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HISTÓRIAS E LENDAS DE SANTOS - IMPRENSA
A imprensa santista (2-b02)

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Na sua edição especial de 26 de janeiro de 1939, comemorativa do centenário da elevação de Santos à categoria de cidade - exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda -, o jornal santista A Tribuna publicou esta matéria (grafia atualizada nesta transcrição):
 


Imagem: reprodução de trecho da matéria original
Demais fotos desta página: publicadas com a matéria

Galeria dos poetas, prosadores e jornalistas de Santos

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Augusto Fomm - Nasceu em Santos, a 25 de abril de 1827, do legítimo consórcio de Frederico Fomm, natural da Prússia Renana, e de d. Bárbara da Costa Aguiar, filha do tenente-coronel João Xavier da Costa Aguiar, presidente do Senado da Câmara de Santos, e sobrinha dos Andradas.

Fez seus primeiros estudos em Santos. Muito jovem ainda, quando seu pai partiu para a Inglaterra, a fim de tentar a vinda dos vapores ingleses ao porto de Santos, ele para lá seguiu também, permanecendo ali até a idade de 18 anos, recebendo durante dez anos esmerada educação nas melhores escolas de Londres e Berlim, onde esteve três anos.

Preparava seus estudos superiores, quando ocorreu a morte de seu pai. Regressou então a Santos, para enfronhar-se rapidamente nos negócios comerciais que envolviam a liquidação da casa comercial de seu progenitor, ameaçada de ruína com o seu desaparecimento.

Com vinte anos era-lhe concedido, pelo imperador, a 17 de novembro de 1847, e por intermédio do presidente da província, brigadeiro Gavião Peixoto, o imperial beneplácito à nomeação recebida do imperador da Áustria, para o cargo de vice-cônsul daquele país em Santos.

A 23 do mesmo mês, o presidente da província comunicava à Câmara de Santos a nomeação de Augusto Fomm para vice-cônsul da Cidade Livre de Lubeck, e logo no ano seguinte, quando mal completava 21 anos, Augusto Fomm recebia, por intermédio do novo presidente da província, dr. Domiciano Leite Ribeiro, a nomeação para o cargo de vice-cônsul da Dinamarca.

Tais honras, de elevado alcance naquele tempo, merecera-as Augusto Fomm por suas grandes qualidades de inteligência e cultura, e principalmente por ser um dos poucos cidadãos em Santos que falavam todas as línguas da Europa (o inglês, o francês, o alemão, o espanhol, o italiano, o dinamarquês e até o russo).

Três anos depois, em 1850, Augusto Fomm, procurando mais largo ambiente para a sua capacidade, seguiu para o Rio de Janeiro, e aí entrou para o Jornal do Commércio, então pertencente a Emilio Adet, que tinha como companheiros principais Villeneuve e Picot, encarregando-se da redação da sua parte comercial, nele permanecendo até 1852, quando foi nomeado corretor oficial da praça do Rio de Janeiro. Cursou então a Escola Politécnica, em continuação aos estudos já feitos na Europa, não chegando, porém, a se formar.

Em 1864, declarada a guerra com o Uruguai, foi um dos arautos do patriotismo brasileiro, conclamando o povo ao alistamento, em discursos na praça pública e artigos pela imprensa. No ano seguinte, declarada a guerra com o Paraguai, teve o mesmo papel na sociedade do tempo, tendo sugerido medidas econômicas para evitar a crise, que, em conseqüência das guerras, fatalmente se pronunciaria.

Solicitado por Villeneuve e Picot, numa situação delicada para o Jornal do Commércio, voltou ao grande órgão da imprensa brasileira, assumindo sua parte comercial e a seção dos debates na Câmara dos Deputados.

Anos depois, em 1870, após a guerra, foi convidado pelo general Polydoro, diretor da Escola Militar, para lente de inglês naquele estabelecimento, convite que recusou, alegando ser republicano e não desejar favores da monarquia. É a primeira profissão de fé republicana que se conhece, no Rio de Janeiro daquela época.

