantes das grandes casas manufatoras da Europa na Bahia. A casa vende para a capital e interior do estado da Bahia e neste ramo de negócio é uma das mais reputadas do estado, por seu sortimento completo e pelos seus preços razoáveis. Os srs. Monteiro Novaes & Martins têm o seu estabelecimento à Rua conselheiro Dantas nº 36, num bom e apropriado edifício.

O chefe da casa, sar. Antonio Monteiro Novaes, é de nacionalidade portuguesa e está no Brasil desde 1897, sempre na casa Au Louvre, tendo com seu sócio Manoel Armindo Martins Garcia adquirido a casa em 1909.

O sr. Martins Garcia é de nacionalidade espanhola e é negociante na Bahia há longos anos. Tanto o sr. Monteiro Novaes como o sr. Martins Garcia fazem parte de várias associações, gozando do melhor conceito nas rodas comerciais da Bahia.

Mello & Filhos - Esta casa foi fundada em 1885 sob a firma J. Mello, passando em 1912 à firma Mello & Filhos, de que fazem parte o sr. José Corrêa de Oliveira Mello, fundador da casa e chefe da firma, e seus dois filhos, srs. José Mello Junior e Augusto Mello. A casa é conhecida por Ao Mundo Elegante e tem sempre um grande sortimento de artigos de chapelaria e outros para homens, câmaras e acessórios para fotografia, edições de cartões postais da Bahia e outros objetos de fantasia.

A casa Ao Mundo Elegante é uma das mais conhecidas e reputadas na Bahia, recebendo os esplêndidos chapéus Christie da Inglaterra, chapéus de palha da Itália e também de vários estados do Brasil, câmaras, papéis e as últimas novidades em fotografia, os afamados filtros Mallié, sistema Pasteur, e numerosos outros artigos que importa diretamente da Europa e Estados Unidos da América do Norte. Os srs. Mello & Filhos são estabelecidos à Rua conselheiro Dantas nº 40, onde ocupam um bom edifício apropriado a seu gênero de comércio, que é feito a retalho.

O fundador da casa, sr. José Corrêa de Oliveira Mello, é português e nasceu na província do Douro; acha-se no Brasil há 43 anos, tendo primeiramente estado no RIo Grande do Sul, onde se ocupou do comércio. Em 1872 veio para a Bahia, onde continuou empregado no comércio até 1885, no em que fundou o seu presente próspero estabelecimento. O sr. Mello possui na Bahia vários prédios. Ambos os seus filhos são brasileiros e trabalham na casa de seu pai há 18 anos; foram admitidos como sócios em 1912.

Mario Dias Brandão - O sr. Mario Dias Brandão, sucessor de Fernando Oliveira & Cia., é estabelecido com uma casa de ferragens e tintas denominada loja Oliveira, comprada em hasta pública pelo sr. Brandão em 1912. A Loja Oliveira possui sempre um grande e variado sortimento de tintas, vernizes, óleo de linhaça, brochas e pincéis, cimento, ferro e aço, goma laca, bacias de folha-de-flandres e esmalte, ferros de engomar para alfaiates, álcool, salitre, gesso, zarcão, cola, medidas de todos os tamanhos, marmitas, fogareiros, estanho, tintas de óleo e de esmalte, tubos de grés e de ferro, voltas e sifões, arames farpados, artigos sanitários, tanques, barbante, junco, lavatórios, armas, munições etc.

Possui também a casa um completo estoque de louças esmaltadas, trens de cozinha, serviços de mesa, ferramentas e uma grande variedade de artigos em alumínio. O sr. Mario Dias Brandão importa diretamente da Inglaterra, França, Alemanha, Estados Unidos da América do Norte e outros países, os artigos de seu comércio, que vende em larga escala para o interior e capital do estado; as suas vendas são feitas a dinheiro e os seus preços são vantajosos, como é provado pela numerosa freguesia que tem o estabelecimento.

Fica este situado em um bom e apropriado edifício à Rua Guindaste dos Padres nº 26; a casa negocia a retalho e por atacado e dispõe de vários viajantes que percorrem as zonas do interior. É um dos mais favoravelmente conhecidos estabelecimentos em seu ramo de comércio.

O sr. Mario Dias Brandão é brasileiro e filho do falecido sr. Domingos Dias Brandão, sócio da casa Au Bon Marché, onde trabalhou durante 13 anos; comprou a casa que faz o objeto deste artigo em 1912 e lhe tem dado um impulso e desenvolvimento consideráveis. O sr. Mario Dias Brandão é também sócio da importante firma Domingos Brandão & Irmão, estabelecida com escritório de hipoteca, caução e penhor mercantil, à Rua da Alfândega nº 52, e é proprietário de vários prédios na cidade da Bahia.

Wysard & Cia. - A casa Wysard & Cia. foi estabelecida em 1908 e, conquanto de fundação relativamente recente, ocupa já um lugar proeminente no comércio baiano. Importa a casa, da Europa e América do Norte, comestíveis de toda a sorte, fazendo um considerável movimento em secos e molhados. Os srs. Wysard & Cia. negociam em comissão, consignação e conta própria e representam também no Brasil importantes firmas estrangeiras.

São agentes gerais, no Brasil, do leite condensado marca Urso, e têm estabelecido por todo o país numerosas sub-agências diretamente responsáveis perante a firma. Representam também a reputada e conhecida casa fabricante de manteiga Estensen, de Copenhague, Dinamarca. Representam também as conhecidas casas de Manchester, Evans & Sons e Leschu-Well, ambas fabricantes de drogas, e são agentes da Pan-American Trading Co., de Nova York.

