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HISTÓRIAS E LENDAS DE S. VICENTE
Da Escola do Povo ao Grupão (1)

Centenário, o tradicional colégio vicentino conhecido como Grupão iniciou suas atividades em 1893 com a denominação de Escola do Povo, e foi criado por um grupo de maçons que se reuniu no armazém de secos e molhados (como então se dizia) do capitão Antão Alves de Moura. A história dessa escola - em anos recentes transformada em escola técnica (Etec) - foi contada pelo jornal santista A Tribuna, ao noticiar os trabalhos de restauração do imóvel em 26 de julho de 2004:


O antigo prédio escolar terá suas características preservadas
Foto: João Vieira, publicada com a matéria

PATRIMÔNIO
Grupão tem sua história resgatada

Imóvel datado de 1898 está sendo restaurado pelo Governo do Estado

Luiz Gomes Otero
Da Sucursal

Uma das poucas edificações remanescentes do final do século XIX ainda existentes em São Vicente está tendo parte de sua história resgatada. Trata-se do imóvel situado na Praça Coronel Lopes, no Centro, onde funcionou a antiga Escola Estadual Ziná de Castro Bicudo, e que ficou conhecido como Grupão. O local, que atualmente abriga a Diretoria Regional de Ensino, está sendo reformado e restaurado, seguindo as características originais do imóvel que foi inaugurado em 1898 por iniciativa da Loja Maçônica Fraternidade, de Santos.

Orçada em R$ 676.575,80, a obra está sendo executada pela empresa JWA Construções, devendo ser concluída até o final do ano. Todo o sistema de drenagem está sendo refeito, bem com os sistemas hidráulico e elétrico.

Alguns muros que não faziam parte da paisagem original foram removidos. O jardim da entrada também será ampliado e terá as mesmas características do que existia na época da inauguração da obra.

O prédio ocupa um terreno de cerca de 3 mil metros quadrados, sendo 1.811 metros quadrados de área construída. Com o passar dos anos, foram feitas ampliações nas laterais sem, contudo, afetar a estrutura do prédio original, que agora está sendo recuperada pelo Governo do Estado.

A fachada conserva as colunas de sustentação, inspiradas nos templos maçônicos, contendo na parte superior símbolos ligados à Educação esculpidos em alto relevo: um globo terrestre, um compasso e um livro.

Entre as melhorias realizadas, destacam-se a implantação de um auditório para videoconferência com capacidade para 300 pessoas e duas salas de capacitação técnico-pedagógica, que contam com 30 computadores cada, utilizadas para a formação de alunos-monitores da rede estadual e pelos professores.

De acordo com a diretora regional de Ensino, Oneide Ferraz Alves, a proposta de ocupação do antigo prédio consiste em tornar o imóvel um centro de referência pedagógica. "São mais de 80 mil alunos sob esta jurisdição, incluindo cinco cidades (São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe). E as redes escolares desses municípios também usam esta infraestrutura. Aqui não são realizados apenas trabalhos burocráticos".

Apesar de cumprir essa função de apoio técnico-pedagógico, é cada vez maior o interesse de moradores antigos de São Vicente e das cidades vizinhas pelo prédio do Grupão. Segundo Oneide, embora não haja um plano de visitação pública definido, na prática ela já ocorre.

"Recentemente, em um sábado, durante uma reunião de trabalho, percebi um grupo de pessoas tirando fotos na frente do prédio. Eles disseram que familiares haviam estudado na escola e que gostariam de tirar uma foto de recordação. Há aquele sentimento de orgulho pelo fato de o local onde passaram um rico período da infância ter sido preservado", assinalou a diretora.

Apesar de ainda não ser tombado pelos órgãos de defesa do Patrimônio Histórico, Oneide garante que eles estão sendo informados sobre os serviços realizados.

Para marcar a inauguração da obra, a Diretoria Regional está preparando uma série de eventos, incluindo uma exposição com fotos antigas que mostram as várias fases da unidade, uma das mais tradicionais da Baixada Santista.

 

Colégio é motivo de orgulho para a comunidade

 

Primeira denominação foi Escola do Povo

A história do Grupão começou no dia 10 de junho de 1893, no armazém de secos e molhados do capitão Antão Alves de Moura, onde um grupo de cidadãos vicentinos decidiu fundar a Escola do Povo. A maioria pertencia à Loja Fraternidade de Santos, que auxiliou no trabalho de construção do prédio.

