Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/sv/svh070.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 05/19/10 09:35:22
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE S. VICENTE
E. Souto: nesta esquina surgiu uma canção


Maestro, pianista e compositor de fama nacional, Eduardo Souto nasceu em São Vicente em 14 de abril de 1882, falecendo no Rio de Janeiro em 18 de agosto de 1942. Dedicou-se a diversos gêneros, como a valsa, o tango e o samba, sendo que a música romântica O Despertar da Montanha, por ele composta, foi gravada com solo de piano, e por vários conjuntos musicais, sendo que o grande violonista Dilermando Reis a gravou com solo de violão acompanhado de orquestra. Em 9 de abril de 1972, o jornal santista A Tribuna registrou, na página 10 do 3º caderno:


Imagem: reprodução parcial da página com a matéria

Nesta esquina nasceram canções de Eduardo Souto

(Da Sucursal de São Vicente)

Quem não se lembra, na décadas de 20 ou 30, das valsas, cateretês, maxixes, tangos à moda brasileira, fox-trot e marchas carnavalescas de um cidadão chamado Eduardo Souto?

"Tatu subiu no pau/é mentira de mecê/lagarto ou lagartixa/isso sim que pode sê", é uma delas. e da campeã do carnaval de 1928? "Quando me lembro do meu tempo antigo/daquele tempo que passei contigo/daquele tempo que não volta mais/é que saudade que saudade me traz". Ou ainda da grande campeã do carnaval de 1932, de parceria com João de Barro: "Ô... Ô.... noi somo é memo do amô/moreninha querida/da beira da praia/que brinca na areia/por todo o verão/varia como as ondas do teu coração".

Se você não se lembra de nenhuma dessas músicas, certamente se recorda da melodia do Despertar da Montanha, também de autoria de Eduardo Souto, maestro e compositor que nasceu em São Vicente a 14 de abril de 1882 (há 90 anos) e falecia no Rio de Janeiro a 18 de agosto de 1942.

Segundo o historiador-jornalista Édison Telles de Azevedo, em seus Vultos Vicentinos, desde menino Eduardo demonstrou incrível tendência para a música, o que levou seu pai, Guilherme Souto, filho do visconde de Souto, a transferir-se para a antiga Capital Federal. Aos 35 anos de idade, no máximo de sua produção artística, Eduardo Souto convergia para seu estabelecimento musical, na Rua do Ouvidor, 153, os compositores populares e eruditos da época.

Ainda segundo Édison Telles de Azevedo, "Eduardo Souto desempenhou os cargos de diretor artístico das gravações da Casa Edison (Discos Odeon e Parlophon), estimulando os novos valores. Foi o lançador de Almirante, como intérprete e, numa simbiose feliz, ligou a poesia de Noel Rosa à melodia de Oswaldo Cogliano (Vadico), parceria que se notabilizou através de numerosos sucessos. Foi idealizador do Coral Brasileiro, interpretado por famosas personalidades do mundo artístico, como Bidu Saião, Nascimento Silva, Zaira de Oliveira e tantos mais; foi paciente e incansável organizador de orquestras, que fizeram época. Regente e orquestrador de música sinfônica, realizou concertos no Rio e em São Paulo. Escreveu música para revistas, entre elas Zig-Zag, de parceria com o maestro Antônio Lago, com original de Bastos Tigre (1926)".

Esquina da Saudade - Uma placa de metal meio gasta pelo tempo na parede de um bar na confluência das ruas Visconde de Tamandaré com Frei Gaspar, em frente ao portão da Vidrobrás, marca a "Esquina da Saudade", onde Eduardo Souto, já famoso, reunia os amigos junto à casa da pianista Mafalda Medeiros de Albuquerque para as serestas. Sua vinda a São Vicente era freqüente para rever os amigos e matar as saudades.

Por isso, nesta mesma esquina, na noite do dia 14, quando se comemoram os 90 anos de nascimento do autor do Despertar da Montanha, vai haver seresta à moda de Eduardo Souto. Dois violões de sete cordas, com Zeferido e Dédo; violão centro de quatro cordas, Jaime; flauta, Caetano; clarinete, Vidal; pandeiro, Miguel; surdo, Neguça; e reco-reco, Paulo, integram o Conjunto Velha Guarda, encarregado de reviver todas aquelas músicas gostosas: Viver... morrer... por amor; Evocação; A ternura do mar; Cacareco; Pemberé; O puladinho; Marabá; E a pobre guitarra morreu; Conheceu, Papudo?; Olhos brejeiros e tantas outras.