Os srs. Wysard & Cia. vendem a sua mercadoria na capital e interior do estado da Bahia e também exportam consideravelmente para outros estados da União, negociando principalmente por atacado. O movimento comercial da casa tem aumentado de ano para ano e é já intuito de seus proprietários aumentar o seu capital, o que permitirá um maior desenvolvimento de suas transações. Os srs. Wysard & Cia. têm os seus escritórios e armazém à Rua Conselheiro Dantas nº 11, num bom e apropriado edifício.

Os sócios da casa são os srs. Charles Wysard, solidário, e G. J. Hauser, comanditário. O sr. Hauser é o gerente da importante firma Borel & Cia., da Bahia, negociantes e fabricantes de fumo. Ambos os sócios são muito considerados no comércio baiano.

C. Neeser & Cia. - Esta importante firma da cidade da Bahia foi estabelecida em 1900 em sucessão à firma Weber & Neeser fundada em 1897. Os sócios da presente firma são os srs. Carlos Neeser e Francisco Cedraschi, que têm como sócios comanditários os srs. C. F. Keller & Cia. de Paris.

Os srs. C. Neeser & Cia. importam fazendas da Europa; mas o seu negócio mais importante é feito sobre tecidos nacionais, que compram às principais fábricas do país. Esta casa vende unicamente por atacado, enviando a sua mercadoria para o interior do estado da Bahia e para os estados limítrofes, tais como Norte de Minas Gerais, Sergipe, Piauí etc. Tem sempre viajantes percorrendo as diversas zonas onde negocia e visitando a sua numerosa freguesia.

O capital da casa é, atualmente, de Rs. 600:000$000, porém é intenção da firma elevá-lo brevemente a 1.000:000$000. Duas terças partes de suas vendas, cujo total é avultadíssimo, são constituídas por artigos nacionais. Os escritórios e armazém ficam situados em um bom edifício à Rua Conselheiro Dantas, nº 31, e emprega a casa um pessoal de 20 caixeiros em seu serviço de vendas na Bahia e expedição aos fregueses do interior.

A casa C. Neeser & Cia., conquanto de fundação recente, ocupa já um lugar notável no comércio de fazendas por atacado da Bahia, e os seus sócios gozam do melhor conceito em rodas comerciais baianas.

Araujo Castro & Cia. - Esta antiga e conhecida casa da Bahia foi fundada em 1840 pelo sr. Anselmo Azevedo Fernandes, sob a firma de Azevedo Fernandes & Cia.; depois de várias mudanças no título da firma, motivadas pela saída de uns e pela entrada de outros sócios, tomou ela, em 1911, a presente firma de Araujo Castro & Cia. Os sócios solidários, presentemente, são os srs. Bernardino Vicente de Araujo, Manoel Lopes de Azevedo Castro e Manoel Gonçalves Pato, que têm como comanditário o sr. João de Azevedo Fernandes.

Os srs. Araujo Castro & Cia. importam em larga escala fazendas das principais casas manufatoras da Europa, sendo porém o seu negócio mais importante o de tecidos nacionais, que formam três quartas partes do seu movimento total e que são comprados pela firma às principais fábricas de tecidos do Brasil.

A casa Araujo Castro & Cia. vende unicamente por atacado, negociando com o interior do estado da Bahia e com os estados vizinhos, Norte de Minas Gerais, Sergipe e Pernambuco, para o que dispõe de vários viajantes, que percorrem as zonas em que se encontra a sua numerosa freguesia. Ocupa a firma com seus escritórios o 1º e 2º andares do edifício à Rua Conselheiro Saraiva nºs 10 e 12.

A firma Araujo Castro & Cia faz um movimento muito considerável e é uma das primeiras no comércio de fazendas por tacado da Bahia. O capital registrado é de 450:000$000, dos quais 150:000$000 constituem o capital do sócio comanditário. O movimento anual de vendas vai a mais de 1.500:000$000. Além dos viajantes, os srs. Araujo Castro & Cia. têm 16 empregados no armazém, para atender ao serviço de expedição de mercadorias aos fregueses.

O sr. Bernardino Vicente de Araujo, chefe da firma, é de nacionalidade portuguesa e está no Brasil há 39 nos, tendo estado durante toda a sua vida comercial na casa de que hoje é chefe e para a qual entrou como sócio em 1889; goza de grande conceito nos círculos comerciais da Bahia e é diretor da Associação Comercial. O sr. Manoel Lopes de Azevedo Castro está no comércio há 25 anos e entrou para sócio da casa em 1900. O sr. Manoel Gonçalves Pato entrou para a carreira comercial há 35 ano, sendo também admitido como sócio da casa em 1900.

Palmeira, Beltrão, Fernandes & Cia. - Esta casa foi fundada em 1865, sob a firma de Moreira Irmãos & Cia., e teve sucessivamente os títulos de Antonio Lopes da Silva & Cia., Moreira & Cia., Moreira, Irmão & Palmeira em 1899, Adolpho Moreira & Palmeira em 1902, tomando em maio de 1911 o presente título de Palmeira, Beltrão, Fernandes & Cia. São atualmente sócios da casa os srs. Manoel Palmeira de Souza, chefe da firma, Aurelio da Silva Beltrão, Augusto Fernandes de Abreu, Joaquim da Costa Farias e Oscar Hermogenes Palmeira, todos brasileiros à exceção do sr. Augusto Fernandes de Abreu, que é português.

Esta casa importa diretamente, da Europa e Estados Unidos, ferragens, drogas, cabos e tintas, cimento, pólvora, dinamite, armas de fogo, óleos, produtos químicos, industriais e farmacêuticos etc. A casa vende por atacado e a varejo, tendo a sua loja e escritório situados à Rua Conselheiro Saraiva nº 31. Faz um largo movimento na capital e também para o interior do estado da Bahia e outros estados vizinhos, tendo 6 viajantes visitando a sua freguesia.