Em 1871, era o presidente da Junta dos Corretores do Rio de Janeiro, deixando-a para voltar novamente ao Jornal do Commércio, a convite do dr. Luís de Castro e do comm. Leonardo de Araújo, e agora como gerente do maior jornal da América do Sul naquele tempo.

Quando se agitou no Brasil o problema dos caminhos de ferro, de que seu pai fora o pioneiro, com a obtenção da lei n. 24, de 30 de março de 1838, como gerente da Cia. Aguiar, Viúva e Filhos, Platt e Reidd, Augusto Fomm tornou-se um dos seus grandes entusiastas. Foi, então, o incorporador e um dos principais organizadores da Estrada de Ferro Leopoldina, cujo concessionário, o dr. Antonio de Mello Barreto, a ele somente deveu a realização do seu capital no Rio de Janeiro.

Não ficou ali sua atividade. Também a Estrada de Ferro Sorocabana e os Engenhos Centrais de Capivari e Porto Feliz tiveram seus capitais levantados por ele, à custa de suas grandes relações e do prestígio da sua palavra convincente, honesta e leal, o mesmo acontecendo com a Estrada do Rio Verde, cujos orçamentos e parte financeira organizou de sociedade com o engenheiro dr. Benjean, que primeiro explorou, estudou e projetou essa via férrea. Outros, entretanto, colheram as glórias da realização de todos esses grandes estabelecimentos nacionais, aproveitando-se da excessiva modéstia com que Fomm realizava todos os seus atos.

Abolicionista e republicano, foi um dos grandes vultos das duas campanhas no Rio de Janeiro e em Santos mesmo, onde estava sempre, em sucessivas viagens. Foi um dos fundadores do Partido Republicano do Rio de Janeiro e em Santos mesmo, onde estava sempre, em sucessivas viagens.

Foi um dos fundadores do Partido Republicano do Rio de Janeiro, em 1870, como companheiro de seu amigo e cunhado, o eminente republicano dr. Miranda Azevedo, que, em discurso público, como médico, proclamara e provara a incapacidade física do imperador para continuação do reinado.

Em 1871, após o apedrejamento do jornal A República, que aliás ajudava a sustentar e no qual colaborava, foi um dos que entraram com o capital necessário para a reorganização daquela folha, fundando então, em sua própria casa, no bairro do Catete, sede de abolicionistas e republicanos, o 2º Clube Republicano do Rio de Janeiro, mais tarde Clube Federal, do qual foi presidente até seu falecimento.

Em 1872, ainda fazia parte do Jornal do Commércio. Nesse ano, foi com Francisco Picanço da Costa fundador do Echo Academico, publicação acadêmico-literária, e do próprio Centro Acadêmico, que tão notável atuação teve nas propagandas da Abolição e da República, quando o Rio de Janeiro estava ainda quase que totalmente alheio a tais sentimentos.

Augusto Fomm deixou enorme bagagem jornalística e algumas obras impressas, principalmente a sua campanha contra o ato do visconde de Ouro Preto, ministro da Fazenda, que se negara ao pagamento dos engenheiros, encarregados por ele próprio do levantamento da planta cadastral do Rio de Janeiro, considerado aí como polemista notável.

Augusto Fomm faleceu na cidade do Rio de Janeiro, a 30 de março de 1887.

São os seguintes os seus trabalhos conhecidos: As Estradas de Ferro do Brasil, propaganda da bitola estreita, 1871; A circulação fiduciária no Brasil, estudos econômicos, 1871; Sciência econômica e finanças, estudos econômicos, 1872; As tontinas e os seguros de vida, cálculos, tabelas e estudos para a introdução do seguro de vida no Brasil, 1872; O governo do Brasil e os credores do Estado, crítica ao visconde de Ouro Preto, ministro da Fazenda; O Brasil na exposição de Philadelphia, traduzido para o inglês para difusão nos Estados Unidos e Inglaterra; O anno biographico brasileiro, de Macedo, tradução para o inglês; Chorographia do Brasil, de Macedo, tradução para o inglês (traduções feitas para apresentação na Exposição de Philadelphia); Grammatica de Economia Política, prefácio do conselheiro Ferreira Vianna, tradução do inglês para o português.


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