Por iniciativa do maestro Jesus de Azevedo Marques, diretor de Cultura Artística do Município, a Orquestra Vicentina de Concertos, o Coral da Santa Casa de Santos e o Conjunto Velha Guarda gravam dia 13 um tape na TV Record, programa Manoel de Nóbrega, a ser transmitido dia 14 em rede nacional. O filho e o neto de Eduardo Souto também participarão do programa, um ao piano e outro regendo a OVC em número especial.

E o concurso? - Concurso Eduardo Souto, versando sobre a vida e a obra "desse compositor vicentino e que será realizado anualmente no mês de novembro, sob a supervisão da Diretoria de Cultura Artística do Município", é lei municipal proposta em agosto de 1968 pelo então interventor estadual Jorge Conway Machado, aprovada pela Câmara por unanimidade e ainda não cumprida.

Este certame prevê a inscrição de estudantes do último ano dos cursos instrumentais mantidos por estabelecimentos de ensino musical sediados em São Vicente. Os trabalhos, em duas partes, uma versando sobre a vida e a obra de Eduardo Souto (contendo dados biográficos e referências de sua atuação artística em São Vicente, Santos e Rio de Janeiro), e outra fazendo análise de duas composições para piano, compreendendo tendência melódica, rítmica e harmônica contemporânea, e influência de escola, devem ser julgados por uma comissão de cinco membros nomeados pelo chefe do Executivo. Para os cinco primeiros trabalhos, prêmios em diplomas e obras literárias versando sobre a vida de compositor ou artista músico brasileiro.

A lei aí está e o momento é oportuno para ser cumprida. Afinal, São Vicente tem tão poucos filhos com a fama de um Eduardo Souto...


Foto publicada com a matéria

 


Anúncio publicado ao lado da matéria

Estas são as principais composições de Eduardo Souto (segundo a pianista Clara Sverner, existem mais de 300 peças, só para piano):