A casa exporta também produtos do estado, que recebe em comissão ou conta própria. Em sua loja, tem 32 empregados e um estoque grande e variado dos artigos de seu comércio. Possui a firma depósitos para o material grosso às ruas do Ouro e Julião. O capital registrado da casa é de 500:000$000 e o seu movimento eleva-se a 1.500:000$000, anualmente.

O sr. Manoel Palmeira de Souza, chefe da firma, acha-se no comércio há 42 anos, a maior parte dos quais na casa de que hoje é o chefe. O sr. Beltrão está na casa há 5 anos, o sr. Farias há 26 anos, e o sr. Fernandes há 15 anos.

Fiões, Almeida & Cia. - A firma Fiões, Almeida & Cia., proprietária do conhecido estabelecimento O Caboclo, foi estabelecida em 1911, em sucessão à firma inicial de Aurelio Sampaio & Cia. São presentemente sócios da casa os srs. Joaquim Soares de Almeida, José de Fiões Elbe, Rodrigo de Almeida Sampaio e Antonio da Costa Moraes.

A casa faz um largo movimento em vendas de fazendas em grosso e possui uma importante fábrica de camisas, movida à eletricidade. A casa O Caboclo é também uma das mais reputadas e antigas alfaiatarias da cidade e tem também uma seção de vendas a retalho de toda a sorte de artigos para homens e meninos. A casa ocupa presentemente um edifício de três pavimentos expressamente construído; a fábrica é perfeitamente montada, movida à eletricidade e com uma capacidade de produção de 20.000 dúzias de camisas por mês. O material empregado n alfaiataria é todo ele de primeira ordem e diretamente importado da Europa, dispondo a firma de quatro cortadores para obra fina, além de vários outros para roupas feitas que manufatura e vende em larga escala para o interior do estado e para vários outros estados do Norte, principalmente para o Pará e Amazonas. Em sua fábrica de camisas, tem a casa um pessoal de 300 operários dos dois sexos e na loja 36 empregados, inclusive 5 viajantes.

A casa O Caboclo, que também manufatura roupas brancas e faz um largo negócio em fazendas, tanto estrangeiras como nacionais, tem um capital registrado de 700:000$000 e ocupa no comércio baiano uma posição em destaque.

O sr. Joaquim Soares de Almeida é português e se acha no Brasil há 23 anos, tendo sempre estado nesta casa, para a qual entrou como sócio em 1894. O sr. Fiões, também português, tem uma experiência comercial de 29 anos, adquirida na casa de que é sócio desde 1894. Os srs. Rodrigo de Almeida Sampaio e Antonio da Costa Moraes são ambos brasileiros e acham-se na casa, o primeiro há 11 anos e o segundo há 18 anos, tendo, porém, entrado como sócios em 1911.

Santos & Cia. - Esta casa foi fundada em 1872, sob a firma Santos & Parada, à qual sucedeu em 1882 a presente firma de Santos & Cia. São presentemente sócios da casa os srs. João da Costa Leal, Manoel Joaquim dos Santos Patury e a viúva d. Evangelina Alves dos Santos. Esta importante casa recebe diretamente, das principais fábricas da Europa e América do Norte, ferro, ferragens e tintas, que vende em grosso e a retalho, para a capital e interior do estado da Bahia; vende também para uma parte do estado de Minas Gerais e para os estados de Sergipe, Alagoas e Goiás.

Os srs. Santos & Cia. têm vários viajantes visitando a sua freguesia nas diversas zonas onde negocia e têm um pessoal de 16 empregados, incluindo os viajantes. A firma ocupa dois prédios de sua propriedade à Rua Guindaste dos Padres nºs. 18 e 20, e aí tem seus escritórios, loja e depósito; estes edifícios estão bem organizados para o gênero de negócio da firma e têm três pavimentos.

O chefe da firma, sr. João da Costa Leal, é de nacionalidade brasileira e tem uma longa experiência do comércio, do qual se ocupa há 30 anos; entrou para a casa em 1903, como empregado, sendo feito interessado em 1908 e entrando como sócio solidário em 1910. O sr. João da Costa Leal é proprietário na Bahia e faz parte de numerosas associações baianas; foi já presidente do Clube Caixeiral.

O sr. Manoel Joaquim dos Santos Patury é também brasileiro e abraçou a carreira comercial há 16 anos; é também chefe da firma M. Patury & Cia., negociante de cereais. A sra. d. Evangelina Alves dos Santos é viúva do falecido chefe da casa, sr. Antonio Bernardo Alves dos Santos, e tem interesses em várias casas comerciais.

Drumond, Moraes & Cia. - Esta casa foi fundada há cerca de 20 anos passados sob a firma Brandão & Oliveira. Com a entrada de novos sócios e retirada dos antigos, o título da firma teve várias alterações, tomando sucessivamente as denominações de Brandão, Oliveira & Cia. e B. Oliveira & Cia., até que em 1908 tomou o presente título de Drumond, Moraes & Cia. Os sócios solidários atualmente são os srs. Raul Drumond Pereira, Arthur Rodrigues de Moraes e Jayme Marques Drumond Carvalho, que têm como sócio comanditário o sr. Octacilio Rodrigues Lima; todos os sócios são de nacionalidade brasileira.