A unidade chegou a funcionar provisoriamente na Praça João Pessoa (antigamente conhecida como Largo Batista Pereira) e na Rua XV de Novembro, antes de se transferir definitivamente para a Praça Coronel Lopes, em 1898.

Em 1913, a Escola do Povo passou a ser administrada pelo Governo do Estado, que resolveu ampliá-la, construindo um prédio em forma de U, dando fundos para a Avenida Padre Anchieta. Passou a ser denominada, então, Primeiro Grupo Escolar de São Vicente, com oito classes.

Em 20 de dezembro de 1979, o Estado mudou mais uma vez a denominação, agora para Escola Estadual de Primeiro Grau Ziná de Castro Bicudo, que permaneceu até a desativação do imóvel como unidade escolar, há cerca de três anos, passando a ser ocupado pela Diretoria Regional de Ensino.

A desativação da escola foi justificada pelos investimentos realizados pelo Estado em São Vicente, que ampliou a rede escolar em vários bairros.

Ocupação do local causa polêmica

A diretora regional de Ensino, Oneide Ferraz Alves, prefere não alimentar a polêmica em torno da proposta do vereador Alfredo Moura (PPS) de repassar o prédio ao Município, para implantação de um centro cultural. Ela lembra que o imóvel está sob a administração do Estado há mais de 80 anos.

Moura chegou a encaminhar ofícios às secretarias de Estado da Educação e Cultura, com este objetivo. O presidente do Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente (IHGSV), Fernando Lichti, também se mostrou favorável à iniciativa e sugeriu até a reativação de cursos escolares, desta vez voltados ao ensino supletivo.

Sem intenção de fomentar essa discussão, a diretora regional fez um convite aos segmentos da comunidade interessados no assunto para que conheçam o trabalho que vem sendo realizado no local.

"A obra de reforma e restauração do Grupão reafirma o compromisso do Estado de preservar este Patrimônio Histórico, que pertence não só a São Vicente, mas à memória do Ensino da Baixada Santista. Considero este o local mais adequado para sediar a Diretoria Regional", disse Oneide.

Cacilda Becker, uma aluna ilustre

Mãe da atriz foi professora na unidade escolar

Com talento reconhecido em todo País, a atriz Cacilda Becker foi uma das personalidades que estudaram na antiga Escola do Povo, que mais tarde passou a ser conhecida como Grupão.

A passagem da atriz pelo colégio - sua família fixou residência em Santos a partir de 1932 - é narrada no livro Cacilda Becker - Fúria Santa, do escritor Luís André do Prado. A obra contém uma fotografia, tirada em 1934, da mãe da atriz, a professora Alzira Leonor Becker, com uma classe de alunos que incluía a própria Cacilda, ainda menina.

No livro, a irmã de Cacilda, a também atriz Cleide Yáconis, revela que a família se instalou na casa de uma tia, na Rua Barão de Paranapiacaba. E que as duas iam a pé para o Grupão de São Vicente.

Além de Cacilda, outras personalidades passaram pelo Grupão, como o jornalista e escritor Edison Telles de Azevedo, o ex-prefeito Orlando Intrieri, recentemente falecido, e o atual prefeito, Márcio França.


Nesta foto de 1933, com alunos do Grupo Escolar de São Vicente, Cacilda Becker é a terceira sentada, da esquerda para a direita. Sua mãe, Alzira Leonor Becker, está sentada ao lado direito do Globo Terrestre.

Atrás do globo está Celina Pereira de Mattos, a quem pertence esta foto. E o diretor da escola, Francisco José de Almeida Júnior, está no canto esquerdo da imagem.

Foto publicada na seção Imagem do Passado do jornal santista A Tribuna, em 6/5/2005
No detalhe, cor acrescentada por Novo Milênio

Em princípios de 2011, já funcionando como Escola Técnica Dra. Ruth Cardoso (Etec, do Centro Paula Souza, vinculado ao governo estadual), como lembra o professor Fábio Santos Teixeira, o prédio (situado na Praça Coronel Lopes, 387, no centro de São Vicente) passava por ampla reforma da cobertura e fachada:

Em 2011, a escola passou por reforma na fachada e cobertura

Imagem: Google Maps/Street View, em fevereiro de 2011 (acesso em 16/9/2012)

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