  • A despedida (canção, com Bastos Tigre)
  • A maçã
  • A madrugada
  • A roseira da estrada
  • A saudade (com Bastos Tigre)
  • A ternura do mar (valsa lenta)
  • Aborrecimentos (com José Evangelista)
  • Adeus, guitarra amiga
  • Amargura
  • Amizade amorosa (com Bastos Tigre)
  • Amor, meu grande amor (com Luiz Martins)
  • Amorosa (valsa)
  • Anatomia (com José Evangelista)
  • As quatro estações do ano
  • Bailado das ninjas
  • Batucada (marcha, com João de Barro)
  • Bicho falou
  • Brincalhão
  • Borboletas azuis (tango)
  • Caboclo magoado
  • Cacareco
  • Cantiga
  • Cantiga praiana (com Vicente de Carvalho)
  • Carinhosa
  • Carnaval
  • Cena caipira
  • Choroso
  • Conheceu, papudo?
  • Desilusão (com Filomeno Ribeiro)
  • Despertar de um sonho (tango de salão)
  • Digo já
  • Divagações
  • Do sorriso da mulher nasceram as flores (tango-canção)
  • Dor sem consolo
  • É assim que eu gosto
  • É no toco da goiaba (com José Janini)
  • É sim senhor (samba, 1929)
  • É sopa (marcha)
  • Espanta bode
  • Eu só quero é beliscar (marcha, 1923)
  • Eu só quero é conhecer
  • Eu vou me embora
  • Evocação (valsa lenta)
  • Fais chorá
  • Feiosa
  • Foi assim (com Ari Kerner V. de Castro)
  • Gegê (marcha, com Getúlio Marinho)
  • Genipapo
  • George Walsh (tango)
  • Goiabada (marcha, 1923)
  • Guanabara (marcha)
  • Guitarrada
  • Harmonia da mata (com Olímpio Pinto)
  • Hino a João Pessoa (marcha patriótica, com Osvaldo Santiago)
  • Hino da legião mineira (com Osvaldo Santiago)
  • Hino Oficial do Botafogo
  • Iaiá-Ioiô
  • Ideal de caboclo
  • Inverno (valsa)
  • Isto é bom
  • Lá no sertão (com Eustórgio Vanderley)
  • Mágoas (com Gastão Penalva)
  • Malditos olhos
  • Mandei buscar
  • Marulhos (tango)
  • Meditando (fado-tango)
  • Mesmo assim
  • Meu bem
  • Mister Câmbio
  • Modos de mamar
  • Monta no trouxa
  • Não mexa comigo, seu Honorato
  • Não sei dizer
  • Não sei o que é
  • Nego véio
  • No batuque
  • No meu tempo era assim
  • No mundo da lua
  • No rancho
  • No reinado da alegria (com Osvaldo Santiago)
  • No tempo de Salomé
  • Nunca mais (com Heitor Modesto)
  • Nuvens... (valsa lenta)
  • O despertar da montanha (tango de salão)
  • Os milhões do senhor conde (opereta)
  • Olhos brejeiros (com H. de Carvalho)
  • Olhos fatais (com João de Barro)
  • Outono
  • Pai Adão
  • Paixão do artista (opereta)
  • Palpite (com Noel Rosa)
  • Para todos
  • Parati dançante
  • Pemberê (marcha-chula baiana, 1922)
  • Piracicaba
  • Poeta do sertão
  • Pois não (com João da Praia, 1920)
  • Por ti (com Bastos Tigre)
  • Porquoi-pas?
  • Praias de nossa terra
  • Pranto do fadista
  • Presidente Wilson
  • Primavera
  • Puladinho (choro)
  • Quando me lembro (com João da Praia)
  • Que os teus olhos dizem
  • Quem quiser ver
  • Relembrando
  • Romantismo (com Zito Batista)
  • Sabiá (com Goulart de Andrade)
  • Samba nosso (com Benoit Certain)
  • Saudades da cachopa (fado-maxixe)
  • Se me dé de comê
  • Sem querer (tango)
  • Sergipana
  • Seu Derfim tem que vortá (maxixe)
  • Seu doutor (marcha, 1929)
  • Só pra machucar
  • Só teu amor (1923)
  • Sonhei
  • Sonho
  • Suco
  • Sublime provação (valsa)
  • Sugestões de um sorriso (tango)
  • Sugestões de um olhar
  • Sul-americano
  • Sustenta a nota, seu Bandeira
  • Tatu subiu no pau (samba à moda paulista)
  • Tem moamba (com João de Barro)
  • Tem que casá (maxixe)
  • Tem que havê combinação
  • Terapêutica
  • Teus olhos são!
  • Tira cisma
  • Triste amor (com Heitor Modesto)
  • Tristeza (valsa, em estilo genuinamente brasileiro)
  • Um baile em Catumbi (legitimo choro carioca)
  • Um choro na Praia Grande
  • Um festival no arraial
  • Uma festa no Japão
  • Vaca futurista
  • Verbo ser
  • Vestido encarnado (com João de Barro)
  • Viradinho
  • Visão do Pierrot
  • Viver (com Eugênio Fonseca Filho)
  • Viver dentro de um sonho
  • Viver... morrer... por um amor
  • Voronoff
  • Ziguezague (comédia musical, com Antonio Lago, 1926)


Partitura da música Tem que casá, de Eduardo Souto. Imagem obtida na Web em 19/5/2010

O Despertar da Montanha

(tango de salão, 1919) - Eduardo Souto e Francisco Pimentel

Obtenha >>aqui<< o arquivo sonoro MP3, com 3,47" MB, 3'47, 128 kbps

Quando a noite entra na agonia,

Surgem os primeiros raios,

Na moldura do horizonte,

Iniciam seus ensaios,

Doira-se um monte...

E os lindos ramos mais felizes,

Os que ao longe estão mais altos,

Pintam-se em matizes,

No cimo do planalto...

Sai da sombra um novo dia.

E a luz da madrugada,

Entrando suavemente na floresta,

Beija os ninhos,

E esta festa,

Desperta os passarinhos

E envolve troncos,

Vindo através das folhagens,

Em acordes selvagens,

Anunciam a alvorada.