A firma importa em larga escala, e diretamente da Europa e Estados Unidos da América do Norte, ferragens, tintas, cabos, óleos etc., bem como artigos e acessórios para eletricidade, vendendo principalmente por atacado para a capital e interior do estado da Bahia e estados vizinhos - Sergipe, Alagoas etc. -, para o quê dispõe de viajantes que periodicamente visitam estes estados. Os srs. Drumond, Moraes & Cia. vendem também a retalho, porém em pequena escala, na cidade da Bahia. É esta uma das mais antigas e conceituadas casas deste gênero de negócio na Bahia e possui sempre um considerável e completo sortimento dos artigos de seu comércio, fazendo avultado movimento de vendas. A firma tem os seus escritórios e armazém em um grande edifício de cinco andares, às ruas Miguel Calmon e Conselheiro Dantas nº 33, e também possui vastos depósitos à Rua do Ouro.

Samuel Varjão - Esta conhecida casa da capital baiana foi fundada em 1894 sob a firma Joaquim Massorra, à qual sucedeu, em 1908, sob a sua firma individual, o sr. Samuel Varjão.

Possui sempre este reputado estabelecimento um grande e variado sortimento de cabos, lonas, brins, barbantes, fios de vela e de algodão, ancorotes, fateixas, correntes, poliame, lanternas, faróis, alcatrão, breu, enxofre, estopa, piche, remos, tintas, brochas, pincéis, óleo de linhaça, aguarrás, óleos lubrificantes e para iluminação, gasolinas, especialidades para máquinas, carbureto, salitre, potassa, soda cáustica, chapas e pregos de ferro zincado de cobre e de latão, arame farpado e liso, pregos para arame, telhas e vergalhões de ferro e de cobre, talhas patentes, ferragens de toda a sorte e mais artigos para embarcações, estradas de ferro, lavoura e outros misteres.

Estes artigos são importados em larga escala pelo sr. Samuel Varjão, da Inglaterra, Alemanha, França, Estados Unidos etc., e vendidos na capital e interior do estado da Bahia, onde faz a casa um movimento considerável. O sr. Samuel Varjão tem vários viajantes percorrendo as zonas onde negocia o estabelecimento, o qual na Bahia fica situado num bom edifício à Rua dr. Miguel Calmon nº 22.

Esta casa, pela excelência do material que vende e pelos seus preços razoáveis, é uma das que na Bahia têm maior procura para os seus artigos e uma das que maior movimento fazem neste ramo de comércio.

O sr. Samuel Varjão é de nacionalidade brasileira e trabalha no comércio há 30 anos; foi, durante muitos anos, gerente da casa Joaquim Massorra, da qual, como dissemos, se tornou proprietário único em 1908. O sr. Samuel Varjão, que goza do melhor conceito em rodas comerciais da Bahia e faz parte de numerosas associações, é proprietário na capital do estado.

Gonçalves, Carrisso & Cia. - Esta importantíssima e muito conhecida casa da praça da Bahia foi fundada há cerca de 30 anos passados, sob a firma individual de Manoel Joaquim de Carvalho, à qual, em 1909, sucedeu a presente firma de Gonçalves Carrisso & Cia. Presentemente, é sócio comanditário o fundador da casa, sr. Manoel Joaquim de Carvalho, e sócios solidários os srs. Antonio Gonçalves Fevereiro e Antonio Wittnich Carrisso. Esta firma é uma das mais importantes no comércio de secos e molhados, por atacado, na Bahia.

Faz a casa uma larga importação, principalmente de bacalhau da Terra Nova, recebendo cerca de 50.000 barricas com 128 libras cada uma. Importa também farinha de trigo da República Argentina, recebendo cerca de 50.000 sacos anualmente. Além disto, esta forte casa adianta dinheiro a várias usinas de açúcar, fazendo um movimento, em açúcar, de cerca de 30.000 sacos anualmente, e opera sobre toda a sorte de molhados, vinhos, álcool, azeite etc.

Os srs. Gonçalves Carrisso & Cia. fazem avultadíssimo movimento para o interior do estado da Bahia, assim como para vários outros estados da União, e têm sempre numerosos viajantes percorrendo a sua freguesia. São estabelecidos à Rua das Princesas nº 7.

O sócio comanditário, sr. Manoel Joaquim de Carvalho, é português e veio para a Bahia em 1864, indo primeiramente para a Estância e pouco depois para a capital, onde ficou à testa da casa até 1909, ano em que se comanditou. O sr. Antonio Gonçalves Fevereiro é também português e está no Brasil há 30 anos; fez a sua carreira comercial na casa, onde está há mais de 25 anos, tendo entrado como sócio em 1909. O sr. Antonio Wittnich Carrisso é também de nacionalidade portuguesa; abraçou a carreira comercial há 10 anos e está na casa desde 1907, tendo entrado como sócio em 1909.

Pedreira Lapa & Cia. - Esta conhecida e importante firma da cidade da Bahia sucedeu, em 1905, à firma Stromer & Thomson. São sócios da firma os srs. José Joaquim Fernandes Dias (comanditário) e João Pedreira Lapa (solidário).

Os srs. Pedreira Lapa & Cia. são estabelecidos à Rua dos Algibebes nº 7, com casa de perfumarias, instrumentos de música e de cirurgia, artigos para dentistas, máquinas de costura, fantasias etc., que recebem diretamente da Europa e Norte América e de outros estados do Brasil. Vendem por atacado e a retalho para a capital e interior do estado da Bahia, e também para os estados de Sergipe, Alagoas, Pará, Amazonas e Maranhão.

A casa ocupa um bom edifício de cinco andares, sendo o pavimento térreo reservado para o negócio a varejo; nos outros quatro pavimentos ficam os depósitos onde a firma mantém sempre um grande e variado estoque das mercadorias de seu comércio.

O sr. João Pedreira Lapa, único sócio solidário da casa, abraçou a carreira comercial há 29 anos, tendo exercido a sua atividade no interior do estado até 1905, ano em que, com o seu sócio comanditário, comprou o presente estabelecimento. O sr. Pedreira Lapa é também comanditário da firma Cesario Pedreira Lapa & Cia., casa de fazendas a retalho na Cachoeira, pequena cidade fronteira à Bahia. Durante a sua estadia no interior adquiriu três fazendas, chamadas Pau d'Arco, Poços e Ingazeira, com um total de 6.000 hectares e situadas no município de Mundo Novo; possui estas fazendas há 12 anos, e nelas se ocupa o sr. Lapa da criação de gado, tendo ótimas raças mestiças de zebu.

O sócio solidário sr. José Joaquim Fernandes Dias é também sócio da grande firma Rodrigues Fernandes & Cia. e um dos grandes e conhecidos capitalistas da Bahia.

Nova Monteiro & Cia. - Esta importante e antiga casa comercial foi fundada em 1833 e teve sucessivamente as seguintes firmas: Moura Guerra, Saldanha & Cia., Moura Guerra & Saldanha, Saldanha & Guerra, José Ribeiro Saldanha, Azevedo & Pereira, Pereira & Monteiro, Pereira Monteiro & Cia. e, afinal, Nova Monteiro & Cia., estabelecida esta em outubro de 1901. São presentemente sócios da casa os srs. Heliodoro da Nova Monteiro, José da Nova Monteiro Junior e Zacharias da Nova Monteiro.

A casa faz larga importação de tecidos, que recebe diretamente da Europa, assim como um avultado movimento em tecidos nacionais, que compra nas principais fábricas do Brasil, sendo que três quartas partes do seu movimento total é feito nos artigos de manufatura nacional. Recebem também os srs. Nova Monteiro & Cia., do interior do estado, uma quantidade considerável de produtos em consignação, tais como café, fumo, borracha etc. Estes produtos provêm, na maior parte, de seus fregueses, que saldam assim as suas contas de fazendas compradas na casa.

A casa vende apenas por tacado, sendo o seu comércio feito para o interior do estado e outros estados vizinhos. Os srs. Nova Monteiro & Cia. têm vários viajantes, percorrendo as diversas zonas onde operam. A casa tem seus escritórios na Rua Conselheiro Dantas nºs. 15, 17 e 19, num bom edifício de seis pavimentos. O capital é de 450:000$000.

O chefe da firma é o sr. Heliodoro da Nova Monteiro, de nacionalidade brasileira, que está na casa desde 1892 e é sócio desde 1906. Os outros dois sócios, srs. José da Nova Monteiro Junior e Zacharias da Nova Monteiro, acham-se na casa, respectivamente, a 10 e 9 anos, e são sócios desde 1910; são também brasileiros e filhos do sr. José da Nova Monteiro, que foi chefe da casa e está hoje retirado dos negócios.

Alfredo Motta - O sr. Alfredo Motta é estabelecido desde 1900 com grande armazém de secos e molhados, negociando em comissões, consignações e conta própria. Esta casa foi fundada em 1857 sob a firma Motta, Silva & Cia., passando o sr. Alfredo Motta em 1900 a ser o único proprietário do estabelecimento, que então passou a girar sob a sua firma individual.

A casa importa as suas mercadorias diretamente da França, Portugal, Inglaterra e outros países do continente europeu, e dos Estados Unidos da América do Norte; e vende a retalho e por atacado. Negocia o sr. Alfredo Motta, não só com a capital, mas também com o interior do estado da Bahia e com os estados vizinhos, para o quê dispõe de vários viajantes percorrendo a sua freguesia nas diversas zonas onde negocia.

O sr. Alfredo Motta vende secos e molhados, vinhos e outras bebidas alcoólicas, e é na Bahia o único importador da afamada manteiga Brunn. Recebe do interior vários produtos do estado, em comissão e também em conta própria; em seus armazéns, situados no Cais Calmon, nº 52, e Rua Conselheiro Dantas nº 25, tem sempre um grande e variado estoque de mercadorias.

O sr. Alfredo Motta é português, natural da cidade do Porto, e acha-se no Brasil desde 1888, quando entrou para a casa comercial de seu tio, da qual se tornou único proprietário em 1900; possui vários prédios na Bahia e é diretor da Companhia Fabril de Fiães. O sr. Motta já foi diretor da Associação Comercial da Bahia e é membro de numerosas sociedades.

Antonio Francisco Brandão & Cia. - Esta casa foi fundada anteriormente a 1840, ano em que a firma Francisco Brandão sucedeu à de José Pereira do Rio; à firma Francisco Brandão sucederam em 1861 os srs. Antonio Francisco Brandão & Cia., e sucessivamente as firmas Brandão Irmão & Cia., em 1871, e a atual firma Antonio Francisco Brandão & Cia., em 1882. São sócios da casa, atualmente, os srs. Antonio Francisco Brandão, Victorino Antonio da Costa, Bernardino Francisco de Almeida e Manoel d'Almeida Brandão, todos solidários.

Os srs. Antonio Francisco Brandão & Cia. importam fazendas da Europa e negociam também em tecidos nacionais, que recebem de várias fábricas no Brasil e que constituem três quartas partes de seu movimento total; vendem unicamente por atacado para a capital e interior do estado. Recebem também produtos do interior do estado, tais como açúcar, borracha, café, algodão, couros e peles, que vendem em comissão. Os escritórios e armazém da casa ficam situados à Rua Conselheiro Dantas nº 37, onde ocupam dois pavimentos.