Desses cantos, sob o sol da manhã,

Em linda festa pagã,

Escorre a vida, cheia de encantos,

E transborda, numa chuva de cores,

E entre os vales sonhadores,

A montanha acorda.

Goiabada

(marcha/carnaval, 1923) - Eduardo Souto

Orquestra Eduardo Souto interpretando Goiabada, em 1926:

Obtenha >>aqui<< o arquivo sonoro MP3, com 1,27 MB, 3'41", 48 kbps


Não há mais goiabada
Que seja boa para se comer
Ficou tão estragada
Que o português já não quer vender
Seu aquele
Pra que tanto estrilo
Foi você
Quem fez tudo aquilo

Meu benzinho
Caladinho escuta
A goiaba
Nunca foi boa fruta

Não há como o bom queijo
Que não puderam falsificar
Então com bom café
Ai que delícia! Que paladar!

O arroz de Pendotiba
Nunca chegou aqui ao mercado
Nem mesmo lá em riba
O tal arroz nunca foi achado

O queijo finalmente
Sempre foi bom, nunca foi bichado
E isso toda a gente
Já sabe bem, pois ficou aprovado

Hino a João Pessoa

(marcha patriótica, 1930) - Eduardo Souto e Osvaldo Santiago. Intérprete: Francisco Alves. Cantada na abertura da revista teatral O Barbado, que foi encenada no Rio de Janeiro duas semanas após a vitória da Revolução de 1930. Gravada pela Odeon.

Obtenha >>aqui<< o arquivo sonoro MP3, com 2,87 MB, 3'08", 128 kbps

Lá do Norte, um herói altaneiro,
Que da pátria o amor conquistou,
Foi um vivo farol que ligeiro
Acendeu e depois se apagou.
João Pessoa, João Pessoa,
Bravo filho do sertão!
Toda a pátria espera um dia
A sua ressurreição.
João Pessoa, João Pessoa,
O seu corpo varonil
Vive ainda, vive ainda
No coração do Brasil.
Como um cedro que tomba na mata,
Sob o raio que em cheio o feriu,
Assim ele ante a fúria insensata
De um feroz inimigo caiu.
João Pessoa, João Pessoa,
Bravo filho do sertão!
Toda a pátria espera um dia
A sua ressurreição.
João Pessoa, João Pessoa,
O seu corpo varonil
Vive ainda, vive ainda
No coração do Brasil.
Paraíba, ó rincão pequenino,
Como grande esse homem se fez!
Hoje em ti cabe todo o destino,
Todo o orgulho da nossa altivez.

É sopa

(marcha, 1930) - Eduardo Souto
Obtenha >>aqui<< o arquivo sonoro MP3, com 1,08 MB, 3'09", 48 kbps


"Vai começar o grande jogo para a conquista da taça oferecida pelo Catete Futebol Clube" (gritos)
Combinado B: "captain Seu Tonico" (gritos)
Combinado A: "captain Seu Julinho" (gritos)
Juiz: "doutor Macaé, muito digno presidente do Catete Futebol Clube"

Seu Tonico sem razão.
Ao juiz desatendeu,
E foi tal sua afobação,
Que a cabeça até perdeu.
O juiz, que é da barbada,
Seu Tonico pôs pra fora.
E gritou pra rapaziada:
Toca o bonde, tá na hora!

Pra vencer o combinado brasileiro.
Diz Getulinho: "É sopa, é sopa, é sopa".
Paraibano com gaúcho e com mineiro.
Diz o Julinho: "É sopa, é sopa, é sopa".

Foi pro gol o seu Tomé,
Bonde errado e sem coragem.
A torcida não fez fé.
Houve então bruta lavagem.
Pra jogar bem futebol
Só paulista e carioca.
Chova muito ou faça sol,
É no pau da tapioca.

Pra vencer o combinado brasileiro
Diz Getulinho: "É sopa, é sopa, é sopa".
Paraibano com gaúcho e com mineiro,
Diz o Julinho: "É sopa, é sopa, é sopa".