O sr. Antonio Francisco Brandão é de nacionalidade brasileira e acha-se no comércio há 44 anos, tendo sido o seu pai, em 1840, o sucessor do sr. José Pereira do Rio. É vice-presidente da Associação Comercial da Bahia e foi o fundador e, durante muitos anos, diretor da Companhia Progresso Industrial da Bahia. Iniciou também os primeiros tramways elétricos, e foi durante muito tempo gerente da companhia Carris Elétricos; é grande proprietário na Bahia.

O sr. Victorino Antonio da Costa acha-se na casa há mais de 50 anos; é de origem portuguesa e também proprietário na Bahia. O sr. Bernardino Francisco de Almeida acha-se na casa há mais de 42 anos, sendo sócio da firma desde 1882; foi lá diretor e secretário da Associação Comercial da Bahia. O sr. Manoel d'Almeida Brandão abraçou a carreira comercial há 25 anos; é filho do falecido comendador Manoel Francisco d'Almeida Brandão, que foi chefe da casa.

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Produtos do estado: 1) A Usina São Carlos; 2) Cana-de-açúcar; 3) Transporte de cacau do interior; 4) Plantação de fumo
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Ilhéus

A cidade de Ilhéus, que fica a cerca de 120 milhas ao Sul da Bahia, é o principal centro de exportação de cacau no Brasil. O único meio de comunicação entre a capital do estado e a cidade de Ilhéus é o que oferece a linha da Companhia de Navegação Bahiana, cujos vapores fazem o trajeto em 12 horas.

Recentemente, tem Ilhéus atraído a atenção geral, devido à construção das estradas de ferro do Sudoeste da Bahia, cujas linhas vão atualmente de Ilhéus a Itabuna e por onde é transportada a maior parte da produção de cacau, que torna o distrito afamado.

Ilhéus fica na foz de dois cursos de água, os rios Almada e Braço; e a confluência destes dois rios em largo estuário oferece grandes vantagens para a construção dum excelente porto. Por enquanto, os passageiros embarcam e desembarcam em Ilhéus por meio de botes que não oferecem segurança nem conforto.

A cidade de Ilhéus é constituída por casas barreadas; já, porém, se vão construindo alguns edifícios de alvenaria de tijolo. O edifício mais importante é o Palácio Municipal, construído em 1905, e que custou Rs. 600:000$000. A cidade tem 3.000 habitantes e o município cerca de 60.000, na maior parte de cor. A cidade tem um bom serviço de abastecimento de água, com um suprimento de 250.000 litros diários; a rede de esgotos foi recentemente instalada; a iluminação pública é a gás acetileno.

Existem em Ilhéus várias casas comerciais importantes, em regra geral, agências de firmas da Bahia, as quais quase todas se ocupam do comércio do cacau.

O clima de Ilhéus é saudável. As plantações de cacau podem ser ainda muito desenvolvidas, pois existe no município grande extensão de terras apropriadas ao cultivo desta planta. Estas terras igualmente se prestam à cultura do arroz, açúcar, algodão e à criação de gado. Os outros pontos principais da exportação do cacau são Rio das Contas, Una, Canavieiras e Belmonte.

Ayre & Cia. - Esta casa foi recentemente fundada em Ilhéus. O sócio solidário da firma é o sr. Charles Henry Bennett Ayre. A firma negocia não só como casa importadora de artigos variados, mas também como cultivadora e compradores de cacau. É agente compradora, no distrito de Ilhéus, da firma F. Stevenson e co. Ltd., Bahia, e possui três plantações de cacau que cobrem a área total de 1.200 acres e compreendem 80.000 pés.

Os srs. Ayre & Cia. têm também importante agência de comissões, com sucursais em Bahia, Muzambinho e Varjão; e atualmente são agentes no distrito da companhia de seguros Garantia da Amazônia.

O sr. Ayre é filho do sr. Henry Ayre, proprietário do jornal Uruguay Weekly News, de Montevidéu. Foi educado na Inglaterra e aí fez o seu tirocínio comercial. Veio para Montevidéu em 1901 e entrou para o London & Brazilian Bank, onde ficou durante três anos. Esteve em seguida, durante um ano, no escritório do banco, em Londres; em 1905, foi para o Porto, para a sucursal do banco nessa cidade; e no ano seguinte, passou para a sucursal na Bahia. Fundou a sua presente casa em 1911.

G. H. Duder - No comércio de Ilhéus, representa o sr. G. H. Duder numerosos interesses britânicos. O sr. Duder reside em Ilhéus há cinco anos e é filho do falecido sr. G. H. Duder, o qual começou a negociar no Brasil, mais ou menos, em 1850, fundando na Bahia a importante casa Duder & Brother. Desta casa fez parte o sr. G. H. Duder, antes de vir para Ilhéus.

O sr. Duder compra por conta da firma Nathan & Cia., da Bahia; e representa também o London & River Plate Bank Ltd., o London & Brazilian Bank Ltd. e o British Bank of South America.

Santo Amaro

Santo Amaro é um das cidades mais ativas do interior da Bahia, e a importante indústria do açúcar que aí floresce lhe tem trazido grande prosperidade. Dentro dos limites da cidade existem oito grandes fábricas de açúcar, além de vários pequenos estabelecimentos, que encontram grande facilidade de transportes, quer pela estrada de ferro, quer pelo rio, e dão à cidade uma importância considerável.

Derivando da indústria do açúcar, há ainda a da aguardente; e os diversos estabelecimentos de destilação produzem aguardente bastante para as necessidades do estado e de várias outras partes da República. O fumo, o óleo de coqueiro e a pesca empregam também uma parte da população local. Esta população é calculada em 20.000 habitantes.

As ruas são largas e bem calçadas e a iluminação pública em breve será melhorada com uma instalação elétrica, para o quê já foi feito o contrato com a Companhia Brasileira de Energia Elétrica. A cidade ficará suprida com uma corrente elétrica derivada da usina geradora, no Rio Paraguaçu, cuja construção vai já adiantada. O suprimento de água, que é excelente, está a cargo duma empresa particular.

A instrução é ministrada por cinco escolas municipais e sete estaduais, que têm uma freqüência de 35 a 50 alunos cada uma. A renda anual da Municipalidade é de Rs. 180:000$000, para o quê os direitos sobre o fumo concorrem com grande parte. O intendente do município é o dr. João Ferreira de Araujo Pinho Junior, filho do ex-governador da Bahia, e o qual ocupa este cargo há quatro anos. É formado em Medicina pela Faculdade da Bahia e tem promovido o melhoramento das ruas e das condições higiênicas da cidade.

Cooperativa Alcoólica da Bahia - A usina da Cooperativa Alcoólica da Bahia é uma das mais importantes e bem montadas da América do Sul. Fica situada em Santo Amaro e é propriedade do Sindicato Açucareiro da Bahia, constituído por um grupo de proprietários de engenhos de açúcar neste distrito.

Foi fundada em 1906 com o capital de Rs. 1.200:000$000 pelos srs. Rocha Lima & Cia. (Usina São Bento); Freitas, Rios & Cia. (Usina Colonia); Sá Ribeiro & Cia. (Usina Alliança); Manoel de Souza Machado (Usina Capimirim); barão Assú da Torre (Usina Pitanga); Antonio Joaquim Gomes (Usina São Miguel); dr. Joaquim Ignacio Tosta (Engenho Calimba) e Banco Comercial da Bahia (Usina Bom Jardim).

O dr. Antonio Carlos de Lacerda, membro do Instituto de Engenheiros Mecânicos, foi convidado pelos fundadores para organizar e dirigir a empresa e a usina, que hoje se acha admiravelmente montada, tendo uma capacidade de produção diária de 1.500 litros de espírito, 60 ou 70 pipas de aguardente e 6.000 litros de álcool. O consumo vai até 80 toneladas de xarope.

A produção total, à exceção de uma pequena parte embarcada para o Rio de Janeiro, é toda consumida no estado da Bahia. A empresa possui uma oficina para conserto do vasilhame, uma ponte particular para embarque e emprega cerca de 120 operários. O maquinismo, que é de manufatura francesa e inglesa e compreende gerador de eletricidade e instalação de refrigeração, é todo ele moderníssimo e tem sido aumentado diversas vezes.

O dr. Antonio Carlos de Lacerda, diretor da usina, nasceu na cidade da Bahia e estudou na Bélgica e na Inglaterra, onde fez o seu curso de Engenharia Mecânica. Voltando ao Brasil, montou um fundição que dirigiu sempre com habilidade e êxito até há alguns anos atrás, quando foi convidado para organizar a usina, o que constituiu uma prova patente da sua competência profissional.

Cachoeira e São Felix

Situada no extremo ponto navegável do Rio Paraguaçu, a Cachoeira tira a sua importância da indústria do fumo. A cidade é cortada irregularmente de ruas estreitas, mas bem calçadas a paralelepípedos, e é regularmente iluminada. O clima é um pouco úmido, devido à proximidade do rio. A altura da maré é, neste ponto, de 7 pés; e na baixa-mar aparecem os bancos de lama que são numerosos e tornam a navegação, até este ponto, impossível.

A indústria do fumo é a mais importante da zona; além das fábricas de fumo conhecidas, que empregam numeroso pessoal, há em grande número pequenos manufatores de charutos que trabalham nas próprias casas, utilizando o fumo dos seus quintais.

Uma boa ponte de ferro liga Cachoeira a São Felix, esta talvez ainda mais conhecida como centro da indústria de fumo. São Felix fica à margem direita do rio e sobe ligeiramente no sentido das colinas que formam o fundo do seu panorama.

Há um serviço regular de botes entre as duas cidades, que estão intimamente relacionadas, embora constituam municípios diferentes. São Felix foi elevada a cidade em 1890, devido, naturalmente, à sua importância como centro da exportação de fumo.

Dannemann & Cia. - A firma Dannemann & Cia., tão conhecida dos fumantes de charutos, não só no Brasil como em toda a Europa, foi fundada, em 1893, pelo sr. Geraldo Dannemann. A casa iniciou a manufatura de charutos em pequena escala, ocupando poucos empregados, em São Felix, estado da Bahia. Aí continua, ainda hoje, a fabricar os seus charutos, de fama mundial, que deram à empresa o desenvolvimento maravilhoso que se lhe nota atualmente.

Hoje, as fábricas, armazéns e depósitos da firma ocupam uma grande área. Os srs. Dannemann empregam 2.400 operários em suas fábricas e têm uma flotilha própria de rebocadores, saveiros e lanchas para transportar os charutos para o porto da Bahia, a uma distância de cerca de 6 horas.

O fundador da firma, sr. Geraldo Dannemann, retirou-se da vida comercial ativa em 1908, continuando, porém, a fazer parte da firma, como sócio comanditário. Os atuais sócios solidários são os srs. Geraldo Dannemann Junior e Adolfo Jonas, ambos de nacionalidade alemã. O sr. Adolfo Jonas faz parte da firma há 20 anos e é sócio há 8. A principal casa vendedora da firma fica em Bremen, Alemanha, e daí são os charutos expedidos para todas as partes do mundo.

Entre os numerosos prêmios, medalhas e diplomas obtidos pelos produtos da firma, em diversas exposições industriais, figuram os seguintes: Medalha de Ouro, Paris, 1889; Medalha de Ouro, Chicago, 1892; Grande Prêmio, São Luiz, 1904; Grande Prêmio, Rio de Janeiro, 1908; Grande Prêmio, Bruxelas, 1910; Gran Diploma de Honor, Buenos Aires, 1910; e Grande Prêmio, Turim, 1911.