Gegê

(marcha/carnaval, 1932) - Eduardo Souto e Getúlio Marinho

Gravado em 1931 por Jaime da Rocha Vogeller

Obtenha >>aqui<< o arquivo sonoro MP3, com 2,86 MB, 3'00", 128 kbps

Tenha calma, Gegê
Tenha calma, Gegê
Vou ver se faço
Alguma coisa por você

Não se aborreça
Nem é preciso chorar
Güenta um pouco meu amor
Que as coisas vão melhorar

O seu pedido
Já foi, meu bem, despachado
O decreto já saiu
É na enxada e não no machado

Tatu Subiu no Pau

(samba paulista, 1923) - Eduardo Souto
Obtenha >>aqui<< o arquivo sonoro MP3, com 69,9 KB, 1'11", 8 kbps
Tatu subiu no pau

É mentira de mecê
Lagarto ou lagartixa

Isso sim é que pode sê
O melhor da galinha é o ovo

Que se pode comê gostoso
A moléstia do pinto é o gôgo

A coberta do velho é o fogo
Tatu subiu no pau

É mentira de mecê
Santo Antônio ajudando?

Isso sim é que pode sê

É sim senhor

(samba/carnaval, 1929) - Eduardo Souto

Francisco Alves

Ele é paulista?
É sim senhor
Falsificado?
É sim senhor
Cabra farrista?
É sim senhor
Matriculado?
É sim senhor

Ele é estradeiro?
É sim senhor
Habilitado?
É sim senhor
Mas o cruzeiro?
É sim senhor
Ovo gorado?
É sim senhor

Vem, vem, vem
Pra ganhar vintém
Vem, seu Julinho, vem
Aproveitar também

Eu só quero é beliscá

(marcha/carnaval, 1922) - Eduardo Souto

Ó Sá dona, não se zangue
Vancê pode assossegá
Eu não vim fazê barúiu
Eu só quero é beliscá

Ai, ai, ai
Com licença de Sinhá
Ai, ai, ai
Eu só quero é beliscá

Seu doutô, seu delegado
Dá licença pra passá
Eu não vim fazê barúiu
Eu só quero é beliscá

Me dissero que a puliça
Deixa a gente pandegá
Eu inté nem faço nada
Eu só quero é beliscá

Não sei dizê

(marcha/carnaval, 1924) - Eduardo Souto

Não sei dizê quem é
O meu amor
Que passarinho mau
Fugiu, voou

Ai se eu pudesse
Ser passarinho
Pra seguir
No seu caminho
Não tinha agora
Que amargurar
E nem viver a penar
Viver sempre a chorar
Sempre a sofrer
Por teu amor
É dura sorte
É grande dor
Não sei, não sei que fiz
Pra andar no mundo
Assim sozinho
Sem carinho
Infeliz

Amar sem ter ao menos a doçura
De um olhar
É dura sorte, é desventura
Nem sei como findar
O meu viver,
Como acabar
Este meu sofrer

Pai Adão

(marcha/carnaval, 1924) - Eduardo Souto

O Pai Adão lá na sua inocência
Comeu maçã que comer não devia
E desta sua falada imprudência
Foi que nasceu toda a nossa alegria

Você, seu Pai Adão
Com seu capricho
Foi mesmo um bicho
Com parte de inocente
Pôs toda a culpa
Na pobre serpente

Gozar, gozar
Gozar, gozar até cansar
Ai como é bom viver
Só a cantar
E como Adão, pecar
Pecar, pecar
Gozar, gozar
Gozar, gozar até cansar

Não vale a pena
A vida maldizer
Quem tem
Tão pouco tempo
De prazer, prazer

Pemberê

(chula à moda baiana, 1921) - Eduardo Souto e Filomeno Ribeiro

Pemberê / Pemberá
Pemberê / Pemberá
Menina que namora qué casá
Criança que chora qué mamá

Pemberê / Pemberá
Galinha no ninho que não botá
É logo agarrada pra ir chocá

Pemberê / Pemberá
Pemberê / Pemberá
A noite bonita que é de luá
Foi feita pra gente mais se gostá

Pemberê
Perna de fora é o que mais se vê, meu bem
Pemberá
Guarde essa perna se qué casá, Iaiá

Pemberê / Pemberá
Pemberê / Pemberá
Muié deste tempo véve a mostrá
O que era pecado só maginá