Juazeiro

Situada à margem do São Francisco, no meio do sertão baiano, fica a cidade de Juazeiro, centro florescente e progressivo, cuja história remonta ao princípio do século XVIII. Por quatro vezes, em 1798, 1857, 1865 e 1906, sofreu Juazeiro grandes prejuízos, devido a inundações; as águas do Rio São Francisco subiram então 9 metros acima do nível usual. Apesar destas adversidades periódicas, a cidade tem prosperado, conquanto ainda recentemente chuvas fortes e contínuas tivessem ameaçado submergir mais duma vez a localidade. O clima é quente e seco, um tanto sujeito a ventos fortes.

Situada à beira do rio, goza a cidade, por isso, de excelentes vantagens. O Rio São Francisco é navegável numa extensão de 1.519 quilômetros; e vários vapores fazem o serviço de transportes entre Juazeiro e outras localidades marginais, ocupando ao mesmo tempo em seus diversos serviços uma parte da população da cidade.

Existem em Juazeiro vários estabelecimentos comerciais, havendo também estabelecimentos para o preparo de couros, importante indústria local, além da cultura e preparo da cana-de-açúcar e da borracha. Juazeiro é a estação terminal da Estrada de Ferro Bahia-São Francisco, o que muito concorre para a sua importância e prosperidade.

Octacilio Nunes de Souza - Ir de empregado a proprietário da casa em que fez a sua carreira comercial, tal é a vida do coronel Octacilio Nunes de Souza. Natural do estado da Bahia, entrou ao serviço da Rossbach Brazil Company com onze anos de idade. Dotado dum espírito perseverante, de grande iniciativa e grande habilidade comercial, foi rapidamente galgando posições na casa em que se achava empregado, até ocupar o cargo de gerente, no qual se manteve alguns anos; e em 1893 adquiriu a casa.

O coronel Octacilio tem desenvolvido extraordinariamente os negócios da sua casa, os quais consistem em borracha, sola, couros, cabos e artigos congêneres para exportação; e é representante do British & Brazilian Bank e do Brasilianische Bank für Deutschland. Tem também a agência de várias casas importantes do Rio de Janeiro e Bahia e negocia ainda em vários outros artigos em escala muito grande.

Há três anos, obteve o coronel Octacilio Nunes de Souza, do Governo, a concessão para a navegação do Rio São Francisco, tornando-se então arrendatário da Empresa Viação do São Francisco, fundada pelo Estado em 1890. Possui uma frota de 24 vapores e 10 rebocadores e lanchas, usados no transporte de passageiros no Rio São Francisco, entre Juazeiro e Pirapora, Marrecas, Santa Maria, São Marcelo e Boa Vista. A distância entre os portos extremos é de 1.519 quilômetros. Os vapores fazem também a navegação nos rios tributários Grande, Corrente e Preto.

Para mostrar os progressos que tem feito a empresa sob a direção do coronel Octacilio, basta dizer que a renda anual bruta, a qual, antes da sua gerência, era de Rs. 380:000$000, foi no ano passado de mais de Rs. 635:000$000. Todos os reparos no material flutuante são executados em Juazeiro, por um pessoal competente. Na seção de navegação, emprega a empresa 320 homens, inclusive 12 comandantes de navio.

O coronel Octacilio Nunes de Souza é também um criador entusiasta e possui mais de 3.000 cabeças de gado. É membro da Associação Comercial da Bahia e faz também parte das sociedades literárias e musicais de Juazeiro. É ainda membro do Instituto de Banqueiros do Brasil e do Club 21 de Setembro. Em Petrolina, onde reside, foi em 1911 provedor da Santa Casa, e tem auxiliado várias outras instituições de caridade.

Feira de Santana

Com o seu ótimo clima, a Feira de Santana constitui um delicioso ponto, situado a elevada altitude,numa zona montanhosa do estado. A cidade é bafejada, durante a tarde e à noite, por brisas amenas, que a tornam uma estação de verão muito procurada. A atmosfera tem aí uma frescura desconhecida na maioria das cidades baianas.

O nome da cidade é derivado dum feira semanal que ali se efetua e é considerada a mais importante da Bahia. Milhares de cabeças de gado, rebanhos de carneiros e tropas de bestas e cavalos chegam das zonas circunvizinhas; os habitantes dos campos levam ali os seus produtos e curiosidades de toda a sorte e a cidade oferece então um espetáculo de grande animação e movimento. Essa feira constitui para a cidade a sua base financeira.

As ruas da cidade são calçadas, largas e geralmente limpas. Não há ainda indústrias importantes em Feira de Santana; é, porém, bastante considerável o comércio do fumo enviado para a cidade e que dali segue para a Cachoeira e São Felix.

Alagoinhas

A seis horas de viagem da capital baiana, pela Estrada de Ferro Bahia-São Francisco, fica a cidade de Alagoinhas, a mais importante das que serve esta linha férrea. A cidade tem várias praças; as ruas são largas, com bons edifícios. O clima é quente e seco e pouco sujeito a variações. O município tem uma população de 15.000 habitantes. Há um bom serviço postal, sendo a correspondência entregue quatro vezes por dia e as malas expedidas para a Bahia duas vezes por dia e uma para Juazeiro.

Na cidade, publicam-se três jornais. O principal produto do distrito é o tabaco, cuja cultura ocupa grande parte da população. A indústria do fumo é a mais importante da cidade. O comércio está, relativamente, pouco desenvolvido.

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