Pois não

(marcha/carnaval, 1920) - Eduardo Souto e Filomeno Ribeiro

Levanta o pé / Esconde a mão
Eu quero ver se tu gostas de mim
Ou não

Meu alecrim / Manjericão
Eu quero ver se tu não gostas não

Ó querubim / Ó tentação
Eu vou ver só se tu gostas de mim
Ou não

Perco o latim / Perco a razão
Porque não sei se tu não gostas não

O amor sem ser leal / Traz sedução
No carnaval / Pois não

E pode ser fatal / Ao coração
No carnaval / Pois não

É bem que nos faz mal / É tentação
Do carnaval / Pois não

Fiquei preso afinal / Por cavação
Do carnaval / Dar-te aqui vim
Um beliscão

Só quero ver se tu gostas de mim
Ou não

Picou? Doeu? / Ó coração
Não é por mal, meu anjo
Não é não

Chegado o fim / Desta paixão
Não mais terei dos lábios teus o sim
Ou não?

Melindrosinha / Almofadão
Eu sou teu mas tu minha
Não és não

Quando me lembro

(marcha, 1925) - Eduardo Souto e João da Praia

Quando eu me lembro do meu tempo antigo
Daquele tempo que eu passei contigo
Dos belos sonhos que não voltam mais
Ai, que saudade, ai, que saudade isso me faz

Viver! Viver sozinho
Sem teu carinho
Sem teu amor
Ó flor!

Viver, por bem querer
Hei de sofrer
Sofrer
Morrer!

Não posso crer que tu tenhas maldade
Seja capaz de tanta crueldade
Não posso crer na tua ingratidão
Se continua a ser só teu meu coração

Seu Derfim tem que vortá

(maxixe, 1919) - Eduardo Souto e Norberto Bittencourt

Nhô Derfim tem que vortá / Por vontade ou sem querê
Porque aqui na Capitá / Não tem mais nada a fazê
Nhô Derfim boa viage / Escreva sempre pra cá
Bem pensado é bobage / Sê mandante sem mandá

O trem apita / Chegou a hora
Cabou a fita / Pode i s'imbora
Porém na Centrá / O nosso homenzinho
Ficou pra enbarcá / Molinho, molinho...

Não brabeja Nhô Derfim / Qu'isto tudo é bem querê
E range um quarto pra mim / Passá um mêis com mecê!
Que grande celebridade / Mecê veio aqui cavá
Pois mostrô sê na verdade / Bom guardadô de lugá

Veja que cateretê / E que trovas divertida
Nós fizemos pra mecê / No momento de partida
Eu vou ainda fundá / Quando achá quem abone
Um grupo que vou chamá / Os amigo do trombone

Seu Doutor

(marcha/carnaval, 1929) - Eduardo Souto

O pobre povo brasileiro
Não tem, não tem, não tem dinheiro
O ouro veio do estrangeiro
Mas ninguém vê o tal cruzeiro

Ó seu Doutor! Ó seu Doutor!
Não zangue não, nem dê o cavaco
Ó seu Doutor! Ó seu Doutor!
Viver assim é um buraco

Que sobe lá para o poleiro
Esquece cá do galinheiro
Só pensa num bom companheiro
A fim de ser o seu herdeiro

Hino Oficial do Botafogo Football Club

(hino) - música de Eduardo Souto, letra de Octacílio Gomes

 

Botafogo Gentil!
Pura glória do esporte brasileiro
A expressão mais viril
Da energia e do brio verdadeiro!
A lutar com afã
Tu farás, corrigindo a juventude,
Que o Brasil de amanhã
Seja a pátria da força e da saúde
Teu futuro e teu passado
Defendidos sem repouso
Façam sempre respeitado
Esse teu nome glorioso!
O alvinegro pendão,
O caminho a apontar-nos da vitória
Do Cruzeiro o clarão
As estrelas traduza a nossa glória!
Não te falte jamais
Da ousadia a nobreza e o puro fogo
Que o primeiro, entre os mais,
Há de ser ó glorioso Botafogo
(estribilho: Teu futuro e...)


Partitura da música Guanabara, de Eduardo Souto. Imagem obtida na Web em 19/5/2010

QR Code - Clique na imagem para ampliá-la.

QR Code. Use.

Saiba mais